sábado, 26 de fevereiro de 2011

O PT rumo ao centro.... ou à direita?

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Este post nasceu de comentário feito ao post PT rumo ao centro; e oposição na UTI de Rodrigo Vianna, em seu blog.
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O que eu vejo é o PT se perdendo, e nós também perdendo. O partido caminha pro centro - na verdade pra direita, no centro já es´ta - abandonado o ideal de mudar efetivamente o país e fica no assistencialismo que deveria ter hora para ser substituído por políticas mais sólidas de inclusão, e não da manutenção eterna deste modelo, que nada mais é do que garantir um eleitorado cativo com medo de perder seus ganhos sociais.

Lula não foi apenas vítima de sua própria política social, no fim ele propiciou uma guinada assustadora do partido. Uma guinada da cúpula, que se afasta da base. Um partido que sempre foi comandado pela base pouco a pouco foi moldado pelo Lulismo (análise excelente do Rudá Ricci na Caros Amigos, aliás) e a base deu lugar aos palacianos, aos poderosos.

O perigo é o partido ver sua base tradicional se afastar, se desligar e entrar em uma via sem retorno a caminho da direita, aceitando elementos e criminosos como Kátia Abreu e Kassab em sua base.

Se por um lado Sarney era justificável (ainda que não o apoio à Roseana no MA), por outro a corda já foi esticada ao máximo. Kassab, Kátia Abreu e cia não são aceitáveis, não são necessários e transformam o governo do PT de transofrmador em apenas um govenro que busca todos os meios de se perpetuar, mas sem as bandeiras de outrora.

Aliás, o fortalecimento do PSB via o novo partido do Kassab pode ser uma caixa e pandora para o PT, que terá um rival em ascensão ao mesmo tempo em que o PCdoB ensaia se afastar.

O PSB terá nomes fortes como Ciro, Chalita e o próprio KAssab e podem ameaçar a hegemonia petista em diversos estados e Dilma está longe de ter o carisma de Ciro, se este resolver desafiá-la pela presidência.

O PT/gov está dando mais um tiro no pé. O governo está destruindo os principais projetos e conquistas do governo anterior, como a política externa, o PNBL (que agora será entregue às Teles e continuaremos na mesma m*), regulação da mídia/confecom, os debates sobre a reforma da LDA, os Pontos de Cultura, o CC e por aí vai.

A análise de que o Lula tem a função de segurar a esquerda e a Dilma de flertar com o "centro" (que é direita, sem eufemismos) pode causar um racha de grandes proporções tanto no partido quanto na sociedade.

Não temos oposição, e caminhamos para minguá-la ainda mais, mas mesmo assim o governo continua sem projeto próprio, ou melhor, abandonou este projeto e abraçou a agenda dos aliados, do PMDB e pode adotar a agenda do DEM.

O que será do MST com a Katia Abreu no governo, na base aliada? Será tratado a bala? Abandonado?

O futuro com esse neo-PT e estes neo-governistas é cinza.

Estas mudanças não vem apenas de cima, claro, mas do apoio que os milhares de novos filiados que entraram no partido durante o governo Lula e que nem de longe estavam comprometidos com as antigas bandeiras petistas, mas estavam interessados na continuidade do assistencialismo e da política econômica. Em 7 anos de governo (o período pesquisado), o PT cresceu 44% e não resta dúvida que a franca maioria destes neo-petistas não foram militar no O Trabalho ou nas demais correntes de esquerda menos radicais.

As mudanças que resultaram na Carta aos Brasileiros, de 2002 foram impostas pela direção majoritária, mas em geral a vontade de finalmente eleger um presidente fez com que diversas correntes aceitassem mais ou menos caladas as reformas. Já com Dilma, a coisa é diferente. As antigas lideranças e os militantes históricos deram lugar a uma burocracia partidária acostumada com o poder e também a um número significativo de novos filiados sem grandes ligações com o passado e bandeiras do partido.

O dirigismo dos palacianos se fez sentir especialmente na nomeação de Dilma como sucessora, decisão de Lula e aliados sem qualquer consulta ao partido. A consulta foi feita apenas quando a decisão estava tomada.

Durante todo o período grassava o medo, promovido pela direção, de que qualquer alteração ou oposição interna poderia pôr a perder as conquistas de então. Durante Lula foi assim, durante as eleições igual e, agora, continua o mesmo.

Como se vê, as conquistas estão sendo não perdidas, mas jogadas no lixo. O PT tem de decidir se seguira sua base legítima ou os neo-petistas e a direção burocratizada e viciada em poder. Tem que decidir se seguira transformando o país ou se irá se conformar a abandonar suas bandeiras em troca de poder.

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