sábado, 28 de maio de 2011

Código Florestal e Kit anti-Homofobia: Dilma discursa e complica ainda mais a si e ao governo

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O discurso de Dilma buscando justificar seu veto ao Kit Anti-homofobia e a posição do governo/PT em relação ao Código Florestal são um novo marco na arte de discursar e não dizer nada e de como se vender aos marginais da fé, traindo a toda uma militância bem intencionada.

Chega a ser doloroso ouvir (ler) de Dilma, que tanto apanhou dos fanáticos religiosos (católicos e evangélicos) que não podem ser chamados de nada além de marginais da fé, tanta besteira e entreguismo perante esses criminosos que andam com a bíblia e não a constituição debaixo do braço, tentando nos impor a todos seus pensamentos medievalistas.

Vale tudo para salvar Palocci. Rifar os escrúpulos, a comunidade LGBT, o meio ambiente...


Palocci é culpado? Ou o Mensalão de Dilma

Pouco importa se Palocci é ou não culpado (de crime efetivo, porque é culpado de falta de ética e decência, o que, em um partido que se declara de esquerda, seria suficiente para perder o cargo e a moral), a atitude desesperada do governo já deu o recado.

É o Mensalão de Dilma (em termos alegóricos, claro).

Lula passou todo seu governo tentando provar que não existiu o Mensalão e fez isto através de concessões e acordos para que nada fosse investigado, para enterrar o assunto. Oras, quem não deve não teme, não é verdade? Mas, mesmo com tudo, Lula conseguiu significativos avanços em diversas áreas. E o que Dilma vem conseguindo?

Mas, no fim, pouco importa a existência ou não de esquemas de corrupção e mesmo da culpabilidade de Palocci. Ele é um câncer que serve como moeda de troca para a oposição e para boa parte da base, comprada a peso de ouro.

E o governo que ao mesmo tempo nega qualquer problema, qualquer culpabilidade, recua, se entrega, vende mais e mais movimentos e bandeiras para não ter de se explicar além do que pensa ser devido. É assumir a culpa por outros meios.

Mas quem paga a conta somos nós.

Aliás, os próprios evangélicos admitem terem negociado a salvação de Palocci em troca do abandono do Kit Anti-Homofobia!

Código Florestal e "confiança"

Sobre o Código Florestal Dilma tergiversa, para usar termo querido por ela. Não responde nada. Será que ela vetará? Não sabe, tem confiança no Senado, enquanto sua militância, ingenuamente, confia nela.

E todos vamos confiando uns nos outros enquanto somos traídos.

Eu concordo com as discordâncias da Dilma:
A segunda questão diz respeito à votação do Código Florestal. Eu quero reiterar, aqui, a minha posição a respeito dessa questão. Eu não concordo que o Brasil seja um país que não tenha condição de combinar a situação de grande potência agrícola que ele é com a grande potência ambiental que ele também é.

Nós temos, sim, condições de fazer isso. Por isso, eu não sou a favor da consolidação dos desmatamentos, da anistia aos desmatamentos. Eu acho que no Brasil houve uma prática que a gente não pode deixar que se repita. Muitas vezes se anistiava, por exemplo, dívidas, e novamente se anistiava dívidas, e as dívidas eram novamente anistiadas. O desmatamento não pode ser anistiado, não por nenhuma vingança, mas porque as pessoas têm de perceber que o meio ambiente é algo muito valioso que nós temos de preservar, e que é possível preservar meio ambiente – extremamente possível –, produzir os nossos alimentos, sermos a maior... uma das maiores...

Eu não vou dizer a maior porque podia parecer muita pretensão, mas nós estamos, sem sombra de dúvida, entre os maiores produtores de alimentos do mundo, e acho que seremos, nas próximas décadas, o maior produtor de alimentos. Nós podemos fazer isso perfeitamente, preservando o meio ambiente, como temos feito sistematicamente um esforço nessa direção. Não sou a favor, não sou a favor da emenda, fui contra a aprovação da emenda e, obviamente, respeitando a posição de todos aqueles que divergem de mim, continuarei firme, defendendo a mudança dessa emenda no Senado.
Mas até aí, nada foi dito sobre o Código Florestal em si. Sobre um veto. Perguntada sobre isto, a resposta:
Eu, primeiro, tentarei construir uma solução que não leve a essa situação de impasse que ocorreu na Câmara, lá no Senado. Agora, quero dizer a vocês que eu tenho compromisso com o Brasil. Eu não abrirei mão de compromisso com o Brasil. Nós temos obrigações diferentes e prerrogativas diferentes. Somos Poderes e temos de nos respeitar: Judiciário, Legislativo e Executivo. Eu tenho a prerrogativa do veto. Se eu julgar que qualquer coisa prejudica o país, eu vetarei. A Câmara pode derrubar o veto, não é? Você tem ainda as instâncias judiciais. O que eu quero dizer é que eu sou a favor do caminho da compreensão e do entendimento, eu sou a favor deste caminho. O governo tem uma posição, espero que a base siga a posição do governo. Não tem dois governos, tem um governo.
Eu posso vetar, mas a Câmara pode derrubar o veto. Ou seja, eu veto, tu vetas e todos vetamos e nada muda. Aí entra o judiciário, porque assim Dilma tira o dela da reta. O resto é esperanças na base, base esta com PMDB, PR, PP e cia. Realmente, tenho pena dos que confiam na Dilma que, por sua vez, confia em sua base.

Uma base movida à $$ como confiança.

Confiança no PMDB?

Aliás, em se tratando de confiança, tudo me leva a crer que o PT em peso aprovou o Código Florestal na esperança ou na confiança (estúpida, como se provou logo) de que o PMDB fosse votar com o governo na emenda que basicamente entregava nossa biodiversidade aos mais interessados em destruí-la.

Levando em conta que a emenda foi proposta pelo próprio PMDB e que é mais fácil confiar que a Gretchen vai parar de casar do que no PMDB ter decência e ser fiel, só posso assumir que o PT teve um momento de completa estupidez, beirando o fanatismo religioso encontrado em seguidores cegos de Edir Macedo (são todos, claro) de que o PMDB iria votar CONTRA os ruralistas!

Se a idéia do PT em aprovar o Código Florestal, que era péssimo, mas não apocalíptico, era ter o PMDB votando contra o latifúndio - contra si próprios, em diversos níveis - e aí sim tornando o projeto algo simplesmente apocalíptico e destrutivo, então alguém precisa urgentemente ensinar a estes deputados o que raios é política, porque os seus anos de poder, alianças espúrias e benesses os fizeram esquecer do bê-a-bá.

E o Kit anti-homofobia...

Mas o pior ela guardou para o Kit anti-Homofobia.
O governo não... o governo defende a educação e também a luta contra práticas homofóbicas. No entanto, o governo não vai... não vai ser permitido a nenhum órgão do governo fazer propaganda de opções sexuais, nem... de nenhuma forma nós não podemos interferir na vida privada das pessoas. Agora, o governo pode, sim, fazer uma educação de que é necessário respeitar a diferença e que você não pode exercer práticas violentas contra aqueles que são diferentes de você. Isso...
Isso mesmo que vocês leram. Campanha contra a homofobia significa, para Dilma, "propaganda" e orientação sexual virou "opção sexual". Em resumo, o Kit Anti-Homfobia, para Dilma é "propaganda de opções sexuais". Isto ela não permite!

E até mesmo o Blog do Planalto sentiu o absurdo dito por Dilma e meio que mentiu/corrigiu/falseou a história para tentar corrigir o incorrigível:
 
Que bom seria se homofobia, violência sexual e etc também não fossem permitidos com tanta veemência!

Não, Dilma, padre e pastor discursar num púlpito contra "práticas" homossexuais não é respeitar a vida privada de ninguém, é permitir a pregação do ódio.

Mas Dilma recebe alegre em seu gabinete Garotinhos e Magnos Malta da vida, marginais da fé, criminosos homofóbicos - seria impossível listar todos os adjetivos que merecem - sem qualquer problema.

Democracia? E os Direitos humanos?

Sim, estamos em uma democracia, mas não, quem desrespeita a constituição não tem direito a aproveitar-se desta democracia para promover o ódio. Para se ter direitos iguais na democracia, deve-se respeitá-la. Quer ter direito de falar? Respeite a constituição. Qual o direito de um crente fanático de passar por cima da constituição e ofender minorias querendo ter respaldo na mesma constituição?

Falta ao movimento LGBT a força e a coragem (e talvez a união) para processar esta corja de marginais da fé e proibí-los de usar o congresso para espalhar e propagar o ódio que defendem. Para ter o direito de serem eleitos e de serem aceitos como iguais na sociedade estes devem respeitar a sociedade e suas regras.

A lei vale para todos e não apenas para seus inimigos. Se querem ter liberdade de culto, que respeitem a constituição que lhes veda o "direito" ao preconceito, ou ao menos nos considera a todos iguais, sem podermos ser diminuídos baseado em um livro sem qualquer importância para o Estado.

Mas tudo que é ruim pode piorar:
Jornalista: O que a senhora achou do kit?
Presidenta: Eu não concordo com o kit.
Jornalista: Não. Por quê?
Presidenta: Não. Porque eu não acho que faça a defesa de práticas não homofóbicas.
Jornalista: A senhora assistiu os vídeos?
Presidenta: Eu não assisti os vídeos.
Jornalista: Mas o material...
Presidenta: Um pedaço que eu vi na televisão, passado por vocês, eu não concordo com ele. Agora, esta é uma questão que o governo vai revisar. Não haverá autorização para esse tipo de política, de defesa de A, B, C ou D. Agora, nós lutamos contra a homofobia.
Jornalista: (incompreensível), a senhora pretende prorrogar, já que o Congresso não vai...
Presidente: Minha querida, minha querida, o futuro a Deus pertence.
Jornalistas: Obrigado, Presidente.
Dilma discursou com a segurança de um elefante numa loja de cristais.

Ela não viu e não gostou.

Será que a partir de agora podemos mandar a conta de todo e cada homossexual assassinado para o congresso e para a Presidência?
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Aliás, o material dos marginais é tão grotescamente falso e forçado que só um retardado para cair.
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Se pautou pela mídia que alguns "progressistas" tanto amam odiar (apenas quando a lua de mel do governo acabou, antes disso era ótimo ir na festa da Folha ou fazer afagos ao casal global do JN, sempre na mais completa "conveniência democrática")  e na palavra de um marginal da fé, Garotinho, que chegou a, junto com outros de sua laia, a exibir para outros parlamentares vídeos que não tinham qualquer relação com o material preparado pelo MEC.

Aliás, até onde eu sei, Dilma não é (mais) qualificada que especialistas (do MEC ou não) e do que a UNESCO para decidir que material é bom ou ruim para combater a homofobia nas escolas.

Dilma não tem o caráter de se opor fortemente ao código florestal, mas não hesita em assumir para si a responsabilidade (ou irresponsabilidade) de vetar um kit aprovado universalmente por especialistas porque.... bem, porque ela não gostou?

Palocci, marginais da fé e obscurantistas agradecem.

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O discurso completo de Dilma. Tapem o nariz.
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