sexta-feira, 11 de junho de 2010

A força e o efeito das sanções contra o Irã

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Qual seria a força e o efeito das sanções - novamente e criminosamente - aplicadas contra o Irã pelos EUA e sua organização de fachada, a ONU?

Ao contrário do que esperam os EUA e Israel em sua política suicida e absolutamente burra, os efeitos são exatamente o contrário do que esperam. De fato o Estado pode sentir algum desconforto econômico, mas quem realmente sofre é a população - mas não tanto. Mesmo países, como a Rússia, que apoiaram as sanções, já disseram que não vão suspender o comércio com o país ou alterar significativamente sua relação. A Rússia, retomo, continuará a cumprir o contrato de venda de mísseis ao país como se nada tivesse acontecido.

O alvo preferencial das atuais sanções - é a quarta rodada de ações do tipo - é a Guarda Revolucionária, suas empresas, ativos, contas bancárias e transações. Se as sanções anteriores contra o Estado não funcionaram, esta provavelmente terá o mesmo resultado: Fracasso. O Irã e a Guarda sempre encontram meios de furar o bloqueio e ainda encontram na Rússia e na China importantes parceiros comerciais que dificilmente se sacrificariam pela efetividade de sanções impostas pelos EUA.

Mas o ponto principal na questão é que o único efeito de tais ações é o crescimento do ódio. A população iraniana apenas aprende a odiar ainda mais os EUA e a posição das alas mais radicais islâmicas da República se fortalecem, logo, o efeito das sanções é o inverso ao esperado.

Mas o parágrafo acima é enganador. Nós, tolos, pensamos que a pacificação do Irã é o que Israel e EUA querem, mas o Iraque é um caso emblemático. Sanções foram aplicadas inúmeras vezes e, ainda assim, os EUA se sentiram no direito de fabricar provas de supostas armas de destruição em massa para, finalment,e invadir o país.

No Irã não é diferente. Era o sonho de Bush, é o sonho de Obama. O Império não sobrevive sem invadir e destruir um inimigo. Nenhum governo estadunidense pode dizer que fez alguma coisa se não levar destruição para algum lugar do mundo.

A aplicação de sanções cria um efeito contrário ao que os inocentes esperariam. É óbvio. Reforça o radicalismo de governo, faz aumentar o apóio a este governo e faz crescer o ódio em todas as esferas.

Os oposicionistas verdes anti-governo apenas se enfraquecem quando vêem que o ocidente está mais preocupado em puní-los do que efetivamente levar uma proposta de mudança, do que apoiar uma mudança.

Desta forma os oposicionistas ficam cada vez mais isolados, vistos cada vez mais como inimigos, como agentes estrangeiros, como perigo à república islâmica. Estamos falando de Realpolitik. A oposição pacifista e democrática é esmagada, desacreditada, logo, o "mundo" perde as esperanças em uma mudança vinda de dentro. Só há a saída "de fora". É preciso acalmar os radicais, colocá-los no lugar, até "salvar" os pobres democratas acuados! Sejamos humanos, ora bolas!

A aplicação eterna de sanções é cara, é desconfortável, causa problemas à aliados, ao comércio, é politicamente caro e, no mundo, causa revolta. Por mais que os EUA se importem apenas com seu público interno e não com o resto do mundo, seus aliados devem responder ao povo de seus respectivos países, e ser aliado dos EUA traz custos políticos. Sanções injustas e criminosas causam prejuízos políticos.

Um teatrinho chamado Conselho de Segurança é o responsável, com aconivência de 12 países, a vergonhosa abstenção do Líbano (curioso como os Árabes/Muçulmanos - afinal o Irã não é Árabe e sim Persa - não se juntam jamais, se limitam a gritar juntos, mas na hora do "vamos ver" acabam vendo o que lhes parece mais favorável no momento) e a posição firme de Brasil e da Turquia (que de santa não tem nada, vide o assunto Curdo).

Os EUA, historicamente, são partidários da ação, da violência, adoram reforçar sua indústria armamentista e, acima de tudo, não toleram que qualquer país não esteja aos seus pés. E usam a ONU para seus propósitos sujos. Quando nao conseguem nem dobrar a ONU (caso do Iraque), vão à guerra de qualquer forma.

Assim como Israel, as ações dos EUA jamais são punidas. Podem matar, dar e patrocinar golpes, derrubarem governos, cometerem genocídios... Nada acontece.

O acordo alcançado por Brasil e Turquia com o Irã era a saída - ao menos o início ou a tentativa - do "problema" iraniano. Mas não foi feita pelos EUA, mas por países periféricos. E o acordo não obrigava o Irã a se ajoelhar.

Os EUA são como um gato que encurrala um rato. Não comem de vez, mas brincam com ele até o golpe final. As sanções são isto. Um ensaio, uma brincadeira sádica até que, finalmente, haja a mordida, a invasão, a conquista.



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Comentários
1 Comentários

1 comentários:

robb disse...

Não há nada a acrescentar.
Só comento para parabenizá-lo pela análise certeira e sem meias palavras.

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