sexta-feira, 1 de março de 2013

PT entrega ao PSC de Marco Feliciano a Comissão de Direitos Humanos [update]

Pin It
O PSC - Partido Social Cristão, de extrema-direita que não deveria existir em um Estado Laico - presidirá a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDH ou CDHM) da Câmara dos Deputados muito provavelmente na pessoa do homofóbico e racista pastor Marco Feliciano, para quem gays são doentes e negros são amaldiçoados.

Porque o minúsculo, irrelevante e medieval PSC conseguiu esse cargo? Porque o PT abriu mão da presidência sob a desculpa de que a CDH é menos importante dentro de seu projeto de poder. Exclusivo projeto de poder.

Que o PT abandonou a defesa dos direitos humanos há anos todos sabemos. Belo Monte, "propaganda de opção sexual", PNDH3 abandonado e outras ações e declarações deixaram claro já há muito que da cúpula do partido não sairia nada que prestasse. Mas ainda tínhamos um ou outro deputado sério, como a Erika Kokay, tentando remediar os crimes cometidos pela direção do PT e demais parlamentares contra o povo.

Não resta mais nada.

Mesmo moderados conhecidos não conseguiram segurar a revolta com o caso, ao passo que não faltaram governistas que pagam de defensores dos direitos humanos a se calar ou mesmo justificar.

Marco Feliciano, claro, se fez de vítima, posição favorita dos bandidos krents que, se pudessem, estariam nas ruas matando gays - matam, mas AINDA é ilegal, pese o desprezo de Dilma e do PT por esta minoria.

Em outros termos, teremos na presidência da CDH um membro da Bancada Evangélica que inventiva, em suas pregações, a morte de minorias, o preconceito, o medievalismo. É esta corja que dominará a Comissão de DIREITOS HUMANOS da Câmara dos deputados.

É um panorama simplesmente assustador. Com uma tacada só o PT contenta seus aliados medievais, contenta os desejos de Dilma, que é claramente homofóbica, e se livra de vez de qualquer responsabilidade na área dos direitos humanos. Com a presidência, o PSC, aliado do PT, poderá travar discussões e votações importantes potencialmente constrangedoras para o governo.

O PT escolheu as comissões de Constituição e Justiça e de Cidadania, de Seguridade Social e Família e a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. Coerente. Em especial a de Seguridade Social, onde o partido pode facilitar a tramitação de seus projetos de privatização da previdência, algo que já conseguiram com a dos funcionários públicos, usando projeto original de FHC.
 

Meus parabéns, PT, por fazer o possível para deixar claro a todos e todas que direitos são só para aqueles que vocês e seus aliados consideram humanos e que a luta pelo poder é mais importante que a dignidade humana. Triste de quem, apesar de tudo, continua achando que há o que ser disputado ou, pior, dentro do PT, justificando e apoiando.

Quem se surpreende com a notícia ou com o fato do PT ter penhorado de vez os direitos humanos, e logo aos aliados krents, tem que fazer urgente um reality check e verificar por onde andou nos últimos 2 anos, pelo menos.

A decisão do PT deixar com o PSC a presidência da CDH é, talvez, comparável à declaração homofóbica de Dilma de que não faria "propaganda de opção sexual" em termos de repercussão e feitos. A declaração de Dilma, apesar de simbólica, veio junto com retrocessos históricos em políticas LGBTs e no aumento significativo da violência e assassinatos ao passo que a desistência do Pt de presidir a CDH entregando ao PSC terá consequências diretas nos DH do país.

Sintomático, aliás, que a última entrevista do presidnete do PT, Rui Falcão, a palavra "direitos humanos" não tenha sido citada uma única vez. A palavra "direitos humanos" não consta da entrevista, ao passo que o termo "direitos" vem unicamente atrelado ao consumo:
"O segundo desafio é assimilar as novas demandas dessa sociedade que ascendeu de classe social, daquelas pessoas que conquistaram direitos e foram incorporadas ao mercado de consumo;"
E aos "direitos autorais" da página do político. Sintomático, pois.
----
E é oficial. O PSC indicou o Feliciano para a presidência da CDH. Parabéns, PT.
------