sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Graças à Dilma, bolsistas CAPES tem de viver até de caridade

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Vejo notícia publicada no Terra: "Pesquisadores da Capes dizem não receber bolsa há dois meses".

Um acinte.

Sou também bolsista CAPES, felizmente - ainda que com atraso - tenho minha bolsa paga até janeiro, mas não sei se receberei fevereiro. E não adianta tentar entrar em contato com a CAPES, não respondem. Em outubro enviei e-mail sobre o atraso no meu pagamento (que é acumulativo, pago de três em três meses), não recebi resposta. O pagamento pelo menos entrou.

Em novembro outros dois e-mails, questões técnicas relacionadas à mobilidade e pesquisa de campo.

Nenhuma resposta.

Semana passada, mais um e-mail, descubro que a CAPES NÃO pagou minha matrícula da Deusto, minha universidade na Europa. Até agora, nenhuma resposta. A Deusto deveria ter sido paga em setembro/outubro, lá se vão 4 meses de atraso e ligações da secretaria me cobrando.
 
Simplesmente a CAPES e o MEC ignoram que temos de viver com essas merdas de bolsas, mas ai de nós se atrasamos um relatório sequer ou se faltar uma nota fiscal.

Vale lembrar que a Dilma acabou de cortar 7 bilhões do MEC. O próximo passo, para Dilma ser coerente, é abolir as bolsas do MEC ou mandar os pesquisadores irem pro Pronatec buscar "profissão de verdade".

E já há denúncias de que há bolsistas no exterior com pagamento atrasado. Sério, é desumano. Imaginem estar num país estrangeiro sem grana, sem ter como pedir ajuda - já que, por exemplo, o Euro vale 3x o Real e só milagre pra família conseguir ajudar nesses termos...  E estamos falando do Ciência Sem Fronteiras, o programa eleitoreiro e ant-científico que Dilma inventou pra sugar recursos de pesquisa e ficar bem na fita da classe média.

Graças ao PT estudantes tem que viver de caridade!
"Na semana passada, a University of East London (UEL) encaminhou e-mail aos 35 bolsistas brasileiros inscritos na universidade oferecendo uma ajuda de até 500 libras (R$ 1.631), a ser devolvida até 31 de março, sem juros.

Criado no fim de 2011, o programa tem como meta enviar, até 2015, 101 mil universitários e pesquisadores para intercâmbios em universidades estrangeiras.

Desde setembro, no entanto, quando esses alunos iniciaram os estudos em Londres, o depósito de uma parcela da bolsa correspondente a uma ajuda de custos de transporte e alimentação não é feito. Hoje, a dívida da Capes com cada aluno chega a 2.000 libras (R$ 6.557).

A Folha apurou que atrasos no pagamento de bolsas também já foram detectados na Itália, Suécia e Alemanha."
Pesquisadores dependem dessa bolsa para sobreviver. Não é brincadeira e tampouco pedimos favor, mas conquistamos o direito às bolsas pelo nosso currículo acadêmico e por nossos esforços. E mesmo assim somos tratados como lixo, como se tivéssemos de agradecer ou de calar a boca porque o governo já faz demais.

Ser bolsista é todo mês (ou no caso dos bolsistas CAPES no exterior, de três em três meses) ficar em desespero sem saber se vai receber, se vai pagar as contas. E se não recebemos e pagamos nossas contas o governo não se importa. Pagaremos juros, multas e até passaremos fome, mas não é problema da Dilma, é nosso.  Nos grupos de bolsistas todo mês é a mesma coisa, centenas de pesquisadores perguntando uns aos outros se já receberam ou se vão receber o dinheiro que lhes é devido.

Nós não estamos pedindo nenhum favor ao governo, nós queremos apenas respeito, a nós e aos prazos, e acima de tudo aos compromissos assumidos pelo governo. Queremos receber em dia, queremos ter nossos questionamentos respondidos e queremos, enfim, respeito.

Mas não temos nada disso. Nos exigem mundos e fundos, e em troca recebemos apenas escárnio.

Dependemos exclusivamente dessa verba mensal que recebemos, nos dedicamos integral e exclusivamente a nossos projetos e ainda entregamos nosso produto intelectual ao governo. Como podemos trabalhar sem ter como pagar moradia, alimentação, transporte ou mesmo eletricidade?

Mas deputados ganham acima de 30 mil reais, certo? E o salário deles nunca atrasa.

E esses atrasos não são novos. Aconteciam com FHC, acontecem com Dilma, mas estão piorando. E a ANPG, organização inútil atrelada ao PseudoB e que apoiou Dilma, se limita a lançar cartas indignadas sem qualquer efeito. A ANPG, aliás, que deveria se chamar Associação Nacional de Pelegos Governistas, disse ter entrevistado o secretário executivo do MEC que, pasme, culpou um decreto de JANEIRO por um atraso que acontece desde NOVEMBRO. Cara de pau ilimitada e engolida pela pelegada estudantil.

Nós, bolsistas, queremos respeito!

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Update 09/01, 21:00: Minha matrícula continua sem pagamento, mas hoje verifiquei que saiu a ordem de pagamento para as bolsas dos próximos 3 meses.
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