segunda-feira, 25 de junho de 2012

Paraguai, Dilma e as alianças com a direita

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Em um debate no Twitter acabei tendo a certeza de que a possibilidade de Dilma sofrer algum golpe da direita é mínimo, praticamente nulo (não digo totalmente impossível porque jamais confiei ou confiarei na direita). E a razão é simples, Dilma não desvia um milímetro da cartilha de direita de seus aliados de direita.

Lugo foi traído por sua própria coalizão. Seu partido, na verdade sua coalização, não tinha elegido praticamente ninguém, logo, como governar? A solução por buscar o apoio do PLRA (Partido Liberal) e de facções do Partido Colorado. Ou seja, Lugo governava em uma coalizão frágil com a direita.

Porém, ele resolveu não usar o Estado para massacrer camponeses, ensaiou uma pequena reforma agrária em um país onde 80% das terras pertence a 2% de latifundiários. Ou seja, ele tentou desviar da agenda imposta pela sua coalizão de direita. E foi derrubado.

Petista, governistas e outros congêneres logo saíram pelas redes gritando que Ligo sofreu por não fazer coalizão ampla e irrestrita com a direita. Chegaram a dizer que Lugo deveria ter atraído a UNACE do General genocida Lino Oviedo, ou a totalidade dos fascistas Colorados (de Stroessner, outro genocida), afinal, se o PT pode se aliar com o Maluf, porque Lugo não poderia/deveria?

O erro de Lugo foi não ser criado uma base social ampla e segura e também uma base partidária. Ele se aliou com quem pôde, e nem isso foi suficiente para mantê-lo no poder. A direita entendeu que era mais fácil fazer o trabalho dela sem intermediários ou alguém que tentava segurar a onda.

Dilma, por outro lado, não tem esse problema. Tem Lula como um guia que é visto quase de forma messiânica pelo país e não arreda o pé das transformações de cunho direitista, maquiadas como se de esquerda fossem. Ainda que, é bom notar, não dá pra descartar um dedo brasileiro (Katia Abreu e cia) no golpe no país vizinho, o que comprova o ânimo golpista dos aliados do governo brasileiro.

Enfim, Lugo não caiu porque não fez alianças com a direita, mas caiu EXATAMENTE pelas alianças que fez, com elementos sem qualquer afinimidade ideológica, apenas para se manter no poder - o que, no caso dele, era necessário ao passo que não tinha quase base parlamentar. Dilma, por outro lado, tinha chances de criar uma base, de usar o prestígio do PT e de Lula, mas preferiu o caminho fácil de se manter no poder à qualquer custo, com mínimo esforço e ampliando sua base ao ponto de agregar, feliz e faceira, bandidos internacionais que ocultavam cadáveres.

Ao contrário, o PT buscou formar alianças com a direita mesmo para as eleições, pedindo votos também par inimigos jurados do povo. Desperdiçou a chance de formar uma base maior e mais coesa, assim como desistiu de suas bandeiras históricas. 

Lugo não aceitava uma base militar dos EUA no país, não queria derramar o sangue de camponeses e ensaiou uma pequena reforma agrária. Desviou da agenda imposta. Caiu.

Dilma talvez não tenha o mesmo destino, ainda que a direita conte com ela e com o PT para cooptar as massas e completar o trabalho que eles fizeram desde sempre ou até para criar uma nova constituinte e permitir que ruralistas e teocratas acabem com o país. Mas por aqui nem se ensaia uma reforma agrária, não se vislumbra mexer nem um centímetro nas benesses criminosas dos latifundiários, dos coronéis da seca e etc.

É preciso ter em mente que no Paraguai não mais que 7 partidos tinham vaga no senado (3 deles com um senador apenas, deixando apenas 4 partidos relevantes), na Câmara dos Deputados são apenas 6 partidos (dois deles com apenas um representante e só 4, novamente, relevantes), ou seja, nenhuma aliança feita com a direita seria ampla o suficiente para que se um saísse outro garantisse a governabilidade.

No Brasil temos mais de uma dúzia de partidos e uma infinidade de possibilidades de aliança.

São situações diferentes, mas o fato é que quem domina aqui e lá é a direita, ao passo que por aqui, a direita não tem do que reclamar.

Não são as alianças em si que garantem o governo e sim o grau de subserviência do governante à estas alianças.
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