segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Lula e a Mídia Golpista: A Descoberta Tardia ou Hipocrisia?

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Lula, em comício no sábado, dia 18de setembro, resolveu chutar o pau da barraca e criticar diretamente a grande mídia. Não está errado. Mas me pergunto, não seria hipócrita?

Do Terra:
Em discurso bem humorado e, ao mesmo tempo, irritado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a imprensa brasileira na cobertura das eleições, referindo-se às denúncias contra a campanha de Dilma Rousseff (PT), durante comício com a presidenciável e o candidato ao governo de São Paulo Aloizio Mercadante (PT) em Campinas. "Vamos derrotar jornais e revistas que se comportam como partidos políticos". Lula acrescentou: "jornais e revistas que têm candidato e não têm coragem de dizer que têm candidato".

O presidente ainda ironizou o nome da revista Veja. "Pra mim é óia. O nordestino diz óia", brincou.

Pouco antes dos ataques diretos aos jornais e revistas, Lula se queixou do nível da imprensa. "Tem dia que determinados setores da imprensa chegam a ser uma vergonha. Se o dono do jornal lesse seu jornal, se o dono da revista lesse sua revista, eles ficariam com vergonha do que eles estão escrevendo exatamente neste instante. E eles falam em democracia... Eles não suportam escrever que a economia brasileira vai crescer 7% este ano, não se conformam é que um metalúrgico vai criar mais emprego que presidentes elitistas que governaram este País". 
Do YouPode:
Vi um pequeno trecho do discurso de Lula em Campinas, pela rede. Anotei: “Dono de jornal tem lado. Dono de TV tem lado. Dono da revista tem lado”, disse o presidente da República ao pool de repórteres que cobria o evento, pedindo a eles que também se decidissem.
E bem interessante, do Vi o Mundo:
É óbvio que o presidente da República, ser político que é, nesta questão mata três coelhos de uma vez: polariza a eleição (para reduzir a abstenção), blinda sua candidata de acusações da mídia (mesmo as que porventura forem procedentes e não partirem do maníaco do parque) e radicaliza o tucanato midiático (quanto mais falarem mal de um presidente com quase 80% de popularidade, mais votos ele conquista para Dilma).
Em comum o fato de Lula ter criticado frontalmente a mídia brasileira, a nossa imprensa marrom, mentirosa e golpista. O problema não é este, mas o fato de que em oito anos de governo, o presidente não fez NADA contra este golpismo, contra esta imprensa criminosa.

A CONFECOM não deu em nada, foi boicotada e depois abandonada. O PNDH-3 foi bombardeado pela mídia e o governo capitulou. O Controle Social da Mídia não passou de sonho dos movimentos sociais, o governo não se moveu para promover a idéia.

Na verdade o governo ajudou a mídia em muitos casos. Não denunciou seus excessos, não buscou desacreditá-la em momento algum, conviveu pacificamente em meio às milhares de denuncias e crimes, como fichas falsas e defesa intransigente da Ditadura e dos crimes cometidos.


A distribuição do dinheiro de propaganda estatal se manteve nas mãos de agências sem qualquer compromisso com a mídia livre, com a democracia. Continua um abismo entre o que recebe uma revista ligada aos movimentos sociais e a Veja, carinhosamente chamada de "Óia" pelo presidente.


Enquanto revistas como a Caros Amigos lutam para sobreviver, a Veja continua a pregar o golpismo, recebendo rios de dinheiro, sem ser molestada.

No setor das telecomunicações, mais uma festa. Hélio Costa fez o possível para agradar seus patrões da Telefônica e dificultar ainda mais a democratização da informação através da rede. O PNBL é um começo. Mas apenas um começo.

Em suma, é muito bonito ver o Lula falando em "derrotar jornais e revistas que se comportam como partidos políticos" quando seu governo se empenhou em não fazer absolutamente NADA para que isto se tornasse uma realidade.

Onde está o financiamento para rádios comunitárias, para TV's populares, sindicais, ligadas aos movimentos sociais? A TVT é uma realidade, mas qual seu alcance? E quanta luta não foi necessária? Quanto podemos creditar aos esforços do governo?

O que mudou em termos de concessão pública? O que mudou em termos de divisão de propaganda institucional? Em democratização da informação e mesmo dos meios de comunicação?

Será que em oito anos de governo só AGORA o presidente descobriu que a mídia age como partido político e de forma francamente golpista? Ou só está jogando pra multidão, tentando disfarçar seus erros e omissões?

Se, hoje, a mídia vem perdendo sua força não é fruto dos esforços do governo, mas da própria incapacidade da mídia de se colocar como uma oposição minimamente ética.
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