Algo que surpreende no discurso petista é a insistência deles em afirmar que os atos e mobilizações, tanto em sindicatos quanto na periferia, contra a violência aos diversos grupos de esquerda, seriam em apoio à democracia e... à Dilma!
Incapacidade, inabilidade ou oportunismo?
Confundem - propositadamente - que se defenda a permanência de Dilma no poder até que dela Dilma possa sair democraticamente, no voto, com um apoio a ela e suas políticas.
Esta manipulação feita pela mídia governista é tão nociva quanto o fascismo que dizem combater.
Se por um lado há uma presença forte de fascistas nas ruas - desorganizados e com voz amplificada para além de seu alcance real -, por outro a mídia governista e elementos fanatizados acabam dando munição para a "reação" ao serem incapazes de compreender as razões da revolta popular que não se centrou no PT apenas pelo trabalho destes grupos, mas por razões concretas de vazio ideológico.
“defender a democracia não é defender a dilmocracia.” André Vallias
Maluf e PT são aliados, com o primeiro declarando ser mais "comunista", ou de esquerda que o PT. Como fica o eleitor conservador malufista diante de tal situação? Radicaliza-se.
E como fica o eleitor petista? Das duas (três) uma, a) ou se desilude, migra seu voto e militância para outros partidos de esquerda ou b) fica resistindo e pregando no deserto ou, como vemos muitos casos, c) se fanatiza.
E este fanatismo incapacita o indivíduo de compreender que o problema do governo não é a Helena Chagas, não é o Paulo Bernardo, nem as mentiras de Dilma em rede nacional (sua afirmação de que o brasileiro não pagará pelas "Arenas" beira a ofensa contra nossa inteligência), mas sim a direitização do PT, suas alianças sem qualquer cunho ideológico, a venda de bandeiras e, enfim, a incapacidade de autocrítica petista.
O PT busca se manter no poder a qualquer custo, e o custo está nas ruas.
A direita que odeia o PT faz parte do governo, é da base aliada. Ela, então, se radicaliza como resposta. E a esquerda vira também alvo da insatisfação. Apanha junto. Enquanto isso a "militância", que desaprendeu a militar nas ruas, acusa a direita por todos os males, "esquecendo" que quase toda a direita é governo.
Os fanáticos enxergam problemas em todos e em tudo, menos neles.
Sim, o recrudescimento do fascismo é obra e graça do PT. O PT e suas alianças pra "governabilidade" com conservadores é pai disso. Gilson Nascimento
É preciso compreender que o PT é o partido que governa o país, logo, é o alvo mais visível, assim como é o partido mais presente na vida dos jovens que vão às ruas protestar hoje - estes nunca conheceram FHC, não tem um modelo de comparação à altura do “petismo”.
Da mesma forma que petistas, durante FHC, gritavam “Fora FHC”, uma parte considerável da juventude hoje não está satisfeita com as “transformações” do petismo. Muitos as consideram lentas, insuficientes, limitadas e, porque não, contaminadas.
Ao invés de compreender e encontrar formas de lidar com a situação, o petismo em geral grita “golpe” ou simplesmente acusa indistintamente milhões de pessoas nas ruas de serem manipulados, burros, incapazes...
Lembremos, aliás,que o "Fora FHC" é cria petista, mas um "Fora Dilma" vira "golpismo". Não, não apoio um "Fora Dilma", mas é bom deixar as coisas claras.
PM: Violência é também petista
Parece que toda violência que acontece nas ruas de São Paulo é obra da "PM do Alckmin".
Haddad é poupado.
Parece que ele não elevou as tarifas, nem sabia o que estava acontecendo!
É bom lembrar que, em 2011, quando o PT de São Paulo ainda sabia o que era ir às ruas, manifestantes foram violentamente atacados pela PM e estes mesmos petistas apontaram o dedo para o Kassab, mas hoje não aceitam qualquer culpa do Haddad; esta blindagem burra acaba se voltando contra eles.
A falta de coerência sempre cobra seu preço.
Pois bem, a violência da PM é denunciada em São Paulo, mas não se vê uma palavra sobre a violência da PM de Jaques Wagner, na Bahia, ou da Brigada Militar na Porto Alegre do governador Tarso Genro, ou ainda da presença da Força Nacional em Belo Horizonte, atuando em conjunto com a PM tucana de Aécio Neves.
Violência é coisa de tucano, quando é o PT legitima-se, desculpa-se. E assim o partido vai se perdendo.
Um alerta de direita
Será que faltando um ano para as eleições, com a Dilma vendo sua popularidade cair, com perigo de inflação chegar e do país parar de crescer, a "direita" estaria disposta a dar um golpe e derrubar todas as instituições? Teria a organização necessária e a força de convencimento necessário?
Para mim estamos diante apenas de um alerta da direita: Estamos vivos, somos fortes, estamos insatisfeitos.
Podem querer dar um golpe? Sim, a direita sempre terá elementos golpistas em seu espectro. Querem? Alguns, talvez. Conseguirão ou mesmo tentarão? Não sei. Penso que não.
Antes dos governistas de plantão virem fazer uma de vítima. Não são vítimas, são algozes, não se esqueçam nunca!!!! Estão com medinho? Estão achando horrendo os sem partido, os caras pintadas? Quem disse que não existia mais esquerda nem direita? Vocês se lembram bem! Mariana ParraE é preciso lembrar, acho importante repetir, que a maioria dos presentes na marcha eram meras esponjas, ou seja, nem sabiam o que faziam, apenas absorviam e repetiam. Ainda podem ser conquistados.
E TEM que ser conquistados.
E a esquerda?
O nosso grande desafio é unificar pautas e mostrar nossa força. O dilema, ou problema, porém, é conseguir que essa militância petista que ainda é de esquerda compreenda o mundo a sua volta. Aliados com a pior direita não servem para nada além de base para a mesma direita que os agrediu e que dizem combater.
É engraçado (e triste) que o PT que se aliou com toda a direita brasileira tenha se dado mal nas mãos dessa mesma direita nas ruas (além de, por tabela, ter ferrado os partidos de esquerda) e agora precise da esquerda para responder... a seus aliados.
A esquerda vai, obviamente, lutar contra o fascismo. E irá do lado do PT, cuja militância fanática já tem tomado este "apoio" como uma defesa do petismo.
Não aprendem MESMO.
Num momento critico em que a esquerda se une contra o fascismo, o PT que desaprendeu a militar nas ruas, só consegue pensar em cooptação. Aliado ao PSeudoB, tentaram, mesmo antes da fatídica manifestação na Paulista em que toda a esquerda foi agredida, cooptar a manifestação com uma presença maciça de pelegos da UNE, ausentes quando a esqeerda apanhava.
Ao mesmo tempo a aliança do PT com os mesmos que, nas ruas, os atacou, se mantêm intacta.
Dilma (e o governo) vai continuar a matar indígenas, a pregar homofobia, a tentar dar golpe contra o judiciário, a se vitimizar pelo Mensalão...
Não aprenderam NADA! Continuarão de braços dados com a direita, mas usarão a esquerda quando preciso.
Infelizmente a esquerda está de mãos atadas, pois a luta contra o fascismo é necessária, mesmo que isto signifique ajudar o PT a continuar aliado com os fascistas e toda a direita racista, preconceituosa e golpista.
Parece que pego no pé do PT? Sim, é proposital. A direita não está crescendo só porque é forte ou porque existem muitas esponjas, mas porque a esquerda se deixou enfraquecer e o partido que sempre foi o maior da esquerda aceitou se submeter à agendas da direita para se manter no poder e hoje pouco ou nada se diferencia do resto da direita.
Em Salvador a PM de Jaques Wagner, do PT, espancava manifestantes igual a PM do Alckmin em São Paulo. A Força Nacional está nas ruas, por exemplo, de Belo Horizonte, batendo como qualquer "PM tucana" - e COM a PM tucana. A Abin espiona - ou diz que espiona - movimentos sociais em um governo petista da mesma forma que faria em governo tucano, que infiltra P2 entre movimentos sociais.
O que diferencia então o PT do resto?
A inabilidade política do presidente do PT em convocar sua "militância" para ir às ruas comemorar a derrubada do aumento das tarifas é gritante. Foi o PT, junto ao PSDB, que elevou as tarifas!
Qual o sentido do PT aparecer para comemorar a derrota que as ruas impuseram a eles próprios?
Isto demonstra o total descolamento de grande parte da militância petista da realidade. Vivem em um universo paralelo em que acreditam em todas as propagandas oficiais e levam a sério figuras como Stanley Burburinho, Emir Sader ou Eduardo Guimarães, ou seja, não tem qualquer capacidade crítica e pé na realidade.
Depois de quase 12 anos no poder a certeza que fica é que o PT não aprendeu nada com sua cooptação de movimentos sociais e do abandono de bandeiras histórias da esquerda pela “governabilidade”, que nada mais é que o pano de fundo para justificar privatizações, genocídio indígena, homofobia....
E isto custou e custa muito caro à esquerda.
Ainda vive a esquerda no PT, mas será capaz de retomar o partido ou é hora de buscar outros caminhos? Neste meio tempo, precisamos juntar forças e combater a direita nas redes e nas ruas, mas nunca esquecendo que o PT, infelizmente, também é um inimigo.
