Um petardo que foi muito mal interpretado por alguns e lido de má vontade por outros, mas felizmente, em geral, causou a revolta necessária e uma maioria partiu para a ação. Como eu esperava, as feministas e mulheres (do PT ou não) se mobilizaram com a indignação necessária. José Eduardo Dutra foi logo avisado pelo Idelber Avelar (um dos mais ativos em apurar o assunto) e algumas pessoas entraram em contato com o Rui Falcão, presidente do PT.
Agora, eu já esperava uma certa reação raivosa de alguns mais fanatizados, mas não tamanha negação.
O tal Nartagman, segundo confrmou o próprio e insuspeito Idelber (@iavelar), fez a ligação política entre o PT e o #BlogProg mineiro (o Bloguemus). Isto em junho, quando já estava com prisão decretada depois de ter sido considerado culpado pelo estupro de uma criança!
O Conrado, via Twitter, admitiu uma certa generalização que, na minha opinião, passa como estilo de oratória, sem qualquer comprometimento ao texto. E eu, via twitter, também passei boa parte dos últimos dois dias tentando fazer com que muitos parassem de se ater a este detalhe e tomassem conhecimento do conteúdo do texto e agissem baseado nas sérias denúncias feitas.
Conheço (em alguns casos até pessoalmente) vários dos blogueiros que participaram ou mesmo organizaram o encontro de Minas e sei que, se soubessem do caso, jamais teriam aceitado a participação do criminoso e o teriam denunciado. O processo corria em segredo de justiça, era impossível que um militante soubesse.
Ele estava foragido da Justiça desde maio último, após ter sido sentenciado a sete anos e nove meses de prisão pelo estupro de uma criança.Mas o mesmo NÃO se aplica à direção do PT. Especialmente em junho, depois do criminoso ter sido condenado e estar foragido. Em abril de 2010 Nartagman foi condenado pela primeira vez e SUPOSTAMENTE afastado pelo PT.
Como pôde ser visto, seu afastamento foi uma farsa, pois ele continuava agindo como "autoridade" do PT até ser finalmente preso. Mesmo com sua primeira condenação, a direção do PT não disse nada. E permaneceu calada na segunda e definitiva condenação.
Ademais, o acusador de Nartagman, o pai da criança estuprada, também é do diratório do PT. Segredo de justiça ou não, é impossível que NINGUÉM do PT soubesse de nada da história, especialmente com as denúncias do criminoso de que sofreria perseguição política.
O secretário contou que o pai da menina que alegou ter sido estuprada também é do PT e teria interesses em sua saída.A história pegou muita gente de calça na mão:
O mais triste de tudo é a tentativa contínua mesmo de alguns militantes em blindar o partido, acusando a mim e ao Conrado por termos denunciado o caso. Sim, acusados por uma denúncia feita, por levar um história pavorosa ao conhecimento público. Fomos comparados com o Datena, disseram que não deveríamos estar mexendo com isso, que sentimos ódio pelo PT e etc...Sobrou até homofobia...
Mesmo que TUDO isto fosse verdade, que sentimos ódio, que jogamos merda no ventilador pra aparecer e etc, não mudaria o fato de que a direção do PT acobertou um estuprador, deixou a militância na mão e parte desta mesma militância está apática (e outra parte, felizmente, buscando interpelar a direção, em especial as valorosas feministas).
E de quem eu menos esperava (quem sempre considerei amiga, mas que preferiu atacar o mensageiro. Oportunismo? Onde?):
E ainda tiveram o(a)s que passaram do aceitável, nos acusando de atacar as mulheres do PT!
Pois é, deveríamos ter enterrado o assunto, não falado nada. Estupro e violência contra criança são tão sérios que NINGUÉM ficou sabendo e o PT não fez questão de informar ou sequer de expulsar o criminoso.
Mas é impossível passar por cima do óbvio, da blindagem inconsequente que nasceu - não contra o estuprador - mas contra quem denuncia crimes nos quais o PT está envolvido. Ao mesmo tempo a militância autêntica, de esquerda, ética, ficou vendida.
Recomendo a leitura do post da Cynthia Semíramis sobre o caso, que nasceu como complemento ao postado por mim, de autoria do Conrado. É esclarecedor. E agradeço ao Pierre, do Acerto de Contas, por ter republicado o post.
A Cynthia que, aliás, diz ter sofrido pressões para abafar o caso!
Depois de publicar o post, recebi um tweet me pressionando a abafar o caso. Absurdo. Não apoio blindagem de nenhum tipo. Vocês fizeram muito bem em divulgar o caso. Tomara que o silêncio acabe e ele seja devidamente punido pelo PT.Pois é, a blindagem é mesmo uma ilusão, não?
Mas vou novamente deixar claro: Eu não acusei (o texto não foi meu, mas tenho responsabilidade por publicá-lo) NENHUM blogueiro de encobrir este caso. A possibilidade aventada pelo texto era a de que SE e somente SE soubessem, aí sim haveria um acobertamento. E mesmo neste caso o Conrado reconheceu ter exagerado. Como ficou provado que ninguém sabia de nada, então não há como acusar nenhum blogueiro.
Mas a direção do PT de Minas é outro assunto. Esta tem sim responsabilidade, pois um diz que o estuprador foi punido pelo PT, outro diz que não foi e fica nessa guerrinha sem que a verdade apareça.
A questão central do post, enfim, era a de fazer exatamente as perguntas do @iavelar:
Update:
Recebi um tuíte de resposta do presidente do PT, o Rui Falcão, dizendo que o partido está investigando o caso:
Pois bem. É da competência da direção do Partido fazer com que sejam cumpridas as resoluções partidárias, o Estatuto e o Código de Ética.Pela expulsão imediata de Nartagman Wasly Aparecido Borges do Partido dos Trabalhadores.
E linkar a nota (segunda nota) da organização do #BlogProg de Minas que, mais uma vez, é leviana, beirando a boçalidade em reduzir a denúncia à disputa política, com claras intenções de me atingir (detalhe em vermelho).
Reconhecemos como legítimas as cobranças de esclarecimentos acerca do episódio. Repudiamos, no entanto, a exploração político-partidária do fato. Um ativista de um pequeno partido de esquerda no país viu nesse lamentável episódio uma oportunidade de fazer disputa partidária.
Não há blindagem, acobertamento, ou qualquer tipo de leniência com a situação por parte da blogosfera progressista. O recurso à luta partidária, que inclusive transformou um militante mediano em "alto dirigente partidário", só expõe a vítima, e seus familiares, à "curiosidade" na rede e, portanto, a um segundo constrangimento.
Haveria "disputa partidária" se eu fosse membro de algum partido político. Não é o caso. E, mais uma vez, "esquecem" que eu publiquei, mas não escrevi o texto.
Por fim, recomendo a leitura dos tuítes do @viniciusduarte que resume com perfeição todo o caso:
