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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Os opostos se atraem? Do PIG ao Blog do Planalto


Estreou, enfim, o Blog do Planalto. Os defensores afirmam ser este um instrumento eficaz e necessário na luta contra o PIG e sua política diária de desinformação e aberta campanha DemoTucana.

Em parte, estão certos.

Os detratores afirmam que é campanha pró-Lula, um reforço à Dilma, que é tendencioso...

Também estão, em parte, certos.

Estamos falando de dois extremos, de um lado o PIG, francamente mentiroso e tendencioso (ainda que, para pior, não admita tomar posição e engane uma boa parcela da população), do outro o Blog do Planalto que é, de fato, um blog pró-Lula, um blog tendencioso (ainda que mais abertamente).

A idéia do blog é boa, excelente, um contraponto necessário, mas o problema deste reside no ufanismo apresentado, nas máximas utilizadas e, acima de tudo, no deslumbramento de petistas, neopetistas ou desavisados que colocam o blog como um marco da era moderna, insuperável!

Não é.

O excelente Acerto de Contas, nos traz uma análise ponderada. A oposição está apavorada, desesperada e Lula tem a faca e o queijo nas mãos. O Blog do Planalto, como meio de divulgar ainda mais o que é e o que pode vir a ser o pré-sal é o golpe de misericórdia.
"A oposição apavorou-se de vez com essa história do pré-sal. Sabe muito bem que o presidente Lula vai tirar todos os dividendos políticos possíveis e imaginários dessa botija de ouro que ele deu a sorte de ser encontrada ainda na sua gestão, escondida no fundo do mar. Lula, não tenham dúvidas, quer fazer outro filho na mãe do PAC. E a oposição, sem saber o que fazer, abraçou-se com uma causa inglória."
O Blog é importante, trará um contraponto, mas deve ser lido e usado com cuidado. É político, enfim, carregado de ideologia, não é isento.

Podemos fazer um paralelo, sem medo, do Blog do Planalto com a TeleSur. Ambas são iniciativas importantes, de amplo alcance mas, sem dúvida, tendenciosos.

Foi através da TeleSur que vimos a verdade sobre o golpe em Honduras, enquanto todo o PIG o defendia aberta ou veladamente. Através da TeleSur podemos conhecer a realidade dos países da América Latina, podemos assistir a documentários que no Brasil seriam impossíveis de conseguir, mas ao mesmo tempo temos discursos de 5 ou 6 horas de Chávez, temos uma programação que faz o possível para mostrar só os avanços dos amigos e nunca os problemas.

O mesmo caminho parece seguir o Blog do Planalto, é uma ferramenta pela qual temos acesso à verdade sobre o Pré-Sal, sobre as políticas do governo, sem intermediários, direto da fonte. Mas alguém acredita que surgirão críticas sérias e ponderadas sobre a atuação do governo, sobre Sarney, Collor e os demais neolulistas?

Ambos os veículos são um avanço, mas devem ser dosados e interpretados. Da mesma forma que ler/assistir o PIG sem crítica é imbecilizante, ler/assistir o Blog do Planalto ou a TeleSur - podemos ainda incluir a Brasil de Fato, Carta Capital - sem qualquer crítica é igualmente imbecilizante.

O Mídia Sem Máscara, caso alguém sinta falta, não tem o que matizar ou filtrar, é uma piada de mal gosto.

Estamos tratando de extremos. E cabe à massa crítica com acesso ao blog não adotar o mesmo discurso ufanista nem se deixar seduzir por ele tão facilmente. Estamos falando de uma grande iniciativa, mas não o marco que abalará definitivamente o Brasil ou o mundo.

Como bem colocou o Helio Paz em seu twitter, (@heliopaz):
"Quem garante que mídia hegemônica de esquerda não seria um #pig às avessas?!"
É verdade, os extremos, a um certo ponto, se tornam semelhantes.

Mas uma coisa é fato, o pavor do PIG desta nova ferramenta - que de tanto acesso caiu já no primeiro dia - é patente. Os editoriais tanto d'O Globo quanto da Folha não são apenas tendenciosos, são criminosos.

O Leandro Fortes toca na ferida:
"A perspectiva de utilização de recursos petrolíferos em programas sociais, calcada no modelo adotado por Hugo Chávez, na Venezuela, é a fonte permanente de todo o terror da direita sulamericana, inclusive a brasileira, menos pelo fator ideológico embutido na discussão, mais pelo pavor de deixar nas mãos de um adversário tal instrumento poderoso de financiamento de novas e ainda mais ousadas políticas de distribuição de renda e assistência social. O interessante é que, se tudo der certo, o auge da exploração do pré-sal se dará em 2015, um ano depois, portanto, do mandato do sucessor de Lula."

O grande problema, porém, é concretizar esta perspectiva. Ter a certeza de que o dinheiro realmente chegará até quem precisa e não será diluído na corrupção parlamentar, executiva e judiciária. O desafio não é apenas o Pré-Sal, não é apenas manter as riquezas no Braisl e sim propiciar que o bolo seja repartido.

E lembrar desta frase (ou parte dela) do Delfim não é à toa, o povo espera há décadas para receber alguma coisa pelo seu esforço e sua paciência. Estas fatias do bolo nunca chegam. As elites se encarregam de comer até as migalhas!
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terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Ufanismo do Pré-Sal


Este ufanismo quasi-Varguista em torno do pré-sal é lamentável. Por mais que, de fato, a descoberta e a manutenção destas riquezas seja algo de valor considerável - tanto financeiro quanto moral para o Brasil -, não podemos deixar de questionar um fato de máxima importância:

O pré-sal representa uma imensa riqueza para o país mas... Pra que parcela do pais? Pra quem?

Quem vai receber este dinheiro?

Não falo dos royalties para os Estados e etc, isto qualquer um sabe, mas sim o real destino destes lucros enormes. Será que o povo, neste país tão corrupto, verá algum tostão do dinheiro? Verá real melhoria na sua condição de vida ou tudo não passa de mais um furor nacionalista passageiro para enganar trouxa?

O modelo de exploração do pré-sal com a possível criação de uma Estatal e a obrigatoriedade da Petrobrás estar presente em todo e qualquer ponto da extração é bom, mas insuficiente. Permitir que qualquer empresa estrangeira explore nossas riquezas é temerário. A exploração deveria ser 100% nacional. Mas este é outro assunto.


O assunto, aliás, precisa de maior discussão, está sendo empurrado como nova bandeira do PT pós-mensalão sem qualquer crítica ou amplo debate. Parece o PT sem bandeiras buscando à todo custo buscando uma nova alternativa, algo no que se segurar. Não se surpreendam se a Dilma resolver bater eternamente na tecla do pré-sal quando sair finalmente candidata à presidência.

Voltando ao ponto principal, trago outro assunto à tona, a questão da autosuficiência em petróleo.

Há anos que o governo federal alardeia - na verdade até já desistiu desta propaganda - que o Brasil é autosuficiente. Mas o que isto significa efetivamente para a população? NADA!

Ser autosuficiente refletiu nos valores abusivos dos derivados de petróleo, em especial na gasolina, diesel e etc? Não. Porque será que a Venezuela, realmente autosuficiente, pratica preços módicos - para dizer o mínimo - nas bombas dos postos do país enquanto o Brasil "compete" com os preços dos países mais caros?

Esta autosuficiência, enfim, não passa de propaganda, ufanismo, ou uma teoria sem prática.

E temo que o pré-sal seja mais do mesmo. Descobrimos riquezas que serão exploradas pela Petrobrás e por multinacionais, gigantes do petróleo e, no fim das contas, nada será revertido de real para o país. Só restará o slogan ufanista de que somos autosuficientes, de que temos reservas imensas, de que temos mais uma grande estatal do petróleo e... Só.

Este ufanismo é uma máscara.
"1 -- O petróleo e o gás natural pertencem ao povo e ao Estado brasileiros. E o modelo de exploração a ser adotado tem de assegurar a maior parte da renda gerada para as mãos do povo brasileiro."
Belo discurso mas... "as mãos do povo brasileiro" significa, de fato, o que está escrito ou, na verdade, significa "nas mãos dos grandes industriais, dos governadores, políticos corruptos e lobbie"?

É urgente e necessária a discussão não só do modelo de extração e administração do pré-sal mas, indo além, de como efetivamente se dará a distribuição destas riquezas, tendo em mente a necessidade de que o povo realmente seja beneficiado e não fique só nas promessas vazias de sempre.
"2 -- O Brasil não quer e não vai se transformar num mero exportador de óleo cru. O País quer agregar valor ao petróleo e exportar derivados, para gerar empregos e construir uma indústria fornecedora de equipamentos e dos serviços necessários à exploração do Pré-sal."
Realmente, necessário, mas até hoje só papo. Onde está a refinaria de Abreu e Lima? Porque, com toda a tecnologia de ponta da Petrobrás, os investimentos no beneficiamento do óleo são tão incipientes? O que falta?
"3 -- Destinar prioritariamente o dinheiro gerado pela exploração do Pré-sal ao combate à pobreza, à educação, cultura, meio ambiente e ciência e tecnologia."

O grande problema é realmente acreditar que o dinheiro do petróleo seguira este rumo. De que adianta o maciço investimento na extração e administração do pré-sal para todo o recurso resultante escoar pelo canixa-dois do congresso, pelos bolsos dos políticos do executivo e afins?

Enfim, ainda é preciso muita discussão e o discurso ufanista encobre os reais problemas, a falta de uma maneira eficiente de beneficiar o óleo extraído e como beneficiar a população com os lucros deste beneficiamento/extração. Estamos longe de resolver nossos problemas mais básicos e o petróleo não é a única solução nem será a solução ou redenção.

Resta saber o que este ufanismo realmente encobre. Espero realmente que todo este "oba-oba" não seja apenas uma forma de viabilizar de vez a candidatura de Dilma, já que o PAC não decolou.
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