quinta-feira, 20 de junho de 2013

E no sétimo grande protesto contra o aumento das tarifas.... os fascistas venceram.

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Escrevo esse texto com um misto de nojo e tristeza, contendo lágrimas que não sei se são de ódio ou de dor.

Em 6 grandes protestos conseguimos revogar o aumento das tarifas e denunciar Alckmin e Haddad pelo crime que cometiam contra a população, especialmente a mais pobre, que estava sendo excluída do transporte "público". Foram 6 protestos em que enfrentamos a PM, em que fomos espancados, brutalizados, machucados e, me impressiona, não fomos mortos, por mais que a intenção da PM fosse a de dar ao menos um "exemplo" do que acontece com quem se levanta contra o poder.

Sobrevivemos e seguimos lutando.

O protesto de hoje era uma comemoração, mas uma comemoração com reivindicações, para exigir não apenas a redução das tarifas, mas pelo passe livre, e em solidariedade aos que ainda lutam em dezenas de outras cidades.

Achava e acho saudável a ampliação de pautas, como a questão da Copa, a PEC37, protestar contra Feliciano, por saúde, educação...

Mas jamais pensaria que o movimento seria tomado por "caras pintadas", pela nata da burguesia fascista, pela juventude tucana, por neonazistas e provocadores de todos os tipos.

O que eu vi na Paulista hoje fez todo meu otimismo sumir. Me deu medo. Os fascistas saíram às ruas e são muitos, são milhares, pregando o ódio, batendo e violentando. Honestamente, prefiro apanhar da PM.

Desde o início comentei da hipocrisia do PT aparecer neste protesto. Mas jamais poderia ou posso apoiar a violência de fascistas contra membros do PT e de outros partidos.

Gritos de "sem partido" que já me assustavam na manifestação anterior foram mais fortes e se espalharam, assim como pessoas abraçadas em bandeiras do Brasil cantando o hino e desfilando um patriotismo grotesco e deslocado. Só havia espaço para atacar o PT e Dilma.

Não sou contra que se ataque o PT verbalmente ou mesmo Dilma, inclusive já analisei que uma parte considerável da juventude que está indo às ruas nunca foi governada por outro partido, ou ao menos não consegue se lembrar dos anos FHC. É natural que, em um momento de revolta, o PT absorva a maior parte desta revolta.

Por outro lado, Alckmin foi poupado. E isto, desde o começo, denunciava o clima da manifestação.

Oras, por mais que as críticas a DIlma e ao PT sejam legítimas, Alckmin também elevou as tarifas, comete um verdadeiro genocídio na periferia... Mas seu nome não foi citado.

Já os cidadãos de bem contra a corrupção... Não faltaram.
Não era por passe livre, não era por inclusão. Era um protesto pela redução da maioridade penal, algumas pessoas estavam lá defendendo a PM, era contra o PT e só o PT, era contra partidos, era contra a democracia.

Cartazes contra impostos denunciavam que a turba não sabia sequer porque protestavam ou onde estavam: O MPL defende, dentre outras, a via dos impostos para subsidiar o transporte público para todos. 

Em dado momento provocadores começaram a atacar ativistas do PT, PCO, PSTU e PSOL que estavam no meio da marcha. Alguns gritavam "sem violência" enquanto jogavam objetos e tentavam socar militantes partidários. Muitos ali achavam que eram todos petistas, pois gritavam slogans contra o PT enquanto queimavam bandeiras (não sei se do PCO ou PSTU). Ou nem achavam, apenas odiavam todos e atacavam como uma turba ensandecida.

Dedico horas do meu dia a denunciar o fanatismo petista, logo, não posso aceitar qualquer tipo de fanatismo igual, mesmo que contrário. Todo fanatismo é igual, é nocivo, é fascista. Toda violência física contra partidos políticos legítimo - e não estou falando aqui de quem prega ódio, como "partidos" neonazistas, que fique claro - é fascista.

Se por um lado o PT e o PSDB são basicamente a mesma coisa, agradeçamos aos fanáticos a à sua direção, mas não podemos esquecer que há militantes e mesmo políticos do partido que são sérios, como Erica Kokay, Domingos Dutra, Molon, Dr. Rosinha, dentre outros, e mesmo que a presença do PT no protesto tenha sido oportunismo, NADA justifica a violência fascista. E muito menos sair na porrada e agredir quem tem o DIREITO de estar nas ruas, oportunistas ou não.

Denuncio e continuarei a denunciar fanáticos e fanatismo, mas não tolerarei violência contra quem tem o direito de estar nas ruas, não importa se baseado em hipocrisia.

Aliás, irônicos os gritos de "oportunismo" voltados a TODOS os partidos (notadamente PSOL, PSTU e PCO) que estão desde o primeiro protesto na linha de frente, apanhando, quando a #classemediasofre que os atacava aderiu ontem às manifestações e, pior, com agenda própria e reacionária.

Militantes acuados foram agredidos, e cheguei a ver ao meu lado um bandido com uma faca, mas felizmente ele foi contido por uma mulher que parecia ser sua amiga antes que pudesse ferir ou matar alguém.

Bandeiras foram rasgadas e queimadas, e militantes foram agredidos e acuados, expulsos da manifestação. Inaceitável.

Um senhor, apartidário mas consciente, conversava com uma garota vestida de Brasil e um cartaz que dizia que o país se resolveria nas urnas, mas gritava contra os partidos. Ela era o retrato dos fascistas presentes: Odiava partidos, mas sem dúvida deve votar no PSDB. Não conseguia concatenar duas ideias coerentes e desistiu, xingando em retirada.

É inaceitável o fascismo de se EXPULSAR partidos políticos aos gritos indiscriminados de "oportunistas".

A Paulista presenciou hoje uma micareta fascista.

Hoje os fascistas venceram, mas a luta não para, a luta continua.
Mais fotos podem ser vistas no Flickr
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