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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

EUA e o Império Decadente: O WikiLeaks desnudou o Império

A Primeira Emenda da Constituição dos EUA diz:
"O congresso não deve fazer leis a respeito de se estabelecer uma religião, ou proibir o seu livre exercício; ou diminuir a liberdade de expressão, ou da imprensa; ou sobre o direito das pessoas de se reunirem pacificamente, e de fazerem pedidos ao governo para que sejam feitas reparações por ofensas."
Ou seja, garante a plena liberdade de expressão e de imprensa nos EUA.

A Emenda XIV, Seção 1 da mesma Constituição declara:
Todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos e sujeitas a sua jurisdição são cidadãos dos Estados Unidos e do Estado onde tiver residência, Nenhum Estado poderá fazer ou executar leis restringindo os privilégios ou as imunidades dos cidadãos dos Estados Unidos; nem poderá privar qualquer pessoa de sua vida, liberdade, ou bens sem processo legal, ou negar a qualquer pessoa sob sua jurisdição a igual proteção das leis.
Mas pouco importa. Contra o "Terrorismo", vale tudo. Executivo e Legislativo - com a conivência do Judiciário - passam cotidianamente por cima da própria Constituição que dizem defender para, acreditem, defendê-la! Para caçar "perigosos terroristas", que podem ser desde perigosos estudantes que resolveram ler um livrinho sobre Comunismo (lembrem-se do Macartismo e afins) até ativistas pelos direitos humanos.

Liberdade de Expressão, nos EUA, ao longo do tempo vem se mostrando apenas a liberdade de se expressar sobre o que o governo acha que deve permitir. E, aliás, pra uma boa parcela dos Republicanos e em especial os doentes mentais do Tea Party, já permitem demais. Nemr quero imaginar o que seria um governo Palin pois, por mais que não tenha a menor pena dos estadunidenses, tenho pena do mundo, que é obrigado a suportar as loucuras do Império.

O WikiLeaks, enfim, foi a prova maior de que Liberdade de Expressão, nos EUA, só para os amigos do Rei, ou melhor, do Imperador. Republicano ou Democrata, branco ou negro, não importa, democracia é algo abstrato e que só serve para patrocinar guerras ilegítimas.

Documentos vazados, todas as teses que a esquerda vinha denunciando há décadas - e que muitos gostavam de acreditar ser só teoria da conspiração ou algum plano Comunista de dominação mundial (alô Olavo de carvalho!) - se mostraram verídicas.

É engraçado como o mundo - ou pelo menos muita gente -  precisou do WikiLeaks pra finalmente se convencer de que os EUA são um Estado Terrorista... Será que ainda restam dúvidas?

Mas, enfim, o WikiLeaks desnudou o Império. Não que não soubéssemos com quem estávamos lidando, mas agora provamos. A rede provou.

E os EUA parecem não ter gostado muito disso. Não só iniciaram uma campanha - burra - para tentar censurar o WikiLeaks, buscando forçar as empresas de hospedagem a não aceitar nenhum negócio com o Wikileaks - e fazendo países capachos aliados tomarem as mesmas medidas -, como também agora radicalizaram:

democracynow.org
The U.S. State Department has imposed an order barring employees from reading the leaked WikiLeaks cables. State Department staffers have been told not to read cables because they were classified and subject to security clearances. The State Department’s WikiLeaks censorship has even been extended to university students. An email to students at Columbia University’s School of International and Public Affairs says: "The documents released during the past few months through Wikileaks are still considered classified documents. [The State Department] recommends that you DO NOT post links to these documents nor make comments on social media sites such as Facebook or through Twitter. Engaging in these activities would call into question your ability to deal with confidential information, which is part of most positions with the federal government."

O Departamento de Estado dos EUA impôs uma ordem impedindo seus empregados de lerem os documentos vazados pelo WikiLeaks, Os empregados do Departamento de Estado foram avisados para não ler os documentos porque eles eram confidenciais e sujeitos a aprovações de segurança. A censura do Departamento de Estado sobre o WikiLeaks se extendeu até mesmo aos estudantes universitários. Um e-mail [enviado] aos estudantes da Escola de Assuntos Públicos e Internacionais da Universidade de Columbia diz: "Os documentos divulgados durante os últimos meses através do WikiLeaks são considerados, ainda, documentos confidenciais. [O Departamento de Estado] recomenda que você NÃO poste links para estes documentos ou faça comentários em mídias sociais, como o Facebook, ou através do Twitter. Participar de tais atividades poderá pôr em questão sua habilidade de lidar com informações confidenciais, que é parte [do trabalho] de muitos postos no governo federal.
Vejam o e-mail completo enviado aos estudantes no link.

Em resumo, o Departamento de Estado apenas afirmou que, tenha algo a ver com o WikiLeaks e você não terá chances em cargos governamentais, política e etc. Uma bela ameaça daquela grande democracia!

Aliás, toda a perseguição ao Assange se resume a alguma lei arcaica sueca que pune com cadeia quem fez sexo com duas pessoas na mesma semana. Sim, acreditem. A INTERPOL foi mobilizada, um mandado de prisão internacional expedido para prender um cara que transou com duas mulheres na mesma semana.

Ah, ele não usou camisinha também. Shame on you!
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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Lula declara apoio ao WikiLeaks! [English Version - Versione Italiana- Versión en Español]

Sou forçado a dar o braço a torcer, Lula arrasou em seu discurso defendendo o WikiLeaks e Julian Assange.

Enquanto um dos maiores crimes contra a liberdade de expressão e de imprensa é cometido, a mídia se limitou a reproduzir os documentos vazados sem, porém, condenar a prisão arbitrária de Assange e sem condenar as pressões sofridas pelo WikiLeaks.

Os EUA estão em uma campanha difamatória e persecutória mundial e, até o momento, não foram molestados por repúdios revoltados da mídia. Sequer por tímidas reclamações. Onde está a SIP e outras organizações que dizem (e apenas dizem) defender a liberdade de expressão e de imprensa? Talvez envolvidas em algum outro golpe ou tentando criar mais algum factóide contra Chávez?

*O vídeo está legendado em potuguês e em inglês/The video has subtitles both in portuguese and in english

Eis o que disse o Lula, em português e minha rápida tradução para o inglês:

- Devemos muito à imprensa. Às vezes eu critico e dizem: "Lula está criticando a imprensa". Não. Estou apenas alertando.

- O que acho estranho é que o rapaz que estava desembaraçando a diplomacia americana... como é que chama? O WikiLeaks lá... O rapaz foi preso e não estou vendo nenhum protesto contra a liberdade de expressão.

- É engraçado. Não tem nada contra a liberdade de expressão de um rapaz que estava colocando a nu um trabalho menor que alguns embaixadores fizeram. Eu não sei se os meus embaixadores passam esses
telegramas. Mas, olha, a Dilma tem de saber e falar para seu ministro (das Relações Exteriores). Se não tiver o que escrever, não escreva bobagem.

- Aí aparece o tal do WikiLeaks, desnuda a diplomacia que parecia inatingível, a mais certa do mundo, e aí começa uma busca (para prendê-lo). Eu não sei se colocaram cartazes como no tempo do faroeste de "Procura-se Vivo ou Morto". Aí prenderam o rapaz e eu não vi um voto de protesto. Oh Stuckinha (Ricardo Stucker, fotógrafo oficial da Presidência), pode colocar no blogue do Planalto o primeiro protesto, então, contra a liberdade de expressão na internet para a gente poder protestar porque o rapaz estava colocando apenas aquilo que ele leu.

- E se ele leu porque alguém escreveu, o culpado não é quem divulgou, mas quem escreveu. Portanto, ao invés de culpar quem divulgou, culpe quem escreveu a bobagem porque, senão, não teria o escândalo que tem.

- Então, ao WikiLeaks, minha solidariedade pela divulgação das coisas e meu protesto contra a liberdade de expressão. 
English version (Raphael Tsavkko, @Tsavkko):
- We owe much to the press. Sometimes I criticize and [the media] say, "Lula is criticizing the media." No. I'm just warning.

- What I find strange is that the boy who was extricating American diplomacy ... how is that called? The WikiLeaks there ... The boy was arrested and I'm not seeing any protest against [the curtailment of the] freedom of expression.

It's funny. It's nothing against freedom of expression what [was doing] a boy who was stripping the minor work that did some ambassadors. I do not know if my ambassadors pass such cables. But, look, Dilma need to know and talk to her minister (of Foreign Relations). If you do not have what to write, do not write nonsense.


- Ant then appears that so called WikiLeaks, it strips diplomacy that seemed unattainable, the surest of the world, and then begins a search (to arrest him). I do not know if they put up posters as of those of the time of the Western "Wanted Dead or Alive." Then they arrest the boy and I have not seen any protest. Oh Stuckinha (Ricardo Stucker, official photographer of the President), you can put on the blog of the Planalto [Blog do Plananto, official Presidency blog] the first protest, then, against for the freedom of expression on the Internet so that we can protest because the guy was just putting [online] what he read.

- And if he read because someone wrote, the culprit is not who released it, but whoever wrote it. So instead of blaming those who released it, blame the person who wrote nonsense because, otherwise, we wouldn't have such scandal.

-So to WikiLeaks, my sympathy for the disclosure of things and my protest against freedom of expression.
Versione Italiana (Gradisca Weneck, @La_gradisca ):
- Dobbiamo tanto alla stampa. Alcune volte esprimo una critica e si dice: ‘Lula sta criticando la stampa’. No. Sto soltanto avvisando di un pericolo.

- Quello che trovo strano è che il tizio che stava mettendo in imbarazzo la diplomazia americana.. come si chiama? Quel WikiLeaks... Il tizio è stato arrestato e non vedo nessuna protesta contro la libertà di espressione.

- È divertente. Non c'é niente contro la liberta di espressione da parte di  un tizio che stava rivelando um lavoro minore che alcuni ambasciatori facevano. Non so se i miei ambasciatori scrivono questi telegrammi. Ma, attenti, Dilma ha il dovere di sapere e dire al suo ministro (degli Esteri). Se non hanno nulla da  scrivere, che non scrivano sciochezze.

- All'improvviso compare questo WikiLeaks, mette a nudo la diplomazia che sembrava intoccabile, la piu corretta del mondo, e allora comincia la caccia (per arrestare questo tipo). Non so se hanno messo dei cartelli come si faceva nel Far-West ‘ricercato vivo o morto’, peró hanno arrestato il tizio  e non ho visto nemmeno uma piccola protesta. Stuckinha (Ricardo Stucker, fotografo ufficiale del Presidente), puoi inserire nel blog del Planalto (il blog ufficiale del Governo brasiliano) la prima protesta contro la libertá di espressione su internet, al fine di  dissentire  perchè il tizio stava pubblicando soltanto quello che aveva letto.

- E se avaeva letto é perchè qualcuno aveva scritto, la colpa non è di quelli che hanno pubblicato, è invece di quelli che hanno scritto.  Dunque, invece di dare la colpa a chi ha pubblicato, accusiamo chi há scritto, perchè altrimenti non ci sarebbe tutta la polemica che c'è adesso.

- Quindi, a WikiLeaks, esprimo la mia solidarietà per la divulgazione delle notizie e la mia protesta contro la libertà di espressione
La versión en Español un poco diferente de las versiones en portugués, inglés y Italiano en el link.
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WikiLeaks, Vazamentos e uma nova diplomacia mundial

Vazamentos sempre ocorreram na diplomacia. Agências entravam em conflito, documentos eram desviados, roubados ou mesmo eram divulgados pelas próprias chancelarias com objetivos específicos - fazer guerras, contornar guerras ou apenas prestar "esclarecimentos" ou fingir transparência.

Além dos vazamentos, o desrespeito ao princípio do pacta sunt servanda (os pactos devem ser respeitados) já era algo comum e notório desde pelo menos Bismarck, ha mais de 1 século. Que também não era famoso por respeitar adversários ou aliados em documentos confidenciais. E, claro, ele também manipulava tais documentos a seu bel prazer.

Enfim, nem o que faz os EUA e seus embaixadores e pessoal no estrangeiro é novidade, e nem o vazamento patrocinado pelo WikiLeaks.

Mas o WikiLeaks conjugou os vazamentos à uma escala global. Aí está a novidade. Alcance, proporção e resultados [efeitos] potencialmente globais.

Não se trata do vazamento de meia dúzia de documentos - por mais que mesmo um possa em si causar uma guerra - mas o vazamento de milhares de documentos que alcançam um público jamais visto. E os efeitos são, para os países envolvidos e pegos cometendo as maiores atrocidades, potencialmente catastróficos.

Além do efeito dos documentos vazados em si, fica também o medo do que pode vir a ser vazado, do que pode ainda vir a ser divulgado.

Isto tudo se alia à discussão da liberdade na rede, do alcance e potencial da rede. Enquanto para a população o WikiLeaks se mostra como uma fonte potencialmente inesgotável de informações sobre o que fazem de verdade seus governos, para estes últimos o WikiLeaks não é apenas um perigo, mas um inimigo a ser destruído e, para melhor conseguir o objetivo, nada melhor do que também buscar censurar a internet, para evitar que qualquer possível sucessor do WikiLeaks possa surgir.

Censura imediata e censura da rede. São as etapas a serem seguidas pelos governos. AI5Digital em escala global e um ACTA vitaminado. Os Estados tem pavor absoluto da rede e tentam de todas as formas censurá-la.

O "dilema da segurança", acredito, fica em segundo lugar na discussão. Não interessa à população mundial manter escondidas as mentiras e negociatas de Estados sujos, senão a liberdade na rede, a liberdade da circulação de informações e o conhecimento.

Apenas Estados criminosos e que tenham segredos perigosos a esconder temem o WikiLeaks e o poder da internet, logo, são Estados que não merecem qualquer respeito por parte da população mundial. Estes se escondem sob relatórios e arquivos acessíveis a apenas um pequeno número de pessoas e, assim, buscam definir os rumos do mundo, sem se importar com o que querem seus cidadãos ou com o efeito de suas ações.

A atitude criminosa fica ainda mais evidente quando, após os vazamentos, estes Estados ao invés de esclarecer as estarrecedoras verdades que surgiram, buscam, por outro lado, censurar, perseguir e sequer negam aquilo que foi revelado.

Sequer o constrangimento dos segredos revelados faz, nem por um segundo, os Estados criminosos repensarem suas ações e seus métodos. 

Alguns podem argumentar que nem todos os segredos podem ou devem ser revelados, outros ainda afirmam que a diplomacia em si necessita de segredos, mas, podemos também argumentar, nem todo segredo deve ser enterrado para sempre e, na maioria dos casos, se é segredo, então dificilmente é algo honesto ou que vá efetivamente beneficiar a população mundial.

Outro dado relevante é a quase impossibilidade do vazamento de todo e qualquer dado ou documento diplomático. Seja pela impossibilidade de processamento, ou pela improbabilidade de alguém com tal acesso ter a possibilidade de vazar tanto material. Mesmo o WikiLeaks analisa aquilo que vai vazar afim de evitar problemas que atinjam populações e indivíduos - mas não governos.

Como seria se, no Brasil, os documentos da Ditadura ainda secretos fossem vazados e o povo pudesse saber a verdade sobre um dos períodos mais negros de nossa história? Estes documentos permanecem secretos não para beneficiar a população, mas para livrar a cara de criminosos e para esconder a verdadeira face do Estado.

A informação e a divulgação de crimes por parte de Estados, acima de tudo, é uma questão ética. Estamos falando, aliás, de uma rede mundial conectada, logo, impossível de ser totalmente parada ou controlada.

Cabe aos Estados, então, se conformar com a realidade de que seus segredinhos sujos poderão ser descobertos e divulgados para o mundo. Se por um lado isto pode aumentar a proteção aos documentos, por outro é um aviso do mundo a seus governos: "Nós estamos vendo tudo, pode esconder, mas cedo ou tarde serão desmascarados".

Apenas a pressão constante e mais ações para desmascarar estes Estados podem, talvez, tornar mais transparentes tratados, contratos e acordos. E apenas com a internet livre poremos garantir que isto aconteça.

Porque, depender de organismos que DIZEM defender a liberdade, só mesmo rindo ou se desesperando.

Não encontraremos qualquer apoio.

Paulo Moreira Leite disse:
Posso até admitir que os papéis não produziram nenhum escândalo colossal nem trouxeram uma única revelação realmente bombástica, ao menos até aqui. No mundo inteiro ninguém ficou sinceramente supreso ao flagrar determinados ministros procurando agradar embaixadores de Washington nem outras autoridades em postura exageradamente subalterna durante uma negociação.
Das duas uma, ou os EUA não toleram que NADA sobre suas ações seja sabido, mero despeito, ou sabem que esta é só a ponta do iceberg e que vem pedrada pela frente, como se o WikiLeaks tivesse dado aquele gostinho, tivesse mostrado um pedaço da mercadoria para mostrar que falavam sério e agora vão jogar a bomba.

Aguardemos.

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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

WikiLeaks, Direitos Fundamentais e Terrorismo

Ao ler o excelente artigo do @Prenass sobre a defesa dos direitos fundamentais frente à perseguição que vem sofrendo o site (e o líder) do WikiLeaks, notei a incrível semelhança que o tema tem com o tratamento dado por diversos Estados à questão do Terrorismo.

Primeiro o curto e direto artigo do @Prenass:
Em meio à toda a polêmica sobre o recente vazamento de documentos oficiais da diplomacia dos EUA, chamou-me a atenção a manifestação do Ministro da Indústria Francês, Eric Besson:

“Essa situação não é aceitável. A França não pode hospedar um site na internet que viola o sigilo das relações diplomáticas e coloca as pessoas em risco.”
Sempre me incomodou que a comunidade internacional ainda não se tenha mobilizado para garantir os direitos fundamentais ligados ao uso da Internet que têm sido sistematicamente violados por países como China, Irã e Coréia do Norte. Em diversas situações, as pessoas não tem acesso à cultura, não podem se expressar livremente e de início não são tratadas como inocentes. E nenhum país toma a iniciativa de condenar isso publicamente, nenhum Estado se coloca no cenário mundial contra essas atrocidades.

Mas basta um interesse governamental ser posto em cheque, outro Estado vem ao auxílio. Essa “cavalaria” francesa segue a linha dos absurdos com que a legislação daquele país tem abordado os desafios que a cultura digital traz. A proposta de transparência pública do Wikileaks não combina com o obscurantismo e o discurso do medo que embasam iniciativas como a Hadopi. Mais do que a fala de Besson, a postura de diversos países, condenando a iniciativa de exposição de documentos, não é exatamente uma surpresa nesse momento.

Mas até quando teremos que ouvir esse ensurdecedor silêncio dos bons?
O ministro francês, claramente, se preocupa não com a segurança de pessoas possivelmente envolvidas ou que possam ser atingidas pelos vazamentos, na verdade se importa apenas com a mensagem e o alcance potencialmente destrutivo dos vazamentos, que mostram a verdade por detrás da diplomacia praticada pelas potência.

Mentiras, hipocrisia, ameaças, abusos, são apenas alguns termos que podem iniciar a discussão.

Se o WikiLeaks fosse especializado em vazar comunicações dos países do Eixo do Mal (sic) alguém duvida que os EUA e seu aliado fariam do líder de tal organização um homem da maior importância e dariam total proteção à ele? Não há dúvida alguma.

O problema do WikiLeaks é que ele desnuda o Império, ele coloca em panos limpos todas as falcatruas yankees e de seus aliados.

É o mesmo que acontece com o uso político das classificações de Estado ou grupo terrorista. Por "uso político", o que pode parecer uma obviedade, eu quero dizer o uso por conveniência, com fins e objetivos políticos bem definidos que vão - muito - além da classificação com bases sociológicas. É puro interesse.

O vazamento, assim como a definição de terrorista só se aplica porque é do interesse de alguns Estados em taxar seus inimigos desta forma. Pouco importam definições clássicas ou mesmo interpretações ao pé da letra, ou mesmo subjetivas. A questão é puramente manipular opinião pública, em conivência com a mídia, sempre pronta a agradar aos donos do poder e impor sua visão da realidade.

Mas o WikiLeaks traz ainda outra questão, a da liberdade na rede, a da liberdade de se disseminar conteúdo livremente. A perseguição que vem enfrentando o grupo, perseguido tanto com o pedido de extradição fabricado contra seu líder, Assange, quanto pela negativa de diversos servidores em manter seu conteúdo online.

Concordo com Alec Duarte, editor da Folha Poder:
A ciberperseguição a Julian Assange e seu WikiLeaks chega a ser tão perturbadora quanto reveladora ao escancarar que os governos realmente não compreenderam a internet e a completa inutilidade de tentar controlá-la.
É quase o mesmo efeito dos próprios papéis diplomáticos que o site se propôs a vazar, que apenas confirmam o que já se imaginava sobre o funcionamento da diplomacia internacional.
A disputa de gato e rato entre Assange e aqueles que querem o seu pescoço só traz à tona o que já desconfiávamos havia bastante tempo.
Quando o sociólogo espanhol Manuel Castells, provavelmente o maior pensador contemporâneo da vida em rede, afirmou que os governos têm medo da internet porque não possuem controle sobre ela, acrescentou que a tentativa de fiscalização sempre estará entre as prioridades do poder político.
Trata-se do mais puro medo de Estados criminosos em ver seus segredos revelados.

De quebra, estes Estados ainda buscam punir os que os denunciam, e vigiam os que tentam defendê-lo. Isto mostra apenas que não só estes Estados Criminosos não aprendem com seus erros e crimes - na verdade apenas querem abafá-los para continuar a cometer mais alguns - como também parecem não compreender que, de vigilantes, passaram também a ser vigiados. suas ações repercutem em escala global, são acompanhadas por um mundo conectado e o repúdio vem rápido e pesado.

Os Estados claramente terroristas, buscando privar o público de conhecer a verdade sobre seus atos e decisões podres, busca, ao invés de simplesmente esclarecer e admitir culpa, censurar, perseguir e condenar àqueles que conhecem a verdade.

O crime aqui está em ter acesso aos segredos mais profundos do Estado, assim como acontece com o Terrorismo, em que grupos se rebelam contra o padrão imposto por estes mesmos Estados e mostram que nem tudo é tão belo e colorido.
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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Israel e Honduras - O reconhecimento óbvio

Não surpreende que o governo de Israel tenha sido um dos primeiros a declarar que reconhecerá o governo ilegítimo que sairá das eleições (sic) de domingo (29) em Honduras.

Israel became the fifth country to officially announce that it would recognize the results of Sunday's elections in Honduras, the Honduran TV has said.
Many countries and international bodies have warned they would not recognize election results if the Honduran polls are held under Roberto Micheletti's presidency. The interim leader announced on Wednesday he was temporarily stepping down to "guarantee free, spontaneous and transparent" elections.
"The government of Israel hopes that the voting would go on in a calm atmosphere and, in this case, it will recognize its results and the legitimacy of the elected president," Israel's ambassador to the Central American state, Eliahu Lîpez, has said.
The U.S., Peru, Panama and Costa Rica have so far announced they would to recognize the results.
A lista de países que já anunciaram que reconhecerão o vencedor (sic) é emblemática: 
- Israel, Estado Genocida;  Não há ,muito o que dizer de um Estado que promove o genocídio do povo Palestino. Para eles, reconhecer um governo ilegítimo e um golpe não faz a menor diferença, no máximo ganharão mais confiança dos EUA;

- EUA, país que está apoiando e fomentou o golpe, por mais que o presidente Obama tenha negado, mas nada fez para contornar a situação e agora apadrinhou o processo eleitoral sem qualquer legitimidade e condenado por boa parte do mundo verdadeiramente livre;

- Panamá, conhecido como quintal dos EUA, junto com a Colômbia, que logo engrossará a lista, afina, não respira sem pedir permissão aos padrinhos do Império do Norte;

- Costa Rica, do presidente piada-pronta Oscar Árias, "tentou" chegar à solução do conflito e, por não ver seu plano respeitado resolveu fazer birra e apoiar os golpistas;

- Peru, talvez a surpresa... Mas nem tanto, presidente com fraco apoio popular e posições controversas e estúpidas. Vem pra fazer número, talvez receba algum agrado yankee quando tudo isso acabar.

Enfim, a lista não surpreende - nem de longe! - e apenas constata um fato: O golpe caminha para ser reconhecido ou, ao menos, começa a ganhar apóio. É um precedente perigosíssimo, aberto e liderador por EUA e Israel, duas nações com histórico farto de abusos e desrespeito aos direitos humanos e à organismos internacionais, além do comum apóio à golpes e genocídios.
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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Os "especialistas" do atraso e a nova diplomacia - Caso Honduras


De uma hora para outra surgiram "denúncias" de que Chavez teria ajudado Zelaya a entrar em Honduras e, ainda, o MRE brasileiro ventilou a possibilidade de que Chavez estivesse por trás da escolha do Brasil para o refúgio do presidente de Honduras;

Logo os "especialistas" de plantão anunciaram que era um absurdo, que era um crime... Bem, não faço parte da escola tradicional das Relações Internacionais, nem tampouco corroboro com a ala conservadora do Itamaraty que arranca os cabelos pelo fato do Brasil ter não só tomado uma posição pró-ativa na América Latina - saindo do eterno discurso de liderança sem ação - mas também pelo país estar ajudando a um "comunista".

"Comunista", claro, na cabeça daqueles tradicionalistas que acreditam que qualquer coisa fora do padrão "família, tradição e propriedade" é um desvio, é Comunismo, coisa da turma do Olavo de Carvalho e cia, irrelevantes intelectualmente (sic) mas ainda com grande poder em alguns setores.

Pois bem, alguns outros "especialistas" denunciam que o Brasil está intervindo onde não devia. Vejamos, em primeiro lugar o Brasil não interviu, apenas respeitou os princípios básicos dos Direitos Humanos - na verdade, falemos em mera decência! - e deu abrigo à Zelaya, ou melhor, ao presidente democraticamente eleito de Honduras e deposto por um golpe repudiado por todo o mundo, por todas as organizações multilaterais competentes.

O mundo inteiro, as organizações multilaterais - até o FMI, e vejam só, até Israel - reconhecem Zelaya como presidente legítimo e Micheletti como golpista. O Brasil agiu (se foi sua vontade ou não, não é o caso) e agora surgem hordas de insatisfeitos, o pessoal da Veja morde o chapéu e os fascistas esperneiam avisando que o Brasil corre perigo, que a situação é tensa e que Zelaya, presidente, não pode fazer nada além de ficar sentado esperando as horas passarem.

Um dos grandes problemas dos estudiosos das Relações Internacionais é a eterna incapacidade de pensar fora de um paradigma pré-programado. Não se pensa fora da caixa (out of the box), não se questiona, não se olha para a frente. Quem não se lembra do episódio glorioso de Chavez, na ONU, sentindo cheiro de enxofre? Os puritanos quase morreram, os progressistas compreenderam que ali começava uma nova era, menos falsidade e "diplomacia" de aparência e um pouco mais de ação, atividade.

O que vemos hoje é a continuidade desta nova diplomacia.

Arthur Virgílio, um verdadeiro conhecedor de política externa e pessoa boníssima, honestíssima, chegou até a afirmar que o Brasil seria desqualificado como interlocutor porque não teve postura imparcial. Não é preciso ser gênio para saber que a digna figura já escolheu seu lado e arranca os cabelos pelo apóio dado agora ao presidente de Honduras.

O papel de "mediador" nada mais é o do país que fala, fala, não é ouvido e a situação piora, os Hondurenhos morrem, são censurados e Zelaya é esquecido em discussões eternas e infindáveis. Se é a este papel que o Brasil abriu mão, dizem os "especialistas", então, que seja, tomamos uma atitude real para recolocar o verdadeiro presidente no poder.


Voltando à Honduras, podemos afirmar que foram ventiladas as possibilidades de Chavez ter ajudado Zelaya a chegar a Honduras - o que ele confirmou, ajudou a despistar o exército para que Zelaya pudesse chegar vivo à Tegucigalpa - de que Chavez teria dado um avião è Zelaya para chegar na capital - falso - e a de que teria sido uma dica de Chavez a ida para a embaixada brasileira - conjectura sem comprovação.

Mesmo que todas as possibilidades fossem verdadeiras, não vejo o problema. Zelaya é o presidente eleito e deposto, o Brasil deu seu apóio à sua volta - ainda que sme tomar qualquer ação concreta - e Chavez, sabendo que dificilmente a Embaixada Venezuelana seria respeitada ou a força da volta de Zelaya em tal local seria menor, poderia realmente tê-lo aconselhado a ir para o lado brasileiro.

Nada além de um plano bem bolado - se comprovado.

Do ponto de vista diplomático, é compreensível a "grita" geral se entendermos que a diplomacia permanece um jogo de sombras, de mentiras e de farsas, mas do ponto de vista prático foi a melhor e única saída.

O Brasil não sai prejudicado, na verdade foi forçado - a contragosto talvez - a mostrar porque é ou quer ser o líder da América Latina. Não mais o papo de que é mas ações concretas. Resolvendo ou ajudando a resolver o conflito no país o Brasil sai fortalecido como nunca, sai com mais força para pleitear a vaga permanente no Conselho de Segurança - que conta já com o apoio entusiasmado de Sarkozy - e sai fortalecido no cenário internacional.

O Brasil, de qualquer forma, ganha. A reação dos "especialistas" e dos políticos de aluguel, como Azeredo e Tucanos afins, diverge da reação do resto do mundo, de quem não tem o rabo preso, e fez renascer um orgulho de poder se dizer Brasileiro e saber que seu país é ator proeminente e atuante no cenário internacional.

Falando de Chávez, especificamente, ele faz o que sempre fez. Fala, propagandeia, faz a política que conhece, só inocentes ou mal intencionados para ficarem chocados ou revoltados com sua maneira costumeira de falar, de fazer piadas e de agir. Cabe ao Brasil não entrar no jogo dos que acusam e saber separar um bom parceiro dos "especialistas".

Curioso, por fim, é notar a capa da Folha de São Paulo de hoj, com a manchete "Golpistas acusam Brasil de intromissão". Triste seria se os Golpistas agradecessem ao Brasil por qualquer coisa.
Em duro comunicado, o governo golpista hondurenho acusou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de intromissão em assuntos internos de Honduras e afirmou que o Brasil é o responsável pela segurança do mandatário deposto, Manuel Zelaya, abrigado desde segunda-feira na embaixada do país em Tegucigalpa.
 Que fique claro que é ótimo ser "acusado" de defender a democracia e o governo legítimo e, acima disso, que os golpistas são responsáveis pelo banho de sangue que pode acontecer e por cada morto por seu regime tirânico. Não "cola" a desculpa de que é do Brasil a culpa por qualquer fato e loucura dos golpistas. O resto é blablabla de desesperados criminosos.
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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Perigosos paralelos: Irã e Honduras ou quando palavras importam

Em diplomacia e política externa, uma vírgula pode fazer toda a diferença.

Numa notícia veiculada ontem pelos jornais os EUA reconheciam formalmente Ahmadinejad como presidente do Irã. 5 palavras carregadas de significado.
"'Ele é o líder eleito', respondeu o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, a um repórter que lhe perguntou se a Casa Branca reconhecia Ahmadinejad como o presidente legítimo do país."
Legitimidade não é exatamente a questão Ahmadinejad ou qualquer outro presidente não seriam reconhecidos como "legítimos" pelos EUA semque houvesse um desmantelamento do regime islâmico. A questão é mais profunda, os EUA reconheceram, enfim, que Ahmadinejad foi eleito, passando por cima da fraude, dos protestos e aceitando-o como possível interlocutor caso haja alguma vontade de diálogo futuro.

Se por um lado os EUA buscaram não se intrometer - ao menos no discurso - nos assuntos iranianos, inaugurando uma suposta nova era com Obama, por outro, com estas simples palavras, denunciaram que a não-intervenção dos EUA se tornou o apóio tácito à fraudes e golpes.

O apóio, ainda que tácito e sem entusiasmo dos EUA à Ahmadinejad, é emblemático. Por mais que não influencie, na prática, os protestos da oposição legítima, por outro, acaba tendo um efeito psicológico negativo. Os EUA jogaram a toalha, se antes se distanciavam, agora reconheceram como fato consumado que Ahmadinejad venceu, sem levar em consideração a forma.
Sob críticas da oposição, que pedia uma ação mais firme em favor dos manifestantes, Obama falou em favor do diálogo e do direito de manifestação no Irã, com cautela para não ser acusado de interferência pelo governo do Irã, como o líder supremo fez no sermão em que ordenou aos iranianos que aceitassem o resultado da eleição.
Em lugar da não-intervenção radical os EUA ultrapassaram a neutralidade e foram direto para a aceitação do "inevitável". Dois extremos indesejados e indesejáveis.

O paralelo que podemos traçar com Honduras é claro.

Tanto quanto no caso Iraniano quanto no caso Hondurenho - salvas as suspeitas dos EUA estarem envolvidos em ambos os casos - os EUA, ou ao menos Obama, adotaram uma posição mais próxima da neutralidade e da conciliação - por mais pernicioso que este posicionamento possa ser, especialmente no caso Hondurenho - mas sem reconhecer, felicitar ou fazer afirmações falsamente inocentes as carregadas de significado os governos golpistas de Micheletti ou Ahmadinejad.

O que vemos é uma mudança substancial, ainda que em tom quase neutro ou insuspeito.

Se hoje vimos o reconhecimento de Ahmadinejad como presidente legal e por direito do Irã, nada impede que amanhã o porta-voz da Casa Branca anuncie que "se esgotaram todas as vias de negociação em Honduras" ou ainda que "não existe clima para a volta de Zelaya".

Qualquer variação destas duas terríveis frases/possibilidades "inocentes" seria o mesmo que reconhecer: Micheletti venceu e perdeu o povo Hondurenho.

Especificamente em Honduras, os EUA não vem tendo um papel relevante - assim como o Brasil de Lula, suposto líder da América Latina -, mas é inegável a sua força e relevância, mesmo que sem muito interesse. Uma palavra dos EUA, uma frase mal colocada ou mal interpretada pode fazer a balança de poder se desequilibrar.

Todas as atenções estão voltadas aos EUA.
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segunda-feira, 6 de abril de 2009

OTAN, Turquia e Dinamarca [Update]


"Pressionado, presidente afegão ordena revisão de lei xiita"


Rapidinho o Karzai já foi pressionado e deve revisar a lei...

Mas uma coisa que me chamou a atenção foi o tino para chantagens que tem os secretários-gerais da OTAN, tanto o atual quanto o futuro! Num mesmo dia deram duas declarações em tom de clara chantagem que são surpeendentes!

A primeiro, do atual secretário-geral Jaap de Hoop Scheffer, sobre a questão das mulhres xiitas:

O secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, disse à BBC na sexta-feira que a lei pode tornar mais difícil para os estados-membros enviar mais tropas para enfrentar a insurgência do Taleban no país.

"Estamos lá para defender valores universais, e quando vejo uma lei que fundamentalmente viola direitos humanos e das mulheres prestes a ser aprovada, isso me preocupa", disse ele.

A segunda, do futuro secretário geral , Anders Fogh Rasmussen, sobre sua propria posse na OTAN e a pressão contrária que fazia a Turquia que, agora, resolveu apoiá-lo em troca do fim da liberdade de expressão patrocinada pela OTAN.

Explico:
O futuro secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, assegurou neste sábado que seu país fechará o canal de televisão curdo Roj TV caso este tenha de fato as conexões com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), ilegal na Turquia.

Segundo deu a entender o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, entre as garantias recebidas estão o fim das transmissões da Roj TV na Dinamarca; o estabelecimento de laços entre a Otan e os países muçulmanos; e a nomeação de um turco como um dos assessores do secretário-geral da Otan.
Ou seja, o atual secretário-geral condiciona a ajuda militar ao Afeganistão ào respeito aos direitos humanos.

O que é louvável, claro, se levarmos em consideração que o fim da ajuda do ocidente ao Afeganistão faria esse país ruir e de que o ocidente tem uma dívida com o país, afinal, invadiu, tomou o poder, colocou seu homem na presidência e agora quer abandonar à própria sorte.

Aliás, até parece que a OTAN, em sã consciência, abandonaria o Afeganistão ou dificultaria alguma coisa por causa das mulehres xiitas! Como se o ocidente tivesse tal tipo de escrúpulo e desse a mínima! A notícia está na mídia, causou comoção, daqui ha um mês ninguém mais lembra e a OTAN pode voltar novamente ao que fazia antes.... Típico discurso vazio e para autopromoção.

No segundo caso, do futuro secretário-geral, vemos algo diferente, a condição imposta não é a de defender os direitos humanos ou coisa do tipo mas sim a de ferir o direito À expressão, d eferir o direito dos Cursos à ter voz, à autodeterminação,à dignidade... Vai em sentido contrário ao do respeito aos direitos humanos e passa para a censura e opressão da maior nação sem Estado do mundo.

Em troca de apoio para sua nomeação, Rasmussen está disposto a nomear um turco para acessor e a melhorar laços com os muçulmanos, até aí, nenhum problema, mas também o fim das transmissões de uma TV Curda na Dinamarca.

O futuro secretário-geral não só se compromete a ferir a liberdade de expressão como ainda obrigau m país soberano, a Dinamarca, a seguir as vontades de outro país, da turquia, sem que o primeiro tivesse sequer sido consultado!

[Na verdade, Rasmussen é o atual primeiro ministro da Dinamarca, em coalizão de direita - o que não surpreende - e legou ao futuro primeiro-ministro que destrua a liberdade de expressão no país]

Sem dúvida, ouviremos mais absurdos nos próximos dias...

Aliá,s vale lembrar que a resistência da Turquia na nomeação de Rasmussen se dá apenas porque este é Dinamarquês e foi da Dinamarca que surgiram e se espalharam as charges com imagens de Maomé ha algum tempo...

Uma razão estúpida para um veto e uma troca estúpida para a nomeação.

Em ambos os casos, o que vemos são países claramente atentando contra o direito à liberdade de expressão.

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Engraçado, em meio às declarações do futuro ex-secretário-geral a OTAN anuncia um aumento no número de soldados e dinheiro ao Afeganistão...

Ficam duas idéias no ar, o futuro-ex-secretário-geral usou apenas uma bravata ou então por ser demissionário já não é mais levado em consideração?

E, por fim, Rasmussen foi finalmente eleito.
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