terça-feira, 29 de março de 2011

Agnelli e Embraer: Cegueira ou Fanatismo?

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Bola da vez dos militantes que odeiam oposição é a compra, por parte da Vale, de um jatinho da canadense Bombardier para uso de seus executivos. O questionamento de alguns não está na compra em si do jato, na necessidade, no preço e etc, mas no fato deste não ter sido comprado junto à brasileira Embraer.
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A Vale ainda nem comprou o jato, aliás.
A Vale do Rio Doce está estudando a compra de um Global Express, da Bombardier, um dos jatos executivos mais sofisticados do mundo. Nele, viajam dezenove passageiros. Hoje, a Vale opera com um Legacy, da Embraer, que tem capacidade para dezesseis passageiros.
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Vamos por partes. Em primeiro lugar, a Vale não é estatal, por mais que seja controlada pela Previ, tenha participação do Estado e etc. Logo, a Vale não deve absolutamente nada à Embraer, esta sim estatal.

Mas, segundo lugar, vamos aceitar que, por ser controlada majoritariamente por fundos brasileiros, ter sede no país e ter sido vendida (privatizada) a preço de banana pelo Brasil (obrigado, FHC!), a Vale deveria ter comprado o avião da Embraer, o mesmo não valeria, digamos, para o avião da presidência, apelidado de Aerlula?

Para quem não se lembra, Lula comprou um avião para as viagens da presidência não da Embraer, mas da Airbus. O problema atual não é de um pseudo nacionalismo que baixou nos petistas, mas no fato do (ex) Presidente da Vale ser o Agnelli, figura mal vista pelo planalto e por sua tropa de choque.

Não entro no mérito da gestão do Agnelli ser positiva ou negativa, não me interessa nesse momento (mas deixo claro que estou longe de apoiá-lo ou de corroborar com usa gestão), mas sim na grita que se formou pela Vale ter comprado jatinho da Bombardier, e não da Embraer, como se isto fosse um crime!

Pode-se até dizer que, no caso do Aerolula, a Embraer não fabricava avião com as especificações pedidas, mas, oras, das duas uma, ou se mudava as especificações para privilegiar produto nacional, ou simplesmente não se gritaria agora contra a Vale, que escolheu um avião da Bombardier, pois, imagino, acharam que se encaixava melhor nos interesses da empresa.

Não cabe discutir caráter do Agnelli, interesses por trás e etc, e sim tratar da realidade objetiva: Não se exige dos outros o que você mesmo não faz.


A tentativa de alguns é a de justificar a necessidade da troca do antigo avião presidencial, o popular Sucatão, como se isto resolvesse a questão. Oras, de fato o Sucatão precisava ser substituído, mas a partir do momento em que a escolha NÃO foi um Embraer, então qual argumento pra se criticar quem também opta por produção estrangeira.

Enfim, a Vale é estatal? Não. Está no poder do Agnelli ou da direção da Vale comprar um jatinho? Sim. Qualquer um? Sim. O dinheiro para o jato sairá do bolso dos brasileiros? Não. Então qual é o problema?

O ódio contra o Agnelli - justificado ou não - junto ao fanatismo que já conhecemos entorpece e emburrece.
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