Primeiro, a tentativa dos estudantes de terem a reunião prometida com o Secretário Municipal dos Transportes - Marcelo Branco - ou com o secretário adjunto da Secretaria de Transportes, Pedro Luiz de Brito Machado.
Durante a manhã, integrantes do movimento se reuniriam com vereadores e o secretário adjunto da Secretaria de Transportes, Pedro Luiz de Brito Machado, para discutir a questão do aumento. No entanto, Machado não compareceu à reunião e apenas um ofício foi encaminhado tratando de questões outras que não a negociação de redução da tarifa. Por isso, os participantes da reunião foram até a Secretaria de Transportes exigindo serem recebidos. Os mesmos conseguiram ser recebidos na Secretaria de Transportes, no entanto, a conversa não trouxe avanços nas negociações e as reivindicações agora estão sendo feitas diretamente à Prefeitura.
Foto dos estudantes acorrentados. Tirada pela vereadora Juliana, PT |
Uma manifestação já tinha sido convocada para as 17h na frente da Prefeitura e o protesto acabou por também ser uma demonstração de apoio a estes 6 estudantes.
Cheguei apenas pouco depois do momento em que a brutalidade policial estava no auge, em que bombas e balas haviam sido disparadas contra os estudantes. Mas era possível notar o clima, o ânimo dos estudantes e contar os feridos.
O segundo momento visível é o da impressionante brutalidade policial pouco depois do início do protesto.
Segundo o vereador José Américo, do PT, entrevistado pela Record no dia seguinte, se um ou outro presente ultrapassou as grades não tinha a ver com o movimento. Punir coletivamente um movimento de centenas, quiçá milhares de pessoas pelo erro de um ou dois é simplesmente vergonhoso. Pior, é criminoso.
Aliás, é lugar comum em manifestações que acabam com violência um pequeno grupo de punks fazer com que todo o coletivo pague por sua irresponsabilidade.
De toda forma, as cenas de violência foram amplamente captadas pela mídia e mesmo o criminoso Jornal Nacional não pôde esconder a realidade.
Obviamente não deixaram de anunciar o episódio como "confronto", esquecendo que para tal seria preciso que o outro lado respondesse, estivesse igualmente armado e disposto a lutar. Na verdade o que vimos foi uma demonstração - mais uma - de completo despreparo policial, de brutalidade excessiva e de descaso do prefeito e governador que mandaram estudantes serem espancados.
Marca de bala de borracha na perna |
Bala de borracha no rosto |
Vinícius sendo imobilizado, sangrando muito. Foto do Uol |
Como se não bastasse a polícia roubou sua mochila, na qual ele levava seu trabalho de mestrado em um pen drive. No mínimo curioso pensar na polícia, teórica defensora da lei, ROUBANDO um estudante.
A polícia de Alckmin é mesmo uma doçura.
A mídia mais tarde informou que pelo menos 3 vereadores, 5 estudantes e 2 policiais ficaram feridos. Vale notar que os policiais feridos foram provavelmente vítimas de seu próprio gás de pimenta. Não sem alguma cara de pau, a prefeitura divulgou nota lamentando a "violência usada pelos manifestantes". Kassab é um piadista.
O fato dos policiais estarem sem identificação pouco importou à mídia e sua tese do "confronto".
José Américo e Donato sendo atacados pela polícia. Foto do Uol |
O terceiro momento, quando tudo se acalmou - ou quase - foi a reação dos presentes. O ódio estampado no rosto dos estudantes, a tentativa do movimento se reagrupar, as denúncias feitas pelo vereador José Américo (PT), ele próprio agredido pela polícia (junto com o vereador Donato, também do PT), e o crescimento da manifestação e preparação pra vigília.
A partir deste momento o acorrentamento voluntário deu lugar a uma situação de sequestro. Os estudantes dentro da prefeitura decidiram que iriam se retirar pacificamente e pôr um fim ao protesto, mas foram impedidos pela polícia. Inicialmente um oficial da GCM estava comandando a operação, mas foi substituído pelo responsável pelo gabinete militar do Kassab que, então, se recusou a permitir a saída dos estudantes sem que fossem fichados e saíssem por trás do edifício, e não pela frente - o que seria uma humilhação para o movimento.
A divisão sectária do movimento estudantil ficou óbvia na plenária realizada sob a liderança do MPL para decidir se os 6 acorrentados deveriam sair ou se deveria ser feita uma vigília durante toda a noite em apoio aos acorrentados, que permaneceriam na prefeitura.
Mas tudo aconteceu de forma invertida. A informação que chegou de dentro era a de que alguns queriam ficar, outros sair e os de fora deveriam decidir. Na verdade, segundo soubemos antes, todos que estavam dentro queriam sair, mas cometeram o erro de deixar a decisão nas mãos de outros. A demora na plenária externa em deliberar - foram várias pessoas defendendo um ou outro lado e uma imensa confusão sobre o resultado - fez com que a polícia tomasse a decisão de não deixar mais ninguém sair sem as condições já descritas: Fichar e sair por trás.
Pela contagem feita, aparentemente os estudantes do lado de fora em sua maioria preferiam que o protesto lá dentro continuasse e que se fizesse uma vigilia durante a noite inteira (gritos de "Egito" eram ouvidos a todo momento), mas dificilmente esta maioria iria se manter firme até o fim da noite, visto que a maioria sequer ficou até a soltura dos reféns, nem bem 3 horas mais tarde.
Desde pelo menos as 18-19 horas que as negociações para a libertação dos estudantes começaram e estes só foram liberados perto da meia noite.
Os vereadores presentes - soube-se que o Police Neto chegou por volta das 10 e meia da noite - passaram horas a fio negociando e o deputado Ivan Valente, ao sair para dar um informe da situação foi impedido de retornar à prefeitura pela polícia e apenas muito depois conseguiu entrar por porta paralela.
Temos então nosso sexto momento, a saída vitoriosa e triunfal dos estudantes!
Foi, de maneira incontestável, uma vitória do movimento estudantil e uma demonstração de força. Ao saírem pela porta da frente, mostraram ao Prefeito que não irão recuar, e que não aceitarão nada além da vitória.
AMANHÃ VAI SER MAIOR!
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