domingo, 10 de abril de 2011

O protesto dos neonazistas na Paulista em defesa de Bolsonaro

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Fascista provocador (esquerda) e o organizador do protesto, o neonazi Márcio Galante (direita). Mais fotos no fim do post.
Difícil conseguir deixar pra lá toda a revolta por ter que, em pleno século XXI - e no Brasil, país miscigenado -, presenciar um protesto reunindo fascistas e neonazistas.

Grupos como Ultra Defesa, União Nacionalista, Kombat RAC (Rock Against Communism - Rock Contra o Comunismo), Carecas do Subúrbio (Fascistas), Integralistas (galinhas verdes que já deveriam ter sumido do mapa) e Skinheads Nazistas com cruzes de ferro no peito, cabelos raspados e tatuagens características e muito ódio nos olhos reunidos pra defender a homofobia (pra dizer o mínimo).

Todos devidamente identificados, com camisas e simbologia típica. Camisas de gangues, de grupos de ódio...

O pior de tudo era ver ao menos quatro garotas do lado dos fascistas, do lado dos machistas que defendem sua submissão, negros - ao menos dois, membro dos Carecas do Subúrbio - e nordestinos (um exaltado dos Carecas, que fez um discurso risível no megafone dizendo que era filho de maranhense, trabalhador e todo o resto era playboy maconheiro) lado a lado com neonazistas, que obviamente os odeiam.

Muito exaltados, alguns fascistas e "nacionalistas" agiam como crianças doentes, gritando xingamentos esparsos de que quem estava do outro lado era gay, era viado, era isso ou aquilo e riam como se tivessem marcado um ponto. Completos incapazes.

Cantaram slogans contra Dilma, contra o Comunismo, basicamente odiavam a tudo e a todos.

De um lado estes fascistas e nazistas, junto com nacionalistas e gente de tudo quanto é direita, em comum o ódio contra gays, contra comunistas, contra a esquerda. Defendiam Bolsonaro, a família (dentro da visão doente deles), eram contra o "Kit gay" e, por incrível que pareça, não brigaram entre si. Eram não mais de 25-30 fanáticos de direita contra uma presença muito maior de contra-manifestantes, na casa dos 100 no auge, além de muita gente que passava pelo local e demonstrava repúdio pelos doentes carecas.

Entre os fascistas, havia negros e nordestinos, que eram observados com atenção e nojo pelos neonazis presentes. Era uma reunião estranha e detestável. Simplesmmente assustador ficar cara a cara com gente que transpirava ódio e aversão pela nossa mera existência.

Alguns marginais panfletavam, distribuíam papeis dizendo que não eram racistas, que defendiam a pátria, a família e o blablabla de sempre que, no fim, apenas recebia uma olhar de nojo dos que passavam, alguns destes que acabaram engrossando a fileira dos ligados à esquerda, aos movimentos LGBT e Skinheads (os RASH, Red and Anarchist Skinheads, ou Skinheads anarquistas e comunistas).

Todo o protesto esteve envolto em tensão. Em diversos momentos neonazis e similaris tentavam desviar do bloqueio da PM para provocar e tentar bater nos que se manifestavam contra essa escória humana.

Os neonazis e semelhantes adoram exigir pra si os direitos que negam ao resto da sociedade. querem ser homofóbicos, racistas, mas não permitem que alguém seja gay, negro... Sua resposta é a violência.

Em certo momento um neonazi do Kombat RAC (que saiu em várias fotos da mídia) resolveu passar pelo isolamento policial e provocar a esquerda, voltou logo correndo, mas não sem xingar e ameaçar quem estava próximo. Minha namorada chegou a ser duramente xingada por esse canalha e por outros que se agruparam em torno da figura. Um jornalista ao meu lado, de vermelho, foi interpelado por um manifestante pró-bolsonaro (possivelmente fascista) porque usava camisa vermelha e também foi xingado.

Um mascarado - que depois foi preso - a seguir me perguntou se eu era comunista. Obviamente não iria me fingir de acovardado e respondi que sim, ao que se seguiu uma torrente de ameaças de morte e palavrões. Os fotógrafos presentes naquele momento se juntaram na tentativa de evitar que os marginais nos atacassem, enquanto a política olhava um pouco mais atrás. Muitos dos fascistas, ao se verem fotografados e gravados resolveram também nos fotografar - para marcar nossas caras, segundo disseram, querendo nos fazer temer por nossas vidas.

Interessante foi circular pelos PM's, que estavam em ampla maioria no local, inclusive com tropas do choque preparadas do outro lado da rua para qualquer problema e também boa presença de policiais do DECRADI (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), que realizaram ao menos 8 prisões (a mídia informa 10). Entre muitos soldados, ouvi coisas que me deixaram um pouco mais alegre, apesar de todo o clima no local.

Vi policiais conversando entre si e se perguntando porque tinham que apartar os lados, os "comunas" estavam em maioria e deviam acabar com a raça dos nazistas. Alguns diziam sentir nojo de ter que evitar que nazistas apanhassem ou queriam prender todos e mesmo descer o cacete nos que não conseguissem correr. Não que eu defenda a violência, mas ver PM's, que costumam se limitar a espancar manifestantes de esquerda, sentindo nojo da extrema-direita foi pra alegrar o dia.

Muitos gritos, de ambos os lados (quando cheguei, o povo da esquerda cantava "A Internacional" e os fascistas gritavam que o mundo era gay e eles salvariam a humanidade), muitas manifestações de racismo e homofobia por parte dos doentes (que me perdoem os enfermos) que, no fim, conseguiram seu espaço na mídia (jornais como a Folha deram um ibope imenso, colocando-os como coitados e o G1 tentou ser friminosamente imparcial em uma situação em que neonazistas estavam envolvidos).

Bolsonaro deve estar feliz em saber que é apoiado tão fervorosamente por fascistas e neonazistas, resta saber qual grupo ele prefere. Pelo racismo (contando que os fascistas aceitam negros) deve preferir os neonazis.

Durante o protesto, ameaças e tensão, e ao fim do protesto, prisões. A mídia fala em seis ou onze presos, mas vi  8 sendo presos, 6 fascistas e neonazis e 2 anarquistas de esquerda. Destes, 6 foram soltos logo depois, imagino que os dois anarquistas e outros 4 marginais.
Oito deles serão averiguados por possíveis envolvimentos em ações criminosas neonazistas ocorridas na capital paulista. Pelo menos um dos suspostos neonazistas também é investigado por participar de uma agressão ocorrida em uma das edições da Parada Gay.
Segundo a polícia, outros três supostos anarquistas, que estavam no grupo contrário a Bolsonaro, também foram detidos, dois deles estavam sem documentos de identificação.
Pelo que ouvi de quem estava lá e de policiais - especialmente do investigador Cássio Cardosi, do DECRADI - foram identificados dentre os fascistas e neonazis o responsável pela bomba na Parada Gay do ano passado e um dos homofóbicos que espancou gays com lâmpadas na Paulista. Ambos aparentemente foram detidos. Um outro detido tinha acusação de homicídio e era procurado e os demais foram presos por incitação ao ódio, por portar símbolos ilegais e etc.

Do nosso lado, infelizmente, ao menos 2 skinheads SHARP foram presos por não portarem RG's, o que é simplesmente ridículo, pois só pediram os RG's deles porque eram punks, uma clara demonstração de preconceito, pois em momento algum os dois rapazes ameaçaram alguém ou sequer se comportaram de maneira fora do normal.

Estas foram as prisões que acompanhei e o que ouvi da polícia e de jornalistas.

Apesar das 6 prisões (pelo menos) de fascistas, e da comemoração do pessoal da esquerda, que pareciam ter conseguido uma vitória, por estarem em maior número e de terem se mantido firme até a dispersão dos direitistas, não vejo vitória em saber que este tiipo de lixo humano existe.

Gente com cartazes chamando os que lutaram contra a Ditadura de terroristas, desejando a volta dos militares, dizendo que gays e esquerdistas não são humanos, logo, Direitos Humanos não valem pra "eles" e mais absurdos do tipo.

Seres cheios de ódio, prontos a expressar a mais pura violência contra quem não se encaixa nas suas visões deturpadas e criminosas.

É tudo MUITO triste e desalentador.
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Os vídeos do protesto virão em post separado, pois demoram para serem upados, neste vão apenas fotos. Vale também dar uma olhada e algumas fotos que tirei, postadas pelo blog Maria da Penha Neles ontem.
Porque, segundo a Folha, não haviam negros entre os Fascistas. Na foto, Carecas do Subúrbio, e de branco, na direita, Márcio Galante, indivíduo com tendências neonazi que organizou a palhaçada toda.
Cartaz acusando os guerrilheiros que lutaram contra a Ditadura de serem terroristas. No centro do cartaz, um dos fascistas mais exaltados e possivelmente gay enrustido dado o tom de seus xingamentos contra a esquerda do outro lado.
Em primeiro plano, fascista dos Carecas do subúrbio, ao fundo reparem no careca de casaco, no peito uma Cruz de Ferro Nazista. Seu tênis Adidas - assim como o casaco da garota logo atrás - denunciam a ideologia. Segundo policial do DECRADI, são marcas típicas dos nazistas. Também do seu lado, skkinhead nazista mais do que característico (e assustador).
Cordão policial isolando a esquerda - ainda no começo da manifestação, então havia pouca gente. Engraçado que o cordão era MUITO maior do que o que cercava (ou na verdade fazia apenas uma linha) os criminosos do outro lado.
Linha policial em frente aos fascistas.

Início do protesto com fascistas e demais grupos gritando e segurando cartazes.
Bandeiras do Brasil, cartazes nonsense e o negro que a Folha não viu. O camarada encapuzado foi um dos que me ameaçou e que foi posteriormente preso.

Mais doentes e seus cartazes e bandeiras.

Grupo de fanáticos já um pouco maior.
O grupo assustador
E novamente os simpáticos.
Marginais encapuzados e exaltados.
Neonazi de paletó discursando e ofendendo os manifestantes de esquerda. Reparem à direita dele duas garotas, as únicas que a Folha conseguiu identificar.
Isolamento em torno da esquerda.
Destaque ao neonazi mal encarado, ao encapuzado e ao imbecil do grupo Kombat RAC que tentou se infiltrar na esquerda, ameaçou dar porrada mas correu como um covarde de volta pro seu grupo quando surgiu reação. Mais um que ameaçou a mim, outro jornalista e à minha namorada.
Sorrisos antes da prisão.


"Nacionalistas".
E a quarta garota do protesto, nacionalista com bandeira de São Paulo, daquele grupo que odeia nordestinos e os quer expulsar de São Paulo. O que será que o maranhense dos Carecas do Subúrbio pensa (pensa?) disso?
Homofobia ainda será crime!
Os perigosos. Com o cartaz um neonazi que agiu como moderador do grupo, segurando os mais violentos e posando de pacificador e inocente. Ao lado, de mochila, outro radical, mas sem nenhuma marca característica, fez um dos discursos mais violentos e mais atrás ainda, de paletó, neonazi tatuado com símbolos de ódio.

Criminosos sendo revistados pelos policiais do DECRADI.
Faixa contra o racismo e a discriminação ostentada pela esquerda.
Bandeira dos AnarcoPunks presentes ao protesto.
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