Depois de diversas manifestações a favor do Cine Belas Artes, chega a notícia de que ele poderá finalmente ser salvo. Na próxima terça-feira, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e 
Ambiental (Conpresp) 
tomará sua decisão sobre o tombamento do cinema.
Eu e o Thiago Beleza (@thiagobeleza) passamos alguns bons dias discutindo sobre a questão do fechamento do Cine Belas Artes, analisando a questão sob diversos ângulos e óticas, debatendo a tese do privilégio e do direito. Os posts podem e devem ser lidos nos seguintes links:
O fechamento de um cinema ou Privilégio versus Direito
Privilegiados somos nozes
O Hugo Albuquerque, além de ter feito excelentes comentários aos posts, ainda contribuíu para o debate com um próprio: 
Por
 um Projeto de Urbanidade: As  Enchentes e o Belas Artes
Fora da nossa pequena blogosfera, o Belas Artes recebeu a defesa de muita gente, da esquerda e da direita.
Pelo Twitter, Serra fez sua defesa do Belas Artes, sendo um dos primeiros a 
anunciar que este poderia ser tombado.
A urbanista 
Raquel Rolnik e o ex-vereador do PT 
Nabil Bonduki foram outros que, pelo lado não negro da força, defenderam o salvamento do Belas Artes enquanto patrimônio da cidade.
E, para quem acha que só a "direita", e PSDB se 
mobilizaram...
O deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL) encaminhou um ofício de 
tombamento às secretarias de Cultura do estado e do município e ao 
Ministério da Cultura, informou o Diário Oficial de hoje.
O vereador Gilberto Natalini (PSDB) também enviou ofício a órgãos 
responsáveis, como o Conpresp e a Secretaria de Cultura do município, 
pedindo o tombamento do edifício. "Fizemos isso com o objetivo de 
atrapalhar um pouco, para preservar a estrutura das salas de cinema", 
diz o vereador.
A Raquel Rolnik, aliás, foi sucinta e direta:
"O Cine Belas Artes é um patrimônio cultural dos paulistanos. Para 
muitas gerações que vivenciaram a esquina da Consolação com a Paulista 
desde os tempos do bar Riveira e da lanchonete Baguete, o fechamento do 
Belas Artes representará uma grande perda.Com uma programação diversificada, nao tributária dos blockbusters,
 o Belas Artes é uma das poucas opções de cinema de rua que ainda 
existem em São Paulo para pessoas que não gostam de ir a um cinema de 
shopping com todos os seus inconvenientes.
A preservação desse patrimônio tem um significado muito maior para a 
cidade do que apenas a defesa de um empreendimento cultural. Os 
paulistanos não podem perder o Belas Artes!"
Recebi, ainda, por e-mail, comentário de Paula Santoro, que não conseguiu postar no blog, e copio abaixo:
Muito interessante seu post e o do Thiago.
Eu queria acrescentar uma informação a este debate. Na década de 50
 e 60 São Paulo tinha cinemas espalhados por quase toda a cidade, 
inclusive na periferia, dentro de 2 favelas, o cinema era para todos e, 
até por isso, se diferenciava: no Centro, salas lançadoras, com 
inovações tecnológicas, a ida ao cinema era um passeio; na periferia e 
bairros, salas de bairros. 
O público do cinema também atingiu seu ápice em 1960 com uma 
relação de 20 idas ao cinema por habitantes por ano em uma população de 
quase 3 milhões de habitantes. A década de 70, a abertura dos shoppings,
 a mudança do modo de vida baseada no carro, na idéia de "segurança", 
"exclusividade", entre outras, e principalmente, a dinâmica dos usos de 
nossas áreas centrais - optando por usos mais rentáveis que o cinema 
onde havia cinema de rua - mataram o cinema de rua. A tal ponto que não 
sabemos que São Paulo teve uma Cinelândia!! 
Matando o cinema de rua, matamos junto o cinema de bairro. O 
público só baixou de lá para cá, e atingimos 3 idas ao cinema/hab/ano em
 média. Trocamos o cinema pelo consumo, agora o passeio é fazer compras,
 ir ao shopping. 
Acho sinceramente que se queremos levar o cinema para outros 
lugares - seja periferia, seja interior do Estado de SP, seja regiões 
diferentes do Sudeste - temos que lutar pelo fim do consumismo, da 
cultura do shopping, carro. E lutar também pela permanência dos espaços 
de encontro na rua, de tolerância à diferença. 
 
Agora é esperar para ver o desenvolvimento da questão, se a prefeitura e seus órgãos irão efetivamente salvar o Belas Artes ou teremos mais uma Casas Bahia ou templo da Universal na cidade.