segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Ciclovias da Discórdia: Entre a necessidade e o autoritarismo

Pin It
Sobre a reclamação de comerciantes e moradores de SP em relação às ciclovias eu dou razão a eles em algumas questões. Parece mesmo que a prefeitura não avisou ninguém e nem deu alternativas, por exemplo, pra carga e descarga das lojas da região. A comunicação do Haddad é péssima.

E não só, há uma dose significativa de autoritarismo na questão, algo absolutamente típico do PT e mesmo de setores da esquerda. "Se é bom então vamos impor"! Não é bem assim.

Declarações de Haddad na base do "Eu acho que eles vão vender mais" são burras, além de baseadas em achismo e não em fatos ou estudos que seriam interessantes de se fazer e divulgar, além do erro de dizer que TODOS são "conservadores" e "ranzinzas".

Não, alguns tem bons argumentos, sendo o principal deles a absoluta falta de diálogo. O autoritarismo.
"A reclamação foi de que eles vem durante a madrugada e pintam a rua, sem mais nem menos. Para o munícipe, fica parecendo uma traição, uma grosseria por parte do prefeito. Não há nenhum diálogo"
Acho também importante pensar que comércios onde costuma-se estacionar na frente podem sim ser prejudicados pelas ciclovias. Sem lugar pra estacionar muitos podem preferir ir a outros lugares, como shoppings, e não às lojas de rua que já sofrem, aliás, com a concorrência destes outros estabelecimentos.

Mas para aqui minha concordância com os amantes de carros. Eu defendo a implantação de ciclovias, mas não apenas para ganhar o apoio de certos movimentos sociais e sim embasado em estudos e no respeito à todos na cidade que devem ser incluídos no debate (incluir não significa acatar, mas ouvir e dialogar).

Eu não dou a mínima se a Zona Azul será reduzida ou mesmo se o espaço para carros diminuirá, e acho que a prefeitura acerta em, de certa maneira, forçar o uso do transporte público fechando o cerco aos carros, mas mesmo isto deve ser feito com base em diálogo, mesmo que, como comentei, a prefeitura se limite a ouvir o que os críticos tem a dizer sem que isto pare o processo. No fim a prefeitura poderá afirmar que sim, escutou a todos, mas pensou no melhor para a maioria - e é verdade.

Mas pelo que vemos, não é isto que acontece.

Mas, se não me preocupo com a redução de vagas, a prefeitura precisa se preocupar se esta redução vier a prejudicar o comerciante pequeno de rua. Onde as vagas terão de ser reduzidas? Não onde prejudique efetivamente quem não tem nada a ver com a história.

Sim, São Paulo é "carrocêntrica", e mesmo concordando que é preciso um "empurrão" para se mudar a cultura, ela não mudará da noite pro dia e os transtornos devem ser minimizados, os prós e contras dialogados e alternativas devem ser dadas. Carga e descarga, transporte de idosos, estacionamento de pequenos comércios, são assuntos na pauta de muitos dos críticos que a prefeitura ainda não foi capaz de responder. E precisa.
------