Minha resposta ao
post no blog Tecnoblog sobre o foco principal do PNBL. Abaixo os trechos comentados:
[...]
Os 300 MB não são o ponto-chave do artigo. E sim, o compromisso mensal de R$ 35,
inacessível para o público-alvo da proposta, ainda que seja só para
espiar seus emails uma vez por semana. As pessoas querem usar e pagar
quando PODEM. Por isso a telefonia fixa está morrendo! Ninguém quer se comprometer com uma mensalidade!
Evidentemente, estou considerando que a educação não pode ser negligenciada. Antes disso, internet nas escolas é uma obrigação.
Quanto aos que insistiram que 300 MB não dão nem para usar Orkut e MSN (ou navegar diariamente):
bem, o público-alvo do PNBL certamente não é esse. Estamos falando de
pessoas que sequer possuem email, que não conseguem nem tirar um
documento. Não estamos falando de lazer. E vocês, leitores do Tecnoblog, já possuem algum tipo de acesso, senão nem estariam aqui, óbvio. Se o objetivo fosse uma migração em massa, nossa infra entraria em colapso!
[...]
O PNBL é uma proposta emergencial. Não
queremos que milhões de brasileiros fiquem eternamente usando uma
internet lenta com cota pequena. Inclusão digital, além de cidadania,
agrega novos conhecimentos e habilidades, fazendo com que pessoas sem um
mínimo de qualificação passem a ter uma oportunidade de aprender. E o
melhor: progredindo, poderão enfim arcar com uma mensalidade em casa, com planos mais robustos.
O mesmo vale para o Bolsa Família. É uma proposta emergencial, e não permanente, para milhões de pessoas sem perspectiva alguma de sobrevivência. Ou pelo menos deveria ser, já que está longe de ser perfeito.
E a minha resposta:
Discordo de alguns pontos.
Não e´correto dizer que quem entrará no PNBL não tme interesse em lazer.
Porque não? Talvez num primeiro momento, sim, serão usuários sem
qualquer conhecimento, mas se a idéia é levar internet às escolas e
garantir inclusão digital, vamos esperar que todos permanecvem
ignorantes digitais eternament ou que aprendam? E quando aprenderem,
serão podados?
Mesmo uma atualização do Windows, que é algo que o caboclo vai achar que
deve fazer porque o sistema está avisando será impossível. Eleainda
será tapeado porque não entenderá porque a conexão está lenta quase
morrendo ou porque - caso alguma tele resolva fazer assim - está pagando
caríssimo por um excesso. Ou alguém costuma ler todo o contrato antes
de assinar, especialmente os mais vulneráveis - o alvo do PNBL?
Achar que o programa está bom sem contemplar o laze não faz sentido.
Fora que, convenhamos, Orkut é foco das classes mais baixas e nem isso
poderão acessar direito. E não importa se o pai e a mãe irão usar 1 vez
por semana, e se forem 5 filhos? 10 filhos como existe por aí? Conexão
não dura uma semana ou duas assim.
E duvidas que muita gente que tenha planos caros de 1MB irão migrar pro
PNBL e se darão mal? Ou muito lugar em que conexão de 512 é caríssima e
verão a oportunidade do enganador upgrade?
Outro ponto que discordo é na idéia de concorrência. Desculpe, mas
concorrência é ilusão, isso não existe. quantas montadoras de carro
temos? E o resultado? Os preços mais caros do mundo e diretor de
montadora dizendo que não baixam porque todos compram mesmo caro!?
O que precisamos é de internet em regime público, internet básica,
garantida pelo Estado sem custos, de 1MB (que forcem as empresas a
prover) e serviço com regras claras e limite de preços praticados
disponibilizado pelas teles paraquem quiser algo além desse 1MB. MAs,
repito, com regras e limites, concorrência dentro de uma margem decente.
E com o governo forçando concorrência real e não pagando pra ver como
hoje.
MAs em um ponto há convergência, o público alvo é exatamente uma parcela
imensa que usa celular pré-pago, que não tem condições de comprometer o
salário com mensalidade, que tem horror a este tipo de obrigação
mensal. Aí temos um problema enorme.
Outro problema é achar que o PNBL é apenas emergencial. Basta ver outros
programas, como oe ProUni, em que nada foi feito para que as pessoas
superem a necessidade dele. Não há nenhum investimento em educação
básica e sim uma entrega de muita gente despreparada (sei de casos de
analfabetos funcionais entrando em UniEsquinas) que entra em
universidades medíocres e, no fim, conseguirá o que? Não há preocupação
em formar e sim em despejar um bom negócio nas universidades vagabundas.
ProUni deveria privilegiar universidades de qualidade e FORÇAR qualidade
nas demais e aí sim preparar o aluno pra vida - e não só pro mercado.
E, claro, com educação de qualidade desde a infância.
O PNBL é o mesmo modelo. Sem qualidade, tem preocupação apenas em
garantir lucro aos empresários, mas não das universidades, das teles.
Não exige nada em troca, apenas que recebam incentivos e dêem qualquer coisa.
Não temos de esperar que as pessoas melhorem de vida e não precisem mais
do PNBL, precisamos - também - exigir que o governo arque com sua
responsabilidade e GARANTa internet à quem precisa, um direito básico
hoje em dia - e que cumpra com seu dever de ao menos fiscalizar estas
empresas.
O PNBL é um erro em todos os aspectos. Mal formulado, feito nas coxas, sem comprometimento e tira o c* do governo da reta.