segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Brutalidade policial e os "legítimos" instrumentos de tortura em massa

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É válido um questionamento sobre o uso indiscriminado e descontrolado de armas ditas "não-letais" pelas forças de "segurança".

Balas de borracha, bombas de gas lacrimogêneo eufemísticamente chamadas de "bombas de efeito moral", sprays de pimenta concentrada e mesmo armas de choque são armas potencialmente letais, usadas de forma indiscriminada por policiais sem qualquer tipo de treinamento, e pior, com vontade de causar o máximo de dano que puderem.

Caso matem a vítima com estas armas "não-letais", poderão dar a desculpa de que foi sem querer ou de que cumpriam ordens.

Estas armas são basicamente instrumentos de tortura em massa com selo de aprovação governamental.

No protesto dos estudantes da quinta passada, além da costumeira violência polícial injustificada, vimos atônitos o uso indiscriminado e bombas e balas de borracha. Diversos estudantes ficaram feridos, com marcas da ação policial. Balas acertaram pessoas no peito, no rosto, estilhaços de bomba atingiram outros tantos... E a todo momento as imagens mostram que os policiais miravam alto, com clara intenção de causar ferimentos sérios e jogavam as bombas o mais próximo possível dos estudantes que corriam em desespero.

Não se trata só de mostrar o absurdo de uma força policial com escudos e armadura atacando estudantes desarmados, mas do uso de armas potencialmente letais sem qualquer tipo de cuidado ou preparação.

Toda a ação foi acompanhada de perto e apoiada tanto pelo capitão da PM Amarildo Garcia, quanto por um inspetor da GCM. Estes, inclusive, estiveram presentes e atuantes no espancamento do estudante Vinicius, do PCB, que passará por cirurgia na face devido ao espancamento.

O Capitão chegou até mesmo a segurar, literalmente, uns policiais mais exaltados, segundo afirmou testemunha, mas o espetáculo continuou. Sem dúvida os advogados dos vereadores presentes - dois deles, José Américo e Donato, forma inclusive vítimas da violência policial - e do movimento irão levar o caso à Ouvidoria da Polícia Militar e Corregedoria de Polícia para abertura de inquérito.

Mas isto não é suficiente. Não se trata apenas de repudiar a violência em si da polícia, mas também denunciar seus métodos de repressão.

As imagens divulgadas pelo Jornal Nacional - que não deixou de apelidar a brutalidade policial de "confronto", esquecendo que para tal seria preciso resposta do outro lado - mostram claramente a desproporcionalidade e violência do momento em que a PM partiu para cima dos estudantes.

Algumas centenas de estudantes desarmados poderiam facilmente ter sido contidos pela mera pressão da polícia, com escudos e cassetetes - isto sequer se a idéia de que os estudantes começaram alguma coisa fosse factível -, mas o pacote não seria completo sem o abuso de "armas não-letais" para único e exclusivo divertimento da tropa.

Algumas testemunhas do protesto afirmaram que um pequeno grupo de punks passou pelas grades de isolamento da prefeitura e atiraram tinta e rojões na fachada. Fosse ou seja isto verdade, a ação da polícia, atacando centenas de manifestantes não se justificaria da mesma maneira.

Policiais sem qualquer tipo de identificação usam e abusam de seu armamento, tendo nos estudantes alvos móveis sem possibilidade alguma de reagir.

A polícia de Alckmin e KAssab continua a mesma. E o povo continua a ser vítima inocente em suas mãos.
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