Está ocorrendo neste momento um referendo na ilha de
Mayotte, que fica no Arquipélago de Comores, no leste da África, sobre sua independência ou incorporação como o 101º departamento Francês.
Não seria nada demais se não fossem 3 detalhes.
1. Mayotte é
reivindicado pela União de
Comores como parte de seu território e, nisso, tem o apoio da União Africana que não reconhece o direito da França sobre a ilha, que é uma coletividade ultramarina francêsa desde 1975, data da independência de Comores. A ilha em questão não aceitou a independência e preferiu continuar com a França. Não sem razão a população de Mayotte prefere continuar com a França, minimamente estável, que com Comores, líder mundial em golpes de Estado e com consntantes guerras civis;
2. 95% da população é Muçulmana, etnicamente próxima do resto da população de Comores (Bantu) e com costumes como o casamento de menores e tribunais islâmicos, que deverão ser proibidos com a união efetiva com a França;
3. É interessante a estabilidade e também a vontade de integração de Mayotte com o país que vem sofrendo protestos em massa e crescimento do nacionalismo em seus outros departamentos de ultramar, como
Guadalupe,
Martinica e
Reunião. É um movimento inverso ao que se podia esperar de um departamento francês em meio à crise mundial e aos protestos consequentes. Só para dar um exemplo, Nova Caledônica dá apssos largos para sua independência em
2014.
Comores tenta evitar que Mayotte se torne um departamento Francês e espera usar o pose da união Africana para tal. Dificilmente conseguirá alguma coisa. Mayotte sempre buscou se distanciar da política Comorense e seus golpes e, durante o processo de independência dos anos 70, votou pela permanência com a França e, hoje, aparentemente, mais de 70% da população quer uma integração completa.