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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Nota de solidariedade aos lutadores do PSOL: Macapá não representa o partido

O PSOL não é puro. Nunca pregou "pureza", como repetem seus detratores, porém sempre pregou alianças ideológicas. Há uma enorme diferença entre pureza e ideologia. Infelizmente para os petistas a diferença não existe mais, na verdade, nem a ideologia parece ter restado para a maioria.

Randolfe Rodrigues, Senador do PSOL pelo Amapá e Clécio Luis, candidato a prefeito de Macapá estão passando por cima da decisão do partido de não realizar alianças com partidos opostos ideologicamente ao PSOL (DEM, PSDB, etc) e aparentemente não sofrerão nada por isso.

No Rio Grande do Sul e em outros estados, as direções estaduais tem expulsado aqueles que insistem ou insistiram em se aliar com partidos não aprovados pela direção nacional ou estadual, mas no Amapá nada acontece.

Ivan Valente, presidente do partido - figura que admiro - e membro da mesma tendência que Randolfe e Clécio, não se manifesta, para desgosto dos militantes e simpatizantes do partido e alegria dos petistas que podem - ou acham que podem - rir à toa pelo fato do PSOL ter, em teoria, se prostituído como o PT.

Mas o buraco é mais embaixo.

Não nego que a decisão do Amapá e o silêncio da direção nacional não sejam vergonhosos e criminosos, porém temos de lembrar que várias direções estaduais e municipais já repudiaram tal aliança, assim como vários militantes e membros de diretórios também o fizeram por notas e comunicados.

Em outras palavras, a direção do PSOL do Amapá está, no mínimo, isolada, e sendo sustentada por alguns elementos do Diretório Nacional, mas não encontra apoio ou eco junto à parte significativa da militância.
Ora, o PSOL de todo o país, que acabou de brilhar com uma campanha eleitoral de esquerda, não merece uma agressão como esta que está sendo feita contra ele. É evidente que a candidatura a prefeito de um deputado federal do DEM, apoiada por DEM, PTB e PSDB, só pode ser uma candidatura de direita, da qual não devemos buscar o apoio, e com a qual, muito menos, podemos fazer qualquer aliança programática. Tampouco faz nenhum sentido fazer com estes partidos uma “aliança pela moralidade”. DEM, PTB e PSDB estão na lista de partidos com os quais o DN do PSOL proibiu qualquer aliança nas eleições de 2012. Se esta aliança se mantiver, representará uma mancha que envergonhará e indignará todo o PSOL; obviamente, não se trata de um assunto do PSOL do Amapá apenas.

Um partido cuja razão de ser é representar uma alternativa de esquerda à adaptação da maior parte da antiga esquerda brasileira ao social-liberalismo não pode tolerar esta aliança em Macapá, sob pena de se desmoralizar e de comprometer todo o seu discurso político. A desastrada política encaminhada em Macapá deve ser revertida, ou os responsáveis por ela deverão ser sancionados pelo partido. Se não adequarem sua atuação à linha do partido, não deverão ter lugar nas suas fileiras.
Petistas que comemoram este caso devem esquecer que apoiaram Dudu "Milícia" Pas e que estão eles próprios coligados com o DEM, o PSDB e o PTB em diversos estados e cidades do país - sem qualquer constrangimento, mesmo com a aliança com Maluf e o PP. Apenas alguns poucos petistas ainda conscientes de seu papel e de sua ideologia se insurgiram no Rio e apoiaram Marcelo Freixo contra as milícias, empreiteiras e o imenso poder econômico do PMDB que usa o PT para remover à força famílias de suas casas.

E pelo país podemos citar o apoio do PT ao candidato Edmilson, do PSOL, em Belém. Mas fora isso, vemos um partido aliado de qualquer outro disposto a ceder algumas vagas, cargos e dividir o poder com os Lulo-Dilmistas. Alias, é precciso deixar bem clara a diferença entre os petistas ideológicos e os adeptos do NeoPT e Lulo-Dilmistas. São categorias diferentes, ainda que os ideológicos, na maioria das vezes, se limitem a servir como basse de apoio à direção de direita que os usa para mostrar que ainda são de esquerda, apesar das privatizações, remoções forçadas, homofobia, obras criminosas e etc...
De Milton Temer no Facebook:
Diante de vídeos sobre o ato político em Macapá, comprovando aliança inaceitável do PSOL no 2°turno, reitero meu acordo com a nota divulgada pela Presdiência do Partido, onde fica claro não haver anuência da direção com opções adotadas no Amapá. Mais, não afirmo publicamente, reservando-me para o debate que o partido fará, concluído o atual processo eleitoral. Luta que Segue!!
O PSOL de fato enfrenta uma crise interna, mas definitivamente uma crise localizada e que não altera a concepção de partido e de ideologia da ampla maioria de seus membros que devem, porém, se manter firmes no reúdio a qualquer aproximação com o DEM, PSDB e semelhantes.

Toda essa história começou como um "apoio" - e não aliança - por parte do candidato derrotado do DEM em Macapá e acabou por se desenvolver até uma verdadeira aliança. Oras, mesmo o apoio deveria ter sido repudiado, não se aceita o apoio da direita fascista, racista  escravista brasileira nem de graça, que o diga aceitar se coligar ou mesmo incorporar pontos do programa de governo (sic) do inimigo.

É urgente que os militantes e dirigentes do PSOL se movam e consigam barrar esta aliança que é um desrespeito ao partido e à sua lutae põe em cheque o papel do partido enquanto alternativa de esquerda - ao menos localmente. Uma decisão rápida e dura é a única aceitável a fim de evitar que cresça o descontentamento e desconfiança que já é possível observar e, claro, para que não se permita ao NeoPT e seus aliados da direita e extrema-direita aproveitem a situação.

O PSOL nasceu como uma alternativa e após as últimas eleições mostrou que há espaço para crescer e para ocupar e não merece ter sua história manchada desta forma.
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sábado, 11 de agosto de 2012

Brasil e Paraguai: a diferença é a capacidade de se vender

Dilma ligando para Lugo: "Tá vendo? Eu disse que não bastava se aliar com a direita, é preciso governar para a direita".

Esse diálogo, obviamente hipotético, não me parece distante da realidade, das possibilidades. Dilma e Lugo se sustentam sob uma base de centro-direita. Lugo se sustentava em base composta pelo Partido Liberal e por setores do Partido Colorado. Dilma ainda tem o PT e mais um ou outro partido que se declara de esquerda - por mais que não sejam - em sua base, mas ainda assim é dominada pela direita. Ou melhor, deixou-se dominar através de alianças com a direita, desde a liberal até a abertamente fascista. De PMDB a PP, com passagem pelos evangélicos do PSC e os pastores do PR. Lugo, por outro lado, não tinha nenhum parlamentar de seu partido/coalizão eleito, dependia inteiramente do partido de seu vice e algoz, Frederico Franco, cujo sobrenome é de causar calafrios.

E Dilma, assim como Lula, logo aprendeu que para se manter no poder o caminho mais fácil era fingir que colocava em prática bandeiras dos movimentos sociais e que transformava a sociedade através de imensa propaganda, com uma militância fanatizada e cega, e programas e projetos que, na verdade, tinham e têm o objetivo apenas de criar um mercado consumidor mais amplo.

Educação? “Coloquem os pobres em ‘UniEsquinas’ que lá não terão educação de verdade - mas pensarão que têm - e garantimos os lucros imensos aos empresários do setor. Vamos dizer que todo o país é de classe média, uma bela jogada de propaganda, mesmo que sob renda per capita de 291 reais por família” - o que é situação de miséria em qualquer outro país sério.

Com juros mais baixos, o que em si é bom, conseguem fazer com que a população consuma mais e se endivide mais, passando a idéia de que os bancos não lucrarão muito com isso. “Vamos elevar a renda dos mais pobres, não para que tenham dignidade, mas para, com 291 reais ou um pouco mais, poderem consumir e, claro, garantir o lucro dos empresários”.

E por aí vai...

No fim das contas, bandeiras como a dos direitos reprodutivos da mulher, luta contra homofobia, reforma agrária e outros assuntos proibidos pelos aliados conservadores foram fácil e rapidamente abandonadas por Dilma, pelo PT e pelos remanescentes de esquerda da base. Salvo um ou outro, todos preferiram o fácil poder à dignidade e à ética.

Mas a tática deu certo, o PT continua no poder. Repete que luta contra a direita, representada quase que exclusivamente pelo PSDB (ainda que o PT esteja aliado com o PSDB em várias cidades) e pelo DEM, cujos membros, em grande maioria, migraram para o PSD, que agora apóia o PT e, claro, recebe sua parte do bolo.

Lugo, por sua vez, parece realmente não ter escutado ou aprendido com Dilma. Fez aliança com a direita, mas não aceitou integralmente seu programa. Não aceitou criminalizar abertamente camponeses e os mais pobres e não aceitou derramar o sangue dos membros dos movimentos sociais. Lutou contra o pior que a direita podia fazer. Não que tenha feito um governo de esquerda ou exatamente bom, mas ao menos conseguiu frear boa parte do ódio que a elite tem pelos que não aceitam calados sua situação de subserviência e pobreza.

O Paraguai não é o Brasil, não há dinheiro infinito para dar a aliados sempre que reclamam. Por mais que o Brasil não seja um paraíso, o Paraguai é um país ainda mais pobre, com uma miserabilidade muito maior (em termos proporcionais), com uma sociedade civil mais desorganizada que a nossa e com uma mídia ainda pior e claramente golpista. Lugo não cedeu em tudo, como fez e faz Dilma e em menor grau Lula, e pagou o preço.

Lugo caiu, mas decidiu não resistir. Fica como lição para certa esquerda que aliança com a direita não é garantia de nada. Caso contrarie os "aliados", o golpe pode chegar. Não se confia em fascista, não se coloca a segurança de um país nas mãos de forças retrógradas e conservadoras.

Para a América Latina fica também uma lição, a de que é preciso unir os esforços para evitar a retomada da direita, seja pelas urnas, seja por golpes. E a direita é mestra em dar golpes. Honduras primeiro, agora o Paraguai. A direita está começando pelas periferias da América Latina, pelos mais vulneráveis, mas pode se animar ainda mais.

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Artigo publicado originalmente em 27 de junho no Correio da Cidadania, mas ainda extremamente atual.
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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Paraguai, Dilma e as alianças com a direita


Em um debate no Twitter acabei tendo a certeza de que a possibilidade de Dilma sofrer algum golpe da direita é mínimo, praticamente nulo (não digo totalmente impossível porque jamais confiei ou confiarei na direita). E a razão é simples, Dilma não desvia um milímetro da cartilha de direita de seus aliados de direita.

Lugo foi traído por sua própria coalizão. Seu partido, na verdade sua coalização, não tinha elegido praticamente ninguém, logo, como governar? A solução por buscar o apoio do PLRA (Partido Liberal) e de facções do Partido Colorado. Ou seja, Lugo governava em uma coalizão frágil com a direita.

Porém, ele resolveu não usar o Estado para massacrer camponeses, ensaiou uma pequena reforma agrária em um país onde 80% das terras pertence a 2% de latifundiários. Ou seja, ele tentou desviar da agenda imposta pela sua coalizão de direita. E foi derrubado.

Petista, governistas e outros congêneres logo saíram pelas redes gritando que Ligo sofreu por não fazer coalizão ampla e irrestrita com a direita. Chegaram a dizer que Lugo deveria ter atraído a UNACE do General genocida Lino Oviedo, ou a totalidade dos fascistas Colorados (de Stroessner, outro genocida), afinal, se o PT pode se aliar com o Maluf, porque Lugo não poderia/deveria?

O erro de Lugo foi não ser criado uma base social ampla e segura e também uma base partidária. Ele se aliou com quem pôde, e nem isso foi suficiente para mantê-lo no poder. A direita entendeu que era mais fácil fazer o trabalho dela sem intermediários ou alguém que tentava segurar a onda.

Dilma, por outro lado, não tem esse problema. Tem Lula como um guia que é visto quase de forma messiânica pelo país e não arreda o pé das transformações de cunho direitista, maquiadas como se de esquerda fossem. Ainda que, é bom notar, não dá pra descartar um dedo brasileiro (Katia Abreu e cia) no golpe no país vizinho, o que comprova o ânimo golpista dos aliados do governo brasileiro.

Enfim, Lugo não caiu porque não fez alianças com a direita, mas caiu EXATAMENTE pelas alianças que fez, com elementos sem qualquer afinimidade ideológica, apenas para se manter no poder - o que, no caso dele, era necessário ao passo que não tinha quase base parlamentar. Dilma, por outro lado, tinha chances de criar uma base, de usar o prestígio do PT e de Lula, mas preferiu o caminho fácil de se manter no poder à qualquer custo, com mínimo esforço e ampliando sua base ao ponto de agregar, feliz e faceira, bandidos internacionais que ocultavam cadáveres.

Ao contrário, o PT buscou formar alianças com a direita mesmo para as eleições, pedindo votos também par inimigos jurados do povo. Desperdiçou a chance de formar uma base maior e mais coesa, assim como desistiu de suas bandeiras históricas. 

Lugo não aceitava uma base militar dos EUA no país, não queria derramar o sangue de camponeses e ensaiou uma pequena reforma agrária. Desviou da agenda imposta. Caiu.

Dilma talvez não tenha o mesmo destino, ainda que a direita conte com ela e com o PT para cooptar as massas e completar o trabalho que eles fizeram desde sempre ou até para criar uma nova constituinte e permitir que ruralistas e teocratas acabem com o país. Mas por aqui nem se ensaia uma reforma agrária, não se vislumbra mexer nem um centímetro nas benesses criminosas dos latifundiários, dos coronéis da seca e etc.

É preciso ter em mente que no Paraguai não mais que 7 partidos tinham vaga no senado (3 deles com um senador apenas, deixando apenas 4 partidos relevantes), na Câmara dos Deputados são apenas 6 partidos (dois deles com apenas um representante e só 4, novamente, relevantes), ou seja, nenhuma aliança feita com a direita seria ampla o suficiente para que se um saísse outro garantisse a governabilidade.

No Brasil temos mais de uma dúzia de partidos e uma infinidade de possibilidades de aliança.

São situações diferentes, mas o fato é que quem domina aqui e lá é a direita, ao passo que por aqui, a direita não tem do que reclamar.

Não são as alianças em si que garantem o governo e sim o grau de subserviência do governante à estas alianças.
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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Maluf é a pedra no caixão do PT

Nojo!
Uma chapa com Haddad (PT), Maluf (PP) e Erundina (PSB) poderia,a té semana passada, ser algo inimaginável, mas na verdade seria inimaginável apenas ANTES de 2002. Depois desta data, das alianças com partidos de direita com a desculpa da governabilidade, tudo passou a ser possível.
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Depois do texto escrito, a bela e maravilhosa notícia de que Erundina manteve sua ética e história intactas e pulou fora do barco furado. Que o PT durma com Maluf, ela não irá.
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Depois de 2002 a porteira foi aberta e entraram o PMDB, o PR, o próprio PP nacional, o PSC, o PSD (com Kátia Abreu e Kassab e até Índio da Costa, vice de Serra) e quem mais quiser. MAs poucos estavam preparados para o golpe final no que restava do PT: O Maluf.

Sim, o PP estava e está coligado nacionalmente, mas o simbolismo de ter o próprio Maluf, com direito a foto com um Lula e um Haddad sorridentes, é outra coisa. Notem que Lula sequer se dignou a parecer no anúncio da chapa Haddad-Erundina, mas para agradar Maluf, lá foi ele.

A foto é constrangedora. É uma apunhalada na história do PT e em todos que algum dia militaram ou aidna militam por lá e que tem alguma consciência. Claro que não estou falando dos fanáticos que só dizem sim, como José de Abreu e outros, estes não raciocinam, mas tão somente repetem felizes o que a direção manda.

Não vou gastar um segundo sequer para lembrar quem é Maluf, seu trabalho em prol da Ditadura Militar e na ocultação de cadáveres de guerrilheiros falam por si só. Se petistas estão dispostos a se aliar a capacho da Ditadura, é problema deles. Minha consciência e a dos que já saíram daquele partido está intacta. Não precisarei fazer nenhum malabarismo para justificar porque Maluf é "do bem" e Serra é "do mal". Se formos comparar biografias, me perdoem, mas eu prefiro a do Serra - ainda que concorde com todas as críticas feitas a ele e JAMAIS fosse votar na figura, que é um péssimo político, vindo de um partido igualmente ruim.

E pouco me importa o que pensa ou deixa de pensar o PSDB sobre esta aliança. Eles queriam o Maluf e atacam porque não o tem.

Maluf representa a São Paulo velha, degradada, das obras faraônicas e ineficazes que destruíram, por exemplo, o centro de São Paulo. Representa o "rouba, mas faz", o "estupra, mas não mata", criminaliza o pobre, a vítima e sempre acha uma forma de dar um jeitinho e, no fim, é um criminoso procurado em TODOS os países que aceitam a jurisdição da Interpol. Maluf, se colcoar o dedo fora do Brasil será preso pela Interpol e deportado aos EUA para ser julgado.

O que o PT fez foi, basicamente, se aliar a um criminoso procurado em todos os países do mundo. Que deve milhões à São Paulo, que brinca com dinheiro público, um bandido amigo da Ditadura.
Aliado de Haddad: Procurado em centenas de países.

Ao se aliar com Maluf, o PT cospe, pisa em sua históiria e na de seus militantes. Assume que não vê problemas com desvio de dinheiro, com ocultação de cadáver e deixa claro que não se importa nem com a verdade sobre os crimes da Ditadura e nem com a ética na política.

Não que suas atuais alianças, a homofobia institucional, o privatismo neoliberal, a criminalização das greves dos trabalhadores e dos movimentos sociais não sejam, em si, uma vergonha que mancham a história do partido e denunciam seu caráter (sic) atual, mas Maluf é a pedra final no túmulo do partido que um dia foi Socialista, um dia foi de Esquerda, um dia mereceu voto.

Toda aliança tem um custo. Enquanto petistas dizem queestão "cooptando a direita", nós vemos a realidade, das bandeiras rasgadas e deixadas pelo caminho. Da Reforma Agrária que nunca vai acontecer, do respeito aos direitos humanos que hoje são lenda, dos direitos das mulheres ao corpo, do direito à verdade sobre os crimes da ditadura.... Nunca teremos nada disso. Cooptado foi o PT e sua tropa de choque miliciana e fanática. E não tem mais

Aos que dizem que vale tudo pelo poder eu me limito a lamentar e dizer "não, não vale".

Recomendo ao PT que mantenha sua coerência de neo-direita e coloque logo o Maluf como vice, mas dado o esforço do governo federal em criminalizar a luta das mulheres, o Netinho "espancador de mulheres" de Paula não seria má ideia. Mas com Maluf poderíamos ter a chapa "Malddad" e o slogan perfeito seria "Haddad e Maluf, juntos contra o Mal Maior".
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Recomendo a leitura deste ótimo post da Camila Pavanelli sobre o assunto.
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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Polêmica sobre o PCdoB e o apoio ao Kassab: Reflexos nacionais e o papel do governo Dilma

Um comentário do @eltonbcastro no post em que eu coloquei um vídeo com a declaração do vereador Jamil Murad (PCdoB) em que este defendia a aliança de seu partido com o Kassab - e que isto era bem visto pelo governo Dilma e o que, para mim, abriria as portas para aliança semelhante com o PT - me instigou a dar uma resposta maior, em formato também de post.

Eis o que o Elton disse:
O que o Murad diz:
- Que a saída do Kassab do DEM para a base do governo Dilma pode ser bom para o governo e que o governo e a Dilma estão apoiando isso. FATO.
- Que o Kassab tem conversado com os partidos da base do governo federal, como PDT, PSB e PCdoB. FATO.
- Que o Kassab convidou o PCdoB para comandar a secretaria da copa. FATO.
-Que o PCdoB ainda não terminou a discussão interna para se decidir sobre o convite do Kassab. FATO
Compreendo perfeitamente seu ponto de vista. Mas discordo de sua análise. A questão apenas é que, se tudo isto se confirmar, estaremos diante de uma das maiores traições que um partido já cometeu contra seus eleitores desde o apoio do PT à Roseana no Maranhão. Na verdade, trata-se também do suicídio, senão político, mas ideológico do partido.

Sim, em teoria é possível imaginar que Kassab, que tem não só força eleitoral, mas pode puxar em uma eventual troca de partido um número significativo de prefeitos e mesmo deputados estaduais/federais. Mas as "vantagens" param por aí. Kassab e a corja comandada por ele não deixarão de ter o mesmo pensamento e comportamento elitista, criminoso e higienista de hoje. Kassab não deixará de ser cria do Serra e nem deixará de admirá-lo ou de realizar política da mesma forma que seu mentor: De maneira suja, desonesta e criminosa.

Me assusta - mas não surpreende - que o governo Dilma esteja apoiando esta palhaçada. A intervenção em Minas e Maranhão para o PT apoiar respectivamente Hélio Costa e Roseana Sarney demonstram que vale sacrificar cidades e estados inteiros pela governabilidade nacional - ainda que seja engraçado pensar em que governabilidade é essa que entrega metade do país aos lobos.

Aliás, quanto a estes "sacrifícios" que a direção nacional e o governo impõem aos estados - sem se preocupar com as questões típicas de cada um - me intriga. De que vale governar o país e tentar realizar mudanças se nos estados você perpetua a mesma máfia, os mesmos crimes, os mesmos erros? Ao invés de promover uma política diferenciada, de tentar impor mudanças e novos valores, se aliam ao que há de pior e, de forma aparentemente contraditória, forçam o povo a viver nas mesmas condições precárias de sempre, vítimas do abuso dos mesmos governantes de outrora - mas hoje com chancela petista.

Sim, o Kassab tem conversado com partidos da "base aliada", base esta que consegue agregar todos os espectros políticos interessados em boquinhas, dinheiro fácil e proteção para continuar a fazer canalhices com chancela governamental em troca de "governabilidade".

A militância aceitou a contra-gosto Sarney, aceitou Collor e tantos outros, mas o governo insiste em testar limites, em esticar até o máximo a tolerância e a paciência de todos. Mas, desta vez, estamos falando da maior cidade do país, de onde está a mídia e de uma cidade/estado há décadas sob controle DemoTucano.

E não só controle, mas abusos, desmandos e absurdos DemoTucanos. Será que PT, PCdoB e afins acham que podem eternamente trair seus eleitores e, em especial, a militância engajada, eternamente?

Me desculpem, mas Kassab é o limite. E não há desculpas desta vez. Sozinho, o PT teve a capacidade de quase empurrar Alckmin para um segundo turno e se não cometer a máxima estupidez de dividir sua base tradicional e perder tempo com candidaturas de refugos como Netinho ou mesmo insistir com Marta e os nomes de sempre, talvez tenha chances de brigar nas próximas eleições municipais. E tudo isto sem se prostituir para o Kassab, coisa que o PCdoB está a caminho de fazer.

A idéia de uma aliança com Kassab é tão repugnante que mesmo Murad teve como primeira reação negar qualquer acordo, até finalmente admitir a negociação e o provável acerto. E não se trata de garantir para o PCdoB ou mesmo para a população uma secretaria que faça a diferença, um cargo que possa mudar a situação da população - não que mesmo isto justificasse o apoio do PCdoB ao DEM ou ao Kassab, não importa onde -, mas se trata de uma secretaria que unicamente servirá para o PCdoB pôr a mão em muita grana, a que cuidará da Copa do Mundo.

Serão feitos estádios, mudanças estruturais na cidade para promover a copa, mas pouco alterará a vida ou a situação de abandono da população.

Para mim, o mero fato do PCdoB se dignar a aceitar o convite de um prefeito que perdeu boa parte de seu apoio - enfrenta oposição dos aliados tucanos e resistências mesmo dentro do partido - a fim de garantir sua sustentação (a sustentação de um criminoso), já é um erro tremendo. Aceitando afinal o cargo - lembrando que o partido já aceitou cargos na Câmara, Netinho é primeiro-secretário da mesma - será simplesmente traição.

O Elton ainda continua:
Evidentemente, para quem conhece o centralismo democrático do PCdoB, o Murad não dirá (para fora do partido) qual a sua opinião antes que a discussão interna se encerre e uma decisão seja tomada. E esta discussão está sendo travada levando em consideração o que é Kassab e seu governo mas também:
- que benefícios pode trazer para o campo da base aliada do governo Dilma.
- como pode afetar o problema da hegemonia demo-tucana em SP.
- como pode afetar o projeto político do partido de ampliar seu protagonismo e independência em relação ao PT, especialmente ao PT-SP que vive fazendo de tudo para sufocar o PCdoB e com um vício hegemonista que muito prejudica o surgimento de alternativas políticas para enfrentar o poder da direita.
Só se saberá a resposta depois que a discussão se encerrar. Mas note: esta discussão se dá em torno de questões concretas e estratégicas que visa o avanço no sentido que o programa partidário aponta (sim, para o PCdoB o programa do partido importa), não necessariamente no curto prazo. Por que é isso que importa para o PCdoB: programa, unidade e realizações concretas. Não espero que você concorde com essas prioridades ou entenda o valor de uma decisão tomada segundo considerações estratégicas concretas. É muito mais fácil se perder na discussão de valores abstratos, apoiar candidatos-café-com-leite, simpatizar com partidos em que é "cada um por si", divididos em sei lá quantas tendências internas.
Três pontos foram levantados. E, que benefícios Kassab pode trazer ao governo se isto significa manter São Paulo sob domínio de um criminoso? O Kassab que mandou a polícia bater na população alagada da Zona Leste continua o mesmo. O Kassab que deixou a cidade alagar sem se preocupar em realizar qualquer obra permanece o mesmo. Mudar de partido não muda a pessoa.

Falar em "hegemonia demo-tucana" quando se está às portas de se aliar com o Kassab só pode ser piada.

Usar um demotucano travestido de "Comunista" (ou do que quiser, em qualquer outro partido) não muda absolutamente nada. E, finalmente, "aumentar o protagonismo do partido (PCdoB)"? Tirá-lo do espectro do PT? Pra que? Para dar poder ao Kassab, para dar força à direita pintada de vermelho? Só rindo mesmo. O desespero para ser "protagonista" é capaz de tudo.

Dizer que aliança com a direita - Kassab - irá ajudar a fazer surgir uma alternativa de esquerda não é apenas um absurdo, mas chega a ser criminoso. Kassab é de direita, e da pior possível, e se aliar com a esquerda - ou com o que diz ser esquerda, afinal Aldo Rebelo e Netinho vem testando a paciência - não o torna aceitável, respeitável ou o possível caminho para o surgimento de um campo alternativo de esquerda.

Decisão estratégica é defender o povo e não engordar a conta bancária de uns ou partidária de outros.

Aliás, é preciso um mestre para condensar desta forma:

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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Jamil Murad (PCdoB) defende e justifica aliança com Kassab (DEM)

No vídeo a seguir o vereador Jamil Murad, do PCdoB, justifica (ou tenta justificar) a aliança de seu partido com o DEM de Gilberto Kassab.

No ínício do vídeo Murad rapidamente nega ter qualquer acordo com o DEM, para depois dizer que estão negociando e, no fim, finalmente admitir que foi oferecida a secretaria responsável pela Copa de 2014 (logo, que terá rios de dinheiro) e que, então, estão de acordo em vender a alma em se aliar pontualmente com o DEM.

Interessante, ao fim do vídeo, a justificativa de Murad: É bom para o governo Dilma, que assim o quer. Ainda mais no final, uma surpresa, o que me pareceu escárnio. Vale à pena conferir o vídeo que, apesar do som um pouco comprometido pela bateria que tocava do lado, está perfeitamente audível nos momentos em que interessa, quando Murad fala.

Espero que alguém do PCdoB apareça para justificar ou - ainda que eu duvide, afinal, estamos diante de um partido com Centralismo Burrocrático - repudiar este absurdo.

Kassab é importante, diz Murad. Sem dúvida, para manter os pobres em seu lugar e matar os que não se conformam.

Assistam a partir dos 14 segundos de vídeo.

Jamil Murad (PCdoB) fala sobre aliança com Kassab from Raphael Tsavkko on Vimeo.
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sábado, 12 de junho de 2010

PT e PMDB: A Falácia das Alianças e a venda das bandeiras


Depois das notícias de que o PT nacional passou por cima dos diretórios estaduais do PT Mineiro e do Maranhense para apoiar respectivamente Hélio "Telefônica" Costa e Roseana Sarney, comecei uma discussão no Twitter com o @fabriciovas sobre a necessidade real da aliança com o PMDB.

Concordamos com o fato de que uma aliança com o PMDB é necessária, pro mais detestável, mas discordamos na necessidade de alianças a qualquer preço, com qualquer um e, especialmente, com o sacrifício do PT regional.

De fato, a matemática é importante - e pelo visto o PT concorda que é mais importante até do que suas bandeiras -, mas eu me questiono se a venda de bandeiras pela matemática nos deixa com qualquer sobra. Só eu enxergo o problema com a idéia de "vender bandeiras para garantir uma matemática para aplicar bandeiras"? Se a bandeira foi vendida, o que sobra?

Lula trouxe avanços, claro, mas a que custo? Vale tudo?

A situação nestas eleições piorou. Temer é vice e o PMDB entrará de corpo e alma no governo.... Será?

Quem conhece o PMDB sabe que é um partido de caciques e oligarquias regionais que não tem nada em comum em termos ideológicos. Abarca desde um Requião até uma Roseana Sarney. É um partido que, por suas características, precisa estar colado ao poder para sobreviver. E assim vem fazendo.

Os defensores das alianças regionais dizem que é preciso fazê-las para garantir o apóio ao PMDB, mas eu questiono: Um partido que precisa do poder para viver e que está longe de ter qualquer unidade iria simplesmente ser oposição por ter a vontade de alguns caciques contrariadas? Iría o PT perder o PMDB do Rio por contrariar o de Minas?

Temer é vice, não nos esqueçamos, não já temos (o PT) de alguma forma algum apóio do PMDB graças à esta aliança?

Eu acredito que alguma alianças espúrias são necessárias, mas não concordo que valha tudo. Limites devem ser impostos. E acredito que os diretórios do PT do Maranhão e de Minas impuseram este limite - que fi desrespeitado pelo PT nacional.

Seria bom perguntar ao povo do Maranhão se eles acham que uma aliança com os Sarney faria a vida deles melhorar.

Quem não é do Maranhão dificilmente consegue entender o grau de rejeição à aliança com os Sarney. Uma coisa é uma aliança nacional, no Senado, outra é impor e referendar o atraso in loco. A esquerda do Maranhão - PT incluso - combatem Roseana e os Sarney em geral há décadas e em troca de uma frágil aliança nacional irão jogar fora todos os anos e sacrifícios dos militantes locais.

Se o PT não respeita sua militância, o que respeitará? O que é o PT sem sua militância? Quem defenderá as bandeiras restantes?

Falamos de um dilema, matemática versus bandeiras, mas no caso do PMDB eu não acredito que estamos dentro deste dilema propriamente dito. E o PP é um exemplo.

O  PP é o que há de pior no país, mas esteve ligado ao PT por 8 anos. Recebeu ministérios e benesses. Mas se recusa a apoiar o PT agora. PRefere o Serra ou a "independência". O que isto nos diz? O básico, não confie na direita, não confie em partidos venais. Com estes tipos, as alianças devem ser pontuais e estruturadas.

Voltemos ao PMDB, o partido do poder. Alguma dúvida de que, se a Dilma perder, o PMDB esquecerá qualquer aliança regional ou nacional e irá para junto do DemoTucanato - caminho inverso ao que fez com a primeira vitória do Lula, um precedente - e fingirá que o PT foi apenas um erro do passado? Se este cenário apocalíptico se confirmar, o PT não só vendeu bandeiras por matemática com um partido traidor - grande novidade! - mas também terá perdido Minas, Maranhão e quantos outros estados mais intervir para desrespeitar a base. E ainda terá perdido exatamente esta, a base.

Ao contrário do @fabriciovaz, eu não acredito que o Lula fosse sofrer qualquer impedimento ou fosse deixar de fazer qualquer mudança por causa do PMDB. Este partido se liga ao poder como lagartixa à uma parede. Seu apóio viria e ponto.


E, acima de tudo, acredito que existem alianças e alianças. Uma suposta governabilidade é válida frente à desgraça de um estado. Vamos vender o Maranhão para governar o Rio e São Paulo? O sacrifício de uns vale a alegria de outros? São todas questões complicadas... Mas acredito que inválidas quando se trata do PMDB.

Esse desespero por supostas maiorias é a desculpa perfeita para o apóio ao vale tudo, para o apoio às piores políticas, piores alianças e piores elementos. Aloprados, Mensalão e cia não vieram de graça, são reflexo da matemática frente às bandeiras. Até onde o PT e sua militância está disposta a ir?

Alianças são importantes, mas eu acho que bandeiras valem mais. O que acha o PT?

Mas, no caso do PMDB, reafirmo, as premissas estão erradas. O PMDB apoiará o PT de qualquer forma  - caso este vença as eleições - e aponto algumas questões também sobre o caráter (sic) do partido:

1. Michel Temer, como vice, garante o apoio já de algumas alas sigificativas e tb ataca a própria moral do partido: Iriam ser oposição com vice no governo?
2. O PT está "garantindo" lugares onde o PMDB já está "domesticado", como Rio, Maranhão e Minas;
3. PMDB precisa de poder, logo, apoiará o vencedor, a história prova;
4. PT perdendo, o PMDB irá para o governo de qualquer forma, nisso, o PT terá perdido eleições certas ou possíveis;
5. Num cenário pessimista, mais ideal que real, valeria este: O PMDB funciona como partido regional antes de nacional, são caciques e oligarquias regionais que só se unem quando há interesse mútuo. Se comprometer em nível regional NÃO garantiria, em tese, apóio nacional.

Dentre outros pontos que já foram levantados ao longo do texto.

É com vocês, militantes do PT.

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