Por vezes a tentativa de se fabricar uma notícia beiram o ridículo, a pura estupidez. Outras vezes, ultrapassa essa barreira.
Buscarei, com a ajuda de uma manchete absurdamente sensacionalista sobre Michal Jackson, analisar o fenômeno da fabricação de notícias, criação de factóides, ganhos do PIG - diferenciando-os dos meros tablóides de fofocas - e demais aspectos.
Desde que Michael Jackson morreu que sua imagem e suas polêmicas não saem do noticiário, nada de incomum, quando vivo todos os seus passos eram igualmente divulgados como se fossem o que mais relevante poderia acontecer no mundo.
Esta febre pelo consumo de notícias de celebridades, como se fossem as figuras mais importantes e relevantes da terra, foi uma das causas da morte da Princesa Diana, como todos sabem muito bem. Por mais que eu não consiga compreender qual o sentido em se saber até a cor da cueca de um determinado ator - como se isso fosse fazer qualquer diferença em minha vida - é fato que este tipo de futilidade/estupidez é consumida vorazmente por todo o mundo.
Com a crescente necessidade de se fabricar constantemente este tipo de "notícia", chegamos em um ponto em que ou o que é possível noticiar não é "empolgante", não é nenhuma fofoca de nível. Parte-se, então, para a franca fabricação de factóides e a ampliação descontextualizada de uma frase, uma situação para vender revistas e criar escândalo.
Obviamente que nos jornalões - saindo do espectro da fofoca, das celebridades e tablóides - a fabricação dos factóides é constante e absurda, lembrem-se do caso da ficha policial da Dilma e outras barbaridades, o objetivo é não só vender mas também desmoralizar o alvo, causar um fato político, uma ficção política.
São dois momentos diferentes, enquanto os tablóides de fofoca destroem a imagem de um determinado ator, cantou ou celebridade, mas não tem por objetivo ganhar em cima desta queda teórica - e sim do fato - os jornalões políticos ganham em cima tanto do escândalo, do fato com a vendagem, mas também olham para o futuro, buscando ganhos políticos posteriores à derrubada ou quebra de uma imagem.
Em termos simples, o tablóide busca, através da manipulação da imagem ou de fatos, ganham em cima deste fato isolado, a destruição completa do objeto manipulado seria danoso para o tablóide que se alimenta dos novos escândalos. O Jornalão do PIG manipula e fabrica notícias para ganhar no ato, com o fato e também preparando o caminho para ganhos futuros com a quebra da imagem alheia. Existe um ganho político no caso do PIG que não é vislumbrado pela mera fofoca de celebridades. A destruição do objeto é a meta do PIG.
Voltando ao Michael Jackson, o assunto mais recente sobre sua carreira e sua vida é a de que ele teria "elogiado" Hitler. Colocado desta forma todos ficamos de cabelos em pé, mas basta uma leitura cuidadosa de qualquer uma das notícias para compreender que o seu comentário, em um contexto, não só é inocente mas inclusive tem sentido!
O youpode noticia:
Em primeiro lugar, a noticia teria por objetivo ligar Jackson ao Nazismo ou ao menos à uma apreciação da ideologia. Argumento derrubado rapidamente pela simples verificação de que a tal entrevista onde esta "admiração" é anunciada foi dada a um amigo do cantor, um estudioso judeu!
"Foi revelado que Michael Jackson confessou a seu amigo, o estudioso judeu Rabbi Shmuley Boteach, que admirava o carisma de Hitler e que achava que não conseguiria se libertar do mesmo mal de Hitler. Durante essa conversa, Michael disse também que gostaria de ter abraçado os jovens assassinos de um menino.
Rabbi Shmuley, de 42 anos, apareceu hoje com 30 horas de entrevistas gravadas com o Rei do Pop. Nelas há uma extensa lista de barbaridades que Michael desfila para o gravador do mui amigo.
- ‘Hitler era um orador genial. Para fazer as pessoas mudarem e odiarem daquele jeito, ele tinha de ser bom’
A frase em si não tem nada demais, "Hitler era um orador genial". É um fato. Hitler era, sem sombra de dúvidas, um grande orador e que era este talento que o diferenciava dos demais e o tornou o líder que foi, com tamanha penetração, relevância e alcance. Isto, por si só, não quer dizer que exista qualquer simpatia da parte do cantor - ou minha - pela nefasta figura de Hitler - ainda que, sem os Sionistas os efeitos de suas ações não teriam sido tão amplas.
Todos sabem que as declarações de Jackson nunca forma ortodoxas, nem suas ações por vezes, mas em certos momentos algumas coisas absurdamente descontextualizadas surgem do anda para manchar o que ainda lhe resta de reputação.
Não é diferente do que o PIG faz ou tenta fazer contra Dilma ou não deixou de fazer contra Lula até que este fosse eleito - a contragosto.
Como dito antes, a diferença básica é que os tablóides se alimentam das fofocas, é de seu interesse que estas continuem a fluir, enquanto os Jornalões tem a intenção de derrubar de uma vez por todas, de neutralizar seus desafetos com factóides e mentiras deslavadas.
Vale notar, também, que o efeito de uma manipulação sobre um político é diferente do efeito da mesma manipulação sobre uma celebridade, especialmente uma que já seja notória por seu desequilíbrio. Uma declaração dada com o mesmo tom por um político seria o fim de uma carreira, por Jackson, apenas mais uma de suas declarações "famosas".
Mas, no fim das contas, o que fica é o sensacionalismo estúpido, sem limites, da criação de mentiras e descaracterização de frases e declarações com o objetivo de minar a credibilidade, destruir uma carreira, humilhar ou meramente tornar mais vendável uma determinada publicação.