
Atualizando as informações, o governo chinês anunciou que o número de mortos chegou aos 184, ainda que a maquiagem absurda do governo aponte para um massacre de Hans e não de Uigures!
Segundo o governo as maiores vítimas da repressão policial e das turbas armadas com paus e pedras (turbas Hans, diga-se de passagem) não foram os Uigures, vejam só, mas os pobres e humilhados Chineses! Seria 137 mortos da etnia Han (111 homens e 26 mulheres) enquanto só 45 seria Uigures e um Hui.
Não surpreende a torpe tentativa do governo chinês de tentar driblar a verdade com uma tosca manipulação de números. Como poderiam os Han serem a maioria das vítimas quando as imagens claras demonstram que estes foram duramente reprimidos e massacrados? Cabe ao mundo escutar a voz da razão e denunciar a propaganda chinesa, a mesma que anuncia nunca ter acontecido nada em 1989 na Praça da Paz Celestial ou que nega aos Tibetanos o direito de decidir seu futuro.
"We feel we are being insulted. This is our mosque. But we are not allowed in, while they let in non-believers," said a young man, pointing out that Chinese security forces had been stationed inside and even in the minarets jutting out above an adjacent expressway."Vale a leitura do excelente artigo da The Economist sobre o Xinjiang e uma interessante comparação da situação do Tibet com a dos Uigures.
No caso Tibetano, a figura pública e promotora da independência - ou da autonomia - é o ganhador do Nobel, o Dalai Lama, uma figura não só reconhecida mas que conta com apoio de astros e políticos pelo mundo. Do lado Uigur os principais líderes são Erkin Alptekin, filho de Isa Yusuf Alptekin, líder fundador da primeira República do turquestão Leste, nos anos 30 e morto em 1995 no exílio aos 94 anos e Rebiya Kadeer, uma empresária Uigur que vive nos EUA mas pouco conhecida pelo mundo.

* The Chinese government has accused militant Uighurs of working with Islamist militant group al Qaeda to bring about an independent East Turkestan by violent means.
* Human rights groups say China has used its support for the U.S.-led fight against al Qaeda to justify a wider crackdown on Uighurs, including arbitrary arrests, closed-door trials and application of the death penalty.

O trabalho que os líderes Uigures tem pela frente é ainda maior que o dos tibetanos pois, além da inexistência de uma liderança reconhecida e relevante fora das fronteiras do Xinjiang e talvez das nações Turcas, pesa ainda sobre os manifestantes e nacionalistas a pecha de terroristas, de fanáticos islâmicos e este tipo de acusação está mais que na moda e torna ainda mais difícil qualquer reconhecimento internacional das reivindicações da cidadania Uigur.
-------------------------------

Vale lembrar que a Turquia se nega a reconhecer o genocídio contra Armênios, Gregos e Assírios (já tratei do assunto aqui, aqui e aqui), mas ainda assim é uma declaração acurada, a China vem realizando uma limpeza étnica capitaneado por uma prática de assimilação forçada e aculturação das populações autóctones.
"The incidents in China are, simply put, a genocide. There's no point in interpreting this otherwise"A declaração de Erdogan, enfim, é um marco e tem grande peso, é o primeiro país a oficialmente repudiar a violência chinesa contra uma de suas minorias e exigir que algo seja feito para parar a carnificina.
"We're having trouble understanding how the Chinese government would remain a bystander to this," Erdogan told reporters in comments broadcast live on NTV television. "We want the Chinese administration, with which our bilateral ties are continuously improving, to show sensitivity."
O Ministro Turco da Indústria convocou um boicote à produtos chineses em protesto pelos massacres ainda que seu porta-voz tenha afirmado que a declaração foi mais pessoal que oficial e não representa a vontade do governo turco.