quinta-feira, 11 de abril de 2013

Sobre a convivência, bailes funk e ocupação urbana

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Li um interessante artigo na Carta Capital sobre o cerco que se fehca contra os "pancadões" nas periferias e não posso deixar de compreender ambos os lados.

Se é verdade, como afirma a matéria, que as musicas da periferia são perseguidas, por outro não é possível viver sempre na base do coitadismo quando os pancadões efetivamente são um imenso incômodo para os que não concordam ou simplesmente não se interessam pela "cultura" dos demais, em especial madrugada adentro.

À prefeitura não cabe mandar a PM resolver todos os problemas, especialmente na periferia, onde a PM é conehcida apenas por massacres e pelo genocídio da população negra. PM não discute, dá porrada e na periferia a população está acostumada demais a apanhar.

Mas, por outro lado, cabe à prefeitura encontrar ou mesmo criar espaços para que a cultura da periferia se manifeste. Mandar a PM ou simplesmente proibirr não é a solução.

O outro lado é o dos moradores das proximidades de onde acontecem os Pancadões que NÃO podem ser forçados a se submeter a esta situação. O direito dos jovens de escutar o que quiser, de se divertir e etc não pode significar impedir o sossego de milhares de pessoas e IMPOR sua cultura a todos.

Aliás, é uma crítica que faço a vários coletivos culturais que, digo por experiência, "ocupam" o centro de São Paulo sem querer saber se quem mora por lá está satisfeito em ter "cultura" enfiada goela abaixo o dia todo, a noite toda.

Em nome da cultura muitas vezes temos mera imposição de visões sobre cultura com total desrespeito para todo o entorno.

O projeto do Conte Lopes, da bancada da bala, que "proíbe a utilização de vias públicas, praças, parques e jardins e demais logradouros públicos para realização de bailes funks, ou de quaisquer eventos musicais não autorizados” foi feito sob medida para criminalizar atividades culturais da periferia, em especial o funk, mas a ideia de proibir vias públicas, praças e afins para realização de festas madrugada adentro SEM AUTORIZAÇÃO não é de todo ruim, aliás, a lei já não permite eventos musicais depois das 22 horas em áreas residenciais e mesmo eventos quaisquer em praças, por exemplo, precisam ser autorizadas pela prefeitura.

O que falta em grande parte é fiscalização e aplicação das leis que já existem, e mesmo a adaptação de outras (como o PSIU que não pode se restringir apenas à espaços fechados, quando muitas vezes o espaço fechado atrai dezenas que fazem o barulho na parte externa).

O funk nas periferias não tem que acabar, as ocupações do espaço público não tem que acabar, mas é preciso encontrar locais para certas manifestações e é preciso criar e respeitar as regras que já existem e, acima de tudo, respeitar o entorno.

A Praça Roosevelt é um excelente exemplo de ocupação com cara de imposição e de total desrespeito pelo entorno, no caso, pelos milhares de moradores do local. Um bar que se recusa a fechar e que atrai uma multidão madrugada adentro, gente tocando instrumentos musicais as 3 da manhã nas escadarias em frente aos prédios, música alta na madrugada, gritaria, skates o tempo inteiro... E "eventos culturais" que muitas vezes atraem apenas a sujeira deixada pela meia dúzia de frequentadres.

Ao menos no caso dos skates uma solução se avizinha, mas no resto... São problemas a se tratar. E sem dúvida para os vizinhos dos funks/pancadões na periferia o problema é o mesmo. Não se trata de consumo de droga, de bebedeira, e sim do espaço inadequadamente usado para um evento (ou eventos) que acaba tornando a vida de quem vive no entorno um inferno.

A questão central é conseguir satisfazer quem tem direito a se divertir e quem tem direito a não ser incomodado com a diversão dos outros
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