Primeiro, a OAB-SP atenta contra a democracia e a liberdade de expressão ao tentar e ameaçar censurar a Bienal de São Paulo por "apologia ao crime"
Um homem magro de óculos e barba branca aponta uma arma para a cabeça do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Ao lado, o mesmo homem segura uma faca, pronto para cortar o pescoço do sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ambos os desenhos fazem parte da Bienal de São Paulo, mas a seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) quer impedir a exposição, alegando apologia ao crime.Depois, não satisfeita, a OAB nacional, se aliando com a retrógrada Associação Nacional dos Jornais (ANJ), troca as bolas e confunde Liberdade de
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O presidente da OAB-SP, Luis Flávio Borges D"Urso, enxerga na obra apologia ao crime - e, por isso, oficiou a curadoria da Bienal para pedir que a série não seja exposta. "Não pode haver censura quando um artista cria a obra, mas existem limites na hora de expor um trabalho desses", disse. "Estou convencido que aquela obra é uma apologia, pois ela estimula, insulta e afirma o assassinato do próprio presidente da República. É um desrespeito às instituições."
Mas é interessante que, de um lado, a OAB (Nacional) se diga defensora da Liberdade de Expressão (sic), mas seu braço Paulista cometa um violento atentado contra esta liberdade.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcanti, definiu ontem como "um desserviço à Constituição e ao Brasil" as críticas feitas à imprensa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no sábado, durante comício eleitoral de sua candidata, Dilma Rousseff, em Campinas. Além da OAB, várias outras entidades de defesa da liberdade de imprensa se manifestaram contra o discurso feito pelo presidente.Pelo visto, os conceitos usados pela OAB estão totalmente trocados, perdidos. Se aliaram com a Judith Brito?
Segundo o presidente da OAB, a atitude de Lula "demonstra uma certa intolerância com um princípio constitucional que é vital para o fortalecimento da democracia: a liberdade de expressão". E prosseguiu: "Quando o líder maior da nação se coloca contra a liberdade de imprensa, isso é um desserviço à Constituição e ao Brasil".
Liberdade de Empresa, que gostam de chamar de Imprensa, não é absoluto e, tampouco, corresponde à Liberdade de Expressão, pois, sempre bom lembrar, as Empresas de Mídia constamente atentam contra a Liberdade de Expressão do povo, manipulando, omitindo ou simplesmente mentindo para que seus interesses prevaleçam.
Do Blog do Briguilino, bons questionamentos:
Que democracia é a que a OAB, ANJ e alguns orgãos de imprensa defendem?...Que democracia é esta que colunistas, jornalistas e editorialistas de Tvs, rádios, jornais e revistas podem acusar, denunciar, caluniar, difamar e o ofendido, o acusado não pode critica-los, revidar?...Que democracia é a dessa gente?...Julgam-se acima do bem e do mal?...Intocáveis?...Paladinos da moral e ética?...
Ninguém tem o direito de questionar a mídia? Devem apenas aceitar as violações, abusos e crimes flagrantes cometidos?
A Dilma deve aceitar sorrindo ser vítima de crime com sua ficha falsa exposta na capa da Folha? E o Lula não pode criticar?
O MST deve aceitar ser caluniado enquanto é acusado de cometer crimes, de ser formado por marginais e etc?
Os Movimentos Sociais devem aceitar calados e cordatos as investidas contra sua base?
O povo deve ficar calado enquanto é vilipendiado e humilhado pela grande mídia?
É óbvio, porém, que soa hipócrita uma crítica vinda de Lula ou Dilma contra a mídia, afinal, o que fizeram para democratizar as comunicações? Mas, mesmo assim, não lhes tira o direito de criticar.
Liberdade de expressão, prezadas lideranças da OAB, é também poder criticar a mídia, criticar a ordem estabelecida.
A @crisprodrigues postou ainda um vídeo da Dilma, atacando a mídia, e não sem razão:
Dilma reclama enfaticamente de manipulação, de omissão de informações pelo jornal Folha de S.Paulo na edição impressa de hoje (20). É um exemplo claro e difícil de negar de que o jornal esteja beneficiando determinadas candidaturas em detrimento de outras.A mídia mente, calunia, desfigura e manipula de acordo com seus interesses, sem qualquer respeito pela verdade, sem qualquer ética. Mas criticá-la é antidemocrático?
A reportagem da Folha de S.Paulo encaminhou perguntas à assessoria de Dilma, mas ignorou as respostas. No site da campanha, estão disponíveis as perguntas e as respostas fornecidas. O repórter mostra que checou pouco mesmo. Um detalhe menos grave passou despercebido, logo no início do texto: a FEE é sigla de Fundação de Economia e Estatística, e não Federação, como na matéria.
O blog Abunda Canalha escreveu um bom post sobre o assunto:
A ANJ e a OAB reagiram hoje ao discurso de Lula criticando a mídia. Disse a primeira que "O papel da imprensa, convém recordar, é o de levar à sociedade toda informação, opinião e crítica que contribua para as opções informadas dos cidadãos, mesmo aquelas que desagradem os governantes". "Ele [Lula] jamais criticou o trabalho jornalístico quando as informações tinham implicações negativas para seus opositores". Dois erros graves na nota: deveria ser este realmente o papel da mídia, mas nem TODA a informação por ela apurada e sabida é informada aos cidadãos. Onde está a informação do destino das fitas que o candidato José Serra confiscou de entrevista ao Jogo do Poder na TV CNT? Onde estão as opiniões e as críticas de seus colunistas e editoriais contra este atentado à informação? Segundo, pelo que me consta, o atual presidente pela primeira fez críticou diretamente o comportamento da mídia. Não lhe é permitido? A mídia não pode ser criticada em sua parcialidade? Mesmo ela tendo passado quase oito anos em campanha feroz contra seu governo, nas práticas das mais golpistas? Volto a comparar, o candidato apoiado pela imprensa pode dar um chilique em uma entrevista, mandar parar a gravação, apreender as fitas, mas é o Lula que recebe nota de protesto da ANJ?Enfim, é um debate aberto. E a grande mídia está apavorada.