segunda-feira, 6 de abril de 2009

OTAN, Turquia e Dinamarca [Update]

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"Pressionado, presidente afegão ordena revisão de lei xiita"


Rapidinho o Karzai já foi pressionado e deve revisar a lei...

Mas uma coisa que me chamou a atenção foi o tino para chantagens que tem os secretários-gerais da OTAN, tanto o atual quanto o futuro! Num mesmo dia deram duas declarações em tom de clara chantagem que são surpeendentes!

A primeiro, do atual secretário-geral Jaap de Hoop Scheffer, sobre a questão das mulhres xiitas:

O secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, disse à BBC na sexta-feira que a lei pode tornar mais difícil para os estados-membros enviar mais tropas para enfrentar a insurgência do Taleban no país.

"Estamos lá para defender valores universais, e quando vejo uma lei que fundamentalmente viola direitos humanos e das mulheres prestes a ser aprovada, isso me preocupa", disse ele.

A segunda, do futuro secretário geral , Anders Fogh Rasmussen, sobre sua propria posse na OTAN e a pressão contrária que fazia a Turquia que, agora, resolveu apoiá-lo em troca do fim da liberdade de expressão patrocinada pela OTAN.

Explico:
O futuro secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, assegurou neste sábado que seu país fechará o canal de televisão curdo Roj TV caso este tenha de fato as conexões com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), ilegal na Turquia.

Segundo deu a entender o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, entre as garantias recebidas estão o fim das transmissões da Roj TV na Dinamarca; o estabelecimento de laços entre a Otan e os países muçulmanos; e a nomeação de um turco como um dos assessores do secretário-geral da Otan.
Ou seja, o atual secretário-geral condiciona a ajuda militar ao Afeganistão ào respeito aos direitos humanos.

O que é louvável, claro, se levarmos em consideração que o fim da ajuda do ocidente ao Afeganistão faria esse país ruir e de que o ocidente tem uma dívida com o país, afinal, invadiu, tomou o poder, colocou seu homem na presidência e agora quer abandonar à própria sorte.

Aliás, até parece que a OTAN, em sã consciência, abandonaria o Afeganistão ou dificultaria alguma coisa por causa das mulehres xiitas! Como se o ocidente tivesse tal tipo de escrúpulo e desse a mínima! A notícia está na mídia, causou comoção, daqui ha um mês ninguém mais lembra e a OTAN pode voltar novamente ao que fazia antes.... Típico discurso vazio e para autopromoção.

No segundo caso, do futuro secretário-geral, vemos algo diferente, a condição imposta não é a de defender os direitos humanos ou coisa do tipo mas sim a de ferir o direito À expressão, d eferir o direito dos Cursos à ter voz, à autodeterminação,à dignidade... Vai em sentido contrário ao do respeito aos direitos humanos e passa para a censura e opressão da maior nação sem Estado do mundo.

Em troca de apoio para sua nomeação, Rasmussen está disposto a nomear um turco para acessor e a melhorar laços com os muçulmanos, até aí, nenhum problema, mas também o fim das transmissões de uma TV Curda na Dinamarca.

O futuro secretário-geral não só se compromete a ferir a liberdade de expressão como ainda obrigau m país soberano, a Dinamarca, a seguir as vontades de outro país, da turquia, sem que o primeiro tivesse sequer sido consultado!

[Na verdade, Rasmussen é o atual primeiro ministro da Dinamarca, em coalizão de direita - o que não surpreende - e legou ao futuro primeiro-ministro que destrua a liberdade de expressão no país]

Sem dúvida, ouviremos mais absurdos nos próximos dias...

Aliá,s vale lembrar que a resistência da Turquia na nomeação de Rasmussen se dá apenas porque este é Dinamarquês e foi da Dinamarca que surgiram e se espalharam as charges com imagens de Maomé ha algum tempo...

Uma razão estúpida para um veto e uma troca estúpida para a nomeação.

Em ambos os casos, o que vemos são países claramente atentando contra o direito à liberdade de expressão.

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Engraçado, em meio às declarações do futuro ex-secretário-geral a OTAN anuncia um aumento no número de soldados e dinheiro ao Afeganistão...

Ficam duas idéias no ar, o futuro-ex-secretário-geral usou apenas uma bravata ou então por ser demissionário já não é mais levado em consideração?

E, por fim, Rasmussen foi finalmente eleito.
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