segunda-feira, 8 de junho de 2009

Petrobrás: O fim da mídia?

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Interessante discussão vem sendo travada em três grandes blogs, o Pedro Dória, o Sérgio Leo e o Idelber Avelar.

Os dois primeiros, repudiam o fato da Petrobrás ter criado um blog para "bater" na Imprensa, enquanto o terceiro defende a atitude da Petrobrás e, como eu, não vê qualquer problema.

O objetivo primário da Petrobrás, sem dúvida, foi ter um canal aberto ara rebater as dezenas de acusações que pairam sobre si, em especial combater a CPI que está sendo aberta. Mas no fim das contas, como até concordo com o Pedro Dória, acabou sobrando para a imprensa.

"Antes de tudo: não, não existe sigilo de pergunta. A Petrobras, ou qualquer empresa, tem o direito de tornar públicas todas as perguntas que recebe de repórteres. Não é nem ilegal, nem antiético.

É só má assessoria de imprensa.

A Petrobras decidiu comprar uma guerra contra os jornais, quebrando seus furos. Tem o direito, evidentemente. Do ponto de vista político, escolheu o alvo errado. Não é a imprensa que está em guerra contra a Petrobras. Quem pôs a Petrobras no centro do picadeiro foi a oposição ao governo federal, com o objetivo de fazer chantagem política. A diretoria da Petrobras talvez esteja convencida de que a grande imprensa e a oposição política são a mesma coisa. Mas não são - são bichos com interesses absolutamente diferentes."


Mas muita calma nessa hora! Até posso concordar que a oposição ao governo federal é responsável por criar a CPI e etc mas esta jamais existiria sem as "profundas investigações" da mídia, dos jornalões. Mas acreditemos uqe de fato algo se apura daí, passemos ao problema maior, ou melhor, aos dois grandes problemas:

1. Falta de credibilidade da grande mídia;

2. Falta de espaço na grande mídia.

O primeiro ponto é crucial, a grande mídia está apavorada com o fato de um blog ter imensa visibilidade e ter credibilidade para rebater o que falam. O Idelber tem a resposta perfeita:

"Porque a mídia brasileira tem um histórico de distorcer, mentir, inventar fatos, manipular, insultar, difamar, caluniar, injuriar, tentar fraudar urnas, esconder o maior acidente aéreo do país para exibir fotos ilegalmente obtidas com objetivo eleitoral, reproduzir como verdade ficha policial falsa enviada como spam, linchar com acusações inventadas, tudo isso na primeira página e em manchete, para depois publicar -- quando o fazem -- a correção num cantinho de página, quando o dano já está feito."
Quanto ao segundo ponto, fica o óbvio, a Petrobrás tem algum espaço na mídia porque paga - e caro - para fazer propaganda. Mas daí a rebater acusações e notícias (falsas) são outros quinhentos. Que nunca tentou mandar uma carta para a Veja acusando-a de algo ou criticando alguma reportagem? Milhões, imagino.

Quantas eu já vi publicadas? Zero. Não importa de quem seja, e o mesmo vale para a Folha e afins, que se publicam algo do lado encontramos milhões de elgios ou apenas os "média" fingem não ter acontecido nada, o ombudsman disfarça e etc, nos lembremos do caso da Ditabranda ,da ridícula mea culpa da folha, do Ombudsman pedidno desculpas e logo depois reafirmando o dito e a salada toda.

Se meia dúzia de blogs conseguiram mobilizar 300 pessoas nas ruas e milhares na internet contra a Folha, imaginem o pavor dos jornalões com a Petrobrás aderindo à ferramenta!

Aliás, mas um "se": Se a petrobrás, que é gigante, é vítima fácil da imprensa e precisa de alguma forma alternativa de divulgação, imagine nós, meros e pobres mortais!

Meu comentário no Biscoito Fino:

"Se um jornal descobre algo antes do outro, é um furo. Se a petrobrás sai na frente, é crime?

Me surpreendi com a nota da ANJ com acusações à petrobrás, honestamente, falta do que fazer.

Concordo com o Alex Castro, não é possível presumir que a "petrobrás é moralmente superior à imprensa" mas é possível presumir que a imprensa ficará apavorada com alguém a peitando diretamente.

Este blog e vários outros peitam, dão a cara ao tapa mas por trás temos só um homem (ou uma mulher ou até um grupo) de pessoas comuns, que tem poder de mobilização mas só.

Agora estamos falando de uma das maiores empresas do país! Que além de um blog ainda tem uma força absurda por trás que respinga ainda no governo do Brasil.

De fato, é algo que a imprensa tem todo o direito de temer e sem dúvida vai fazer de tudo para derrubar, para atacar, usando os argumentos de sempre, as armas de sempre, que devem ser desmontadas.

Se uma pergunta foi feita à Petrobrás, porque esta deveria ser "sigilosa"? O que obriga o sigilo? Aliás, pior ainda, porque o medo da imprensa desse suposto vazamento?

Falamos tanto na mídia precisando se modernizar, nos jornalões precisando entrar realmente na era da internet e vemos o contrário, o medo estampado, a "grita" contra publicação de perguntas em blogs, de respostas em blogs. Oras, se sequer a Petrobrás tem espaço garantido na ridícula seção de "cartas"!

Mas, consideremos por um instante que seja anti-etico a publicação prévia de perguntas, ok, mas o que tem demais então o Blog? Engraçado como a questão tomou proporções gigantescas, uma reclamação por uma supsota atitude ilegal/anti-ética e etc acabou virando um protesto ensandecido contra o direito da Petrobrás fazer um blog, ter uma ferramenta alternativa de divulgação. A grande mídia teme realmente atitudes supostamente anti-éticas (nas quais ela é mestre) ou teme realmente o fim ou diminuição da propaganda da empresa, da qual os jornaões vivem?"

O Sérgio Leo comenta sobre o "prejuízo" da imprensa, sobre o fato do "furo" dos jornalões ter ido por água abaixo pela divulgação prévia das perguntas no Blog da Petrobrás:

"Um dos produtos fundamentais para a imprensa é a informação exclusiva, o furo de reportagem. Em geral, exige investimento, de tempo, experiência, dinheiro, expectativas. O furo atrai leitores, e dá prêmios jornalísticos. Muitas vezes esse furo é resultado de jornalismo investigativo, e, do outro lado, há um acusado, alguém sob suspeita. E, ao lado, um monte de concorrentes atrás da mesma informação que você. Evidentemente, muitos furos partem de interesses escusos, gente com interesses contrariados; por isso você tem sempre de checar a informação que recebe. De preferência, com o acusado.

[...]

É o que a Petrobras parece estar pretendendo. Mostra aos jornalistas que toda tentativa de checar uma informação exclusiva com a emrpesa converterá essa informação imediatamente em comoditty informativa, dado comum, coletiva de imprensa. Pergunta-se, como sempre se fez, sob compromisso de sigilo, à assesoria de imprensa, e lá se vai o furo.

Imagine se Carl Bernstein e Bob Woodward tivessem suas apurações divulgadas em tempo real, toda vez que procurassem as fontes para checar informações. (Já falei, esqueça o rancor contra a imprensa tupiniquim. Não estou comparando a cobertura da Petrobras ao Watergate nem os jornais brasileiros ao Washington Post; mas ilustrando com um exemplo histórico os motivos jornalísticos pelos quais um jornalista investigativo nunca vai gostar que revelem suas perguntas antes que possa publicar as respostas)."

Vale lembrar antes de mais nada, o compromisso de sigilo - ou suposto compromisso - por parte da Petrobrás deve ser maior que o compromisso da imprensa de dizer a verdade? De não distorcer, maquiar, mentir?

Esta é a questão básica.

O medo estampado nos jornalões já nos dá uma mostra do que a Petrobrás tem sim alguma credibilidade, nos mostra que existe mais de um lado na discussão e que os jornalões não vão poder editar, inventar, omitir ou criar nada, nem uma vírgula, que todos estarão de olho.

O blog da Petrobrás é simplesmente revolucionário. Colocou a Imprensa refém de si mesma, da informação, de suas próprias perguntas. Para garantir um compromisso terá que manter o seu, ou se verá desmascarada.

Espera-se da Petrobrás um compromisso. A petrobrás e todos nós esperamos que o outro lado também respeite os compromissos mas a linha editorial da maioria dos grandes veículos, em si, já impedem qualquer respeito, qualquer integridade.

Ao meu ver, tanto os argumentos do Dória quando do Leo pecam em uma questão báscia: Defendem não o direito à liberdade de informação, o direitoda Petrobrás em usar um veículo alternativo de divulgação e esclarecimento e etc, defendem, na verdade, uma classe, uma mídia. Falam de fim do jornalismo, de perigo ao jornalismo, do perigo ao "furo" e etc em uma clara defesa de um modo dese fazer jornalismo arcaico, superado pela internet, pela velocidade da troca de informações e pela facilidade com que as informações são passadas e recebidas (não sei porque mas me lembrei disso), e este parágrafo do Dória reafirma meu pensamento:

"Depois, quando a estrutura de financiamento da indústria começou a ruir, a grande imprensa precisou argumentar sobre sua importância para a democracia. A questão é que os leitores não acreditam. A imprensa dos EUA vive sua maior crise de credibilidade na história justamente na época em que mais precisa de credibilidade.

A imprensa brasileira deveria começar a atacar essa questão agora. As empresas que prestam assessoria de imprensa para a Petrobras podem estar cavando a própria cova no futuro mas, desatenta, a grande imprensa não percebe que a ação de hoje faz parte de um contexto que ameaça sua existência."

Preocupa-se com a sobrevivência de um modelo de jornalismo mas não se toca na questão da verdade, da credibilidade, do respeito e etc. Questões básicas e impossíveis de desvio.

A questão não é: A Petrobrás inventa fatos, é anti-ética (a citação do Dória logo no começo do Pst concorda aqui), e blablabá e sim "A Petrobrás está destruindo o jornalismo ao passar na frente da mídia tradicional e usar uma ferramenta alternativa"! Isso é trabalho dos jornais, informar! A petrobrás não pode.

Que me perdoem mas este tipo de argumento não funciona mais desde a criação da internet e do primeiro blog de informações. Ou a grande mídia se reinventa ou morrerá, como vem fazendo.

Ah sim, o Blog da Petrobrás.

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