Concordo. Mas acredito que minhas razões sejam diferentes das dos dirigentes petistas.
Acredito que precisamos de amplas reformas na política brasileira, como introduzir o financiamento público para campanhas, ampliar a fiscalização, punir mensalões e caixas 2 com rigor extremo, procurar um melhor sistema que proporcione representação real à população....
Mas acima de tudo é preciso garantir um mínimo de democracia partidária, para que a população não seja refém de burocracias e direções partidárias viciadas e corruptas.
Mas sabemos como é a política brasileira. Boas intenções e idéias costumam mascarar os reais interesses dos "do andar de cima", que raramente são os mesmos dos nossos.
O PT é um dos partidos que defende o sistema de voto em lista fechada, ou seja, em que os filiados do partido em teoria decidiriam os candidatos e sua ordem. Caberia ao povo apenas votar no partido:
Proposta do PT que é defendida por boa parte da esquerda, propõe que os votos para deputado sejam dados aos partidos, que definiriam listas determinando a ordem de entrada dos candidatos a deputado definidos pelo partido, de acordo com a proporção de votos.Neste sistema, uma ampla democracia interna seria minimamente necessária. Mas se isto seria pedir demais para o DEM e o PSDB.. e mesmo para o PT!
Ao mesmo tempo em que a direção do partido defende este modelo, caminha a passos largos para neutralizar a militância de esquerda, tornando o PT um partido de caciques e consolidando a social-democracia de suporte ao capitalismo como ideologia central. Um socialismo cor-de-rosa, em que o capitalismo é sustentado sob o falso manto de um Estado de bem-estar e de consumismo/endividamento popular.
Nas palavras do Rui Amaro, "
O PT do século 21 é uma sombra desfigurada daquele partido que conseguia aglutinar milhões de trabalhadores, estudantes e a juventude em geral. O PT deste século é o partido do “lulismo” e do “dilmismo”. É o partido das alianças espúrias, dos acordos secretos e dos conchavos com as classes dominantes. Mais que partido da ordem o PT é o partido do pragmatismo radical. Danem-se antigas bandeiras, antigos sonhos e princípios. O que guia o partido não é mais o velho sonho socialista. Em seu lugar cresceu uma espécie de monstro institucional calcado no maquiavelismo distorcido pelos interesses políticos e econômicos dos atuais donos da legenda. Até podemos afirmar que o PT é hoje uma pequena oligarquia.
O PT de hoje, de seu IV congresso, é o PT que mantém Ana de Hollanda destruindo a Cultura, que aposta em um PNBL que garante apenas o lucro das teles em detrimento dos interesses do país e da população, que investe em latifundiários e em obras faraônicas ao invés de na Reforma Agrária e no real desenvolvimento do país, e que investe em educação privada sem qualidade em detrimento de um ensino público de qualidade e mancipatório, precarizando a mão de obra dos professores.
No papel alguns lampejos do antigo PT, como a tese do controle social da mídia, mas sabemos que tudo não passa de balela. É o pão e circo da direção petista para uma militância cada vez mais apáticae cordata.
Alguns efetivamente vendidos.
Questões cruciais, como o direito das mulheres sobre seu corpo (aborto, por exemplo), Reforma Agrária, democratização da mídia, direitos LGBT's e etc ficam bonitos no papel, mas de lá não sairão. Os evangélicos, Garotinhos e Magno Maltas que o digam!
Mas uma das maiores demonstrações da falsidade do discurso das lideranças petistas está na Reforma Política.
Ao mesmo tempo em que defendem as listas fechadas, sob a tese de que automaticamente levariam a uma maior democracia interna e comprometimento dos políticos com as teses dos partidos (eliminando diferenças e suprimindo tendências, ao invés de garantir a pluralidade responsável), propõem uma diminuição significativa e absurda da democracia interna partidária ao dificultar e virtualmente eliminar a possibilidade de prévias internas.
A partir de agora, os diretórios municipais ou estaduais poderão barrar as prévias caso haja apoio de dois terços dos dirigentes.E, segundo a RBA:
Neste caso, o candidato do PT a prefeito, senador, governador ou presidente será definido em encontro de delegados do partido, e não por voto direto dos filiados.
A mudança atende a desejo da ala majoritária do partido. Em São Paulo, o ex-presidente Lula tenta convencer outros prefeitáveis a abrir mão da disputa em favor do ministro Fernando Haddad (Educação).
A definição sobre o sistema de escolha de candidatos criou, na prática, dois tipos de prévias. O sistema atual de prévias fica mantido, com consulta a todos os filiados. Nos casos em que 2/3 do Diretório Municipal decidir pela não realização de prévias, será feita uma eleição de delegados do partido na cidade. Os delegados então escolherão o candidato, numa prévia indireta.Dilma foi escolhida por Lula para ser presidente, não pelo partido ou pelos militantes. Apenas a vontade de um ou um grupo de dirigentes se impôs sobre todo o partido e sua história, e agora tudo se torna oficial. As direções irão decidir os candidatos, sem prévias, com o consentimento forçado da militância.
É realmente uma festa da/de democracia.
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E será ainda maior se apoiarem o PSD do Kassab. O Congresso do PT não vetou a possibilidade de coligação.
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Recentemente o Paulo Teixeira comentou sobre a iniciativa do PT em defender o Voto Proporcional Misto, ou seja, modelo proporcional de voto em lista fechada e em candidato. Além disso, é preciso lembrar que o PT, ao menos, faz a defesa da paridade entre homens e mulheres, ou seja, um candidato homem para uma candidata mulher, o que é louvável e, claro, não surpreende que tenha vindo do Paulo, um político competente e honesto.