Obviamente este não foi o único problema, talvez o primeiro tenha sido a escolha tola e burra da coalizão - na verdade uma imposição dos Democrata-Cristãos que custou caro ao partido e ao chile - em lançar Eduardo Frei, homem de direita, conservador, numa lista supostamente de esquerda ou, ao menos, de centro-esquerda.
Para boa parte do eleitorado, era votar na mesmice, mas agora com cores de direita, representada por Frei ou votar em algo novo, também da direita, ou seja, no Piñera.
Holzmann lembrou que neste país de pouco mais de 15 milhões de habitantes, cerca de 11,5 milhões têm idade para votar, mas somente 8,2 milhões estão registrados e na hora da votação só comparecem 6,5 milhões.Em países onde votar não é obrigatório o número de votantes costuma não ser tão elevado, em um país onde praticamente inexiste alternância de poder ou quando uma eleição não traz novidades - caso da atual da direita contra a direita - não se pode esperar índices massivos de votação. E de fato, foi o que vimos.
Voltando aos jovens, cabe sempre lembrar que a maior parte deles não viveram os anos mais pesados do regime genocida de Pinochet, a maioria só conhece o governo da Concertación e, sem dúvida, muitos se mostram insatisfeitos, da mesma forma que não enxergam na oposição uma real alternância de poder.
Temos por resultado uma eleição onde boa parte da juventude desacredita da política e dos políticos - semelhante aos jovens da maior parte do mundo - e que não vê muito propósito em votar, deixando para os mais velhos a decisão final. Saudosos da ditadura e militantes de Esquerda em meio ao mundo de "apolíticos" e "indecisos".
Pouco mais da metade dos chilenos com direito ao voto foram às urnas, quantos desses serão jovens desiludidos - não sem razão?
Os erros começaram pelo próprio desânimo da Concertación cuja líder e atual presidente Bachelet sequer apoiou o candidato Frei no primeiro turno, quando a Esquerda lançou mais dois candidatos em uma demonstração clara de fragmentação.
E se os erros começaram pela aliança ainda governista, terminam na falta de mecanismos de participação popular e na falta de instrumentos para mobilizar a população.
O medo, agora, é de uma volta do Pinochetismo - ao menos das cores e das idéias mais gerais -impostas aos chilenos devido à apatia especialmente dos jovens e, acima de tudo, da inépcia política daqueles que estavam no poder.