Gazeta Mercantil suspende publicação após 89 anos
Postado por mcavalcantiSÃO PAULO (Agência Brasil) - Depois de quase 90 anos de circulação, o jornal Gazeta Mercantil concedeu férias coletivas a cerca de 100 pessoas que integram seu quadro de funcionários. A publicação do jornal, com isso, será interrompida temporariamente.
Estima-se que o jornal, que era controlado pelo grupo Companhia Brasileira de Multimídia (CBM), tenha cerca de R$ 200 milhões em dívidas trabalhistas. Na semana passada, a CBM publicou um comunicado, em sua página, na Internet, informando que, a partir do dia 1º, não responderia mais pela representação das marcas Gazeta Mercantil e Investnews.
Em resposta à Agência Brasil, a assessora do grupo CBM Roberta Costa disse, por email, "que a constante penhora de receitas financeiras para garantir o pagamento de obrigações trabalhistas e tributárias da antiga Gazeta Mercantil estava inviabilizando a operação do jornal".
DE VOLTA AO ANTIGO PROPRIETÁRIO
O título, agora, volta ao antigo proprietário Luiz Fernando Ferreira Levy. Comunicado assinado pela Gazeta Mercantil S/A e Gazeta Mercantil Participações S/A diz que a interrupção é temporária "e, no menor tempo possível, a Gazeta Mercantil voltará a circular com os padrões de credibilidade, que constituíram seu paradigma de excelência, até o alijamento de Luiz Fernando Ferreira Levy da direção editorial, em virtude do qual este ficou impedido de exercer as funções e encargos de 'guardião da marca', que os contratos com a CBM lhe atribuem".
O presidente da Associação de Funcionários, Ex-Funcionários, Prestadores de Serviço e Credores do Grupo Gazeta Mercantil (Asfunprecre), Marcelo Moreira, ressaltou que a descontinuidade da publicação desvaloriza a marca, que já foi cotada em R$ 80 milhões. "A marca foi penhorada em nosso favor como garantia do pagamento de dívidas trabalhistas", afirmou.
Segundo Moreira, são cerca de 300 ações em que a Gazeta Mercantil figura como ré. O presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, José Augusto de Oliveira Camargo, disse que o sindicato está acompanhando "tudo de perto". "Nossa função é garantir que quaisquer que sejam as circunstâncias, os funcionários tenham seus direitos garantidos."
TENSÃO ENTRE OS EMPREGADOS
Segundo uma funcionária do jornal, que preferiu não se identificar, os empregados não sabem se serão demitidos e também não têm respostas definitivas sobre seus empregos e salários. Ela disse que houve especulações sobre a demissão. "Na sexta-feira, devemos receber nossos salários e as férias", afirmou.
A funcionária disse, ainda, que espera receber todos os seus direitos e que o grupo CBM afirmou que pagará o que deve aos funcionários do jornal. "Até agora não fomos formalmente demitidos, temos que esperar", completou.
A assessora Roberta Costa afirmou que o grupo CBM é "sensível" e que, durante os 30 dias de férias coletivas dos funcionários, estudará "as possíveis realocações dentre as diversas áreas da empresa".
Por Ivy Farias