Um pouco fora dos objetivos deste blog mas, como um apaixonado pelo Rugby, não poderia deixar de divulgar!
Via Uol Esporte
Brasileiros vão ao Chile para tentar entrar no mapa do rúgbi
Marcos Jorge e Rafael KriegerNo país do futebol, o rúgbi é pouco divulgado, apesar de mover multidões em outros países, como a Argentina. Aqui, entretanto, é essencialmente amador e constantemente confundido com o similar norte-americano. Quem pratica esse esporte no Brasil tem que pagar para jogar. Mas, no próximo sábado, tudo pode começar a mudar.
Em São PauloA seleção brasileira de rúgbi treina desde janeiro para um único jogo - contra o Chile, em Viña del Mar, pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2011. Mais do que a classificação, está em jogo a esperança brasileira de entrar na primeira divisão mundial da modalidade, o que significaria receber uma verba dez vezes maior da IRB (International Rugby Board), entidade máxima do esporte. Além disso, o Brasil pode quebrar o tabu de nunca ter vencido os chilenos.
RÚGBI AINDA É ESPORTE AMADOR Boa parte dos custos da preparação da seleção são bancados pelos próprios atletas Para o capitão Ramiro, 13 anos de seleção, "profissionalismo ficará para os mais novos"
Além do Chile, a Argentina também nunca perdeu para os brasileiros. Os "hermanos" ocupam a quinta posição no ranking e estão garantidos no Mundial. Os uruguaios estão em 20º, e os chilenos em 24º. O Brasil, em 27º, pode alcançar o top 25 com uma única vitória contra o Chile.
Quem fez as contas foi o francês Pierre Paparemborde, filho de Robert, que fez história no rugby do seu país. Pierre chegou no Brasil há quatro anos e assumiu a missão de desenvolver o esporte. Ele lembra que o potencial brasileiro é reconhecido internacionalmente, mas a estrutura por aqui ainda é bem precária e a parte técnica deixa a desejar.
Pierre explica que o Brasil está no limite que separa o amadorismo do profissionalismo. "Todas as seleções do top 20 do ranking são consideradas de padrão profissional", explica o francês, lembrando que os 25 primeiros da lista, que tem 95 países, já são considerados parte da elite do esporte. O Brasil saltou da 45ª para a 27ª posição nos últimos três anos - o último avanço veio com a inédita vitória contra o Paraguai, no ano passado.
Assim, os paraguaios foram eliminados da disputa por uma vaga na Copa, que agora está entre Brasil, Chile e Uruguai. Os brasileiros se classificam se vencerem os dois próximos jogos contra os rivais. Uma tarefa quase impossível, segundo o próprio treinador. "O Brasil é como a Costa Rica tentando ganhar da seleção brasileira no futebol. Mas há sempre uma chance", avalia Pierre, que está focado mesmo é na vaga para o Mundial de 2015.O grande objetivo da seleção nessas eliminatórias é uma vitória contra o Chile. Já bastaria para que o Brasil entrasse na elite. Assim, a verba da federação internacional, que atualmente é de US$ 50 mil por ano, aumentaria para US$ 500 mil. Um grande incentivo para os praticantes, que bancam a maior parte dos custos dos treinamentos da seleção brasileira.
'BRASIL SERÁ POLO DE RÚGBI' Pierre Paparemborde veio morar no Brasil porque conheceu uma brasileira (sua esposa atualmente) na saída do jogo da final da Copa de 98. Filho do astro do rúgbi francês Robert Paparemborde, já foi jogador em seu país, mas sofreu um acidente com 25 anos e teve que encerrar a carreira.
Ele mora no Brasil há quatro anos, e foi chamado para dirigir a seleção depois de ser bicampeão nacional treinando o Rio Branco. Para ele, o Brasil tem um potencial enorme no rúgbi.
"A federação internacional se deu conta disso, enviou observadores, jogadores de renome argentinos e franceses vieram nos ajudar, e tenho certeza que o Brasil será um pólo de desenvolvimento do rúgbi. Eles só estão esperando a gente fazer a nossa parte para depois investir pesado", analisa".
Ele explica que o Brasil tem potencial porque há mais de 80 cidades onde o esporte é praticado - um número 3 vezes mais que o do Uruguai, que já participou de três Mundiais. Pierre explica que o principal problema para o desenvolvimento do esporte é que faltam técnicos para tantos atletas.
Segundo o treinador, a preparação para a competição sul-americana custou R$ 250 mil. Deste valor, R$ 130 mil saiu do bolso dos jogadores. A Associação Brasileira de Rúgbi entrou com R$ 70 mil, e o recém-criado Grupo de Apoio ao Rúgbi Brasileiro contribuiu com R$ 50 mil. As passagens aéreas para os compromissos no exterior são pagas pela federação internacional.
O valor para cobrir esses custos poderia vir a partir do ano que vem, com uma simples vitória sobre o Chile, contabiliza Pierre. Ganhar do Uruguai, no entanto, é muito pouco provável. Mas, para os jogadores, somente entrar em campo já é uma satisfação - afinal, pagaram para isso. Capitão da seleção, Ramiro Mina, de 35 anos, não reclama: "A base do grupo é muito unida, estamos juntos quatro vezes por semana, todo mundo na amizade, treinando forte desde janeiro".
Com 13 anos de seleção brasileira e 20 de rúgbi, Ramiro ganha a vida como empresário do ramo de segurança, e começou no esporte por influência de seu irmão mais velho. Antes, ele jogava tênis, mas a maioria dos jogadores veio do handebol ou do próprio futebol. "Quando se descobre o rúgbi, não tem como largar", comenta Ramiro, que já não tem esperanças de se profissionalizar.
"Isso vai ficar para os mais novos", diz o capitão. "Eles teriam que partir para a Argentina, porque lá tem muitos olheiros. Os times de lá também são amadores, mas têm apoio, e o jogador não paga nada para jogar. O caminho é ser descoberto por um olheiro e ir para a Europa", explica Ramiro.
A seleção brasileira de rúgbi está concentrada em São José dos Campos, sede do clube campeão brasileiro da modalidade. O time embarca para o Chile nesta quinta-feira, e a menos importante das metas é conseguir se classificar para o Mundial. "Nosso projeto é se preparar para 2015", afirma Pierre, lembrando que a competição é a mais importante da modalidade e a terceira de maior audiência - perde apenas para a Copa do Mundo de Futebol e para as Olimpíadas.