sábado, 1 de maio de 2010

Folha e Maluf - O espaço criminoso

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Três fatores me levaram a escrever este artigo. Primeiro o artigo de Paulo Maluf  intitulado "Promotores têm medo da Justiça?" que não linkarei para não dar publicidade ao canalha, segundo uma conversa que tive com o @caetano_pacheco sobre se seria correto ou não abrir espaço para o Maluf defender um projeto de lei criminoso e advogar em causa própria - a da impunidade - e em terceiro a publicação, no dia 17/04 de um e-mail de minha autoria na mesma Falha, que reproduzo abaixo:

"Paulo Maluf, ao assinar o artigo "Promotores têm medo da Justiça?"
(13/4), esqueceu de mencionar que é procurado pela Interpol em mais de 180 países. Ou seja, se colocar os pés fora do Brasil, vai para a cadeia.
Um homem com esta carga querendo falar de justiça e de investigação não só é uma piada como é perigoso.
Pior é a Folha dar espaço a isso."
RAPHAEL TSAVKKO GARCIA (São Paulo, SP
Paulo Maluf é, ao mesmo tempo - e não há nenhuma contradição, mas quase uma regra - Deputado Federal eleito com mais de 700 mil votos, criminoso internacional com mandado de prisão expedido pela Interpol.

Ou seja, ao mesmo tempo em que tem a liberdade e a conivência do judiciário do Brasil e de seus pares - seu partido, aliás, faz parte da base de Lula - para legislar em causa própria, amordaçar o ministério público e contribuir para a sensação - correta - de impunidade que existe no país (tema que tratei num debate na TV Cultura que pode ser visto aqui), é um criminoso procurado que se colocar os pés em 181 países que mantém acordo de cooperação com a Interpol, irá para a cadeia. Será deportado aos EUA e preso.
Maluf foi incluído na lista de procurados, a chamada "difusão vermelha", a pedido da Promotoria de Nova York, nos Estados Unidos, após investigação conjunta de promotores brasileiros e americanos, iniciada no Brasil em 2001. Em 2007, a Justiça americana determinou a prisão de Maluf pelos crimes de conspiração, auxílio na remessa de dinheiro ilegal para Nova York e roubo de dinheiro público em São Paulo.
O deputado federal é acusado de desviar recursos das obras da Avenida Água Espraiada e remetê-los para Nova York, e em seguida para a Suíça, Inglaterra e Ilha de Jersey, um paraíso fiscal. Depois, segundo o MP paulista, parte do dinheiro era investida na Eucatex, empresa do ex-prefeito em São Paulo. 
De quebra, Flávio Maluf, filho do famoso deputado, encontra-se na mesma situação.

Minha discussão com o @caetano_pacheco se centrou na questão do direito do Maluf se expressar - pelo lado do Caetano -, que defende o direito ao contraditório e para que nós julguemos o que é ou não correto e, do meu lado, me centrei no fato de que a liberdade de expressão/imprensa não é absoluta e de que, neste caso, falamos de um criminoso condenado, e não de um simples suspeito, mas de um corrupto que está com prisão decretada em meio mundo e, por fim, de que nem sempre a verdade tem dois lados, em alguns casos podemos falar em um absoluto, no que o Caetano concordou: Direitos Humanos.

Todos tem o direito à ampla defesa. Mas no Brasil, se você for político ou rico, sua defesa é a do dinheiro, da manipulação, do acesso à mídia que você controla ou seus amigos. Tem horas em que o contraditório é falso, a própria idéia do contraditório se perde, casos como os da ditabranda, Fichas Falsas e afins são os falsos-contraditórios, são as respostas de uma elite apavorada, uma resposta mentirosa.

Políticos, em geral, tem amplo espaço para suas defesas. Tem redes de TV própria ou de seus amigos, tem jornais, tem o parlamento, tem, enfim, palanques garantidos. Não importa se culpados ou inocentes, terão sempre espaço garantido e um contraditório eterno. Maluf passou 40 dias preso, hoje posa de galo e tem o contraditório eterno. Arruda fraudou o painel do Senado, assumiu ser culpado e foi eleito novamente, para ser então preso por mais e 2 meses. Querendo, dará a volta por cima e terá um eterno contraditório.

Poderosos tem todo o espaço do mundo. O povo nunca o tem.

Cabe ao cidadão, ao revoltado ou ao consciente, criticar abertamente o veículo que concede ainda mais espaço para quem deveria mofar na cadeia pelos crimes que cometeu - e continua cometendo. Nada nem ninguém está acima dos direitos humanos, da ética, do que é justo. Dar espaço para que pisoteiem estes conceitos, estes ideais, é ser conivente e igualmente criminoso.

É doloroso e vergonhoso notar que foi preciso a justiça dos EUA se mexerem e processarem o criminoso e a justiça brasileira fingir que não há nada de errado. O mundo inteiro sabe quem é Maluf. Menos o Brasil. Aqui, ele tem os holofotes.
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Comentários
1 Comentários

1 comentários:

alex disse...

Folha fugiu com a manchete

Pessoal .. se vcs não forem no Blog Tijolaço vcs não iram acreditar.

http://www.tijolaco.com/?p=13759

"Apertem os cintos, a manchete sumiu!"
sábado, 1 maio, 2010 às 16:4

Pessoal, simplesmente, inacreditável!

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