"Eu não quero saber se o João Castelo (prefeito de São Luís) é do PSDB, não quero saber se o outro é do PFL, não quero saber se é do PT, eu quero saber se o povo está na merda e eu quero tirar o povo da merda em que ele se encontra. Esse é o dado concreto"Em primeiro lugar porque alguns acham que estou começando a defender demais o presidente, não importa o quanto eu diga que não, não sou Lulista, mas tampouco posso aceitar o que faz o PIG com o presidente do país, seja ele quem for ´e especialmente não sendo um DemoTucano ou o grande genocida do FHC, como carinhosamente o chamava Fausto Wolff - e, segundo, porque o Eduardo guimarães já passou na minha frente.
Mas talvez ainda haja espaço para comentar algo.
Pego, então o gancho do Guimarães, quando ele diz que não iria reproduzir o que ouviu em um programa de TV por estar escrevendo um texto jornalístico e não ser este o lugar.
Discordo.
Por mais que um palavrão possa soar deselegante, deslocado ou até ofensivo, isto me cheira a posicionamento de Classe Média e das elites que querem se fazer de finas, educadas, como se proferir um bom "putaqueopariu" fosse um crime capital punível com o ostracismo ou até a morte.
Estou longe, porém, de dizer que vamos liberar tudo e nos xingar em todo e qualquer lugar, que fique claro! Mas o oposto também é ridículo, como um filme que diz retratar a realidade sem um palavrão sequer ou coisa do tipo: É falso, forçado e irreal.
Posso concordar que um presidente deva ter um certo... como poderia dizer? Uma certa fleuma? Um linguajar um pouco mais "elevado"? Mas sejamos sensatos, o presidente fala para o povo como fala o povo. E não digo isto em tom de preconceito, como se "povo" fosse o pobre que fala única e exclusivamente palavrão, nem digo que está liberado soltar palavrões a torto e à direita como se também fosse algo maravilhoso.
Acredito que existam momentos, existam situações.
Vejam, por exemplo, os noticiários na Espanha, ou mesmo os filmes. Os jornalistas falam palavrão, os filmes estão cheios deles. Até mesmo nas novelas da Globo você pena para ouvir - se ouvir - algo do tipo. Quem imagina um programa como Malhação, retratando jovens, sem um único palavrão? É falso puritanismo, é o retrato falso que a elite que pintar de si mesma.
Que Lula fale por si:
"Amanhã os comentaristas dos grandes jornais vão dizer que o Lula falou um palavrão, mas eu tenho consciência que eles falam mais palavrão do que eu todo dia e tenho consciência de como vive o povo pobre desse país. E é por isso que queremos mudar a história desse país. Mudar a história desse país não é escrever um novo livro, é escrever na verdade uma nova história desse país incluindo os pobres como cidadãos brasileiros."----
Se nos ultimos anos alguém em malhação falou (muitos) palavrões, me perdoem, não vejo a novelinha desde minha adolescência.
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Pois bem, por mais que não soe bem o palavrão do presidente, por favor, qual a razão da condenação generalizada e boçal da mídia?
Claro que estamos falando de um PIG para o qual o simples ato de respirar do presidente é motivo para crises e denúncias - até crises do DEM o PIG tenta fazer parecer como do governo! - mas o que vemos é o cúmulo do elitismo deslocado e atrasado. Preciosismo preconceituoso.
E, que me desculpe o Diário de Notícias, mas, como Brasileiro, não fiquei nem um pouco chocado com o palavrão. Em portugal talvez choque.
Enfim, repito, há lugar e existem momentos para que um palavrão seja usado, seja num discurso, seja num texto (jornalístico ou não), seja no dia-a-dia.
O intolerável, porém, é a crucificação por uma frase colocada em um discurso de um presidente popular, para o povo. Condenável, talvez, seria o uso em um discurso ao lado de presidentes estrangeiros, na ONU e etc mas, ainda assim, depende do momento e da situação.
Vimos um presidente discursar para o povo que, enfim, compreendeu seu recado.
Discernimento e tolerância são as palavras de ordem.