A vitória da FMLN é emblemática.
A Onda Vermelha se espalha e parece que não há mais volta e em meio à crise mundial é mais um recado aos EUA e às potências, a de que é sim possível mudar e ir atrás de novas alternativas.
Espero, honestamente, que o Funes não siga o caminho de Lula e sim o modelo Chavista. Compactuar com a Direita não dá mais, não da forma que vemos no Brasil. Não precisa ser tão radical, mas também não precisa ser tão entreguista.
E, no fim, que não acabem como os sandinistas, que lutaram, lutaram, até que ganharam, mas expurgaram seus históricos e hoje fazem um governo vergonhoso que mancha a luta de Sandino.
Mas, voltando, será que a FMLN vai conseguir governar ou a direita vai se opor em bloco no legislativo ou vai partir, como na Bolívia, para a confrontação direta?
A luta não terminou, mal começou, em El salvador. Os índices sociais do país são vergonhosos, depois e 9 da noite a população sequer encontra transporte público, tamanha a violência e o medo. A população vive, em sua maioria, abaixo da linha de pobreza e o país foi vítima de políticas neoliberais e de oligarquias regionais desde o fim da Guerra Civil, em 1992.
Além de esperar para ver se a direita irá aceitar quieta e dócil a derrota, é preciso ver como será o governo da Frente no poder. Será que os líderes guerrilheiros estão preparados para assumir a responsabilidade de governar todo o país?
Espera-se que sim e que tanto a Venezuela quanto o Brasil, não importando para que lado a Frente caia, estejam prontos para cooperar e dar todo o apoio necessário.
Vale sempre lembrar que a mulher do Funes é brasileira e ligada ao PT, o que pode facilitar os contatos ainda que, é sempre bom lembrar, o Lula muitas vezes age como se não fosse do PT, como nos recentes episódios das eleições do Sarney e Collor. Em ambas, o Lula fez o que pôde para desbancar o PT e apoiar seus "aliados". Não cabe aqui comentar sobre a safadeza de tais atos.
Uma amiga minha, que morou em El salvador ano passado, escreveu um interessante artigo para uma revista Salvadorenha, a Contrapunto, sobre essa aproximação de El Salvador com o Brasil, vale a pena dar uma lida: http://archivo.contrapunto.com.sv/index.php?option=com_content&task=view&id=1379&Itemid=124&ed=52
Finalmente, temos que nos lembrar que a FMLN venceu por uma diferença mínima de votos, mal chegou a 3% e em um país fragmentado por lutas internas e por um passado de luta armada, esses mísreros 3% podem ainda causar inúmeros problemas.
Para começo de conversa o presidente do Supremo de lá se recusou a reconhecer o resultado antes do resultado final, como pode ser visto:
"Apesar dos números confirmarem a vitória de Funes, o presidente do Supremo Tribunal Federal de El Salvador, Walter Araujo, afirmou que ainda não vai proclamar o vencedor e disse que os resultados finais só serão anunciados no final desta semana. (http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2009/03/16/ult1859u778.jhtm)"
Se o Presidente do Supremo deles for igual ao nosso, então temos um grande problema!
Outras leituras recomendadas:
http://contrapunto.com.sv/index.php?option=com_content&view=article&id=228:mauricio-funes-primer-presidente-de-izquierda-en-el-salvador
http://contrapunto.com.sv/index.php?option=com_content&view=article&id=233:a-voto-limpio-la-ex-guerrilla-qtomaq-el-salvador&catid=46:elecciones-2009&Itemid=56
http://contrapunto.com.sv/index.php?option=com_content&view=article&id=229:festividad-elecciones-triunfo&catid=46:elecciones-2009&Itemid=56
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terça-feira, 17 de março de 2009
El salvador, uma breve análise
2009-03-17T00:22:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
El Salvador|Eleições|Política|
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