segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O Debate RedeTV / Folha de São Paulo

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Terminado o debate da RedeTV/Folha de são Paulo, acredito ser impossível dizer que venceu. Mas quem perdeu está mais que claro.

Dilma mostrou uma evolução impressionante dos dois primeiros debates para este. Não só mostrou uma segurança incrível, como falou de forma clara, impecável. Engasgou um pouco aqui e ali, notadamente durante seu merecido direito de resposta, mas, no geral, merece nota 10. Fico feliz em vê-la entrando no rumo e se saindo tão bem. Mostra que, além de boa gestora - o que é indiscutível - pode ser de fato uma boa política.

Ponto negativo, ao meu ver, foi a mania de não responder o que o Plínio lhe perguntava, pois o que ele estava fazendo era propor, e não trollar. Mas este comportamento a ajudou quando da pergunta absurda de uma das jornalistas (sic) sobre se colocaria a mão no fogo pela atual Ministra da Casa Civil. Sobre crises, Dilma se saiu bem em suas respostas.

O Plínio, por seu lado, manteve seu tom irônico, mas com uma diferença notável: Foi extremamente propositivo.

Não que antes não tenha sido, mas desta vez fez questão de deixar claro ao Serra que não estava lá para acusar, para perder tempo com picuinhas e tolices - campo do Serra -, mas para servir como contraponto, para apresentar propostas concretas e influenciar.

Já há tempo venho dizendo que o PSOL deve assumir o papel de "puxador" do PT. Convenhamos, meu voto é do Plínio por convicção, por ideologia, mas sabemos uqe a Dilma irá ganhar, e isto é bom.
Em primeiro lugar porque aposenta o Serra (retomarei este ponto em outro post) e afasta os DemoTucanos de vez, e em segundo porque, mesmo com alianças espúrias, mesmo com todas as contradições e problema,s o PT ainda é um partido com o qual é possível dialogar, o PT ainda é um partido com forte ligação com os movimentos sociais e, enfim, o governo ainda pode ser disputado.

Não é o ideal, não até onde queremos, mas dentro da realidade, é o que temos.

E o Plínio, neste debate, exerceu seu papel de apresentar alternativas viáveis ao governo, ao futuro governo.

O PSOL não tem que ser partido de oposição. O que também não significa ser governista. Tem de ter uma posição de representar os movimentos sociais, de criticar aquilo que vai contra estes interesses, mas deve ser consciente o suficiente, e maduro, para apoiar o governo naquilo que está correto. Deve propor, deve debater e brigar. E não agir deforma irresponsável, como fez algumas vezes.

Pontuo:
 Plínio tocou em alguns pontos extremamente relevantes, como a questão habitacional. Criticou a especulação imobiliária e, de forma indireta, o programa "Minha Casa, Minha vida", e está correto. Não se colocou contra o programa, mas criticou que seja o ÚNICO programa para a habitação popular. Porque não ampliar a linha de raciocínio? Porque não tentar adotar um modelo que funciona no Reino Unido e que poderia ser perfeitamente aplicado no Brasil, que é o de aluguéis compulsórios de residências não-ocupadas?
 
Pego o centro de São Paulo como exemplo. são tantos apartamentos abandonados ou cujos donos deixam vazios apenas para esperar por uma alta no mercado para vender por preços exorbitantes que até mesmo o Kassab sentiu o cheiro de lucros e elevou o IPTU para forçar a venda ou ocupação destes. Claro que o Kassab tem interesse em aquecer o mercado para ajudar seus financiadores de campanha, mas a proposta de exigir também função social das moradias sehue o padrão da função social da terra.

Não faz sentido, com a quantidade de prédios desocupados nos centros das cidades, que se construam novos nas periferias, afastados dos centros, apenas para agradar as empresas que especulam. O @samadeu, comentando comigo, foi até além, o governo poderia comprar estas residências, apartamentos e etc e repassar para a moradia popular.

Outro ponto relevante citado pelo Plínio foi o do Bolsa Família. Ao contrário de alguns mais raivosos que interpretaram de forma totalmente equivocada - e também admito que ele não soube se expressar da melhor forma - , ele não se colocou contra o programa, mas sim a favor do salário e do emprego.

Eu não considero, como ele disse, que o Bolsa Família seja "uma humilhação", mas também não vejo como uma "alegria" recebê-lo. Já conversei com quem recebe e a maioria gosta por ser necessário, mas preferia estar trabalhando e ganhando seu proprio dinheiro.

Este é o ponto central do discurso do Plínio. Bolsa Família é bom, mas é pouco. É paliativo, é programa e não direito. É preciso de mais. Políticas Keynesianas são boas, mas tem validade, devem ter prazo de validade. É preciso ampliar as reformas estruturais para permitir que os que hoje recebem a Bolsa, possam ter um trabalho digno e decente. Duvido que qualquer um discorde deste ponto.
Plínio ainda tocou em outras questões sensíveis, como a da educação, auditoria da dívida e outros temas sensíveis. Como sempre, foi muito bem. E, de quebra, demonstrou sua preocupação na construção de uma base sólida, pedindo, no final, o voto nos candidatos do PSOL, para que seus projetos possam ser lembrados e aplicados.

Do outro lado, temos, sobrando, Serra e Marina.

Serra foi uma lástima. Raivoso, deselegante e caluniador. Um verdadeiro DemoTucano em desespero, vendo sua candidatura afundar, sendo abandonado por aliados e ridicularizado pelos que sobraram.

Não vale sequer perder muito tempo com o Serra, figura nefasta que não propôs nada, mentiu, caluniou e teve a cara-de-pau de dizer que seu partido e sua candidatura são limpas, que não tem máculas. O Arruda manda lembranças e a Provatariado governo FHC ainda está presente em nossas mentes.

Já a Marina, coitada, sonolenta, esquecida, nada propôs, parecia ausente. Sua presença mal foi notada - e não fez efetivamente nenhuma falta.


Enfim, um bom debate, acredito que o melhor que tivemos até agora. Excelentes Plínio apresentando propostas, Dilma se mostrando segura, Serra afundando e Marina sem atrapalhar, voltando pro seu limbo.


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