terça-feira, 14 de setembro de 2010

Plínio de Arruda Sampaio: Do humor à riqueza

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Existe um mito persistente sobre a figura do Plínio que me irrita constantemente, a de sua suposta riqueza. Segundo os detratores, Socialista não pode ser "rico".

Esta farsa é ridiculamente fácil de ser desmontada, mas parece que sempre ressurge.

Em primeiro lugar, vamos pelo mais estúpido: Socialismo e riqueza.

Socialismo não é voto de pobreza, não é nivelar por baixo, não é "socializar a pobreza". A idéia central do Socialismo não é a redistribuição forçada até que todos sejamos pobres, mas que todos tenham o suficiente para viver confortáveis e que a mera acumulação seja um despropósito. Em termos simples, se eu posso fazer de tudo com 10, porque eu preciso de 20? Qual o sentido em guardar o dobro se sou apenas um e faço tudo com o que tenho?

Ser Socialista é defender que todos tenham acesso e direitos e não que ninguém tenha nada.

Segundo ponto, matemática básica.

Plínio tem 80 anos de idade e pelo menos 60 de vida ativa e pública. Ele é "acusado" de ter cerca de 2 milhões em bens. Ok, então vamos calcular quanto o Plínio teria ganho, por mês, em média, trabalhando por 60 anos, ou 720 meses: Pouco menos de 3 mil reais por mês.

Claro que esta conta é apenas ilustrativa, Plínio trabalhou por anos nos EUA, ganhava muito mais que isto e pode, em outros momentos, ter ganho e, ninguém nega, ele tem aplicações que fizeram seu dinheiro render.

Aí alguns ainda criticariam: Aplicações? Um socialista?

Sim, um Socialista. Sê-lo não significa estar fora da realidade e não entender que, por mais que se lute contra o Capitalismo, vivemos nele. E precisamos sobreviver a ele. Ou então sejamos puristas, Socialista não pode ter conta em banco ou cartão de crédito.

Terceiro ponto, ironia versus comédia.

Plínio não é um comediante. Não faz stand up comedy. Faz política séria, carregada de ironia e com um tom absolutamente mordaz. Engraçado? Sim, de fato. Mas sua "graça" é direta e consciente, não é feita para "animar" a platéia, mas para, através de uma certa dose de humor carregada de ironia, fazer sua mensagem ser melhor assimilada.

Os comentários de que Plínio Trolla, faz Stand Up e etc, por vezes, são bem humorados e respeitosos. Nenhum problema até aí, pois ele apenas cumpre seu papel de ser o inconveniente, o que faz as perguntas difíceis, o que toca fogo no debate para que a verdade venha à tona, para que os demais se denunciem, enfim, para desmascarar as candidaturas comprometidas não com o povo, mas com o capital.

Ao fazer rir, Plínio cria não só uma marca, mas uma identidade. Atrai. Chama ao debate, atrai quem talvez não tivesse interesse nos debates sisudos de sempre e chama atenção para suas propostas, para sua candidatura.

A função é criticar sem partir para a baixaria, isto fica a cargo de Serra. É mostrar que a política não é apenas a velha encheção de saco sem sentido, jogada por políticos e para os políticos, com o povo de platéia, mas algo que tem a ver com todos, que vai além do tradicional.

Enfim, Plínio é um homem com décadas de vida pública, de defesa da Reforma Agrária e do Socialismo, logo, merece todo o respeito possível e não ser alvo de piadinhas ignorantes e acusações sem qualquer fundo de verdade.

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