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Desde a independência de Moldova que o Partido Comunista domina o cenário político de Moldova e esta era parece ter chegado ao fim.
Depois dos protestos após as eleições de abril/maio, onde a casa presidencial e o parlamento foram atacados, depredados e quase incendiados, a candidata de Voronin, presidente então de Moldova, Zinaida Greceanii, não conseguiu se eleger pelo bloqueio imposto pela oposição.
Depois de dois turnos uma nova eleição foi convocada e, desta vez, os Comunistas conseguiram o maior número de votos mas perderam 12 deputados, conseguiram "apenas" 48 deputados. A oposição, enfim, triunfou. Nenhum dos partidos de oposição chegou aos 20% dos votos mas, unidos, somam 53 cadeiras.
Os Comunistas, agora, terão de negociar com a oposição liberal para a formação de um novo governo, lembrando que são necessários 61 votos para a eleição do presidente.
Fato notável dos protestos pós-eleitorais que sacudiram o país foi o uso do Twitter como ferramenta de organização e convocação de protestos. E, no fim, os manifestantes mostraram que realmente eram arautos da vontade popular.
Resultado das eleições de Abril:
Vitória esmagadora Comunista, mas sem a maioria para indicar o novo presidente por uma cadeira.
Comunistas: 49,48% - 60 de 101 cadeiras no parlamento
Partido Liberal: 13,14% - 15 cadeiras
Partido Democrático Liberal: 12,43% - 15 cadeiras
Aliança Nossa Moldávia: 9,77% - 11 cadeiras
Resultado das eleições desta semana:
Comunistas: 45,07% - 48 de 101 cadeiras no parlamento (menos 12)
Partido Liberal: 14,36% - 15 cadeiras (mesmo número de abril)
Partido Democrático Liberal: 16,40% - 17 cadeiras (2 a mais)
Aliança Nossa Moldávia: 7,37% - 8 cadeiras (3 a menos)
Partido Democrático: 12,61% - 13 cadeiras (aumento de 13 cadeiras, na eleição de abril o partido conseguiu apenas 2,97%)
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É válido notar que, no geral, o Partido Comunista perdeu menos de 5% de seu apóio, mas, ainda assim, perdeu um grande número de cadeiras e dificilmente governará Moldova daqui pra frente.
O que vem a seguir é uma icógnita. A oposição provavelmente buscará eleger um candidato de seu bloco, mas vale lembrar que os partidos da atual oposição não são homogêneos, na verdade são bem díspares, o que os une é o sentimento anti-comunista e pró--europeu. Daí em frente, muita negociação erá de ser feita, até mesmo para lançar um candidato de coalizão num meio de partidos que tem pequena votação e pouca diferença no número de votos entre si para que algum desponte como favorito.
Uma outra opção seria a do Partido Comunista simplesmente bloquear qualquer nova eleição presidencial e Voronin se manter no cargo até pelo menos o ano que vem e, neste meio tempo, tentar recuperar os votos perdidos.