Cadáveres da ‘Operação Tigre’ assombram passado do vice de Roseana Sarney
A "Operação Tigre" foi desencadeada em Imperatriz com o propósito de "varrer" a criminalidade da região. Seu idealizador, o então governador João Alberto, deu uma espécie de "licença para matar" a seu subsecretário de Segurança Pública, o delegado classe especial Luís de Moura Silva (hoje condenado por chefiar o crime organizado no estado) e ao coronel José Rui Salomão Rocha (morto em novembro de 2005, em Fortaleza, em conseqüência de um enfarte).
Os corpos dos irmãos Noleto, fuzilados pela 'Operação Tigre'
Para o advogado José Agenor Dourado, que em 1990 era presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-Imperatriz, a "Operação Tigre" se constituiu num dos maiores morticínios institucionalizados do país.
"Foi mais grave do que os 'esquadrões da morte', que agiram no Rio e em São Paulo nas décadas de 60 e 70. Os 'esquadrões' eram grupos de policiais insatisfeitos que atuavam à revelia do Estado. A 'Tigre' foi incumbida de matar, assassinar, pelo próprio Estado. Ela foi determinada pelo próprio governador. Isso é muito mais detestável do que alguns policiais formarem um grupo de extermínio".
Não se sabe até hoje - e talvez nunca se saiba com exatidão - quantas pessoas foram executadas pela "Tigre". De acordo com o advogado Josemar Pinheiro, também ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, que enviou à Organização das Nações Unidas (ONU) dados sobre a operação, mais de 100 pessoas foram assassinadas pela polícia nos pouco mais de quatro meses em que os PMs pistoleiros atuaram na região de Imperatriz.
Sabe-se que bandidos notórios sucumbiram crivados de balas, mas muita gente com ficha policial limpa - ou na condição de meros suspeitos - também foi morta. Entre eles, os irmãos Ildeneio e Ildean Noleto.
Oswaldo Viviani, Jornal Pequeno
Gente do povo grita, protesta e chora em frente ao Palácio
Neste momento, Jackson deixou o palácio ao lado da esposa, Clay Lago, do ex-vice-governador Luiz Carlos Porto, do presidente da Assembléia Legislativa, Marcelo Tavares, dos deputados federais Roberto Rocha, Domingos Dutra, Julião Amin e Ribamar Alves e dos deputados estaduais Edivaldo Holanda, Rubens Júnior, Eliziane Gama, Afonso Manoel, Valdinar Barros, Nonato Aragão, Mauro Jorge, Chico Leitoa e Penaldon Jorge.
Estavam também ao lado de Jackson diversos vereadores e prefeitos de municípios do interior do Estado e os ex-secretários Lourenço Vieira da Silva, Joãozinho Ribeiro, Júlio Noronha, Margarete Cutrim, Aderson Lago, Luiz Pedro, Abdelaziz Aboud Santos, Eurídice Vidigal, João Francisco dos Santos e outros.
Quando o ex-governador desceu à Avenida Pedro II, houve um momento de comoção: muitos militantes, chorando e agitando bandeiras e cartazes, despediram-se dele gritando: “Jackson, guerreiro do povo brasileiro”. “Vamos continuar lutando. Vamos escolher estratégias que não tirem de nós a imagem de legalistas, de cidadãos cumpridores do seu dever. Vamos continuar processos outros. Só vamos mudar de local de resistência”. Com essas palavras o ex-governador pôs fim ao movimento de resistência no Palácio dos Leões, 48 horas após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que determinou a posse de Roseana Sarney no governo do Maranhão.