terça-feira, 26 de abril de 2011

A Grande Mídia encontrou o culpado pelo Massacre de Realengo

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Não demorou e a grande mídia encontrou um culpado (ou uma culpada): A internet.

Agora de forma ainda mais descarada que nunca. Se aproveitam de um massacre para mostrar as garras e impor sua agente anti-democrática. Não respeitam os mortos, não respeitam a nossa inteligência. É impossível ligar à internet qualquer massacre. Diz a Frô:
Heloisa Villela mostra que um estudo do serviço secreto estadunidense de perfis das dezenas de atiradores que provocaram chacinas em escolas, universidades e locais de trabalho nos EUA aponta que além de serem do sexo masculino nada mais nos ajuda a perceber a existência de um futuro matador. Eles são inclassificáveis como bem mostrou Flávio Gomes.
Não podemos saber quem será um matador. Não podemos culpar a internet, que MILHÕES usam, pelos crimes de meia dúzia. Tivemos nosso primeiro massacre, e a mídia encontrou o culpado no mesmo dia, a única ferramenta que desafia a hegemonia desta mesma mídia. Coincidência?

São milhões de variáveis que podem definir um assassino, jamais saberemos as reais motivações de alguém que comete massacres. Ele pode até mesmo deixar uma carta com suas razões, mas o que serviu de gatilho, o que o fez chegar até a decisão final, ou mesmo o que o influenciou durante longo tempo a tomar tal decisão será sempre uma icógnita.

Mas pouco importa.

Mídia e o temor da rede

Apavorada pela força da rede, que não conseguem controlar, os grupos oligárquicos que detém o controle quase absoluto da mídia (salvo poucos e restritos veículos alternativos) buscam calar a rede, os blogs, as comunidades virtuais. Desta forma terão o controle total da opinião e da verdade.

Os jornais tem medo da internet. Podem ter milhões de acessos em seus portais, mas podem ser desmentidos por um blog de 5 acessos diários. Podem, e são.

Qual o poder de um leitor de jornal cuja única forma de aparecer num jornal é enviando uma carta, que passa pelo crivo de censores do mesmo jornal? Na internet este leitor passa também a ser produtor. não é mais passivo. Pode escrever livremente, não precisa depender dos censores e da boa vontade do jornal ou da revista.  E numa dessas pode se sobressair, ppode desmentir, pode envergonhar o jornal.

Isto eles não toleram.

E ainda jogam seus "argumentos" pró-controle fazendo a defesa de um suposto coletivo frente ao indivíduo, ao mesmo tempo em que são ferrenhos porta-vozes do capitalismo, que prega a satisfação pessoal, o consumismo e o individualismo frente ao coletivo, a classe.

Na hora que interessa, defendem deus e o diabo, até ao mesmo tempo. E muitos caem no conto.

No dia posterior ao Massacre, a Globonews, em horário nobre, defendeu com todas as letras que policiais se infiltrem na rede, invadindo nossa privacidade, e o controle da rede, tudo para "defender nossas crianças".

O "direito coletivo" deve prevalecer sobre a "individualidade"! Agora sim!

Os malditos videogames e Bin Laden

Sobrou também para os videogames, como não poderia deixar de ser - em especial para os que são jogados em rede, claro, temos e manter a crítica à internet! Bruno Cava acerta em cheio:
Sobrou até para a internet, novamente achincalhada pela velha mídia, desesperada ante a audiência perdida para a cauda longa de sites, blogues e redes sociais. Videogames? Que graça... a periferia do Rio já vive num regime de brutalidade permanente, direta e difusa. Nenhum morador do subúrbio carioca precisa jogar Counterstrike para vivenciar ao vivo e em cores a guerra. Sim, mais um caso em que negro pobre chacina negros e pobres, ou melhor, negras. Este crime tem cor e sexo. Vale lembrar como, no homicídio passional, a mulher geralmente morre (marido traído mata esposa e esposa traída, a amante). 
E ele ainda completa, passando por cima de todas as baboseiras inventadas e aventadas pela mídia:
Wellington é um cidadão como eu e você que, submetido a circunstâncias extremas por um longo período, acabou cometendo um ato extremo. Wellington nunca será santo nem demônio: um personagem demasiado real, tomado de dramas e carências, encharcado do fel da sociedade. Esquizofrenia não causa assassinato por si mesma. Nem todos levam na boa uma vida de opressão sistemática, vinda de todos os lados, sem rota de fuga.
É o #AI5Digital em sua versão mais crua, mais descarada. Devemos abrir mão de nossa privacidade em prol do coletivo, do mesmo coletivo que é imbecilizado pelas redes de TV. Ninguém pensa em proibir programas degradantes, em proibir programas policialescos que atentam contra os direitos humanos em nome das crianças. Mas a rede, que possui mecanismos de controle parental, promove a inclusão, transporta para um novo mundo, transcende fronteiras.

Por um caso em que a mídia resolveu culpar a internet, devemos punir todo o coletivo.

O jornal O Globo foi direto em sua estupidez:
Além da quebra do sigilo do correio eletrônico do assassino, os investigadores conseguiram rastrear um blog feito por Wellington, que usava a página na Internet para disseminar mensagens desconexas sobre religião e jogos como GTA e Counter Strike (CS), onde o jogador municia a arma com auxílio de um Speed Loader, um carregador rápido para revólveres, usado por ele no massacre de alunos na Escola Municipal Tasso da Silveira. Nos dois jogos, acumula mais pontos quem matar mulheres, crianças e idosos.
O fascínio de Wellington por jogos violentos também aparece no caderno apreendido na casa onde ele vivia desde outubro, em Sepetiba, na Zona Oeste do Rio. Nas páginas, textos curtos e incoerentes, assim como os do blog, misturam islamismo, cristianismo, terrorismo e jogos eletrônicos. Há entre os escritos diversas referências ao atentado de 11 de setembro em Nova York e ao líder da Al-Qaeda Osama Bin Laden.
O rapaz era claramente doente. Desequilibrado. O que realmente salta aos olhos é o teor religioso (ainda que eu dificilmente acredite na desculpa do islamismo, isso cheira muito mal) que impregnou o caso. Vindo de uma seita radical, as Testemunhas de Jeová, não surpreende parte de seu comportamento.

Mas se formos culpar os jogos, teremos então de nos preparar para os milhões de jogadores que podem virar, do dia para a noite, assassinos seriais! Oras, eu estudo e leio sobre terrorismo desde meus 12 ou 13 anos, então jajá começarei a atirar em pessoas por diversão! Aliás, escrever ou se interessar sobre um dos eventos e personagens mais emblemáticos do Século XXI (11 de Setembro e Bin Laden) deve ser mesmo razão pra se tornar um assassino. Claro que, vindo de uma pessoa doente, teologia e jogos violentos podem explicar alguma coisa, mas o mesmo não se aplica ao grosso da humanidade.

Como se não bastasse, em um dos subtítulos da matéria lê-se "Ação planejada pelo computador", dando a entender que a "culpa" é do computador, da internet. Será que se a ação fosse planejada por telefone, numa folha de papel ou em programas policalescos das redes de TV agora tão preocupadas com a família - #BolsonaroFeelings - seria notícia?

Sem dúvida o problema dos jovens é a internet, e não discursos carregados de ódio de parlamentares e nem o fanatismo de líderes evangélicos, verdadeiros canalhas, que roubam de fieis crédulos e desesperados enquanto lhes prometem o céu, desde que cumpram regras draconianas e infernizem a vida dos demais.

Upgrade da Record

A Record, em seu programa Domingo Espetacular do dia 24 de abril atacou diretamente os games.

Característica típica do jornalixo brasileiro, não se preocuparam em ouvir os dois ou mais lados da questão.

A mídia acredita que uma vez escolhido o alvo, ali está a verdade e não há nenhuma necessidade de ser plural, democrática ou minimamente honesta.

Diz Paulo Lopes:
O programa Domingo Especular, da TV Record, apresentou hoje uma reportagem que associa os games violentos a assassinos como o atirador que matou 12 adolescentes de uma escola de Realengo, no Rio.

No Twitter, por intermédio da hashtag #GamerscontraR7, a reação dos usuários de games ocorreu antes mesmo de a reportagem ter ido ar. O R7 -- portal da Record – já tinha anunciado que o game seria um dos assuntos do programa.

A reportagem ressaltou que Wellington Menezes de Oliveira, o atirador, passava horas no computador entretido com jogos de violência, de tiros. Lembrou de outro assassino, o estudante Matheus da Costa Meira, que em 1999 disparou uma metralhadora contra uma plateia de um cinema em São Paulo, matando três pessoas. O filme que passava era Clube da Luta, inspirado em um game.

O programa ouviu uma psiquiatra segundo a qual o game não altera só o comportamento de pessoas com transtornos mentais como o caso dos dois exemplos citados. Segundo ela, qualquer jovem que se vicia em game passa a agir de maneira agressiva na escola e na rua. O programa entrevistou uma mãe que teve problema com o filho por causa disso.

Embora o tema seja polêmico, Domingo Especular não entrevistou ninguém com o ponto de vista de que esse tipo de jogos ajudam a descarregar uma agressão que poderia extravasar no mundo real.
Controle da Rede e mídia preconceituosa
 
Guardar dados sem permissão judicial, logs, permitir a invasão de endereços de e-mail sem permissão da justiça, infiltrar policiais, censurar, bloquear acesso... É o sonho da mídia. E não há provas de que nada disto funcione - na verdade existem provas contrárias!
De acordo com grupo alemão especializado em liberdades civis, armazenar informações pode até mesmo prejudicar a segurança na web.
O armazenamento de dados de telecomunicação não ajuda a combater crimes, de acordo com um relatório da polícia alemã, divulgado nesta quinta-feira (27/1).
A Diretiva de Proteção de Dados da União Europeia, que atualmente está em revisão, exige que as empresas nacionais de telecomunicações armazenem informações de seus clientes, com o intuito de facilitar em casos de investigação e prevenção contra crimes graves.
A Diretiva foi implementada na Alemanha em 2008, mas não surtiu efeito contra a realização de crimes graves, de acordo com um estudo detalhado feito pelo grupos de liberdades civis AK Vorrat. No ano passado, autoridades alemãs concordaram com um veto sobre retenção de dados, por considerar que ela interfere nos direitos fundamentais dos cidadãos. Outro país que se declarou a ação inconstitucional foi a Romênia.
Mas a mídia não vê problema em defender racistas e homofóbicos como Bolsonaro, em empregar canalhas como Prates e Casoy, ou dar espaço para os defensores da tortura e do assassinato como Datena e tantos outros. Isto não é um perigo para o coletivo, isto não imbeciliza, não cria ódios, não coloca parcelas da sociedade na defensiva.... Jamais! É Liberdade de Imprensa (travestida de Liberdade de Expressão), que está acima de qualquer coisa.

A mídia grita e esperneia quando se fala em controle, quando se fala em impor limites e o respeito às leis, mas não vê contradição em defender a censura e o controle - aí sim -  para a rede!

TV's são concessões públicas, não privadas. Jornais e Revistas possuem responsabilidade enquanto veículos jornalísticos, enquanto personalidade jurídica. A internet não é nada disso. Um blogueiro deve ser responsável pelo seu blog, mas a internet não pode ser censurada para que todos sejam responsabilizados por um blog.

O interesse dos meios de comunicação é a imbecilização, o controle e conteúdo. Se na TV forçam o telespectador a ser um imbecil passivo, a rede permite a crítica. Se os jornais dão um lado apenas da história - e sempre o lado do patrão - a internet permite que se conheça os dois lados, ou os três lados, ou quantos lados a história tiver.

Estamos diante de mais um grande ataque contra nossa liberdade na rede. O #AI5Digital está a todo vapor na Câmara dos Deputados, Azeredo está atuando mais do que nunca e tem total apoio da mídia golpista, que quer ter o direito de chamar a Ditadura de Ditabranda sem ser incomodada pela verdade, que quer colocar fichas falsas da Dilma sem ser desmentida, que quer censurar e controlar sem ser molestada, voltando aos bons tempos da Ditadura, quando a voz das elites era soberana.






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