Ou o ministro mentia antes ou mente agora. Vejam suas declarações díspares.
Antes:
Costa viu na atitude da Telefônica um movimento natural de mercado e disse que ela está reagindo à fusão da Oi com a Brasil Telecom. Ele demonstrou a sua preferência:
- A Vivendi é uma empresa tipicamente europeia, enquanto a outra já está no Brasil.
"O Ministério das Comunicações acredita que a GVT deve ser vendida à Telefônica, equilibrando o mercado entre uma supertele nacional e uma internacional. Já a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) acha que a compra das ações pela Vivendi é o desfecho ideal, por representar a entrada de novo player (participante), favorecendo a competição."
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, acredita que a compra da GVT pela Vivendi vai exigir um posicionamento mais competitivo das empresas que atuam no país. “Toda vez que acontece uma movimentação capaz de reduzir custos, melhorar serviços é sempre bom”, avalia. Porém, defende que as exigências devem ser feitas para qualquer comprador, a menos que tenha uma razão técnica que justifique isso. “Creio que esse assunto não acabou”, disse, sugerindo a possibilidade de a Telefônica apresentar algum recurso contra a posição da Anatel.
Apenas eu notei a diferença gritante entre suas declarações anteriores e a atual? Isto sem mencionar o crime cometido pelo ministro contra o povo de são Paulo ao defender que a suspensão da venda do Speedy fosse deixada de lado, revista, pois - segundo a patética figura - a Telefônica já havia cumprido com todas as exigências.
De fato, 70 milhões para o Speedy, 700 milhões no total de investimentos - por força de uma intervenção da ANATEL e não por vontade própria, que fique claro - mais milhões investido em propaganda - possivelmente até mais do que o gasto com as melhorias (sic) nos serviços - para dizer que a empresa trabalha pelo país, que ela se importa com seus consumidores (uma bela de uma mentira, como todos sabemos e sofremos) enquanto para comprar ou destruir a GVT, sem pestanejar, ofereceram mais de 6 bilhões.
Vejamos se compreendem, 70 milhões de investimento em um serviço medíocre, 6 bilhões para destruir outra empresa e monopolizar ainda mais o mercado. Ou melhor, nas palavras do ministro Hélio Costa, para ajudar na competição, no equilíbro entre as teles. Pensar no bolso do consumidor, na qualidade do serviço e na competência administrativa jamais! Isto não passa pela cabeça do senhor Costa.
Dois outros pontos são de fácil destaque da simples declaração do corrup... ops, ministro.
Em primeiro lugar, o fato deste afirmar que redução de custos seria algo inerentemente bom. Não é. Nem para o empregado que vê seu salário minguar, nem para a qualidade de um serviço. No caso específico da Telefônica, redução de cusos nada mais é do que precarizar o serviço e salários. Vejamos o que acontece com a GVT/Vivendi.
E o ponto mais preocupante é o da declaração final, quase em tom de escárnio, de que o "assunto não acabou". Qual é a dúvida de que o ministro não só torce mas como deve estar agindo nos bastidores para que a Telefônica conteste a venda e a ANATEL perca seu tempo dando ouvidos ao choro do medíocre derrotado?
Ao aprovar as anuências prévias para continuidade das negociações para a compra da
GVT, a Anatel estabeleceu exigências apenas para a Telefônica, como a separação administrativa, estrutural, funcional e comercial das duas empresas por cinco anos e a
realização de investimentos em pesquisa e desenvolvimento em valores correspondentes a até 100% do total recolhido ao Funttel (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações) em 10 anos. “O fato da Vivendi não operar no Brasil não pode ser motivo para evitar exigências. Ela tem que ter os mesmos compromissos das empresas que já atuam aqui”, defende Costa.
Em tradução livre, o ministro quis dizer: "Nós da Telefônica perdemos mas não aceitaremos calado, ainda iremos prejudicar a Vivendi e o consumidor".
Não que as exigências sejam fora do normal ou indevidas, são até boas e poucas, o problema é com quem as exige. O que vemos é a completa falta de compromisso da Telefônica em prestar um serviço de qualidade e nenhuma exigência por parte do ministro e da ANATEL de que exista esta qualidade.
Alguma dúvida?