quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Pátria, tremei: O discurso de Dilma prenuncia 4 anos de muita luta e resistência

Pin It
Discurso de posse da Dilma: Serão 4 anos longos e tenebrosos. NENHUMA menção a questão indígena. Nenhuma menção ao Estado Laico. Nenhuma menção a defesa do meio ambiente (não, defender Código Florestal não conta) e uma tímida menção a "sexualidade" e gênero. Direitos Humanos continuará a não ser pauta da Dilma, a não ser para vulnerá-lo, afinal temos Olimpíadas e ela lembrou do "sucesso" que foi a Copa, com muita repressão e violência policial e presos políticos.

Dilma passou a maior parte do discurso no #blablabla sobre economia, PAC 1, 2, 3, 5000. Louvou um país agroexportador e exportador de minérios (ou seja, tudo com baixíssimo valor agregado, com imensos danos ao meio ambiente, com trabalho em condições precárias ou mesmo em situação de escravidão, como gosta a querida Katia Abreu, e com uso abusivo de energia elétrica e água - Belo Monte, entenderam?), e a cereja do bolo, o lema do novo governo, nos fazendo lembrar dos melhores (sic) anos Geisel ou Figueiredo:

Brasil, pátria educadora.

Lembrando que filosofia e sociologia não são educação pra Dilma, que já ameaçou retirar essas matérias da grade curricular, e que "Educação" nos últimos 12 anos se limitou a ser encher o cu de UniEsquinas de dinheiro, precarizar a mão de obra de professores e entregar universidades e escolas técnicas inacabadas e sem estrutura.

Teremos, diz Dilma, foco na educação. Com Cid Gomes e Aldo Rebelo respectivamente no MEC e no Ministério de Ciência e Tecnologia. Um que diz que professores devem ensinar por amor e não por salário (lembrando que o ministro recebe, ao menos legalmente, mais de 30 mil reais por mês) e outro que tem orgulho de negar a ciência e propor projetos que se opõem à inovação.

Vamos lembrar, aliás, que neste momento a CAPES atrasa o pagamento de várias modalidades de bolsa no país porque não tem dinheiro, o que tinha foi usado para o programa de colônia de férias de graduandos, o Ciências (sic) Sem Fronteiras.

Se esta é a prioridade de Dilma, não quero imaginar o que não é prioridade. Mas nem preciso imaginar, basta observar os 4 anos dos Direitos Humanos sob Dilma: Feliciano na CDH, Ideli Salvatti ministra dos DH, Genocídio Indígena, homofobia com crescimento histórico, revogação de portaria regulando aborto, revogação de absolutamente todos os programas pró-LGBT e o famigerado "não faremos propaganda de opção sexual".

Serão 4 anos longos, tenebrosos, que exigirão muita luta. Dilma iniciou seu discurso garantindo mais uma vez que não mexerá nos direitos dos trabalhadores, praticamente no dia seguinte ao corte promovido por ela e anunciado pela piada ambulante do Mercadante, de que pescadores pobres e doentes, viúvas e desempregados terão direitos cortados, limitados e o seu acesso a estes direitos dificultado.

Será um governo do estelionato eleitoral, provavelmente com uma claque de fanáticos ainda mais ativa, ainda mais lamentável, com um partido ainda mais afundado no discurso da vítima, do pobre coitado cercado por inimigos (muitos dos quais eleitos com apoio, campanha e voto petista).

Não serão 4 anos para os fracos.

E para piorar temos um cenário de oposição arrasada. A extrema-direita golpista ensaiando sair às ruas, movimentos sociais implorando para serem cooptados na tal "Frente de Esquerda" do Lula buscando um lugar ao sol (ou um cargo em Brasília). Teremos (e temos) sindicatos ainda mais pelegos, chegando ao ponto de defender corte de salário de trabalhadores, com o perigo de privatização da Caixa, com a Petrobrás passando por uma crise sem precedentes após ser dilapidada por anos. E temos uma oposição de esquerda desmoralizada após chamar "voto crítico" mais uma vez, sem conseguir aprender a lição de que apenas contribuem para a manutenção do PT no poder permitindo que este vá cada vez mais para a direita.

Que a luta comece, que a resistência comece que a esquerda seja capaz de se organizar, superar de vez o PT, parar de ajudá-lo, parar de confiar e dialogar com o PT e efetivamente se tornar uma oposição capaz de, mais adiante, fazer frente à esta imensa força cooptadora, direitista e violadora dos direitos humanos e trabalhistas dos brasileiros.

------