"O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, declarou nesta sexta-feir na Universidade de Teerã, que 'o povo escolheu quem queria' como presidente do Irã, na votação da semana passada criticada pela oposição e que terminou com a reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad. Khamenei afirmou que Ahmadinejad foi eleito com 24 milhões de votos e que as opiniões do presidente são mais próximas das ideias dele. Os candidatos derrotados na eleição, no entanto, seguem na denúncia de irregularidades.No mesmo discurso, o aiatolá ainda afirmou que qualquer dúvida sobre os resultados das eleições de 12 de junho deve ser investigada por meio dos canais legais, mas ao mesmo tempo confirmou a reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad e descartou uma fraude na vitória do ultraconservador.
Khamenei aproveitou a ocasião para criticar o comportamento dos países ocidentais a respeito da eleição presidencial e das manifestações de protesto contra os resultados.
Mais denúncias
O candidato conservador iraniano Mohsen Rezai, terceiro colocado na eleição presidencial de 12 de junho, denunciou mais irregularidades durante a apuração e afirmou que em algumas circunscrições a participação chegou a 140%, informa o site Tabnak.
- Quando apresento a lista de 170 circunscrições onde a participação ficou entre 95% e 140%, isto quer dizer que falo generalidades ou que os casos devem ser examinados? - questionou em um discurso na televisão estatal.
Kamran Daneshjoo, diretor eleitoral no ministério do Interior, declarou que os três candidatos derrotados em 12 de junho diziam 'generalidades' quando falavam de irregularidades.
Não existe um censo eleitoral no Irã e um eleitor pode, em tese, votar em qualquer lugar do país, mas na prática se conhece a quantidade de potenciais eleitores para cada circunscrição.
Rezai criticou mais uma vez a recusa do ministério do Interior de divulgar os resultados detalhados de cada local de votação, como exige desde sábado.
Os três candidatos derrotados apresentaram uma demanda por 646 irregularidades, segundo o porta-voz do Conselho dos Guardiães da Constituição, Abas Ali Kadjodai."
---------------------------------------"Críticas
A AI também acusou o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, de "legitimar a brutalidade" policial em seu sermão desta sexta-feira em Teerã.
No pronunciamento, Khamenei voltou a apoiar a polêmica vitória eleitoral de Ahmadinejad e qualificou de "inaceitável os enfrentamentos nas ruas".
O líder supremo disse à oposição que ela "será responsável pelo caos" se continuar com os protestos.
"Estamos muito preocupados com as declarações do aiatolá Khamenei que parecem dar sinal verde às forças de segurança para que reprimam violentamente a manifestantes que exercem seu direito a protestar e expressar seus pontos de vista", disse Hassiba Hadj Sahraoui, subdiretor do programa para o Oriente Médio da AI.
"Se nos próximos dias muita gente for para as ruas manifestar seu protesto, tememos que se exponham a detenções arbitrárias e ao uso excessivo da força, como ocorreu em dias passados", acrescentou.
"Que um chefe de Estado responsabilize pelas possíveis consequências em matéria de segurança manifestantes pacíficos e não as próprias forças de segurança constitui uma prevaricação e uma licença para eventuais abusos."
A AI lembrou ao governo iraniano que o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos do qual Teerã é parte ampara expressamente o direito de reunião pacífica.
As forças da ordem "só devem fazer uso da força quando for estritamente necessário", afirmou também a AI."