sexta-feira, 20 de março de 2009

E o Rio de Janeiro continua.... abandonado! São Paulo, não está melhor....

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Li recentemente (ainda ha pouco, na verdade) que o mais novo e ousado projeto da prefeitura do Rio para melhorar (sic) a situação de total abandono da cidade do Rio é a colocação de divisórias nos bancos das praças para, vejam só, evitar que mendigos durmam ali.

Segundo Eduardo Paes, o prefeito, "A gente já colocou divisórias nos bancos das praças para o pessoal não dormir porque isso aqui não é cama, é para as pessoas virem sentar e contemplar a cidade mais maravilhosa do mundo".

Lindo! Fantástico!

As ruas mal iluminadas e perigosas do Rio agora tem bancos com divisórias pra não deitar nenhum mendigo! Só a família que, a meia noite, gosta de dar uma passeio nos parques lotados e securíssimos do Rio (sim, foi ironia)!

Se jánão bastasse o "choque de ordem" da prefeitura (que o JB cosntantemente monitora e denuncia, nesto ponto fazem um excelente trabalho), que se limita a expulsar os pobres, mendigos e correlatos das ruas de alguns bairros para outros, tirando o problema de um bairro e passando para o vizinho pois, expulsar sem projeto, não muda nada, agora os mendigos sequer tem onde dormir.

Vale a pena ler as críticas das várias associações à novidade:

"A medida, porém, causou revolta em entidades ligadas aos direitos humanos e à ressocialização de moradores de rua, como a Fundação São Martinho, que tem um prédio na Lapa, perto da Praça Paris. Rafael Senna, assistente social da fundação, acredita que a medida servirá apenas para maquiar o problema social.

– A divisória mostra a que veio o novo governo, excluindo ainda mais os excluídos – criticou. – O governo tira os pobres da rua para dar a sensação de ordenamento urbano a fim de agradar a alguns setores da sociedade. Mas nada mais faz do que maquiar o problema.

Diretor da Associação de Moradores do Centro, Fernando Bandeira faz coro:

– É uma grande bobagem, a prefeitura deveria é colocar guardas à noite e melhorar a iluminação – acusou. – É uma medida discriminatória.

Já a vice-presidente da Associação de Moradores e Amigos de Laranjeiras, Maria da Glória Figueiredo Souza, foi sucinta:

– Ninguém escolhe dormir em banco de praça – atacou. – A mendicância é um problema social que não se resolverá com essa medida." Via JB

Basicamente, a prefeitura, até hoje, se limitou a tomar medidas cosméticas e de higienização social, expulsando os moradores em situação de rua das praças e os marginalizando ainda mais!

Em momento algum buscou-se atacar as causas que levam estas pobres almas às ruas, não se discutiu qualquer proposta para amenizar a situação destas pessoas e, olhando por outro lado ou pelo outro lado, também não foi dada qualquer solução apra a questão da péssima iluminação e insegurança das praças e vias públicas do Rio.

O problema é a insegurança, a falta de policiamento (como se policiamento, tamanha a corrupção e o envolvimento com o tráfico destes, não fosse em si um problema imenso) em qualquer hora do dia - da última vez que estive no Rio, caminhei por todo o centro e raramente vi qualquer tipo de patrulha, base móvel ou policiamento sério, exceto sob os Arcos da Lapa mas, mesmo ali, os policiais mais se preocupavam em conversar que em patrulhar -, é a falta de iluminação, falta de infra-estrutura urbana e, acima de tudo, falta de respeito e comprometimento com quem vive na rua que, salvo raríssimos casos, não escolheu estar nesta situação.

Para estes, vale a mão de ferro, a expulsão e a exclusão maior ainda.

Aqui em São Paulo não é muito diferente, Kassab, prefeito de sampa, ainda não teve a brilhante idéia de negar aos mendigos até os bancos para dormir, mas sua higienização do centro, com a demolição de prédios populares como o Mercúrio e São Vito - e consequente expulsão destes moradores ou para a rua ou para bairros extremamente periféricos, agravando ainda mais a situação de completo abandono da população carente na cidade.

Curiosamente - e desgraçadamente - a expulsão dessa população para periferias agrava ainda mais o trânsito caótico de São Paulo. Um efeito colateral óbivo e nefasto.

Além da demolição destes prédios para a construção de praças (olha aí a oportunidade de colocar bancos anti-mendigos!), há o fechamento de albergues, patrocinado pela prefeitura, jogando a população atendida nas ruas.

Moro na Praça Roosevelt, bem no centro de São Paulo e nos fins de semana é impressionante a quantidade de mendigos que ficam na esquina, na Ipiranga, na Consolação... E durante todos os outros dias é imensa a quantidade de mendigos nas ruas. A situação ficou MUITO pior com as políticas de higienização do centro.

Esta semana, outra novidade, centenas de comerciantes da região de Santa Ifigênia, no centro, protestaram contra sua provável expulsão do centro pela prefeitura, que demolirá suas lojas e desapropriará seus terrenos e entregará tudo à iniciativa privada em um processo de concessão urbanística à iniciativa privada, um absurdo!

Na Zona Sul (extremo sul) de São Paulo, na Comunidade Parque Cocaia I, está havendo um despejo criminosos dos moradores, com direito à intimidação e muita truculência. A população, já extremamente pobre, está vendo suas casas serem demolidas, muitas com os pertences ainda dentro!

Existe muito mais atrocidades como estas sendo cometidas todos os dias contra a população mais pobre das duas maiores cidades do país, mas seria impossível analisar todos os pontos dos vários absurdos propostos pela prefeitura de São Paulo, assim como pela do Rio.

Fica a questão, até onde ou onde querem chegar os prefeitos? Qual será o próximo passo de higienização?

Mas atacar os reais problemas da cidade?

Nem pensar!
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