quarta-feira, 27 de abril de 2011

Os custos de um casamento real para o povo...

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...vão além do mero valor do dinheiro.

Não se sabe ainda quanto custará o casamento do Príncipe William com Kate Middleton, mas poucos se importam.

A família da noiva desembolsará 257 mil reais, enquanto a família real britânica arcará com o resto (e o Estado com os custos de segurança e outros...). O casamento de Lady Di com Charles custou pelo menos 48 milhões de dólares, este deve ser mais "em conta", mas, ainda assim, é uma afronta.
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Ao menos 12 milhões de dólares custará o casamento. Módico, não? São tempos de crise!
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O dinheiro para a cerimônia sairá quase que exclusivamente dos bolsos do contribuinte. Exceto o valor pago pela família da noiva, todo o resto vem do povo, pois de onde será que vêm o dinheiro da família real, senão dos impostos? Qual o sentido na população de um país pagar pela vida de luxo de quem simplesmente nasceu achando ter este direito?

Mas este é o menor dos problemas. A economia do Reino unido receberá cerca de 1.35 bi de reais só com a compra de produtos comemorativos, turismo, alimentação e hospedagem de convidados, turistas, curiosos...

Isto, em teoria, serviria pra balancear a situação. O Estado gasta alguns milhões com um casamento e em troca o Estado recebe bilhões em divisas. Mas não é assim tão simples.

Em primeiro lugar, há a aberração inicial do povo ser forçado a sustentar o luxo de uma família real. Mas segundo pesquisas, o povo está satisfeito com a situação, então passemos adiante.

Em segundo lugar há o problema de que todos pagam imposto, irrestritamente, mas apenas alguns setores irão se beneficiar da entrada de capitais. Aqueles que foram demitidos durante a crise, ou que foram precarizados dificilmente se beneficiarão de qualquer nova entrada de divisas vindas do casamento. Este que pode fortalecer provisoriamente alguns setores da economia, mas não reerguer sua totalidade ou mesmo beneficiar a todos que pagam por ele.

Podemos ter a criação de empregos temporários durante o evento? Sim. Mas só isto, temporários.

E, o ponto principal, a crise mundial. O Reino Unido passa por uma crise imensa (uma crise mundial, claro), em que cortes de gastos vem precarizando diversos setores, como a saúde e a educação. Antes um modelo, a educação britânica vem sendo sucateada. Milhares de estudantes (cerca de 500 mil em um só dia) já marcharam por Londres para protestar contra os cortes que ainda farão o valor das universidades aumentar, possivelmente inviabilizando o acesso à educação superior para muitos.

E nada disto vai mudar com o casamento real. A educação continuará precarizada, a saúde continuará a sofrer ataques, os funcionários públicos demitidos continuarão sem empregos. Alguns setores da economia se beneficiarão? Sim. Mas pra isso TODOS terão de pagar. Todos pagam, uns se beneficiam e o recado está dado.

O recado de que a elite não se curvará frente à crise. continuará a ostentar e desfilar sua riqueza não importa o que aconteça.

Governos do mundo todo pedem contenção, austeridade, corte de gastos... Na Espanha uma imensa crise pelas viagens de primeira classe de Eurodeputados enquanto o povo recebe salários de fome.

Mas para a família real britânica e sua elite, pouco importa. Se o povo passa fome, se perde empregos, se não consegue ter educação ou saúde, não importa. Importante é o casamento real para que um grupo de desocupados continuem a demonstrar sua superioridade perante o povo que, como macacos amestrados, irão aplaudir, se emocionar e rezar para que os ricos fiquem ainda mais ricos.

Algumas horas depois, ou talvez alguns dias depois, a ficha cairá pra alguns, que voltarão às suas casas humildes e continuarão a procurar por emprego para sobreviver. Mas a maioria ficará eternamente hipnotizada pelo espetáculo midiático ímpar, que vende a riqueza como suprema felicidade, ou melhor, a riqueza dos outros como suprema felicidade.

Trata-se de mais do que o valor do casamento ou mesmo das divisas que retornarão e se multiplicarão, mas da imagem, da mensagem. Ostentação é a ordem, a moda e a crise deve ser enfrentada com gastos, com desperdício... Mas apenas pela elite! O povo deve continuar a apertar os cintos e proporcionar a felicidade dos que estão no andar de cima.

O mundo gira, mas continua no mesmo lugar.
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