domingo, 29 de março de 2009

Baixarias, ricos e afins....

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O prende-e-solta causa mal estar

Mais uma vez tivemos uma semana agitada pelas prisões de gente poderosa pela Polícia Federal _ e mais uma vez terminamos a semana com todos os bacanas colocados em liberdade por decisão da Justiça.

Sem entrar no mérito das prisões e das libertações, já que não sou juiz nem promotor, o certo é que este prende-e-solta, que já virou rotina, causa um grande mal estar na população.

As pessoas comuns, que não estudaram o Código Penal, simplesmente não conseguem entender como a mesma lei é usada para prender ou soltar.

Por variadas razões saí esta semana da minha rotina aqui no Balaio. Passei por Porangaba, Rio de Janeiro e Itu, onde tratei de outros assuntos mais próximos da vida real, falando de pessoas que não estão na mídia, deixando de lado os personagens de sempre do noticiário político e policial, cada vez mais próximos um do outro.

No sábado, na festa de aniversário do poceiro (homem que abre poços) e cantador Ico do Violão, que fez 74 anos, neto bastardo do ex-presidente Wenceslau Brás, conforme ele me confidenciou, tive mais uma prova de que nós, jornalistas, e nossos leitores vivemos em mundos diferentes, as pautas não batem.

Chega uma hora em que é bom virar o disco porque os temas se repetem em todos os espaços de todas as mídias naquilo que chamei num dos posts da semana de pauta única _ em geral, tratando de coisas negativas que não fazem bem à alma e não têm relação direta com o dia a dia dos leitores.

Sei que muitos comentaristas aqui do Balaio sentem falta de temas mais polêmicos, querem ver sangue, como um deles escreveu, para alimentar o que Clóvis Rossi chama hoje na Folha de “dueto monocórdico”, a eterna disputa entre petistas e tucanos.

Qualquer que seja o tema tratado, estabelece-se um clima de Fla-Flu em que um não quer nem saber as razões do outro, mas apenas reafirmar suas próprias convicções.

Há uma certa hipocrisia de todos nós nesta história, como comentei numa palestra no final dos anos 1990 quando dirigi o departamento de jornalismo de duas redes de televisão.

Discutia-se num debate promovido pela Revista Imprensa, no Rio, o baixo nível da nossa televisão, que procuraria apenas atender ao apetite da audiência sem se preocupar em utilizar o meio como instrumento para divulgar mais programas culturais e educativos.

Em qualquer pesquisa que se fizer, de fato, a maioria das pessoas vai criticar a baixaria da programação da televisão e pedir mais qualidade. Vai elogiar a TV Cultura e meter o pau no programa do Ratinho, que na época ainda estava na CNT, onde eu trabalhava.

Como explicar então que a TV Cultura de São Paulo tivesse tão baixa audiência, enquanto o meu amigo Ratinho a cada dia aumentava seus índices, que o levaram logo da CNT à Record e depois ao SBT, ganhando salários cada vez maiores?, perguntei à platéia.

A mais baixa audiência do CNT Jornal, que eu dirigia, foi registrada quando dediquei a maior parte do tempo a um especial que mostrava a vida e a obra de Darcy Ribeiro, o grande educador brasileiro falecido naquele dia.

Tempos depois, bati meu recorde de audiência pessoal já em outra emissora, o Canal 21, da Rede Bandeirantes, ao passar horas ao vivo transmitindo tudo sobre a morte do cantor Leandro, da dupla Leandro e Leonardo.

O Brasil ainda se comove mais com a morte de um cantor sertanejo do que com a de um educador _ esta é a nossa realidade e somos todos hipócritas ao querer negá-la em nome do politicamente correto.

Mas isso não quer dizer que devamos nos render a esta realidade, aderindo à pauta única e desistindo de querer modificá-la, abrindo o leque para outros assuntos e outros personagens que não estão nas manchetes.

Podemos perder em audiência, mas certamente ficaremos mais gratificados com o nosso trabalho, dando a ele um sentido não apenas imediatista e comercial.

Senti isso quando li os comentários enviados para o post que conta a história do lavrador Zé Telles, o homem honesto que ficou doente com a desonestidade alheia.

A reação da maioria dos leitores, solidarizando-se com ele e lembrando que o Brasil é feito de milhões de Zé Telles, que não se conformam com a realidade do leve-vantagem-em-tudo, me anima a continuar dedicando a maior parte do meu tempo a este Balaio e a procurar boas histórias para contar.


Via Blog do Kotscho




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O brasileiro ainda é adepto -e vai permanecer por muito tempo - do "faça o que eu digo, não o que eu faço".

Todos concordam que só tem baixaria na Globo, Record, SBT e afins (que o diga a Rede TV!) mas quando menos se espera estes mesmos estão vendo o BBB e sabem tudo que alguma das "personalidades" da casa fizeram ou deixaram de fazer, sem falar na cor da calcinha da vagabunda de plantão do programa.

Quanto a o prende-e-solta, o problema é a sequencia, ou o "solta" final. nenhum problema se fosse prende-solta-prende.

Ricos finalmente na cadeia, onde vários merecem estar. Engraçado que nesse país ainda existe a cultura de que crime do colarinho branco, corrupção, desvio de verba e crimes financeiros são rimes menores que assassinato e etc, ditos hediondos quando, na verdade, é exatamente a verba desviada para contas de senadores, deputados e da corja política-empresarial que deveria financiar projetos de inclusão, moradia, educação, saúde e tudo mais para a população que, dentre outras razões, acaba na criminalidade pela total falta de opção ou condições de vida.

É preciso mudar, antes de tudo, esta mentalidade.

Pelo menos sabemos que há uma parcela da população que ainda se indigna, protesta e procura meios alternativos de conhecer o que realmente acontece no país e no mundo, como vimos no protesto que começou nos blogs e acabou nas ruas, contra a Folha e sua Ditabranda.

É um começo.
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