Continuação do post anterior.
Programas como Big Brother e outros absurdos apenas fazem com que
aflore o pior dos brasileiros, os sentimentos mais primitivos e,
enquanto ligados nisto, pouco se importam com o mundo ao redor. Consomem
e são consumidos pelas barbaridades televisivas e tornam coisas
absurdas em lugar comum.
Fala-se que a TV passa aquilo que quer o povo, mas a verdade é
que os programas são formatados para serem chamativos ao máximo, para
ativarem o interesse do telespectador incauto. Estamos falando de
profundos estudos de marketing e da pura exploração dos sentidos e
instintos humanos. Aproveita-se de uma receptividade para então
explorá-la ao máximo, enfiando Ratinhos da vida nas TV's e nas vidas do
povo.
A ingenuidade criminosa (pseudo-ingenuidade, óbvio) daqueles que
comandam as grandes redes de TV não surpreende. Dizem que, se um
programa não é bom, que o telespectador mude de canal. Oras, como, se
todos os canais seguem basicamente um mesmo padrão? E, além disso,
parece que os gênios da TV esquecem de uma característica comum do ser
humano: A necessidade de compartilhar, de ser parte de um grupo... Até
mesmo de ter o que falar.
Aquele canal de qualidade, pouco assistido, não é assunto para as
rodas, não te faz parte do grupo, logo, não há sentido em buscar maior
qualidade de programação, e sim ir com os demais.
Os jornais impressos não são muito diferentes, e os portais da
internet são ainda piores, oferecendo sem qualquer discernimento
entretenimento de esgoto, fofocas e informações (sic) inúteis para serem
consumidos em conjunto com a programação da TV. Discussões políticos
ficam relegadas ao segundo plano - exceto quando há algum escândalo.
Nos
momentos de crise, como enchentes, chuvas, desastres e etc a mídia se
divide entre buscar mostrar das maneiras mais gráficas possíveis o
sofrimento humano, a desgraça alheia - e fazem do sensacionalismo o
prato do dia - e entre apontar os políticos como canalhas culpados que
nunca fazem o suficiente, apontando soluções que não contribuem para
qualquer tipo de debate sério sobre a função dos políticos e da
política.
Parece um mundo alienígena em que os
políticos estão errados ou não fazem nada e o povo deve apenas lamentar e
se recriminar por não saber votar. Resta a solidariedade, o lamento, o
"depois" e nada mais a ser feito, nenhuma alternativa a não ser contar
com os mesmos políticos para resolver os problemas. Ou outros, apontados
pela mídia e mais afinados com seus interesses.
Trata-se, enfim, de um círculo vicioso, onde cabe à mídia o papel de fazer esquecer, de lembrar o que interessa e de promover aqueles afinados com seus interesses. Urge um controle social da mídia, a fim de promover inclusão e debate político qualificado. Tratar o povo não como massa de manobra acéfala, mas como cidadãos de direito, donos de seu destino e donos, afinal, do país em que vivem.
Aptos a poder discernir, sem subterfúgios, a realidade, a não serem bombardeados por lixo, por programas que desrespeitam os direitos humanos, por notícias que abusam de nossa inteligência e por manipulações baratas.
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Post antigo do @Hupsel em grande sintonia, vale a leitura.
Blog de comentários sobre política, relações internacionais, direitos humanos, nacionalismo basco e divagações em geral... Nome descaradamente baseado no The Angry Arab
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Brasileiro tem memória curta? A mídia e a "amnésia seletiva" - Parte 2
2011-01-27T10:26:00-02:00
Raphael Tsavkko Garcia
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