É impressionante como as pessoas tem dentro delas um mecanismo de legitimação da violência estatal.
Se é o Estado que agride então é legítimo. Reclamar não pode e, se puder, só vale gritar enquanto apanha.
Reagir é crime. Estou longe de me alinhar automaticamente à tática Black Bloc ou de negar minhas infinitas críticas a seu uso - já deixei claro que defendo o uso da tática em termos defensivos e em casos específicos -, mas me impressiona o repúdio que pessoas ditas intelectuais expressam pelo seu uso.
Não faltam palavras para qualificar o absurdo e o horror que é pessoas se organizarem para se defender do Estado, mas faltam palavras para condenar uma polícia armada até os dentes, que assassina milhares de pessoas nas favelas e que, no asfalto, se contenta "apenas" em cegar jornalistas e brutalizar quem passar pela frente.
Temos 23 perseguidos políticos no Rio, temos o Fabio Hideki, temos o Rafael Braga e centenas, quiçá milhares de outros exemplos de pessoas presas - em geral pretas e pobres - ou mortas pela polícia sem direito à defesa. Atacados com armas letais ou "menos letais" e frente a tudo isso devemos nos limitar a gritar enquanto apanhamos ou a buscar as estruturas do mesmo Estado que criminaliza.
Mas reagir? Jamais.
E as razões desses críticos não são na base do "reagir com violência é burro porque atrairia uma resposta maior do Estado e não temos condições de vencê-lo no jogo da violência", que até faz sentido, mas sim no jogo do respeito à instituições falidas.
Realmente eu não entendo.
Por vezes estas pessoas me soam como legitimadoras da violência estatal. Se arrepiam ao imaginar um coquetel molotov, mas não vêem nada demais com balas de borracha. O Estado, dizem eles, pode. alguns até dizem que tem o dever de agir contra "arruaceiros" e "vândalos".
Claro, há os que se revoltam com a violência do Estado, mas se juntam ao coro dos protofascistas para dizer que devemos apenas e unicamente recorrer ao mesmo Estado esperando sentados pela cega e perdida justiça.
No fim isto apenas legitima a violência do Estado, ao encará-la como normal, como parte do jogo, ao passo que a reação é criminalizada. E este tipo de legitimação serve a quem?
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terça-feira, 29 de julho de 2014
A legitimidade e os legitimadores da violência estatal
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segunda-feira, 21 de abril de 2014
PM da Bahia: Direito à greve?
Eu não mudaria uma só palavra no artigo que escrevi durante a greve da PM em 2012. Continua valendo para hoje. O que eu mudaria no entanto é minha visão à época mais simpática à greve.
Hoje eu não a defendo.
Não porque haja um direito abstrato de fazê-la, eu não vejo mais como legítimo. Escrevi:
Hoje não mais.
Não que minha visão de PM tenha mudado, que fique claro, sempre a vi como inimiga. O que mudou, no entanto, foi a percepção do momento.
De fato, frente ao Estado, a greve atual poderia ser considerada legítima, dado que a PM serve ao Estado, trabalha para o Estado. Mas não é legítima na perspectiva do trabalhador, das vítimas. Não faz sentido que o trabalhador sempre reprimido pela PM defenda a PM hoje para, amanhã, voltar a apanhar.
Após os protestos de junho e a franca e absoluta repressão por parte de governos petistas, pmdbistas e tucanos com imenso entusiasmo por parte da PM, chego à conclusão de que se havia em 2012 um espaço para diálogo, esse se fechou, se extinguiu.
Não que a PM tenha se tornado mais violenta, ela continua a ser o que é. Mas havia, na época,a percepção de que seria possível conseguir um diálogo caso movimentos de trabalhadores e organizações sociais se colocassem ao lado das reivindicações da PM. Talvez fosse possível à PM (ao menos alguns PMs) enxergar que o inimigo não é ou não era o povo.
Infelizmente o momento passou e nada mudou.
A desmilitarização terá de vir por pressão popular e por decisão política, sem esperar que a própria PM concorde ou debata.
A PM é inimiga do trabalhador, não tem legitimidade para agir como tal. Não merece ter apoio dos trabalhadores a quem espanca.
Se por um lado a greve é (foi) um fato consumado, não cabe a organizações de trabalhadores e partidos de esquerda defendê-la. Não se trata de criminalizar e sim de não apoiar. De não se esforçar para que suas demandas sejam atendidas, não se solidarizar.
Criminalizar é o que faz o petista contra qualquer grupo que não se submeta. A esquerda deve apenas se afastar e apontar onde estão os erros. É sem dúvida difícil, porém, não deixar transparecer a raiva que sentimos por esta instituição. Não é fácil ver a PM como uma classe trabalhadora, mesmo como humanos - visto que tratam o povo como se não fossem (fôssemos) humanos. No dia a dia são apenas animais prontos a realizar o trabalho sujo de governos com maestria.
Fica, porém uma questão:
Hoje eu não a defendo.
Não porque haja um direito abstrato de fazê-la, eu não vejo mais como legítimo. Escrevi:
"Mas, mesmo sendo a favor do fim da PM, não posso dizer que não é legítimo, como trabalhadores, que façam greve. Se o Estado os emprega, os considera legítimos, então são legítimos seus direitos. Discutir a legalidade ou não da PM fazer greve – à luz da constituição ou da legislação – não é o caso. Fato consumado."Esta talvez tenha sido minha única mudança de percepção. A da legitimidade. Em 2012 eu pensava que esta greve poderia ser o estopim para a discussão da desmilitarização, inclusive me lembro de PMs na época comentando sobre, logo, havia uma abertura dentro da PM para tal debate. E havia a necessidade da sociedade tentar uma última vez.
Hoje não mais.
Não que minha visão de PM tenha mudado, que fique claro, sempre a vi como inimiga. O que mudou, no entanto, foi a percepção do momento.
De fato, frente ao Estado, a greve atual poderia ser considerada legítima, dado que a PM serve ao Estado, trabalha para o Estado. Mas não é legítima na perspectiva do trabalhador, das vítimas. Não faz sentido que o trabalhador sempre reprimido pela PM defenda a PM hoje para, amanhã, voltar a apanhar.
Após os protestos de junho e a franca e absoluta repressão por parte de governos petistas, pmdbistas e tucanos com imenso entusiasmo por parte da PM, chego à conclusão de que se havia em 2012 um espaço para diálogo, esse se fechou, se extinguiu.
Não que a PM tenha se tornado mais violenta, ela continua a ser o que é. Mas havia, na época,a percepção de que seria possível conseguir um diálogo caso movimentos de trabalhadores e organizações sociais se colocassem ao lado das reivindicações da PM. Talvez fosse possível à PM (ao menos alguns PMs) enxergar que o inimigo não é ou não era o povo.
Infelizmente o momento passou e nada mudou.
A desmilitarização terá de vir por pressão popular e por decisão política, sem esperar que a própria PM concorde ou debata.
A PM é inimiga do trabalhador, não tem legitimidade para agir como tal. Não merece ter apoio dos trabalhadores a quem espanca.
"Os próprios membros da PM, normalmente, não se veem como meros trabalhadores. São a arma na contenção das revoltas e das reivindicações de outros trabalhadores, o braço da “lei”, mesmo que eles nem saibam qual lei deveriam estar cumprindo e, claro, muitas vezes são os justiceiros que atiram na cabeça de “bandidos” para “limpar” a cidade e, em outras, são os próprios bandidos, complementando salário."PM não pode ser considerado "trabalhador" em pé de igualdade com suas vítimas. Não quer dizer que não sejam em si trabalhadores, mas estamos tratando de categorias diferentes.
Se por um lado a greve é (foi) um fato consumado, não cabe a organizações de trabalhadores e partidos de esquerda defendê-la. Não se trata de criminalizar e sim de não apoiar. De não se esforçar para que suas demandas sejam atendidas, não se solidarizar.
Criminalizar é o que faz o petista contra qualquer grupo que não se submeta. A esquerda deve apenas se afastar e apontar onde estão os erros. É sem dúvida difícil, porém, não deixar transparecer a raiva que sentimos por esta instituição. Não é fácil ver a PM como uma classe trabalhadora, mesmo como humanos - visto que tratam o povo como se não fossem (fôssemos) humanos. No dia a dia são apenas animais prontos a realizar o trabalho sujo de governos com maestria.
Fica, porém uma questão:
Se a PM é tão terrível – e é -, por que Dilma, que tem MAIORIA no Congresso (fez alianças com deus e o diabo, especialmente o diabo, e hoje tem maioria) não põe um fim à PM?Aí os petistas logo irão dizer que não dá, porque o apoio no Congresso não é automático, que é difícil e blablablá. Oras, eu me pergunto: mas, se o apoio não é automático, por que os cargos, benesses e caixinha são? PP, PMDB, PR e cia. têm ministérios, cargos, comissões, mas só apoiam o que querem? Que “apoio” é esse?
O PT fez greves a vida toda – ao menos até virar governo, porque hoje até a CUT é forçada a protestar contra privatização petista e o próprio PT vai esconder e enterrar a CPI da Privataria Tucana, talvez com medo que, em alguns anos, a sua privataria seja escancarada, afinal, uma mão lava a outra – e apanhou da PM, mas hoje onde governa sabe usar a PM e, por isso, não tem interesse em seu fim. Apenas fazem discursos ridículos quando são contrariados.O papo da “herança maldita” não cola mais. O PT está há 9 anos no poder e não demonstrou interesse algum nem em reformar a PM nem em acabar com ela nem em sequer votar a PEC 300. Segurança pública não é de interesse do partido dos trabalhadores que criminaliza greves.
Muda apenas a data, mas as categorias submetidas à violência da PM pelo Estado permanecem as mesmas, a violência da PM permanece a mesma.
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
às
14:49
PM da Bahia: Direito à greve?
2014-04-21T14:49:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
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segunda-feira, 20 de maio de 2013
A Virada é cultural, mas o jornalismo é só preconceito
O show de preconceito da mídia brasileira parece não dar trégua.
Escrevi na semana passada para o Jornalismo B um artigo criticando a cobertura da mídia sobre dois casos de violência semelhantes (com um infelizmente resultando na morte da vítima), mas tratados de forma diferente de acordo com a (suposta) classe das vítimas.
Agora, novamente, um show de preconceito chega até nós através da Folha e do Estadão. No caso da Folha trata-se mais de um negacionismo estúpido, já o Estadão conseguiu ultrapassar todos os limites do aceitável, faltava apenas dizer que quem ouve hiphop é bandido e ponto. Foi por pouco.
Vejam as duas imagens à seguir:
Escrevi na semana passada para o Jornalismo B um artigo criticando a cobertura da mídia sobre dois casos de violência semelhantes (com um infelizmente resultando na morte da vítima), mas tratados de forma diferente de acordo com a (suposta) classe das vítimas.
Agora, novamente, um show de preconceito chega até nós através da Folha e do Estadão. No caso da Folha trata-se mais de um negacionismo estúpido, já o Estadão conseguiu ultrapassar todos os limites do aceitável, faltava apenas dizer que quem ouve hiphop é bandido e ponto. Foi por pouco.
Vejam as duas imagens à seguir:
Na matéria assinada por Clarice Cudischevitch, lê-se apenas "A Polícia Militar não registrou nenhuma
ocorrência durante a apresentação dos Racionais MC’s, apesar do consumo
de maconha por pessoas na plateia. A Praça Júlio Prestes ficou
completamente suja após o show.".
Nunca, em tão poucas linhas, pude ler tanto preconceito escancarado (a jornalista provavelmente pensou estar escondendo bem seus preconceitos, mas não conseguiu).
Porque o show dos Racionais é notícia por NÃO ter acontecido nada? Tivemos diversos casos de arrastões, eu mesmo presenciei o rescaldo de um durante o show do Sidney Magal no Arouche e estive a 5 passos de outro, na República, umas 2h depois, mas a notícia, em se tratando de um grupo da periferia, é não ter acontecido nada.
De fato ha alguns anos houve confusão em show de HipHop, o que levou o higienista Kassab a vetar palcos com o estilo desde então, como se proibir um estilo musical fosse a solução para a violência e a criminalização da periferia. Não vou entrar em detalhes sobre causas e a participação da PM naquele episódio, mas recomendo que quem se interessar corra atrás.
Mas reparem que não há sequer uma linha para comparar com o que aconteceu anos atrás, para ao menos tentar amenizar a situação. A notícia, de DUAS LINHAS e um vídeo, se limita a reportar que nada aconteceu.
E piora - sim, é possível.
Já que não aconteceu nada e fica feio noticiar o nada, vamos acrescentar que pessoas fumaram maconha e que o chão ficou sujo.
Oras, esse "pessoal da periferia" deve ser "tudo" um bando de maconheiro, não é mesmo?
E notem o "apesar", presente no curto e lamentável texto.
Pois é, mas o que não faltou em TODOS os shows que fui foi o cheiro de maconha e, claro, muito lixo pelo chão. Digno de nota, aliás, foi a quantidade insuficiente de lixeiras, especialmente em volta da Virada Gatronômica e as que tinha estavam transbordando.
Ou seja, colocar como algo digno de nota a "sujeira" após o show do Racionais é claro preconceito, já que em TODOS os shows com uma quantidade grande de pessoas no entorno ficava podre. Foi assim no show da Daniela Mercury, no do Sidney Magal (dois dos shows que assisti)...
Maconha e sujeira foram lugar presente na Virada, mas só é notícia quando a periferia vem ao centro.
Na matéria da Folha, assinada por Ana Krepp e Lucas Nobile, o absurdo fica por conta da crítica nem um pouco velada ao justo protesto do público contra o genocídio da população negra na periferia.
É óbvio que agrande mídia irá negar de todas as formas que isto aconteça. Tão ligados à Ditadura, não poderiam concordar que o assassinato indiscriminado de pobres nas periferias seja algo alarmante. É, no fim, apenas uma "provocação" à gloriosa Polícia Militar que, aliás, sequer fez seu trabalho na Virada, e deixou rolar solto assaltos e arrastões.
E não digo "deixaram rolar" levianamente.
Em toda a distância entre o Largo do Arouche e a República não havia um único PM na madrugada do sábado para o domingo. Apenas no Largo e sumidos em algum lugar da República, longe de nossas vistas. Presenciei, há menos de 10 passos, um arrastão na República e não se via policial. Nem durante e nem depois enquanto as pessoas gritavam por socorro e eram roubadas.
Um dos assaltados tinha perdido tudo. Chavez do carro, celular, carteira, documentos... Corria junto conosco, eu, minha esposa e uma amiga, tentando encontrar um policial. E não encontramos nenhum.
Do Arouche ao Metrô República. Nada.
Onde eu via PM estavam batendo papo ou sentados em suas viaturas. Alguns falam até em uma ação pensada da PM em fazer vista grossa aos assaltos. Eu não duvidaria, muita gente reclamava de arrastões até próximos à viaturas da PM e que os policiais nada faziam.
O João Ricardo comentou no Facebook:
Terra de ninguém, corredor polonês, zona de guerra, sei lá qual o termo mais adequado que ouvi hoje pra descrever o centro de SP na última madrugada durante a Virada. Presenciei vários arrastões na região da Luz, desde gigantes com 50 pessoas até os menores. Vi a poucos metros de mim cinco caras derrubar um carinha que foi chutado, saqueado, humilhado, uma cena que me impressionou muito. É verdadeira também a afirmação sobre a inércia da polícia em relação aos arrastões, vi isso com meus olhos e ouvi relatos de outras pessoas que corroboram, mas também não sei direito como julgar - é sabido que a PM odeia a Virada Cultural justamente porque ela cria condições em que o policiamento se torna extremamente complicado, gerando cobranças que ela se vê incapaz de cumprir.
E é preciso um adendo: A Virada é um evento municipal, sob responsabilidade do Haddad, mas o policiamento é estadual, responsabilidade da PM e do Alckmin. Não adianta querer culpar a prefeitura pelo serviço de porco do governo do estado. E, também, não são aceitáveis as acusações sem qualquer prova, apenas baseadas em vitimismo típico de petistas, de que a PM fez corpo mole com o objetivo de prejudicar a prefeitura, logo, Haddad.
Mas, voltando ao tema central, sem dúvida, "provocação" é protestar contra não só a ineficiência de um lado, mas contra a eficiência cruel da PM em assassinar jovens e negros nas periferias.
Mas, voltando ao tema central, sem dúvida, "provocação" é protestar contra não só a ineficiência de um lado, mas contra a eficiência cruel da PM em assassinar jovens e negros nas periferias.
Enfim, são apenas dois exemplos - de muitos, constantes - de um jornalismo canalha, marrom, preconceituoso, que tem um lado claro, e não é o do povo.
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Artigos na mesma linha:
No jornalismo B, sobre o preconceito de classe e contra a periferia - O jornalismo de classe e a escolha da notícia
No Observatório da Imprensa, sobre a cobertura de Belo Monte e movimentos sociais - Jornalismo mandou lembranças
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Artigos na mesma linha:
No jornalismo B, sobre o preconceito de classe e contra a periferia - O jornalismo de classe e a escolha da notícia
No Observatório da Imprensa, sobre a cobertura de Belo Monte e movimentos sociais - Jornalismo mandou lembranças
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terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Agressão a skatistas na Praça Roosevelt e a convivência impossível
Atualização 09/01: Vídeo mostra o começo da agressão por parte do GCM a paisana Luciano Medeiros, o mata leão irresponsável e desnecessário dado em William e o spray de pimenta jogado na cara dos skatistas completamente de graça. Se alguém tinha dúvida de que a ação foi criminosa, este vídeo comprova.
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Este texto foi escrito em duas partes, em dois momentos diferentes. Na primeira parte um desabafo sobre a situação da praça, na segunda, comentários baseados em conversas que tive com skatistas e moradores da praça em busca de entendimento.
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Artigo meu um pouco diferente deste foi publicado também pelo SpressoSP.
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Fotografei uma ação da GCM na Praça Roosevelt dia 4 de janeiro que, de longe, parecia apenas algo corriqueiro.
Já virou lugar comum as brigas envolvendo grupos de skatistas em que a GCM intervém - em um caso pelo menos um GCM acabou sendo agredido por frequentadores -, desrespeito de frequentadores que emporcalham a praça e vão embora.... Está difícil conviver na praça.
É barulho de skate o dia inteiro, sem uma pausa. Mesmo no horário em que deveriam se retirar, 23h, alguns se recusam, tentam escapar da GCM e continuam madrugada adentro fazendo barulho.
Felizmente são raros os que fazem isso, mas existem.
Há a idéia de se reservar a parte lateral da praça que desemboca na Consolação para a prática do skate e proibir no resto. Eu concordo. E a Confederação Brasileira de Skate também. Mas daí até a prefeitura se mexer...
É impossível frequentar a praça durante o dia, especialmente aos sábados. O perigo real é de ser atingido por skates desgovernados. E não é como se isso fosse raro, não é. Me recordo da última vez em que atravessei a praça, o perigo de desviar dos skatistas que não estão nem aí se tem alguém a pé passando e um skate atingindo duas senhores do meu lado que cometeram o crime de estarem sentadas numa mureta.
Quando a praça estava ainda para ser reformada eu me lembro de conversar com uma das arquitetas responsáveis pelo projeto e avisá-la da necessidade de um espaço específico para skatistas, até porque eles tinham direito à praça e eram os que, naquele momento, ocupavam o espaço degradado mantendo-o relativamente seguro. Fui ignorado e o resultado está aí. Ocupação total da praça sem espaço para mais ninguém.
Claro que os skatistas não são apenas problema ou o problema. Há os que respeitam, os que não ficam passando por cima dos bancos de madeira e os quebrando - outro problema daqui - e que não andam de skate, por exemplo, quando milhares de pessoas estão ocupando o espaço. A Confederação Brasileira de Skate, aliás, está ciente dos problemas e preocupada com a situação.
Mas, como já disse antes, os skatistas não são o único problema. Mas, no fim, a grande questão resume-se ao batido "convivência". Não existe isso na praça. Cada grupo que consegue ocupá-la se acha no direito de fazê-lo ao ponto de impedir outras ocupações. E falta o poder público presente, ação da prefeitura que não aparece no local. Apenas GCM, essa suposta polícia, não serve ou faz nada além de acirrar ânimos.
Mas, sejamos honestos, surpreende que tenha dado merda na praça? Quase toda semana chegam viaturas da GCM para acabar com alguma festa com som alto na praça depois da meia noite. Quase todo dia são várias reclamações ao Psiu, GCM, PM e etc de moradores que não conseguem dormir porque o Parlapatões não fecha, porque estão fazendo festa na Praça, porque tem dezenas de bêbados gritando, tocando instrumento na praça, porque tem gente transando no parquinho ao lado da igreja...
Notem que o problema, como já disse, nem é maior com os skatistas, mas toda a situação de estresse acaba por não discriminar alvos na hora da raiva justa de muitos moradores com a situação. Não estou justificando atitudes radicais, apenas deixando clara a situação.
Não há o menor respeito e a menor convivência entre NENHUM grupo. Há, claro, moradores intolerantes que acham que skatista tem mais é que se foder e não usar um milímetro da praça, que acham que são todos bandidos, que acham que tem mesmo que dar porrada, que tem que cercar/fechar a praça...
Não há, de nenhum dos lados, diálogo e respeito, ao menos até o momento.
E o episódio mostrado no vídeo abaixo, de violência gratuita por parte da GCM na praça é um exemplo do ponto a que chegamos. Eu até diria que pode ser vingança pela pressão que tem tido a GCM na praça para controlar os frequentadores e depois do episódio de um GCM agredido, mas obviamente não justifica.
Nada justifica violência. E nada justifica essa ação criminosa e agressão gratuita.
Cheguei a ouvir por aqui que o rapaz preso estava assaltando - algo que também está sendo comum por aqui, assaltantes com bikes ou skates naquele lado da praça - e que skatistas tomaram as dores - como frequentadores tomaram as dores e agrediram um GCM que apartava uma briga entre skatistas ano passado.
O fato é que não era nada disso. O rapaz, negro, foi agredido por um GCM à paisana sem qualquer justificativa. O nome do guarda é Luciano Medeiros, que já se envolveu em outro caso de agressão no ano passado e continua nas ruas. O próprio rapaz agredido, William, reconheceu que estava andando com seu skate pelos bancos da praça e que um GCM lhe havia chamado a atenção. Porém, um amigo dele teria ofendido a GCM que partiu pra cima da pessoa errada.
De qualquer forma, nem agressão verbal justificaria as ações que foram vistas no vídeo.
De quebra, o rapaz denunciou ter sido agredido dentro da viatura com socos no estômago e teve uma corrente que usava roubada por um GCM.
Aliás, o GCM responsável foi suspenso e outros envolvidos também, o que é bom. É bom, mas nem de longe resolve a situação.
Repito, a ação da GCM é imperdoável e indefensável, criminosa. Jogar spray de pimenta na cara de quem estava gravando uma ação policial e de quem estava no entorno é digno de bandidos que merecem ser punidos.
Mas é preciso compreender também como estão se desenvolvendo as coisas aqui na Praça.
Dizer que a GCM é bandida e ponto não resolve. Não discordo da frase, diga-se de passagem, sou contra a mera existência de uma guarda patrimonial que, pior, anda armada, mas no caso específico da praça vem sendo um processo de constante provocação. Uma área imensa onde poucos GCM tem que patrulhar e tem poder limitado de ação. Já cansei de ver skatistas provocando a GCM, xingando mesmo quando não estão fazendo nada.
Justifica agressão? Não. Mas explica como pessoas despreparadas vestindo uniformes reagirão na primeira oportunidade. E oportunidades não faltam.
O fato é que tem muito morador querendo sair da Praça, não aguentam mais o desrespeito, o barulho a madrugada inteira - não inteiramente culpa dos skatistas, claro -, a falta de diálogo das partes interessadas, a falta de ação da prefeitura (que vale para a anterior, claro, a atual mal assumiu, mas precisará fazer alguma coisa)....
Há exageros dos dois lados. De um frequentadores madrugada adentro fazendo barulho insuportável e impedindo milhares de pessoas de dormir até moradores que além de ovos, querem jogar pedras e garrafas para poder dormir.
De quebra ainda aparecem engraçadinhos dizendo que o morador está errado. Oras, azar o seu se você não pode vir sujar a praça deixando garrafas de madrugada, berrando bêbado a noite toda, deixando camisinhas no parque infantil e depois voltar pra sua casa tranquila e silenciosa e dormir o quanto quiser pensando em como são babacas os que reclamam do barulho....
Outros recomendam: Coloque janela anti-ruído.
Claro, vamos fingir que eu tenha o dinheiro para isso - é caro - e também para o ar condicionado que terei de colocar na casa, da conta de energia... E do absurdo que é precisar isolar minha casa para que outros possam continuar sua algazarra madrugada adentro e todo o dia. Sem dúvida, quem sugere essa canalhice deve ser dono de empresa que faz o serviço, pois terá milhares de clientes de um dia para o outro!
Enfim, falta diálogo, respeito, convivência e eu cada vez menos tenho esperança de uma solução decente.
Para mais fotos da ação criminosa da GCM, vejam no Flickr.
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Este post (acima) escrevi logo que tomei conhecimento do vídeo da agressão. Horas depois, porém, desci para a praça e fui conversar com a mídia e com skatistas. Uma grata surpresa. Acabei sendo entrevistado pelo G1 e pela TV Cultura e pude não apenas conversar e compreender o lado dos skatistas, como também procurar que a mídia presente apresentasse ambos os lados e ponderasse.
Conversei longamente com Paulo Puntel, advogado da Confederação Brasileira de Skate (CBSK) e com Saulo Godoi, skatista das antigas e com outros skatistas e, apesar de continaur a achar que temos muitos problemas a serem resolvidos, há esperança de resolvê-los. Uma boa quantidade de skatistas experientes e a CBSK tem total intenção de cooperar com a Ação Local para delimitar e sinalizar área para a prática do esporte. Eles compreendem os problemas dos moradores.
Aliás, foi interessante ver que, frente à nossa reclamação de que o barulho é imenso, alguns skatistas disseram não saber que era tão ruim, não sabiam do transtorno que causavam e ao invés de, como alguns esperariam, ligar o foda-se, se mostraram genuinamente preocupados e dispostos a colaborar.
Foi possível até que o Paulo e o Saulo conversassem com membros da Ação Local, alguns até radicalmente contra o skate, e chegar a um denominador comum e encontrar as bases para um diálogo que pode resolver uma parte considerável de nossos problemas.
Surgiu a ideia de um skate plaza, de espaços culturais.... Foi uma tarde bem produtiva. Foi possível até fazer com que skatistas e membros da Ação Local conversassem e se entendessem!
O nosso maior problema aqui é a falta de diálogo, mas encontramos agora com quem dialogar, e bases comuns. Os moradores moderados, que acham que skatista tem sim direito a ocupar o espaço, mas com regras, finalmente econtraram apoio em skatistas que compreendem nossos problemas.
De fato não é possível ocupar a praça toda, é preciso um espaço delimitado, para que acidentes não ocorram, com horário e etc.
Aliás, fiz questão de prestar solidariedade ao William, agredido pela GCM, que também entendeu a reclamação dos moradores contra os skatistas e se mostrou pronto a colaborar. Muitos skatistas são de fora do bairro e mesmo de São Paulo, sem nenhuma sinalização ou regras claras é esperar demais que alguém ache que está fazendo algo errado em ocupar um espaço imenso e virtualmente livre.
Não há nada melhor que o diálogo, que o entendimento.
Como tirada humorística e irônica, quando estava me despedindo dos skatistas e agradecendo pelo papo, fui atingido na perna por um skate desgovernado e, claro, eles brincaram que o único morador que tinha ido conversar com eles e buscado o diálogo ia, depois da porrada, mudar de idéia e falar mal deles!=)
Acidentes acontecem e, no fim, o que estamos buscando é exatamente evitá-los, através da conversa e da convivência. A praça é de todos, mas todos precisam respeitar regras e outros grupos.
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Em tempo, escrevi ao menos duas vezes sobre o uso indiscriminado de chamadas armas "não letais", dentre elas o famigerado spray de pimenta que pode matar por sufocamento. Aproveitando o novo governo Haddad que, diz, será próximo aos movimentos sociais, faço a campanha:
Este texto foi escrito em duas partes, em dois momentos diferentes. Na primeira parte um desabafo sobre a situação da praça, na segunda, comentários baseados em conversas que tive com skatistas e moradores da praça em busca de entendimento.
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Artigo meu um pouco diferente deste foi publicado também pelo SpressoSP.
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Fotografei uma ação da GCM na Praça Roosevelt dia 4 de janeiro que, de longe, parecia apenas algo corriqueiro.
Já virou lugar comum as brigas envolvendo grupos de skatistas em que a GCM intervém - em um caso pelo menos um GCM acabou sendo agredido por frequentadores -, desrespeito de frequentadores que emporcalham a praça e vão embora.... Está difícil conviver na praça.
É barulho de skate o dia inteiro, sem uma pausa. Mesmo no horário em que deveriam se retirar, 23h, alguns se recusam, tentam escapar da GCM e continuam madrugada adentro fazendo barulho.
Felizmente são raros os que fazem isso, mas existem.
Há a idéia de se reservar a parte lateral da praça que desemboca na Consolação para a prática do skate e proibir no resto. Eu concordo. E a Confederação Brasileira de Skate também. Mas daí até a prefeitura se mexer...
É impossível frequentar a praça durante o dia, especialmente aos sábados. O perigo real é de ser atingido por skates desgovernados. E não é como se isso fosse raro, não é. Me recordo da última vez em que atravessei a praça, o perigo de desviar dos skatistas que não estão nem aí se tem alguém a pé passando e um skate atingindo duas senhores do meu lado que cometeram o crime de estarem sentadas numa mureta.
Quando a praça estava ainda para ser reformada eu me lembro de conversar com uma das arquitetas responsáveis pelo projeto e avisá-la da necessidade de um espaço específico para skatistas, até porque eles tinham direito à praça e eram os que, naquele momento, ocupavam o espaço degradado mantendo-o relativamente seguro. Fui ignorado e o resultado está aí. Ocupação total da praça sem espaço para mais ninguém.
Claro que os skatistas não são apenas problema ou o problema. Há os que respeitam, os que não ficam passando por cima dos bancos de madeira e os quebrando - outro problema daqui - e que não andam de skate, por exemplo, quando milhares de pessoas estão ocupando o espaço. A Confederação Brasileira de Skate, aliás, está ciente dos problemas e preocupada com a situação.
Mas, como já disse antes, os skatistas não são o único problema. Mas, no fim, a grande questão resume-se ao batido "convivência". Não existe isso na praça. Cada grupo que consegue ocupá-la se acha no direito de fazê-lo ao ponto de impedir outras ocupações. E falta o poder público presente, ação da prefeitura que não aparece no local. Apenas GCM, essa suposta polícia, não serve ou faz nada além de acirrar ânimos.
Mas, sejamos honestos, surpreende que tenha dado merda na praça? Quase toda semana chegam viaturas da GCM para acabar com alguma festa com som alto na praça depois da meia noite. Quase todo dia são várias reclamações ao Psiu, GCM, PM e etc de moradores que não conseguem dormir porque o Parlapatões não fecha, porque estão fazendo festa na Praça, porque tem dezenas de bêbados gritando, tocando instrumento na praça, porque tem gente transando no parquinho ao lado da igreja...
Notem que o problema, como já disse, nem é maior com os skatistas, mas toda a situação de estresse acaba por não discriminar alvos na hora da raiva justa de muitos moradores com a situação. Não estou justificando atitudes radicais, apenas deixando clara a situação.
Não há o menor respeito e a menor convivência entre NENHUM grupo. Há, claro, moradores intolerantes que acham que skatista tem mais é que se foder e não usar um milímetro da praça, que acham que são todos bandidos, que acham que tem mesmo que dar porrada, que tem que cercar/fechar a praça...
Não há, de nenhum dos lados, diálogo e respeito, ao menos até o momento.
E o episódio mostrado no vídeo abaixo, de violência gratuita por parte da GCM na praça é um exemplo do ponto a que chegamos. Eu até diria que pode ser vingança pela pressão que tem tido a GCM na praça para controlar os frequentadores e depois do episódio de um GCM agredido, mas obviamente não justifica.
Nada justifica violência. E nada justifica essa ação criminosa e agressão gratuita.
Cheguei a ouvir por aqui que o rapaz preso estava assaltando - algo que também está sendo comum por aqui, assaltantes com bikes ou skates naquele lado da praça - e que skatistas tomaram as dores - como frequentadores tomaram as dores e agrediram um GCM que apartava uma briga entre skatistas ano passado.
O fato é que não era nada disso. O rapaz, negro, foi agredido por um GCM à paisana sem qualquer justificativa. O nome do guarda é Luciano Medeiros, que já se envolveu em outro caso de agressão no ano passado e continua nas ruas. O próprio rapaz agredido, William, reconheceu que estava andando com seu skate pelos bancos da praça e que um GCM lhe havia chamado a atenção. Porém, um amigo dele teria ofendido a GCM que partiu pra cima da pessoa errada.
De qualquer forma, nem agressão verbal justificaria as ações que foram vistas no vídeo.
De quebra, o rapaz denunciou ter sido agredido dentro da viatura com socos no estômago e teve uma corrente que usava roubada por um GCM.
Aliás, o GCM responsável foi suspenso e outros envolvidos também, o que é bom. É bom, mas nem de longe resolve a situação.
Repito, a ação da GCM é imperdoável e indefensável, criminosa. Jogar spray de pimenta na cara de quem estava gravando uma ação policial e de quem estava no entorno é digno de bandidos que merecem ser punidos.
Mas é preciso compreender também como estão se desenvolvendo as coisas aqui na Praça.
Dizer que a GCM é bandida e ponto não resolve. Não discordo da frase, diga-se de passagem, sou contra a mera existência de uma guarda patrimonial que, pior, anda armada, mas no caso específico da praça vem sendo um processo de constante provocação. Uma área imensa onde poucos GCM tem que patrulhar e tem poder limitado de ação. Já cansei de ver skatistas provocando a GCM, xingando mesmo quando não estão fazendo nada.
Justifica agressão? Não. Mas explica como pessoas despreparadas vestindo uniformes reagirão na primeira oportunidade. E oportunidades não faltam.
O fato é que tem muito morador querendo sair da Praça, não aguentam mais o desrespeito, o barulho a madrugada inteira - não inteiramente culpa dos skatistas, claro -, a falta de diálogo das partes interessadas, a falta de ação da prefeitura (que vale para a anterior, claro, a atual mal assumiu, mas precisará fazer alguma coisa)....
Há exageros dos dois lados. De um frequentadores madrugada adentro fazendo barulho insuportável e impedindo milhares de pessoas de dormir até moradores que além de ovos, querem jogar pedras e garrafas para poder dormir.
De quebra ainda aparecem engraçadinhos dizendo que o morador está errado. Oras, azar o seu se você não pode vir sujar a praça deixando garrafas de madrugada, berrando bêbado a noite toda, deixando camisinhas no parque infantil e depois voltar pra sua casa tranquila e silenciosa e dormir o quanto quiser pensando em como são babacas os que reclamam do barulho....
Outros recomendam: Coloque janela anti-ruído.
Claro, vamos fingir que eu tenha o dinheiro para isso - é caro - e também para o ar condicionado que terei de colocar na casa, da conta de energia... E do absurdo que é precisar isolar minha casa para que outros possam continuar sua algazarra madrugada adentro e todo o dia. Sem dúvida, quem sugere essa canalhice deve ser dono de empresa que faz o serviço, pois terá milhares de clientes de um dia para o outro!
Enfim, falta diálogo, respeito, convivência e eu cada vez menos tenho esperança de uma solução decente.
Para mais fotos da ação criminosa da GCM, vejam no Flickr.
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Este post (acima) escrevi logo que tomei conhecimento do vídeo da agressão. Horas depois, porém, desci para a praça e fui conversar com a mídia e com skatistas. Uma grata surpresa. Acabei sendo entrevistado pelo G1 e pela TV Cultura e pude não apenas conversar e compreender o lado dos skatistas, como também procurar que a mídia presente apresentasse ambos os lados e ponderasse.
Conversei longamente com Paulo Puntel, advogado da Confederação Brasileira de Skate (CBSK) e com Saulo Godoi, skatista das antigas e com outros skatistas e, apesar de continaur a achar que temos muitos problemas a serem resolvidos, há esperança de resolvê-los. Uma boa quantidade de skatistas experientes e a CBSK tem total intenção de cooperar com a Ação Local para delimitar e sinalizar área para a prática do esporte. Eles compreendem os problemas dos moradores.
Aliás, foi interessante ver que, frente à nossa reclamação de que o barulho é imenso, alguns skatistas disseram não saber que era tão ruim, não sabiam do transtorno que causavam e ao invés de, como alguns esperariam, ligar o foda-se, se mostraram genuinamente preocupados e dispostos a colaborar.
Foi possível até que o Paulo e o Saulo conversassem com membros da Ação Local, alguns até radicalmente contra o skate, e chegar a um denominador comum e encontrar as bases para um diálogo que pode resolver uma parte considerável de nossos problemas.
Surgiu a ideia de um skate plaza, de espaços culturais.... Foi uma tarde bem produtiva. Foi possível até fazer com que skatistas e membros da Ação Local conversassem e se entendessem!
O nosso maior problema aqui é a falta de diálogo, mas encontramos agora com quem dialogar, e bases comuns. Os moradores moderados, que acham que skatista tem sim direito a ocupar o espaço, mas com regras, finalmente econtraram apoio em skatistas que compreendem nossos problemas.
De fato não é possível ocupar a praça toda, é preciso um espaço delimitado, para que acidentes não ocorram, com horário e etc.
Aliás, fiz questão de prestar solidariedade ao William, agredido pela GCM, que também entendeu a reclamação dos moradores contra os skatistas e se mostrou pronto a colaborar. Muitos skatistas são de fora do bairro e mesmo de São Paulo, sem nenhuma sinalização ou regras claras é esperar demais que alguém ache que está fazendo algo errado em ocupar um espaço imenso e virtualmente livre.
Não há nada melhor que o diálogo, que o entendimento.
Como tirada humorística e irônica, quando estava me despedindo dos skatistas e agradecendo pelo papo, fui atingido na perna por um skate desgovernado e, claro, eles brincaram que o único morador que tinha ido conversar com eles e buscado o diálogo ia, depois da porrada, mudar de idéia e falar mal deles!=)
Acidentes acontecem e, no fim, o que estamos buscando é exatamente evitá-los, através da conversa e da convivência. A praça é de todos, mas todos precisam respeitar regras e outros grupos.
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Em tempo, escrevi ao menos duas vezes sobre o uso indiscriminado de chamadas armas "não letais", dentre elas o famigerado spray de pimenta que pode matar por sufocamento. Aproveitando o novo governo Haddad que, diz, será próximo aos movimentos sociais, faço a campanha:
![]() |
Pelo fim do uso de spray de pimenta contra manifestações públicas na cidade de São Paulo.
Porque é um direito humano e cidadão a livre manifestação e organização sem riscos à integridade física
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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
PCC versus o Estado: Uma guerra de soma zero
Perto de 200 pessoas, entre uma ampla maioria de civis, foram mortas em menos de um mês de violência extrema na periferia de São Paulo e na região metropolitana - em uma onda de violência que começa a se espalhar pelo interior.
No ano, foram 90 os policiais mortos em serviço ou durante folga.
Como pano de fundo a queda de braço, mais uma vez, entre PCC e governo do estado, onde as vítimas costumam ser preferencialmente os que nada tem a ver com a superlotação nas prisões, o tráfico de drogas ou as relações perigosas de elementos do governo e a facção.
Esta onda de violência lembra a que tivemos em maio de 2006, que resultou na morte de 41 policiais que "responderam" assassinando 564 pessoas, praticamente todas negras e pobres. A PM admitiu ter matado "apenas" 108 em 10 dias. A maioria dos chamados Crimes de Maio não foram, até hoje, solucionados e nenhum dos responsáveis foi preso. Por sua vez, os familiares das vítimas, em especial as Mães de Maio, lutam por justiça desde então e tem motivos de sobra para temer os recentes ataques.
São mais de 700 pessoas assassinadas em dois surtos de violência, uma guerra que envolve policiais corruptos, um grupo criminoso com grande força local e uma infinidade de civis pegos no fogo cruzado. Sobre o PCC, sua origem e os crimes de maio de 2006, Débora Silva, fundadora das Mães de Maio, disse em entrevista ao Correio da Cidadania:
"De forma orquestrada, ele [Alckmin] e o secretário de segurança disseram que o PCC não existia. Como não existia, se foi o poder público que o criou, à base de sua corrupção? Porque o PCC foi criado de dentro dos presídios pra fora, não de fora pra dentro. Se fosse de fora, não iríamos atribuir os crimes de maio à corrupção de Estado. E foi através dessa corrupção que os crimes de maio surgiram, graças a um monstro que o Estado criou e que contra ele se rebelou um dia."
A mídia, por sua vez, adota o discurso oficial de negar a existência ou a força do PCC, ao mesmo tempo em que não debate a situação carcerária do país, a falida guerra contra as drogas que causa apenas vítimas e pinta um quadro de pobres policiais sendo mortos e "reagindo" à violência. Não se descarta, e isto é discutido mesmo nos meios policiais, que as vitimas policiais não sejam exatamente inocentes, mas queima de arquivo e lião para outros ficarem calados sobre suas relações com o grupo criminoso. Do outro lado, civis são massacrados por bandidos e PM's de forma indiscriminada.
As causas para os recentes casos de violência são vários, mas é impossível deixar de esbarrar em alguns pontos fundamentais, como a própria origem da Polícia Militar e da Rota, instrumentos de repressão criados e usados para "domesticar" as classes pobres, instrumentos de tortura estatal usada de forma indiscriminada contra negros, pobres e pessoas que foram abandonadas pela sociedade. Esta força policial vem sendo usada constantemente na repressão às drogas, na política burra de proibir ao invés de incentivar o consumo consciente e legal.
O PCC nasce como uma resposta a isto e também contra um sistema carcerário que ao invés de recuperar, aprofunda a barreira social e as feridas abertas na sociedade. Neste caldo indigesto ainda convivem policiais corruptos, muitos deles vivendo nas favelas e nas áreas mais pobres, exercendo esta "dupla função" de serem repressores daqueles que, no fim, são parte de sua própria classe.
Não é fácil saber ou identificar o real inimigo. Na dúvida, o estado comanda ações repressivas que vitimam exclusivamente os mais pobres ao passo que os que se sentem excluídos revidam de forma violenta - e não é possível esquecer, também, da ação de grupos de extermínio composta por policiais que ajudam a azedar ainda mais a situação. No meio, fica a população, perdida, com medo e acuada. Uma parcela fazendo coro ao estado e exigindo mais repressão e a imensa maioria, presa no fogo cruzado.
Em uma situação de exclusão e de ausência do Estado - não enquanto repressor, mas enquanto promotor de políticas sociais -, o caminho fica livre para o surgimento de facções que se beneficiam dessa ausência e do rancor causado, e também o surgimento de milícias, algo que vem sendo importado do Rio de Janeiro e que ajuda também a entender a atual escalada de violência no estado de São Paulo.
A solução para o atual conflito não é simples, pois passa pela própria estrutura do Estado e de suas forças repressivas, por suas políticas no trato das drogas e na exclusão social de outras tantas políticas higienistas. É a forma pela qual o Estado lida não apenas com seus problemas, mas quando lida com sua população como se esta fosse o problema.
A exclúi, criminaliza, trata como bandido baseado em sua cor de pele e classe. Acedita ser justo e simples remover populações inteiras a fim de contentar os patrocinadores do Estado - empreiteiras e afins - através de incêndios criminosos em favelas e da expulsão pelo medo e pela força de áreas degradadas para outras piores.
Uma solução ao menos inicial para os problemas enfrentados não só por São Paulo, ams pelo Rio e utros estados passaria pela federalização dos crimes contra os direitos humanos, milícias e crimes cometidos por facções criminosas - e especialmente dos crimes cometidos pela polícia contra a população -, mas o que se vê é a total ausência de interesse por parte do governo federal de se incluir no processo.
Publicado originalmente na edição impressa do Jornalismo B nº 49 da 2ª quinzena de novembro.
No ano, foram 90 os policiais mortos em serviço ou durante folga.
Como pano de fundo a queda de braço, mais uma vez, entre PCC e governo do estado, onde as vítimas costumam ser preferencialmente os que nada tem a ver com a superlotação nas prisões, o tráfico de drogas ou as relações perigosas de elementos do governo e a facção.
Esta onda de violência lembra a que tivemos em maio de 2006, que resultou na morte de 41 policiais que "responderam" assassinando 564 pessoas, praticamente todas negras e pobres. A PM admitiu ter matado "apenas" 108 em 10 dias. A maioria dos chamados Crimes de Maio não foram, até hoje, solucionados e nenhum dos responsáveis foi preso. Por sua vez, os familiares das vítimas, em especial as Mães de Maio, lutam por justiça desde então e tem motivos de sobra para temer os recentes ataques.
São mais de 700 pessoas assassinadas em dois surtos de violência, uma guerra que envolve policiais corruptos, um grupo criminoso com grande força local e uma infinidade de civis pegos no fogo cruzado. Sobre o PCC, sua origem e os crimes de maio de 2006, Débora Silva, fundadora das Mães de Maio, disse em entrevista ao Correio da Cidadania:
"De forma orquestrada, ele [Alckmin] e o secretário de segurança disseram que o PCC não existia. Como não existia, se foi o poder público que o criou, à base de sua corrupção? Porque o PCC foi criado de dentro dos presídios pra fora, não de fora pra dentro. Se fosse de fora, não iríamos atribuir os crimes de maio à corrupção de Estado. E foi através dessa corrupção que os crimes de maio surgiram, graças a um monstro que o Estado criou e que contra ele se rebelou um dia."
A mídia, por sua vez, adota o discurso oficial de negar a existência ou a força do PCC, ao mesmo tempo em que não debate a situação carcerária do país, a falida guerra contra as drogas que causa apenas vítimas e pinta um quadro de pobres policiais sendo mortos e "reagindo" à violência. Não se descarta, e isto é discutido mesmo nos meios policiais, que as vitimas policiais não sejam exatamente inocentes, mas queima de arquivo e lião para outros ficarem calados sobre suas relações com o grupo criminoso. Do outro lado, civis são massacrados por bandidos e PM's de forma indiscriminada.
As causas para os recentes casos de violência são vários, mas é impossível deixar de esbarrar em alguns pontos fundamentais, como a própria origem da Polícia Militar e da Rota, instrumentos de repressão criados e usados para "domesticar" as classes pobres, instrumentos de tortura estatal usada de forma indiscriminada contra negros, pobres e pessoas que foram abandonadas pela sociedade. Esta força policial vem sendo usada constantemente na repressão às drogas, na política burra de proibir ao invés de incentivar o consumo consciente e legal.
O PCC nasce como uma resposta a isto e também contra um sistema carcerário que ao invés de recuperar, aprofunda a barreira social e as feridas abertas na sociedade. Neste caldo indigesto ainda convivem policiais corruptos, muitos deles vivendo nas favelas e nas áreas mais pobres, exercendo esta "dupla função" de serem repressores daqueles que, no fim, são parte de sua própria classe.
Não é fácil saber ou identificar o real inimigo. Na dúvida, o estado comanda ações repressivas que vitimam exclusivamente os mais pobres ao passo que os que se sentem excluídos revidam de forma violenta - e não é possível esquecer, também, da ação de grupos de extermínio composta por policiais que ajudam a azedar ainda mais a situação. No meio, fica a população, perdida, com medo e acuada. Uma parcela fazendo coro ao estado e exigindo mais repressão e a imensa maioria, presa no fogo cruzado.
Em uma situação de exclusão e de ausência do Estado - não enquanto repressor, mas enquanto promotor de políticas sociais -, o caminho fica livre para o surgimento de facções que se beneficiam dessa ausência e do rancor causado, e também o surgimento de milícias, algo que vem sendo importado do Rio de Janeiro e que ajuda também a entender a atual escalada de violência no estado de São Paulo.
A solução para o atual conflito não é simples, pois passa pela própria estrutura do Estado e de suas forças repressivas, por suas políticas no trato das drogas e na exclusão social de outras tantas políticas higienistas. É a forma pela qual o Estado lida não apenas com seus problemas, mas quando lida com sua população como se esta fosse o problema.
A exclúi, criminaliza, trata como bandido baseado em sua cor de pele e classe. Acedita ser justo e simples remover populações inteiras a fim de contentar os patrocinadores do Estado - empreiteiras e afins - através de incêndios criminosos em favelas e da expulsão pelo medo e pela força de áreas degradadas para outras piores.
Uma solução ao menos inicial para os problemas enfrentados não só por São Paulo, ams pelo Rio e utros estados passaria pela federalização dos crimes contra os direitos humanos, milícias e crimes cometidos por facções criminosas - e especialmente dos crimes cometidos pela polícia contra a população -, mas o que se vê é a total ausência de interesse por parte do governo federal de se incluir no processo.
Publicado originalmente na edição impressa do Jornalismo B nº 49 da 2ª quinzena de novembro.
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quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Massacre do Carandiru, vinte anos depois. Fotos e vídeos do ato.
Participei, no dia 2 de outubro, dos protestos que marcam os vinte anos do Massacre do Carandiru.
Massacre este cujos autores não apenas não forma punidos, como muitos foram promovidos e condecorados. No Brasil, e especialmente em São Paulo, matar pretos e pobres merece prêmio e honrarias.
Éramos poucos, é verdade, sabemos que muitos oportunistas (políticos e militantes) se escondem nas épocas eleitorais e aparecem apenas depois, para tentar lucrar com os movimentos que o ano inteiro, o tempo inteiro, dedicam suas vidas, seu suor e por vezes seu sangue por suas causas - e não por um cargo.
Éramos poucos, mas éramos e somos fortes. Reunidos na Catedral da Sé e caminhando até a Secretaria de Segurança Pública, cantamos, discursamos, declamamos poesia mas, acima de tudo, demonstramos nosso repúdio, insatisfação e revolta contra a política de extermínio da população pobre, negra, abandonada deste estado e deste país.
Que o Carandiru seja sempre lembrado como mais um exemplo do genocídio em curso contra a população pobre do país. Que não se repita e que seja o marco da mudança.
Massacre este cujos autores não apenas não forma punidos, como muitos foram promovidos e condecorados. No Brasil, e especialmente em São Paulo, matar pretos e pobres merece prêmio e honrarias.
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
às
17:30
Massacre do Carandiru, vinte anos depois. Fotos e vídeos do ato.
2012-10-03T17:30:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
Carandiru|Direitos Humanos|Mães de Maio|Massacre|Polícia|Política|Protesto|São Paulo|
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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Protesto na Sé: Kassab, Alckmin Dilma e a política do"Pau e Circo"
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Kassab e Dilma ao lado de Alckmin e um grupo cheio de gente boa! Que lindo o sorriso da presidente enquanto o povo levava porrada lá fora! |
Update:
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Difícil não se emocionar com a demonstração de carinho e afeto presentes nesta foto.... |
São Paulo vem se tornando a capital da repressão. Ou melhor, vem apenas se reafirmando inconteste como capital da repressão e da violência contra o povo. Não bastasse a operação na Cracolândia, criminosa e higienista e a violenta repressão no Pinheirinho, Kassab e Alckmin (que cancelou sua participação na missa na Sé, talvez prevendo que iria ocorrer um protesto) resolveram chutar o pau da barraca e brutalizar por qualquer coisa, a qualquer momento.
Cerca de mil manifestantes se reuníram ontem em torno da Catedral da Sé, onde o prefeito assistia à missa em comemoração do aniversário da cidade - o governador fugiu - e protestaram durante a atabalhoada saída de Kassab, pelos fundos, como um rato acuado, jogando ovos contra ele e sua comitiva de
Antes da saída do prefeito, porém, a PM empurrava e intimidava os presentes, que se aglomeravam em volta dos carros estacionados na saída da catedral que aguardavam
PM's prontos para a briga empurravam e usavam os cacetetes para machucar quem tentava se aproximar, mesmo que para gravar uma imagem ou tirar uma foto e o empurra-empurra era grande.
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Higienista se esconde dos ovos jogados pelo povo. Pena que não eram pedras tiradas das paredes demolidas das casas da Cracolândia. |
Quando Kassab saiu da igreja os ovos começaram a voar, assim como garrafas d'água, que logo se transformaram em pedaços de pau, bandeiras e até uma lixeira quando a PM respondeu com cacetadas, spray de pimenta e, quando os manifestantes começavam a se afastar e a situação aprecia estar sob controle, com bombas de efeito moral que acabaram ferindo várias pessoas.
Um rapaz saiu com o rosto ensanguentado, rasgado pelos estilhaços, um amigo que estava comigo teve o braço ferido e eu acabei com uma ferida (leve) causada por estilhaços na perna e uma pancada forte na base da coluna causada por um pedaço de alguma bomba desgovernada que causou um pequeno inchaço, mas acho que conseguirei manter o movimento das pernas (sim, foi brincadeira, mas doeu por horas).
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Aliás, alguns de meus tuítes foram reproduzidos pelo Terra.
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Resultado da ação da polícia de Alckmin e Kassab. Dilma, ao saber do que acontecia, deve ter dito "Ah tá". |
Depois dessa demonstração insensata de violência, em que a PM demonstrava estar gostando do exercício de crueldade, Kassab conseguiu escapar para se reunir com sua futura aliada, Dilma, e Alckmin na prefeitura.
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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Massacre do Pinheirinho - Fotos e vídeos de uma tragédia
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Comissão de boas vindas |
Admito que enquanto escrevia este post e enquanto via os vídeos que foram gravados chorei. Chorei sozinho, olhando para o computador e pensando que eu tinha uma casa, oras, eu tinha um computador para escrever estas linhas! E aquelas pessoas, tratadas pior do que cachorros, tratadas como lixo não tinham onde morar, não sabiam o que seria delas no dia seguinte.
Chorei ao pensar que podia ter morrido, com a bala de borracha que um PM atirou na minha direção e que me raspou a cabeça. chorei pela dor dos que ficaram lá no Pinheirinho, para resistir, para lamentar e para chorar a destruição de suas vidas por um governo fascista estadual e municipal do PSDB de Alckmin e Cury, com silêncio e conivência do federal, do PT.
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Rua principal onde ocorreram os "confrontos" |
Não foram poucos os moradores que, chorando, em desespero, se perguntavam (e me perguntavam) onde estava Dilma, onde tava a Secretaria de Direitos Humanos. É curioso, mas a esperança que o PT fez crescer nessas pessoas foi despedaçada ontem, quando afirmavam que Lula não deixaria aquilo acontecer e que Dilma os havia abandonado. Não sei se Lula, Dilma ou o PT os abandonaram, o que sei é que o PSDB os massacrou e que eles precisam de solidariedade, ajuda, compaixão e uma nova vida.
Algo que não me importa também, no momento, é saber se a ação foi legal, ilegal, se tem conflito na justiça ou o diabo e sim que aquelas pessoas viveram e vivem um inferno em que seus direitos foram violados para que um marajá ganhasse de volta um terreno que o povo havia conquistado.
A mídia, sempre subserviente aos interesses dos poderosos, tratava os moradores pobres como bandidos. Suas casas serviam para fumar crack, para o tráfico. Eram todos bandidos, com crianças como armas, com seu desespero como arma. Pedras e raiva contra homens armados com balas, bombas e pistolas, além de cassetetes e muita vontade de bater e matar.
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Reconstrução (ou tentativa) da grade do campo de concentração montado pela GCM. Em primeiro plano, carrinho com os pertences de um morador |
Saí com a @mairakubik, com o @felipedjeguaka, com a @mariana_parra e com a Paty (que tenho que achar a arrouba ou o nome completo) de São Paulo e fomos até São José dos Campos ver com nossos próprios olhos o que marginais uniformizados podem fazer sob o comando de um criminoso da Opus Dei.
Chegamos na cidade por volta das 15:30 e o clima era mais que tenso, era de guerra. Na avenida que liga o Pinheirio e o Campo dos Alemães - bairro vizinho e que protestou o tempo todo contra a ação brutal da PM e da GCM local (esta, aliás, muito mais violenta e despreparada) - carros queimados nos recebiam. Ao menos 3 carros pelo caminho, além da van da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, cujos repórteres não saíram um minuto sequer detrás do cordão do Choque, com medo de serem linchados.
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
às
16:19
Massacre do Pinheirinho - Fotos e vídeos de uma tragédia
2012-01-23T16:19:00-02:00
Raphael Tsavkko Garcia
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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
2012 será longo: Começa o ano, começam os abusos
O ano nem bem começou e já temos motivos demais para lamentar que ele ainda será longo.
2011 foi um ano recheado de desgraças na área social. Dilma, eleita sob a bandeira dos direitos humanos e que reforçou a vocação em discurso, se mostrou uma das maiores inimigas aos direitos humanos no Brasil.
Impôs Belo Monte pese condenação internacional e repúdio mundial, e nada parece fazê-la parar. a Homofobia chegou a níveis alarmantes, assim como os assassinatos motivados pelo ódio a gays e a presidente se limitou a declarar que não faria "propaganda de opções sexuais" e, hoje, não consigo mais reclamar de quem a chama diretamente de homofóbica.
As ações - ou falta delas - do governo na área dos direitos LGBT's demonstram que se Dilma não é homofóbica, então ela é simplesmente uma estúpida mau intencionada. Ou, outra possibilidade que não necessariamente elimina as anteriores, se vendeu aos Marginais da Fé que, ano começado, já mostraram sua força e o quanto vão colocar em perigo o país, com total conivência do governo federal.
Qual o problema se agora tem pastor tirando o "capeta" do corpo de um gay... E que o "capeta" é a homossexualidade?não podemos nos meter nas opções religiosas - aí sim OPÇÕES - dessa cambada de criminosos, não é, presidentA?
O ano começa ainda em meio à discussão sobre o Cadastro de Úteros proposto pelo Ministro Padilha, que de tanto se explicar tem apenas se complicado. A MP, imposta - como de costume neste governo que se recusa a ouvir os movimentos sociais ou, se uve, ignora, vide PNBL entregue às Teles e etc -, não paenas cria um cadastro absurdo, para a alegria dos Marginais da Fé, como também garante DIREITOS a FETOS. Isso mesmo, garante direitos a fetos em pé de igualdade aos das mães.
O ministro tenta tergiversar, mas tudo que consegue dizer é que "não é bem assim" e não dá nenhum argumento que faça qualquer ativista sério ou advogado mover o pé. Tem até governista fanático estranhando a história!
Mas não só de desgraças passada gira o Brasil, fabricamos novas, ou melhor, governos fabricam ou conseguem se enrolar ao ponto de parecer responsáveis - e normalmente são, de forma direta ou indireta.
2011 foi um ano recheado de desgraças na área social. Dilma, eleita sob a bandeira dos direitos humanos e que reforçou a vocação em discurso, se mostrou uma das maiores inimigas aos direitos humanos no Brasil.
Impôs Belo Monte pese condenação internacional e repúdio mundial, e nada parece fazê-la parar. a Homofobia chegou a níveis alarmantes, assim como os assassinatos motivados pelo ódio a gays e a presidente se limitou a declarar que não faria "propaganda de opções sexuais" e, hoje, não consigo mais reclamar de quem a chama diretamente de homofóbica.
As ações - ou falta delas - do governo na área dos direitos LGBT's demonstram que se Dilma não é homofóbica, então ela é simplesmente uma estúpida mau intencionada. Ou, outra possibilidade que não necessariamente elimina as anteriores, se vendeu aos Marginais da Fé que, ano começado, já mostraram sua força e o quanto vão colocar em perigo o país, com total conivência do governo federal.
Qual o problema se agora tem pastor tirando o "capeta" do corpo de um gay... E que o "capeta" é a homossexualidade?não podemos nos meter nas opções religiosas - aí sim OPÇÕES - dessa cambada de criminosos, não é, presidentA?
O ano começa ainda em meio à discussão sobre o Cadastro de Úteros proposto pelo Ministro Padilha, que de tanto se explicar tem apenas se complicado. A MP, imposta - como de costume neste governo que se recusa a ouvir os movimentos sociais ou, se uve, ignora, vide PNBL entregue às Teles e etc -, não paenas cria um cadastro absurdo, para a alegria dos Marginais da Fé, como também garante DIREITOS a FETOS. Isso mesmo, garante direitos a fetos em pé de igualdade aos das mães.
O ministro tenta tergiversar, mas tudo que consegue dizer é que "não é bem assim" e não dá nenhum argumento que faça qualquer ativista sério ou advogado mover o pé. Tem até governista fanático estranhando a história!
Mas não só de desgraças passada gira o Brasil, fabricamos novas, ou melhor, governos fabricam ou conseguem se enrolar ao ponto de parecer responsáveis - e normalmente são, de forma direta ou indireta.
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
às
10:30
2012 será longo: Começa o ano, começam os abusos
2012-01-20T10:30:00-02:00
Raphael Tsavkko Garcia
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terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Big Brother Brasil: O show da degradação da vida
Antes de mais nada, deixo claro - e o título não esconde - que sinto total desprezo e asco por esse programa, que considero um dos - senão o mais - asqueroso da TV brasileira. Um programinha baixo, sem qualidade, onde pessoas em geral vazias colocam suas vidas inúteis na TV para que milhões de pessoas se imbecilizem em conjunto.
Claro que isso não quer dizer que TODOS que assistem ou mesmo que participaram do programa sejam vazios, há quem simplesmente tenha gosto pelo grotesco ou, bem, não sei, que simplesmente consiga gostar e tudo aquilo.
Mas enfim, falemos sobre o caso de estupor envolvendo dois participantes. Assisti ao vídeo colocado no youtube e que a Globo vem caçando em todas as redes para tentar apagar o óbvio: Houve estupro.
Para quem se surpreende com a declaração, pois não é possível ver nem afirmar que houve penetração, uma dica: Procurem conhecer a legislação, não é preciso haver penetração para se ter um estupro. A vítima, como toda mulher, foi interpelada, questionada, enquanto o autor do crime nada sofreu - ao menos dentro da casa e aos olhos dos diretores e produtores daquele lixo midiático.
A garota sequer lembra do ocorrido, embrigada e possivelmente sofrendo de amnésia alcoólica. O autor do crime mal sabe da reação fora da "casa" aos seus atos.
Mas meu objetivo com esse texto não é, em si, discutir o estupro, se houve ou não e etc, acredito que não faltem textos excelentes, como os da Maíra ou da Maria Frô ou ainda o impecável e definitivo artigo do Alex Castro sobre estupro, mas sim tentar entender porque acredito que essa história toda não vá dar em nada.
Qual o público alvo do BBB? A chamada Classe C, que vem ascendendo socialmente, tendo crescente poder de compra e que, no fim, carece de educação de qualidade ou mesmo formal, é em geral conservadora (apesar disso parecer anacrônico) e consome qualquer lixo que lhes é imposto.
Claro que isso não quer dizer que TODOS que assistem ou mesmo que participaram do programa sejam vazios, há quem simplesmente tenha gosto pelo grotesco ou, bem, não sei, que simplesmente consiga gostar e tudo aquilo.
Mas enfim, falemos sobre o caso de estupor envolvendo dois participantes. Assisti ao vídeo colocado no youtube e que a Globo vem caçando em todas as redes para tentar apagar o óbvio: Houve estupro.
Para quem se surpreende com a declaração, pois não é possível ver nem afirmar que houve penetração, uma dica: Procurem conhecer a legislação, não é preciso haver penetração para se ter um estupro. A vítima, como toda mulher, foi interpelada, questionada, enquanto o autor do crime nada sofreu - ao menos dentro da casa e aos olhos dos diretores e produtores daquele lixo midiático.
A garota sequer lembra do ocorrido, embrigada e possivelmente sofrendo de amnésia alcoólica. O autor do crime mal sabe da reação fora da "casa" aos seus atos.
Mas meu objetivo com esse texto não é, em si, discutir o estupro, se houve ou não e etc, acredito que não faltem textos excelentes, como os da Maíra ou da Maria Frô ou ainda o impecável e definitivo artigo do Alex Castro sobre estupro, mas sim tentar entender porque acredito que essa história toda não vá dar em nada.
Qual o público alvo do BBB? A chamada Classe C, que vem ascendendo socialmente, tendo crescente poder de compra e que, no fim, carece de educação de qualidade ou mesmo formal, é em geral conservadora (apesar disso parecer anacrônico) e consome qualquer lixo que lhes é imposto.
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Raphael Tsavkko Garcia
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10:30
Big Brother Brasil: O show da degradação da vida
2012-01-17T10:30:00-02:00
Raphael Tsavkko Garcia
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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Cracolândia, uma experiência única em meio a inúmeros contrastes
![]() |
"E que eu por ti, se torturado for, possa feliz, indiferente à dor, morrer sorrindo a murmurar teu nome LIBERDADE". Carlos Marighella |
É o que posso resumir do Churrascão da Gente diferenciada que aconteceu na Luz, na famigerada Cracolândia, onde pude ver - porem sem ainda acreditar - onde centenas de pessoas vivem como animais, como se não fossem gente.
De um lado da rua prédios e moradias normais, um salão de beleza, bares... Como se estivéssemos em qualquer bairro de classe trabalhadora de são Paulo ou de outras grandes cidades. Do outro, um edifício semi-demolido, com janelas emparedadas, totalmente pixado e, claramente assustador.
A "city cracko", como diz uma pixação logo em sua entrada. Uma casa de dor e sofrimento que não precisava da PM para ampliar sentimentos e sensações tão comuns àquele local.
A visão tão estranha de uma aparente normalidade de um lado da rua para a completa degradação humana loco na frente me chocou. Admito que, na hora, pouco pensei sobre, mas ao contrário do normal, não consegui gravar muito ou tirar muitas fotos. fiquei apenas ali, encontrando com amigos e conhecidos e num estado meio de torpor, salpicado pelo medo de uma ação violenta da PM, que rondava com cara de poucos amigos e que, à medida que o tempo passava, aumentava seu efetivo e às vezes até faia um showzinho com viaturas em alta velocidade circulando pelas ruas que iam esvaziando.
Os que ficavam diziam que temiam uma "resposta" violenta da PM frente à nossa manifestação, como se quem já não tinha nada e vive em meio às drogas e a miséria merecessem ser castigados por mais alguma coisa.
É difícil pensar em humanidade ou mesmo em sociedade quando nos deparamos com a Cracolândia, com que vive lá, com que sofre lá. O ódio contra "autoridades" que tratam aquelas pessoas pior do que tratam animais peçonhentos apenas cresce, transborda. O fascismo de um governo (municipal, estadual e federal) que se recusa a tratar com humanidade pessoas que não perderam a sua, que amam, que sofrem e, contra tudo que foi dito, raciocinam e tem plena capacidade de argumentar e acima de tudo, de entender e lamentar sua situação, me deixa sem palavras.
Ou melhor, me deixa com mais ódio ao ponto dep recisar moderar as palavras que me surgem e tentam transbordar. Acredito que deveria ser obrigação de todos e todas que sobem no pedestal para dizer que quem está na Cracolândia deve ser FORÇADO a se "tratar" ou que deve ser tratado como animal, fazer uma visitinha ao local e conversar com quem vive lá. É uma verdadeira mudança de vida, na forma como se enxerga o outro.
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Raphael Tsavkko Garcia
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10:30
Cracolândia, uma experiência única em meio a inúmeros contrastes
2012-01-16T10:30:00-02:00
Raphael Tsavkko Garcia
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terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Antropólogo da USP é espancado pela PM na Paulista
Carta recebida via listas de e-mail diversas com denúncia de antropólogo da USP espancado por um PM na Av. Paulista enquanto comemorava a vitória do Corinthians no dia 5 de dezembro. Não é preciso nem comentar o que está por trás, senão o típico sentimento de ódio contra torcedores de um time que representa historicamente (ao menos no imaginário) as classes mais pobres que, claro, são o alvo especial da PM marginal deste e de outros estados do país.
Sou vascaíno, sei que meu time foi roubado e que CBF e Globo conspiraram para garantir mais uma vitória ilegítima ao Corinthians, como em 2005, mas não posso aceitar que um torcedor seja vítima do ódio da PM por comemorar inocentemente a vitória de seu time, sendo esta vitória legítima ou não.
Segue a carta:
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quinta-feira, 17 de novembro de 2011
A imprensa como agente provocador
Durante a crise recente na Universidade de São Paulo (USP) – que se iniciou não com a prisão de três estudantes que fumavam maconha nas cercanias da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências sociais (FFLCH), mas com a chegada da PM na USP em caráter de clara provocação por parte do reitor João Grandino Rodas –, a mídia teve um papel fundamental na radicalização de posições tanto do lado dos estudantes quanto de boa parte da população, que não escondeu sua vontade de ver sangue jorrar durante a desocupação ordenada pela justiça.
É fato que a imprensa age propositadamente como agente provocador.
Na manhã do dia 8 de novembro, a Polícia Militar (PM) desocupou a força o prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP), que tinha sido tomado por cerca de 70 estudantes desde o dia 27 de outubro, quando três estudantes foram presos por estarem fumando maconha nas imediações do prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). A ação envolveu cerca de 400 policiais da tropa de choque da PM, guarnições do Grupo de Operações Especiais (GOE) e a cavalaria da PM.
Num comunicado lançado após a desocupação, os estudantes da USP esclarecem que “o incidente do dia 27/10/11, quando três alunos foram pegos portando maconha, não foi o ponto de partida das reivindicações estudantis. Aquele foi o estopim para insatisfações já existentes” – com o modelo de segurança da USP e a falta de transparência da reitoria.
É fato que a imprensa age propositadamente como agente provocador.
Na manhã do dia 8 de novembro, a Polícia Militar (PM) desocupou a força o prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP), que tinha sido tomado por cerca de 70 estudantes desde o dia 27 de outubro, quando três estudantes foram presos por estarem fumando maconha nas imediações do prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). A ação envolveu cerca de 400 policiais da tropa de choque da PM, guarnições do Grupo de Operações Especiais (GOE) e a cavalaria da PM.
Num comunicado lançado após a desocupação, os estudantes da USP esclarecem que “o incidente do dia 27/10/11, quando três alunos foram pegos portando maconha, não foi o ponto de partida das reivindicações estudantis. Aquele foi o estopim para insatisfações já existentes” – com o modelo de segurança da USP e a falta de transparência da reitoria.
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Raphael Tsavkko Garcia
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10:30
A imprensa como agente provocador
2011-11-17T10:30:00-02:00
Raphael Tsavkko Garcia
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sábado, 12 de novembro de 2011
Uma tentativa de análise sobre a elite preconceituosa brasileira
A elite brasileira é racista, preconceituosa, higienista... Disso todos sabemos. Mas impressiona o orgulho que ela tem de declarar suas posições em toda e qualquer situação.
A Gente Diferenciada
Um dos episódios mais marcantes dos últimos tempos foi o Protesto da Gente Diferenciada, em que socialites, moradores ricos de Higienópolis e, porque não, amplos setores da mídia, saíram em defesa do franco higienismo ao se posicionar contra uma estação do metrô que, sendo claro, traria pobres para a região.
As empregadas domésticas das madames não tem direito à transporte de qualidade ou a chegarem com mais facilidade no trabalho. Tampouco os garçons e garçonetes que servem a elite nos restaurantes da região. Os alunos riquinhos da FAAP não precisam de metrô, afinal, tem suas Ferraris sempre prontas. E as madames seus carros com motorista que elas, provavelmente, acham serem grandes amigos depois de aprenderem o nome e trocarem uma ou outra palavra.
Rico tem esta mania de tentar de todas as maneiras manter os pobres longe, mas, quando não há jeito - afinal precisam de serviçais -, tentam fingir amizade com os "de baixo", perguntando com interesse fingido sobre a família e dando uma gorjeta aqui e ali, uma roupa velha aqui e ali e, claro, mantendo sempre total distância fora do ambiente de convivência forçada.
A empregada pode entrar no quarto da patroa para arrumar a cama, mas que nem sonhe em usar o elevador social!
Reinaldo Azevedo, Sérgio Malbergier e tantos outros que, seja no episódio de Higienópolis, seja em outros momentos (me recordo do Leandro Narloch e seu ódio patológico por nordestinos, estes inferiores, e pobres em geral que tem o direito de votar - que deveria ser exclusivo das elites "pensantes"), demonstram o alinhamento quase automático entre mídia e elites, onde a mídia age sempre à serviço dos interesses do andar de cima e reproduzindo seu pensamento elitista.
O elitismo "sutil"
Este elitismo se mostra das formas mais simples. Desde revistas que exclusivamente vendem produtos com preços inacessíveis para a maior parte da população (mesmo se dizendo populares ou sendo campeãs de venda), até o preconceito descarado nos jornais, com apresentadores chamando garis de escória ou defendendo de forma entusiasmada remoções e ações repressivas de todo tipo.
Quando sentem que pegaram pesado, logo correm para "corrigir o erro", mas apenas de forma cosmética.
A elite sabe que é poderosa, mas é bom fazer com que o povo engula suas ofensas de boa vontade e não se revolte. É uma política de doutrinamento que vem funcionando há 500 anos.
A Gente Diferenciada
Um dos episódios mais marcantes dos últimos tempos foi o Protesto da Gente Diferenciada, em que socialites, moradores ricos de Higienópolis e, porque não, amplos setores da mídia, saíram em defesa do franco higienismo ao se posicionar contra uma estação do metrô que, sendo claro, traria pobres para a região.
As empregadas domésticas das madames não tem direito à transporte de qualidade ou a chegarem com mais facilidade no trabalho. Tampouco os garçons e garçonetes que servem a elite nos restaurantes da região. Os alunos riquinhos da FAAP não precisam de metrô, afinal, tem suas Ferraris sempre prontas. E as madames seus carros com motorista que elas, provavelmente, acham serem grandes amigos depois de aprenderem o nome e trocarem uma ou outra palavra.
Rico tem esta mania de tentar de todas as maneiras manter os pobres longe, mas, quando não há jeito - afinal precisam de serviçais -, tentam fingir amizade com os "de baixo", perguntando com interesse fingido sobre a família e dando uma gorjeta aqui e ali, uma roupa velha aqui e ali e, claro, mantendo sempre total distância fora do ambiente de convivência forçada.
A empregada pode entrar no quarto da patroa para arrumar a cama, mas que nem sonhe em usar o elevador social!
Reinaldo Azevedo, Sérgio Malbergier e tantos outros que, seja no episódio de Higienópolis, seja em outros momentos (me recordo do Leandro Narloch e seu ódio patológico por nordestinos, estes inferiores, e pobres em geral que tem o direito de votar - que deveria ser exclusivo das elites "pensantes"), demonstram o alinhamento quase automático entre mídia e elites, onde a mídia age sempre à serviço dos interesses do andar de cima e reproduzindo seu pensamento elitista.
O elitismo "sutil"
Este elitismo se mostra das formas mais simples. Desde revistas que exclusivamente vendem produtos com preços inacessíveis para a maior parte da população (mesmo se dizendo populares ou sendo campeãs de venda), até o preconceito descarado nos jornais, com apresentadores chamando garis de escória ou defendendo de forma entusiasmada remoções e ações repressivas de todo tipo.
Quando sentem que pegaram pesado, logo correm para "corrigir o erro", mas apenas de forma cosmética.
A elite sabe que é poderosa, mas é bom fazer com que o povo engula suas ofensas de boa vontade e não se revolte. É uma política de doutrinamento que vem funcionando há 500 anos.
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Raphael Tsavkko Garcia
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13:30
Uma tentativa de análise sobre a elite preconceituosa brasileira
2011-11-12T13:30:00-02:00
Raphael Tsavkko Garcia
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sábado, 5 de novembro de 2011
Legitimidade: Apoiar a Ocupação na USP?
Em post anterior, deixei clara minha posição de repudiar a presença da PM no campus, a posição de estudantes de direita ou simplesmente com preguiça de raciocinar e, claro, a posição do Reitor, mas, ao mesmo tempo, critiquei a atitude radical (beirnado a boçal) e intransigente de uma parcela dos estudantes que andam em círculos, repudiando a PM, mas não dando uma soloução que satisfaça o coletivo.
---
É preciso colocar que o DCE apresentou propostas, ao mesmo tempo em que repudiou a reitoria e se mostrou contrário à ocupação.
Durante a confusão, estudantes invadiram a direção da FFLCH sem nenhum tipo de consulta aos demais alunos sequer da faculdade (apenas cerca de 500 estavam presentes em uma espécie de assembléia que decidiu pela ocupação inicial) e, de quebra, mantiveram a ocupação apesar de uma assembléia posterior, mais ampla, ter votado contra.
A posição do DCE da USP, aliás, também é contrária à ocupação, que se mostra ilegítima frente à maioria dos estudantes.
Um grupo de ultraesquerdistas (MNN, PCO e LER), se apropriou das legítimas bandeiras e reivindicações dos estudantes e tomou para si a (ir)responsabilidade de manter a ocupação e a direção do movimento.
Pois bem, eu discordo da forma e explico.
---
É preciso colocar que o DCE apresentou propostas, ao mesmo tempo em que repudiou a reitoria e se mostrou contrário à ocupação.
Uma reivindicação histórica do movimento estudantil é a ampliação do efetivo da Guarda Universitária, o fim da terceirização da Guarda Universitária (tem uma rotatividade grande na segurança na USP), que ela tenha um papel preventivo e não repressivo, que receba treinamento em direitos humanos e criação de efetivo feminino pra lidar com os casos de assédio sexual e estupro, que ocorrem as dezenas e são abafados. Também melhora no sistema de iluminação (promessa que não sai do papel), ampliação da circulação no campus através dos ônibus circulares que têm em número restrito (por exemplo, não existe ônibus que vá do campus até a estação de metrô, como prometido), a ampliação do número de vagas de moradia no campus, pq ajuda a dinamizar a vida universitária, e o fim das restrições da circulação, porque o que aumenta os casos de violência é o fato de o campus ser um lugar ermo.----
Durante a confusão, estudantes invadiram a direção da FFLCH sem nenhum tipo de consulta aos demais alunos sequer da faculdade (apenas cerca de 500 estavam presentes em uma espécie de assembléia que decidiu pela ocupação inicial) e, de quebra, mantiveram a ocupação apesar de uma assembléia posterior, mais ampla, ter votado contra.
A posição do DCE da USP, aliás, também é contrária à ocupação, que se mostra ilegítima frente à maioria dos estudantes.
Um grupo de ultraesquerdistas (MNN, PCO e LER), se apropriou das legítimas bandeiras e reivindicações dos estudantes e tomou para si a (ir)responsabilidade de manter a ocupação e a direção do movimento.
Uma assembleia realizada na noite de terça-feira (1º de novembro) votou pela desocupação do prédio administrativo da Faculdade de Filosofia (FFLCH), iniciada no começo de sexta, 28 de outubro. Mesmo assim, manifestantes iniciaram outra reunião, com quórum menor, e votaram pela ocupação do prédio da Reitoria – invadida minutos depois.Mas, frente à possibilidade da PM intervir - à pedido do sempre ditatorial Reitor Rodas e da conivente justiça de São Paulo - muitos militantes passaram a dar seu apoio à ocupação.
[...]
Infelizmente, um setor minoritário do movimento, derrotado nesta votação, agiu de forma antidemocrática ao ocupar a reitoria, deslegitimando o debate feito no fórum de assembleia. A gestão do DCE-Livre da USP entende que tais práticas deslegitimam as instâncias do movimento e não contribuem para uma atuação consequente, democrática e de luta. É necessário que haja unidade do movimento estudantil para combatermos o projeto privatizante e excludente realizado pelo governo estadual e pela reitoria.
Pois bem, eu discordo da forma e explico.
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Raphael Tsavkko Garcia
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13:30
Legitimidade: Apoiar a Ocupação na USP?
2011-11-05T13:30:00-02:00
Raphael Tsavkko Garcia
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segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Lugar de PM é no Campus?
Eu parto do princípio de que não.
Mas é preciso pensar em alternativas.
A ação da PM ao prender 3 alunos que fumavam maconha foi, infelizmente, correta. Fumar maconha é crime, por mais que eu, pessoalmente, defenda a legalização das drogas. Obrigação da polícia é fazer cumprir a lei.
Agora, dado o estilo truculento da PM, dificilmente iriam fazer vista-grossa, pois sentem prazer em criar confusão e aparecer, especialmente se puderem dar porrada ou levar pra delegacia quem eles consideram "vagabundo riquinho" (basicamente qualquer universitário).
Mas concordar com a legalidade da ação policial ao prender quem fuma maconha é diferente de concordar com seus métodos. Não faço idéia do tom e da força usada pela PM para prender os rapazes, e isto pode pesar. Aliás, eu acho estúpido prender quem fuma maconha, isto não altera em anda o comportamento de nenhuma das partes, mas apenas faz o PM se sentir poderoso. Da mesma forma que muito maconheiro se acha "bozão" por achar que está contestando o mundo ao fumar.
A questão principal, porém, vai além, e passa pela própria presença ostensiva da PM dentro do campus universitário.
O campus é um lugar de contestação por natureza. Assim é a universidade. USP, PUC, não importa, universidade é um espaço de contestação, de rebeldia, de festas e, claro, de aprendizagem, mas de todo tipo de aprendizagem e não apenas aquela das salas de aula.
E fumar maconha faz parte. Beber faz parte. Contestar faz parte. Há uma clara oposição entre a lei e as práticas (oras, entra-se na universidade com 17 anos e é proibido beber até os 18, mas alguém se importa?) dentro dos muros da universidade, dentro dos limites do campus.
A presença da PM é uma provocação clara tanto da Reitoria, abertamente conservadora e ilegítima, quanto do governo, igualmente conservador. é uma forma de tentar "acalmar" os ânimos e a contestação estudantil.
E é um tiro no pé, estupidez pura. Uma provocação perigosa contra a comunidade universitária.
E não falo apenas da questão da maconha e nem apenas como forma de "proteger" os alunos da amada e odiada FFLCH, e sim de forma geral. A PM se coloca como uma força reacionária de controle social, acostumada a tratar a todos com violência e desprezo. São soldados despreparados, raivosos e sem treinamento que colocam em perigo os estudantes da USP.
Basta ver os índices de criminalidade e contar quantos são cometidos por policiais militares, com sua conivência ou seu silêncio cúmplice.
Polícia Militar não traz segurança e, no campus (me atendo só a aquele local) traz insegurança.
Mas é preciso pensar em alternativas.
A ação da PM ao prender 3 alunos que fumavam maconha foi, infelizmente, correta. Fumar maconha é crime, por mais que eu, pessoalmente, defenda a legalização das drogas. Obrigação da polícia é fazer cumprir a lei.
Agora, dado o estilo truculento da PM, dificilmente iriam fazer vista-grossa, pois sentem prazer em criar confusão e aparecer, especialmente se puderem dar porrada ou levar pra delegacia quem eles consideram "vagabundo riquinho" (basicamente qualquer universitário).
Mas concordar com a legalidade da ação policial ao prender quem fuma maconha é diferente de concordar com seus métodos. Não faço idéia do tom e da força usada pela PM para prender os rapazes, e isto pode pesar. Aliás, eu acho estúpido prender quem fuma maconha, isto não altera em anda o comportamento de nenhuma das partes, mas apenas faz o PM se sentir poderoso. Da mesma forma que muito maconheiro se acha "bozão" por achar que está contestando o mundo ao fumar.
A questão principal, porém, vai além, e passa pela própria presença ostensiva da PM dentro do campus universitário.
O campus é um lugar de contestação por natureza. Assim é a universidade. USP, PUC, não importa, universidade é um espaço de contestação, de rebeldia, de festas e, claro, de aprendizagem, mas de todo tipo de aprendizagem e não apenas aquela das salas de aula.
E fumar maconha faz parte. Beber faz parte. Contestar faz parte. Há uma clara oposição entre a lei e as práticas (oras, entra-se na universidade com 17 anos e é proibido beber até os 18, mas alguém se importa?) dentro dos muros da universidade, dentro dos limites do campus.
A presença da PM é uma provocação clara tanto da Reitoria, abertamente conservadora e ilegítima, quanto do governo, igualmente conservador. é uma forma de tentar "acalmar" os ânimos e a contestação estudantil.
E é um tiro no pé, estupidez pura. Uma provocação perigosa contra a comunidade universitária.
E não falo apenas da questão da maconha e nem apenas como forma de "proteger" os alunos da amada e odiada FFLCH, e sim de forma geral. A PM se coloca como uma força reacionária de controle social, acostumada a tratar a todos com violência e desprezo. São soldados despreparados, raivosos e sem treinamento que colocam em perigo os estudantes da USP.
Basta ver os índices de criminalidade e contar quantos são cometidos por policiais militares, com sua conivência ou seu silêncio cúmplice.
Polícia Militar não traz segurança e, no campus (me atendo só a aquele local) traz insegurança.
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Raphael Tsavkko Garcia
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10:30
Lugar de PM é no Campus?
2011-10-31T10:30:00-02:00
Raphael Tsavkko Garcia
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terça-feira, 5 de julho de 2011
Entrevista com Antuérpio Pettersen Filho, blogueiro do ES ameaçado de morte
Segue uma curta entrevista com o blogueiro Antuérpio Pettersen Filho, ameaçado de morte no Espírito Santo, cuja história ganhou imensa publicidade após o Celso Lungaretti publicar em seu blog.
Casos como o de Antuérpio e casos de censura estão crescendo no país. Antônio Arles, Esmael Moraes, os irmãos Bocchini, Ricadro Gama, Carlinhos Medeiros, e tantos outros foram e são vítimas de perseguição, ameaças e mesmo sofrem atentados. A importância da blogosfera cresce e os poderosos começam a notar isto, e repetem seus métodos de intimidação.
Ontem, a Maria Frô publicou em seu blog uma entrevista com o blogueiro, que pode ser encontrada neste link.
Antes, porém, de ler seu post, enviei 8 questões ao blogueiro - algumas com certa semelhança às perguntas da Frô - e as reproduzo abaixo, junto com as respostas.
1. Qual sua profissão e como você se tornou blogueiro, o que o motivou e sobre o que você costuma escrever?
Casos como o de Antuérpio e casos de censura estão crescendo no país. Antônio Arles, Esmael Moraes, os irmãos Bocchini, Ricadro Gama, Carlinhos Medeiros, e tantos outros foram e são vítimas de perseguição, ameaças e mesmo sofrem atentados. A importância da blogosfera cresce e os poderosos começam a notar isto, e repetem seus métodos de intimidação.
Ontem, a Maria Frô publicou em seu blog uma entrevista com o blogueiro, que pode ser encontrada neste link.
Antes, porém, de ler seu post, enviei 8 questões ao blogueiro - algumas com certa semelhança às perguntas da Frô - e as reproduzo abaixo, junto com as respostas.
1. Qual sua profissão e como você se tornou blogueiro, o que o motivou e sobre o que você costuma escrever?
Sou Advogado de formação, com breve passagem pela Segurança Pública, cujas questões e praticas estou ambientado, atualmente exercendo a Presidência da ABDIC - Associação Brasileira de Defesa do Indivíduo e da Cidadania, voltada a Defesa do Consumidor e à Cidadania. Tornei-me Blogueiro sem saber,exatamente, o que isso viria a ser. Comecei escrevendo Crônicas,como forma de fomentar o Site da Associação, hospedando temáticas culturais e Crônicas de Terceiros, e,eis que tornei-me um "Blogueiro", signifique, quer, o que significar...2. Porque você foi ameaçado? É a primeira vez em que isto acontece ou já recebeu outras ameaças, veladas ou não?
Estou, de certa forma, acostumado a sofrer ameaças. Milito o Direito Aguerrido, como instrumento valido de Promoção Social. Volta e meia estou contrariando interesses de Grandes Grupos Econômicos, Empresas contra quem impetro no Procon e Juizados, em razão do Consumidor e da Cidadania. Mas o atual embate é mais melindroso: São pessoas moldadas no Poder, com gênese e praticas Pseudo-legalistas, o que as reveste de maior letalidade, já que agem em nome do Estado.Poderia dizer que corro um Risco Invisível, por isso mesmo, mais requintado;3. Como você tomou conhecimento da ameaça e qual foi sua primeira reação?
A ameaça é Implícita. Paira no Ar. Parto de precedentes e da vida pregressa dos Atores que lecionam-me que devo me acautelar. Possuo Material arquivado, recebo e-mails e muitos avisos de cuidado, mas reajo com firmeza e caráter, posto que não brigo com Fulano, ou Ciclano, muito embora o atual caso possua Endereço Certo, mas defendo valores que não tenho como retroagir. Essas pessoas, assim como eu, irão passar,e somente restarão os Institutos, e a Lição que deixarmos.4. Poderias explicar melhor a sua denúncia contra o delegado Julio Cesar e como acabou virando uma ameaça de morte?
O Poder se manifesta de várias formas, possuindo vários rostos. Não estamos falando de ladroes de galinha ou batedores de carteira. Um Posto no Estado, seja de Fiscal, Policial Promotor ou Juiz, vale bem mais do que o contra-cheque, no final do mês. Sobretudo no Brasil em que a Polícia, em especial, é uma especie de Muro, que mantem o status quo, não permitindo que os que são muitos, de um lado, embora tendo pouco, não ultrapassem a Barrira. Já imaginou a Força que tem um Despacho ou Relatório de um Agente Estatal, se mal intencionado. São estes Postos os que visa, e usa, o Crime Organizado, tanto maior seu Poder. No meu caso, por exemplo, tenho Direito a Porte de Arma (Defensivo), e quando ambicionei alcança-lo, deparei com pessoas eletivas, que somente o concedem aos seus. Dai deparei-me com uma serie de outras mazelas e vicissitudes estatais, contra o que me rebelei;5. Que providências você tomou desde a ameaça e de quem vem recebendo solidariedade?
A principio procurei os Canais Formais, tipo Poder Judiciário, embora inertes. Ora encontro Eco somente na Blogosfera e em Entidades tendentes aos Direitos Civis, como forma unica de sensibilizar os Poderes Constituídos do Estado a agirem.6. Acreditas que a solidariedade recebida por parte da blogosfera possa ter algum efeito prático na sua segurança imediata e futura?
Piamente. De certa forma me assustei com a repercussão alcançada. Penso que enquanto durar essa Onda, nada de ruim me alcançará. Mas o que eu preciso, aliás, todo Cidadão, é que as Instituições funcionem. O Brasileiro tem que se desacostumar da Memória lamentável da Ditadura, em que o Estado era visto pelo Cidadão como Bandido, e vice-versa. Fazendo uma Parodia ao Rei Sol, Luis XV: "O Estado sou Eu", a Cidadania há que ser privilegiada, afinal, o Cidadão é o fim do Estado, e não o Contrário...7. Pra você, qual o papel da blogosfera política na denúncia de crimes, de indivíduos e de práticas?
A Blogosfera está, rapidamente, desfazendo Carteis que se instalaram em todo o Mundo Convencional, desde a Grande Imprensa, subserviente ao Poder Econômico, até Dinastias erguidas junto à os Poderes da República, Judiciário/Legislativo e Executivo. Ela possibilita que o próprio Povo, on line, manifeste-se, legisle, julgue e, até, guardadas as devidas proporções,e cautelas, condene ou absolva. Isso é o Futuro, quiça, Presente.
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
às
10:30
Entrevista com Antuérpio Pettersen Filho, blogueiro do ES ameaçado de morte
2011-07-05T10:30:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
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domingo, 29 de maio de 2011
A Marcha da Liberdade e a diversidade nas ruas
Mais que uma manifestação, uma festa. Uma festa, porém absolutamente politizada. Ao menos 32 organizações convocaram a Marcha da Liberdade, chamado atendido por mais de 5 mil pessoas (o pessoal do movimento Fora do Eixo aponta até 10 mil presentes, não duvidaria) que foram até uma Av. Paulista gelada cantar, dançar e protestar, exigindo liberdade e o fim da censura imposta por um governo ditatorial tucano, que aparelha a justiça e impede a livre manifestação.
Mulheres, crianças, bebês, jovens, velhos, ex-guerrilheiros e até mesmo maconheiros (sim, foi uma piada) lotaram o vão do MASP ao som de muito maracatu (música pernambucana, o que deve ter feito a elite racista local se torcer de raiva) e caminharam por horas até a Praça da República, atraindo mais pessoas ao longo do caminho e recebendo o apoio de muitos que observavam dos prédios.
A polícia, depois do horror encenado pelo Choque na Marcha da Maconha, se comportou bem, apesar de um ou outro soldado, já no fim da marcha, comentar que estava "doido pra dar porrada nos maconheiros", como ouvi de um pequeno grupo que, talvez, estivesse ameaçando se rebelar do comando do Major que controlava a tropa.
Na altura do Cemitério da consolação, os manifestantes fizeram um momento de silêncio em homenagem aos ativistas da agricultura familiar e do extrativismo responsável assassinados por ruralistas no norte do país na última semana.
A marcha em si foi extremamente tranquila, tanto que já no fim da Consolação os manifestantes se sentiram seguros para gritar em favor da legalização da maconha e anunciar que muitos ali eram maconheiros.
Nenhuma reação da PM, felizmente.
Chegando já na Praça Roosevelt um pequeno momento de tensão, enquanto dois punks (me disse um PM) ou skinheads (me disse outro PM), eram presos por terem tentado invadir um carro da Globo e tentado destruir os equipamentos lá dentro, além de terem chutado e esmurrado o carro.
Surpreendentemente, a reação da PM foi a de não espancar nem os dois e nem os demais manifestantes. Um dos dois se recusava a ser preso e, dada a presença da mídia, não apanhou até ser convencido a entrar no carro e ser levado para a delegacia.
Claro que não é possível se iludir e achar que o comportamento da PM se deve (ou se deveu) a qualquer tipo de decência ou boa vontade e sim de possíveis ordens vindas de cima. Depois da violência absurda na Marcha da Maconha, em que até os veículos mais reacionários - como a Folha de São Paulo - foram forçados a mostrar a realidade depois de jornalistas terem também sido atacados, o governador talvez tenha sentido que outro episódio violento poderia prejudicar sua imagem.
Após este momento de tensão o carro da Globo foi escoltado por diversas motos da PM enquanto os manifestantes gritavam exigindo que a equipe fosse embora. Após isto a marcha seguiu sem maiores problemas até sua dispersão, pouco depois das 19h.
Ao longo de toda a marcha, muitos pedidos de liberdade de expressão, o que seria de se esperar, mas também um uníssono repúdio à aprovação do Código Florestal e ao cancelamento da distribuição do Kit Anti-Homofobia, além de vários momentos em que os presentes exigiam o fim do uso indiscriminado das chamadas armas não-letais, que podem sim matar e que são usadas como instrumentos de tortura por parte das forças policiais.
Apesar do sucesso da Marcha, é difícil ter uma noção de seus resultados práticos. Vivemos em um estado que nem de longe é de direito. Em nível federal temos um governo que não vê problemas em vender suas bandeiras, rifar movimentos e fazer acordos com Marginais da Fé e outros tipos de criminosos e, em São Paulo, temos um verdadeiro estado fascista, com uma justiça à mando dos poderosos e um prefeito sempre pronto a mandar espancar qualquer trabalhador, estudante ou pessoa em situação precária, vítima de suas políticas.
A mobilização juntou pessoas de todos os tipos e militância, mesmo algumas que pareciam "perdidas", talvez em sua primeira grande manifestação, e ao menos demonstramos alguma força e conseguimos sensibilizar uma boa quantidade de pessoas. É continuar a mobilização e tentar colher frutos.
Mais fotos no Flickr.
Vídeos da Marcha:
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Mais posts sobre a Marcha, com fotos:
Blog do Sakamoto - A Marcha da Liberdade ocorreu e não doeu a ninguém
Maria da Penha Neles - Fotos da Marcha da Liberdade
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Mulheres, crianças, bebês, jovens, velhos, ex-guerrilheiros e até mesmo maconheiros (sim, foi uma piada) lotaram o vão do MASP ao som de muito maracatu (música pernambucana, o que deve ter feito a elite racista local se torcer de raiva) e caminharam por horas até a Praça da República, atraindo mais pessoas ao longo do caminho e recebendo o apoio de muitos que observavam dos prédios.
A polícia, depois do horror encenado pelo Choque na Marcha da Maconha, se comportou bem, apesar de um ou outro soldado, já no fim da marcha, comentar que estava "doido pra dar porrada nos maconheiros", como ouvi de um pequeno grupo que, talvez, estivesse ameaçando se rebelar do comando do Major que controlava a tropa.
Na altura do Cemitério da consolação, os manifestantes fizeram um momento de silêncio em homenagem aos ativistas da agricultura familiar e do extrativismo responsável assassinados por ruralistas no norte do país na última semana.
Foi o Aldo Rebelo? |
A marcha em si foi extremamente tranquila, tanto que já no fim da Consolação os manifestantes se sentiram seguros para gritar em favor da legalização da maconha e anunciar que muitos ali eram maconheiros.
Nenhuma reação da PM, felizmente.
Chegando já na Praça Roosevelt um pequeno momento de tensão, enquanto dois punks (me disse um PM) ou skinheads (me disse outro PM), eram presos por terem tentado invadir um carro da Globo e tentado destruir os equipamentos lá dentro, além de terem chutado e esmurrado o carro.
Surpreendentemente, a reação da PM foi a de não espancar nem os dois e nem os demais manifestantes. Um dos dois se recusava a ser preso e, dada a presença da mídia, não apanhou até ser convencido a entrar no carro e ser levado para a delegacia.
Claro que não é possível se iludir e achar que o comportamento da PM se deve (ou se deveu) a qualquer tipo de decência ou boa vontade e sim de possíveis ordens vindas de cima. Depois da violência absurda na Marcha da Maconha, em que até os veículos mais reacionários - como a Folha de São Paulo - foram forçados a mostrar a realidade depois de jornalistas terem também sido atacados, o governador talvez tenha sentido que outro episódio violento poderia prejudicar sua imagem.
Após este momento de tensão o carro da Globo foi escoltado por diversas motos da PM enquanto os manifestantes gritavam exigindo que a equipe fosse embora. Após isto a marcha seguiu sem maiores problemas até sua dispersão, pouco depois das 19h.
Falha de São Paulo: Frente |
Falha de São Paulo: Verso |
Ao longo de toda a marcha, muitos pedidos de liberdade de expressão, o que seria de se esperar, mas também um uníssono repúdio à aprovação do Código Florestal e ao cancelamento da distribuição do Kit Anti-Homofobia, além de vários momentos em que os presentes exigiam o fim do uso indiscriminado das chamadas armas não-letais, que podem sim matar e que são usadas como instrumentos de tortura por parte das forças policiais.
Apesar do sucesso da Marcha, é difícil ter uma noção de seus resultados práticos. Vivemos em um estado que nem de longe é de direito. Em nível federal temos um governo que não vê problemas em vender suas bandeiras, rifar movimentos e fazer acordos com Marginais da Fé e outros tipos de criminosos e, em São Paulo, temos um verdadeiro estado fascista, com uma justiça à mando dos poderosos e um prefeito sempre pronto a mandar espancar qualquer trabalhador, estudante ou pessoa em situação precária, vítima de suas políticas.
A mobilização juntou pessoas de todos os tipos e militância, mesmo algumas que pareciam "perdidas", talvez em sua primeira grande manifestação, e ao menos demonstramos alguma força e conseguimos sensibilizar uma boa quantidade de pessoas. É continuar a mobilização e tentar colher frutos.
Mais fotos no Flickr.
Vídeos da Marcha:
Mais posts sobre a Marcha, com fotos:
Blog do Sakamoto - A Marcha da Liberdade ocorreu e não doeu a ninguém
Maria da Penha Neles - Fotos da Marcha da Liberdade
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Postado por
Raphael Tsavkko Garcia
às
13:30
A Marcha da Liberdade e a diversidade nas ruas
2011-05-29T13:30:00-03:00
Raphael Tsavkko Garcia
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