domingo, 7 de junho de 2009

Eleições no Líbano

Pin It
Texto bastante elucidativo sobre as eleições no Líbano, número de cadeiras, prognósticos e afins. O blog vale à pena ser acompanhado.

O Hizbollah pode conseguir formar uma maioria, com o apoio crucial dos cristãos de Michel Aoun e há o temor de um isolamento do país, imposto pelos EUA baseado na piada de considerar o Hizbollah um grupo terrorista.

Do Diário do Oriente Médio:

O QUE ESTá EM JOGO

128 cadeiras no Parlamento. Os cristãos tem direito a 50%, sendo que os maronitas ficam com 34 cadeiras, os ortodoxos com 14 e o restante é dividido entre melquitas (grego-católicos), armênios (ortodoxos e católicos), protestantes e outras denominações cristãs. A metade muçulmana é dividida entre sunitas (27), xiitas (27), druzos (8) e alauítas (2)

Apenas para ficar mais claro, segue a lista abaixo com o número de cadeiras de cada grupo sectário

1. Cristãos
a) Maronitas – 34
b) Ortodoxos – 14
c) Armênios – 6
d) Restante – 10

2. Muçulmanos
a) Sunitas – 27
b) Xiitas – 27
c) Druzos – 8
d) Alauítas – 2

O premiê será escolhido pela coalizão vencedora e será obrigatoriamente sunita e o presidente do Parlamento, xiita. O presidente libanês sempre é cristão maronita. Os libaneses também repartem o Ministério de acordo com a religião. No Líbano, não há Senado.

Ateus podem votar e pedir que retirem a religião de seu registro. Para se candidatar, no entanto, são obrigados a se filiar a uma das religiões.

A população libanesa não é dividida exatamente como o Parlamento. Estimativas indicam que hoje os muçulmanos seriam mais de 60% da população, com os xiitas possuindo a maior pluralidade entre as minorias. Porém não foram realizados censos no Líbano desde 1932, com o maronitas mantendo uma maioria fictícia até hoje. Antes dos acordos de Taif, no início dos anos 1990, os cristãos tinham direito a 55% das cadeiras no Parlamento. O restante ficava com os muçulmanos.

COMO é O VOTO

Os libaneses votam nos distritos de origem de suas famílias. O voto é em lista fechada de candidatos. Dependendo do distrito, a lista tem uma composição religiosa distinta. Todos cidadãos com mais de 21 anos podem votar. Há uma lei, no entanto, esperando para ser aprovada no Parlamento que reduzirá a idade mínima para 18 anos

COALIZOõES QUE DISPUTAM O PODER

14 de Março – Governista, é aliada dos EUA e da Arábia Saudita. É contra o uso de armas pelo Hezbollah, opositora da influência síria no Líbano e tem uma linha econômica mais liberal.

Principais integrantes
1. Futura – Grupo político sunita, ligado a Saad Hariri e ao premiê Fuad Siniora. Possui amplo apoio entre os sunitas libaneses
2. Forças Libanesas – Organização cristã maronita radical presente especialmente no norte do Monte Líbano. O líder é Samir Gaegea, envolvido em uma série de eventos violentos na guerra civil
3. Phalange – Grupo cristão maronita que foi radical no passado, mas se tornou moderado atualmente. Os líderes ainda têm o sobrenome Gemayel
4. PSP – Organização majoritariamente druza, comandada por Walid Jumblat, cuja família lidera os áreas das montanhas do Shuf há séculos

8 de Março e Frente Patriótica – Acusa os governistas de corrupção, aceita o Hezbollah como resistência legítima e recebem o apoio do Irã e da Síria.

Principais Integrantes
1. Hezbollah – grupo xiita radical, armado, com escolas, hospitais e até rede de TV. Liderado pelo xeque Hassan Nasrallah, que não concorre
2. Amal – também xiita, é bem mais secular e tem como líder Nabi Berri. No passado, possuiu uma poderosa milícia
3. Frente Patriótica – grupo majoritariamente cristão maronita, é liderado pelo ex-general Michel Aoun
4. Armênios – tradicionalmente neutros, optaram por se aliar à oposição por questões políticas domésticas

Independentes – Alguns candidatos não integram nenhuma das duas principais coalizões

POSSíVEIS RESULTADOS

Analistas concordam que a disputa será acirrada. A previsão é que a coalizão vencedora tenha no máximo quatro cadeiras a mais

Cenário 1 (Vitória da 14 de Março) – Seria mais ou menos similar como agora. O grupo de Hariri se manteria no poder. Como não tem xiitas, teria dificuldade para conseguir legitimidade com enorme parcela da população libanesa. A 8 de Março pediria o direito a veto. Caso não seja concedido, há risco de elevação da tensão e até mesmo de violência, como em maio do ano passado

Cenário 2 (Vitória da 8 de Março) – Mudança total no quadro político. EUA e outros países poderiam suspender a ajuda ao Líbano, como ocorreu com os palestinos na vitória do Hamas. Talvez, o Irã e a Síria intensificarão a sua presença no país. Israel poderá argumentar, em caso de ataque do Hezbollah, que foi atacado pelo Estado libanês e lançar uma ampla ofensiva contra o Líbano

Cenário 3 (Governo de União Nacional) – Esperança de muitos libaneses para evitar tensão, enfrentaria dificuldades para governar devido a disparidade de opinião entre os dois grupos em muitos temas. Pode ocorrer tanto por acordo como no caso de os independentes vencerem em distritos suficientes para impedir que uma das coalizões possua maioria

------