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sexta-feira, 18 de julho de 2014

Contra Israel e seus apoiadores, só o boicote serve

Não é só de um boicote total contra Israel que precisamos, temos também que boicotar quem DEFENDE Israel, em qualquer esfera. Isolamento total.Durante o boicote contra o Apartheid tinha "jornalista" e "especialista" defendendo que era lindo o regime na África do Sul? Não. Então como aceitar que existam os que defendam o genocídio Palestino?

Não, não há "conflito", não há "guerra". Há genocídio. Um Estado armado até os dentes contra um povo sem Estado, sem exército, sem nada? Estamos diante de um massacre. Não há espaço para "amor", para "conciliação". Temos de ser duros e inflexíveis em nosso repúdio e não esperar que algo tão abstrato como "amor" mude alguma coisa. Se esperarmos muito não sobrará nenhum palestino para contar história - ou para ser amado.


Com que direito Israel isola, envenena a água, tortura, mantém confinados em campos de concentração e impede que vivam os palestinos? Não há "direito", mas há a conivência por parte da "comunidade internacional", da mídia e de todos que "compram" qualquer versão vendida por Israel e seus defensores.

Temos de isolar Israel e seus defensores, tratá-los pelo que são: Genocidas e defensores de genocídio. São NaziSionistas. Só o boicote serve. Canalha usando a Folha pra falar que "Palestinos não existem" enquanto milhares são torturados por Israel e mortos? Boicote no canalha, oras.

Se defender Hitler, Apartheid e etc é crime ou mesmo intolerável, não podemos aceitar que se defenda um regime que é uma junção destes. Que se perpetua ha mais de 60 anos, que massacra ha mais de 60 anos.

Temos de ser direitos, firmes e decididos. Impor um total isolamento a Israel e seus defensores, seja na imprensa, na academia, nas trocas comerciais ou mesmo em conversas de bar.

Quem defende genocídio tem de ser tratado como perigoso, como alguém que é capaz de reproduzir esta violência que defende. Tem de ser isolado, boicotado, ridicularizado, desacreditado. Temos de ser solidários com a Palestina, e solidariedade exige comprometimento, exige que se lute pela causa.

E vale lembrar, o Brasil mantém acordos com Israel. Intercâmbios acadêmicos, comércio e acordos militares. Não basta repudiar Israel, precisamos pressionar nosso governo a suspender todo e qualquer contato com os genocidas. Precisamos mostrar que estes acordos ajudam a sustentar o regime que é tão terrível e cruel quanto o do Apartheid.

E precisamos agir logo antes que Israel tenha sucesso em eliminar até o último palestino. O boicote ajudou o regime do Apartheid a cair e pode ajudar a parar o genocídio contra os Palestinos.
Protesto pela Palestina em Bilbao
Fotos: https://www.flickr.com/photos/48788736@N03/sets/72157645737268881/
Video: https://www.youtube.com/watch?v=aCgiDBIkrYc&feature=youtu.be
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sábado, 26 de abril de 2014

Genocídio Armênio: 99 ANOS DE SOLIDÃO

Heitor Loureiro, historiador,
doutorando em História pela UNESP-Franca

No clássico livro Cem Anos de Solidão, do escritor colombiano Gabriel García Márquez, falecido recentemente, há uma passagem sobre o massacre de três mil trabalhadores na fictícia Macondo, perpetrado pela poderosa companhia estrangeira responsável pela produção e exportação de bananas. Apesar do impacto da matança, o esforço do governo e da empresa para negar o crime fez com que a própria população da cidade não acreditasse no que havia ocorrido, tomando por louco o único que ousava tocar no assunto. Os perpetradores e os espectadores passivos, assim, venceram a batalha no campo da memória e escreveram a História ao seu modo, escolhendo o que seria lembrado e o que seria esquecido.

A obra fantasiosa de Márquez, nessa passagem, é baseada em um fato real: o massacre de Aracataca, em 6 de dezembro de 1928, quando trabalhadores e sindicalistas da United Fruit Company promoveram uma greve de quase um mês para reivindicar melhores condições de trabalho. O movimento foi debelado com violência pelas forças de segurança locais, deixando centenas de trabalhadores mortos.

Infelizmente, o que García Márquez escreveu sobre o evento ocorrido em sua cidade natal, transportando-o para a fantástica Macondo, não ficou circunscrito à Colômbia ou à América Latina. O modus operandi de execução de um grupo-alvo já havia ocorrido alguns anos antes, no longínquo Império Otomano, contra as minorias cristãs que viviam dentro de suas fronteiras, sobretudo, os armênios.

Em 24 de abril de 1915, o Comitê União e Progresso, agrupamento político chauvinista e radical que tomou o poder no Império Otomano, ordenou a prisão e deportação de centenas de intelectuais e políticos armênios na capital Constantinopla. Na noite de Páscoa, essas lideranças da comunidade armênia otomana foram retirados de suas casas e colocados em comboios ferroviários rumo à prisões no interior. Essa noite marcou o início do extermínio sistemático da população armênia do Império, que nos anos seguintes sofreu ocupações de suas vilas e cidades, expropriações de seus bens e deportações rumo aos desertos da Síria ou ao Rio Eufrates, em um processo no qual os historiadores calculam que entre 1 e 1,5 milhão de armênios tenham sido mortos, o que significa algo entre 50 e 75% da população armênia otomana. Para uma nação mergulhada numa grave crise econômica e prestes a se esfacelar, o extermínio dos armênios significaria a transferência de grande parte da economia do país para as mãos dos turcos e outros povos muçulmanos, ao mesmo tempo em que tornaria o Império mais homogêneo, sem o elemento cristão. Eram tempos em que ideologias nacionalistas, higienistas e a ideia idílica de um retorno à “era de ouro” estavam na ordem do dia.

Embora tenha causado grande comoção e mobilização no ocidente na época, o plano de extermínio dos armênios foi enterrado junto com o nascimento da moderna República da Turquia, pelas mãos de Mustafá Kemal (posteriormente nomeado Atatürk), em 1923, quando um tratado assinado entre os kemalistas e as potências ocidentais não mais previa a devolução dos territórios da Turquia ocidental aos armênios, sendo estes obrigados a se contentar com a diminuta República Socialista Soviética da Armênia. Com a Turquia, se consolidava uma política estatal de negação do ocorrido com os armênios, pois admitir os massacres planejados e sistematizados pelo governo otomano seria reconhecer que a moderna nação turca estava alicerçada nas propriedades, terras e, sobretudo, vidas de mais de um milhão de pessoas.

Quando o conceito de genocídio foi criado, os armênios pleitearam o reconhecimento mundial para o que havia acontecido a partir de 1915 também ser classificado como tal, principalmente após grande mobilização na Armênia Soviética em 1965. Como consequência, vários países e entidades internacionais reconheceram que os massacres perpetrados contra a população armênia no Império Otomano constituíram sim um genocídio. Não obstante, a Turquia fortaleceu sua posição negacionista, patrocinando eventos, debates e publicações para provar que as mortes foram consequências da I Guerra Mundial e que não havia uma intenção de exterminar a minoria armênia. EUA, Israel, Grã Bretanha e outros aliados estratégicos do Estado turco mantiveram um ensurdecedor silêncio, apesar da forte pressão política das comunidades armênias espalhadas pelo mundo.

O fato é que na primeira década do século 21 algumas coisas mudaram. Cada vez mais países reconhecem a existência do genocídio e convocam a Turquia a enfrentar o próprio passado. Após o assassinato de um jornalista turco-armênio em Istambul em 2007, a população turca também iniciou um processo de questionamento das instituições nacionais que culminou nos protestos da Praça Taksim no ano passado. Muitos intelectuais turcos, hoje, falam abertamente que houve um genocídio e que a Turquia deve se retratar. A comunidade internacional também não consegue manter o silêncio. Por mais que os EUA não reconheçam, a maior parte de seus estados já o fez. Em países como França, há discussões sobre legislações que criminalizem a negação do genocídio armênio, a exemplo do que ocorre com o Holocausto.

O primeiro ministro turco Recep Tayyip Erdoğan enfrenta a pior crise política de seu governo. Abandonado por aliados históricos e visto com desconfiança por vários setores da sociedade turca, Erdoğan não abandona a postura ofensiva para se defender das críticas e denúncias. Sobre o genocídio armênio, não é diferente: a um ano do centésimo aniversário do genocídio, o político já se articula com aliados como o Azerbaijão para mitigar os eventos que a República da Armênia e a diáspora farão para rememorar o ocorrido. Assistiremos a uma guerra no campo de batalha da memória em 2015.

Erdoğan está em xeque pelos movimentos sociais turcos, pela oposição e pela sociedade internacional. A sistemática política de negação da Turquia cada vez mais tem se confundido com as ações polêmicas e duvidosas do primeiro ministro. A única saída possível é enfrentar a própria História e propor soluções para a reconciliação nacional observando o tripé “justiça, memória e verdade”. Do contrário, a Turquia ficará isolada, negando o inegável e o evidente, comemorando em 2015 seus “cem anos de solidão” no que diz respeito aos direitos humanos.

*Uma versão resumida do texto foi publicado pelo Estadão.
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quinta-feira, 28 de março de 2013

"Me sinto realizado, democracia é isso" Feliciano, Marco. Aliado do PT.

Não faz diferença se o Feliciano cair e assumir uma "profeta" ou qualquer outro bandido/estelionatário/racista/homofóbico do PSC.

E o PSC é dono da presidência da CDH, o PT garante isso. O líder do PT deixou claro - líder que é o famoso deputado a ter assessor com dinheiro na cueca e é irmão do bandido condenado, Genoíno.

E não veremos protestos contra o PT, contra Dilma, os verdadeiros responsáveis por essa palhaçada toda. Pelo contrário. Temos uma infinidade de fanáticos blindando (ou tentando porcamente) o PT e sua líder (Dilma) assumidamente homofóbica.

Ao mesmo tempo temos a CCJ aprovando PEC para igrejas terem direito a se meter em assuntos constitucionais. Nenhum grito aí, numa comissão presidida pelo PT e que conta com os bandidos condenados Genoíno e JP Cunha nela. É o escárnio do PT com o povo e com a justiça, com o STF que ELES MESMOS NOMEARAM!

O país está a deriva. Economia não cresce (PIBinho), empresários lucram como nunca, Dilma privatiza tudo que vê pela frente, continuamos com TODOS os serviços e produtos caros, feitos nas coxas...

Não temos educação, não temos qualidade de vida, segurança, saúde...

Mas o país está maravilhoso.

É o que vemos nas propagandas do governo e é o que ouvimos dos milhares de fanáticos pagos ou não pelo PT.

Tem índio levando porrada no Rio? Oras, tem fanático pra aplaudir e dizer que são de "extrema-direita".

DIlma mandou a Força Nacional, a PF e o Exército pra garantir mais uma UHE no Tapajós e dar porrada e até matar os Mundukurus que resolverem protestar.

No Mato Grosso os Guarani-Kaiowá são genocidados pelos ALIADOS do PT e nada é feito.

O país tá na merda, mas povo tem emprego (pra ganhar salário mínimo), mas povo tem ProUni (pra estudar na Uniban), mas povo tá consumindo (produtos mais caros do mundo, tudo acima de qualquer preço aceitável, de qualidade duvidosa) e povo tá morando em favelas com esgoto a céu aberto ou jogados em prédiso e casas do Minha Casa, Minha vida sucateados, sem transporte, sem qualidade alguma.

Mas foda-se, VIVA O PT! Viva DILMA! E viva a teocracia que vem se instalando e o país da classe média conservadora, sem educação, sem saneamento....

Eu tenho MUITO medo do que este país está virando e do que ele vai virar. Sim, medo. Receio, pavor, enorme preocupação.

De quantos mais serão expulsos, espcancados, criminalizados e mortos para a Copa, para as Olimpíadas. De quanto mais será roubado, de quantos hospitais mais serão sucateados, de quantos professores serão humilhados, de quantos indígenas serão mortos e terão suas terras roubadas, de quantos LGBTs serão desprezados (e mortos), de quantos sem-terra mais serão mortos e a reforma agrária abandonada, de quantas mulheres morrerão em abortos clandestinos, de quantxs...

E de quanta força mais o PT irá precisar reunir (aliados, favores, corrupção, entregas, negociatas) para conseguir continuar com seus planos de poder a todo custo.

Brasil, país rico é pais sem pobres, sem índios, sem gays "incômodos", sem Estado Laico, sem direitos humanos.

"Acorda amor
Eu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição"
Buarque, Chico
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Postado originalmente no Facebook, com alterações.
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terça-feira, 26 de março de 2013

Há algo de positivo na eleição do Feliciano...

A eleição do Feliciano para a CDH - com apoio do PT, diga-se de passagem, não adianta tentarem esconder ou disfarçar - tem um ponto que, penso, é positivo.

Os movimentos Negro, LGBT, Indígena e Feminista sempre, para mim, pareceram isolados. Em outras palavras, quando um se manifesta, quando um reivindica, os outros esperam sua vez. Não há uma coordenação entre esses movimentos de minorias, não há uma pauta comum expressada - ainda que a pauta de todos seja a mesma, a da busca por inclusão e respeito.

Mas eu vejo todos esses diferentes grupos juntos contra o Feliciano, contra o oportunismo do PT em colocar esse querido aliado na presidência da CDH.

Aliás, vejo no Jean Wyllys - gay, negro e nordestino - também um ponto de encontro. Não apenas pelas características (se é que podemos chamar assim, talvez "não apenas pelo que ele é"), mas pela sua luta que acaba agregando diferentes setores minorizados em uma frente comum. Não surpreende que um dos líderes da insurgência contra o Feliciano seja exatamente o Jean que é, aliás, o mais apto a assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos, ainda que saibamos que as alianças e trocas de favores políticos tornem tal possibilidade uma ilusão.

Enfim, acredito que o Feliciano conseguiu unir grupos absolutamente diversos e que muitas vezes não saem dos seus quadrados e que é preciso pegar este gancho e buscar mais pautas em comum (para além das óbvias) e formar frentes de luta em comum.

Não se pode falar em direitos humanos enquanto gays não tiverem os mesmos direitos que os héteros, enquanto mulheres continuarem a ganhar menos mesmo trabalhando o mesmo ou mais até que os homens, ou enquanto indígenas forem expulsos com violência de museus ou assassinados em um verdadeiro genocídio e, falando em genocídio, que usa a PM para massacrar a juventude negra nas periferias.

E TUDO com apoio governamental, seja ele do PT ou do PSDB, que são farinha do mesmo saco, de um governo que é homofóbico e não faz "propaganda de opção sexual", que veta proposta de igualdade salarial para mulheres e se recusa a discutir aborto e que deixa aliados matarem indígenas para criar latifúndios ou aplaude quando aliados os tratam como lixo e os expulsam com violência ( com direito a militante fanático apoiar a pancadaria ou criar teoria estúpida de conspiração) ou ainda quando usa as forças policiais para matar a população negra.

São todas lutas em comum, por sobrevivência, dignidade, direitos. E lutas que não podem ficar desconectadas.

Ou seja, estamos diante não só de uma luta contra uma figura nefasta, mas também diante de uma oportunidade. A oportunidade de discutir pautas em comum entre diferentes grupos (e citei apenas alguns, talvez os mais visíveis, ou com os quais estou mais familiarizado, mas existem outros) e buscar formas de se lutar contra inimigos comuns.

Pensemos nisso.

E não se enganem, além de uma oportunidade, trata-se de uma NECESSIDADE. Apesar de fingir se oporem a Feliciano, membros de outros partidos "cristãos" e a Bancada Evangélica tem uma agenda muito semelhante a dele e estão unidos. São contra direitos para minorias, qualquer direito, qualquer minoria. Todos que não são como eles, são "coisa do demônio" e devem ser combatidos.

E não são poucos, tem poder, oras, controlam o governo federal. Ou seja, precisamos de toda a força e de toda a união para fazer frente a ele e aos seus.

Não pensemos apenas, vamos agir.
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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Estado da Palestina: Comemoremos por hora, mas o trabalho apenas começou

O que se pode esperar agora do processo de paz entre Israel e Palestina após esta ter sido finalmente reconhecida como Estado não-membro (observador) da ONU, um status semelhante ao do Vaticano?
Politicamente a vitória da Palestina é incontestável, com uma maioria absoluta dos votos (138 favoráveis, 9 contrários e 41 abstenções) que ajudam a apagar (ou ao menos diminuir a lembrança) a recusa do Conselho de Segurança, em 2011, de aprovar a entrada da Palestina na ONU.

Aumenta a pressão internacional e, sem dúvida, ajuda a reclamação palestina sobre os territórios ocupados.

Se, através de inúmeras resoluções, a ONU já reconheceu o direito dos palestinos aos territórios que lhe forma usurpados ou estão sendo (como Jerusalém Orienta, por exemplo), agora a coisa muda de figura. A ONU não reconhece posse ou soberania sobre territórios conquistados por guerra, invasão ou ocupação, mas o status indefinido da Palestina dificultava a aplicação desta norma. Agora, não há mais desculpas e a ilegalidade das ocupações é ainda mais flagrante.

Torna-se mais difícil para Israel sustentar a ocupação anterior e futuras anexações do território de um Estado, e não apenas de uma entidade política indefinida. Agora Israel não ultrapassa barreiras criadas por si, mas ultrapassa e desrespeita fronteiras definidas pela ONU e por um Estado soberano.

A Palestina pode, ainda, recorrer ao Tribunal Penal Internacional e outros fóruns internacionais e buscar uma condenação de Israel contra seus inúmeros e repetidos crimes de guerra, ainda que seus efeitos possam ser meramente cosméticos, em uma guerra de propagandas isto conta bastante.

Outra vitória palestina foi a de impor, ao mesmo tempo, duras derrotas a Israel e aos EUA, do prêmio Nobel da paz Barack Obama. Exceto por Canadá e República Tcheca, apenas os costumeiros protetorados estadunidenses ficaram ao lado de Israel, demonstrando que, ao menos neste assunto, a influência dos EUA é limitada ou que, talvez, tenha crescido a insatisfação pela falta de soluções propostas pelos aliados de Israel.

A abstenção do Reino Unido não foi uma surpresa, dada a proximidade deste país com os EUA, nem o voto do Paraguai governado por golpista. Por outro lado, a Espanha e seu voto favorável - pese a posição contrária anterior de Mariano Rajoy - surpreende devido aos "problemas" domésticos que enfrenta em termos de autodeterminação dos povos, um instrumento muitas vezes esquecido ou sufocado à base da força por diversos Estados.

Foi uma pequena vitória palestina na ONU, de efeitos práticos limitados, especialmente no que concerne a recuperação de suas terras, o Direito de Retorno e o bloqueio criminoso a Gaza.

Leia o artigo completo, online, no jornal Brasil de Fato.
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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O Genocídio Guarani Kaiowá tem autores e causas conhecidas, mas nada se faz

O que vem acontecendo com os Guarani-Kaiowá do Mato Grosso do Sul, acredito, já é de conhecimento público. É notório e motivo de revolta que há muito não se vê.

Não pretendo me alongar na descrição dos crimes cometidos contra esse povo - e outros povos, a semelhanaça é incrível -, crimes estes que não são recentes, mas datam de mais de 500 anos, desde que os primeiros portugueses descobriram que apenas espelhinhos e miçangas não conquistavam ou conuistariam os donos da terra e que seria "necessário" fazê-los sangrar, destruí-los, genocidá-los.

Milhares de índios confinados a territórios exíguos, cercados pelo deserto verde da agroindústria, vivendo na beira de estradas e rodovias e entregues à própria sorte, ou melhor, à falta de sorte e à infelicidade de serem vítimas não apenas de agricultores, mas também do Estado. E não apenas os Guarani Kaiowá enfrentam esta realidade ou este destino, infelizmente é mais comum do que pensamos.

Ha alguns dias alguns valentes resolveram resistir, voltaram às suas terras ancestrais em Pyelito Kue / Mbarakay, no município de Iguatemi, Mato Grosso do Sul, onde vivem desde antes do homem branco chegar e tomá-las à força. Ameaçam morrer em defesa de suas terras, não tem nada a perder e darão suas vidas pelo direito de ao menos serem reconhecidos.

Escreveram em uma emocionada e emocionante carta ao povo brasileiro - do qual fazem parte, por mais que sejam tratados como cidadãos de segunda ou sequer cidadãos:
A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas?? Para qual Justiça do Brasil?? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. (…)
De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs e avós, bisavôs e bisavós, ali estão o cemitérios de todos nossos antepassados. Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser morto e enterrado junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui.
Não se trata de suicídio - pois de certa forma ficar longe de suas terras, de seus ancestrais, já significa morrer um pouco, perder sua identidade e sua história - mas sim de resistência.

Resistência valente, quase uma entrega.

E as razões são várias, mas assim como ao longo de toda sua história recente, pós "fundação'" do Brasil, sem que fossem consultados sobre os termos e seu destino, o culpado é o Estado.

Seja a culpa direta, por sua frouxidão na demarcação de terras ou mesmo pelo envio de tropas para afugentar e mesmo matá-los, como era comum durante a Ditadura Militar, - basta lembrar dos Waimiri Atroari - até pela culpa, digamos, indireta, que perpassa pela vista grossa ao assassinato sistemático de indígenas, invasão de suas terras e sua posterior exulsão ou a vista grossa às ações de aliados do governo em ações que promovem verdadeiros genocídios.

Este genocídio Guarani Kaiowá tem culpados com nomes conhecidos por todos e cujas ações ou falta de ação são diretamente responsáveis pelos crimes cometidos contra este povo, que vão desde o estupro, passando pela intimidação, ameaças, violência física de inúmros tipos e expulsão de terras até o assassinato e empurram os que não aguentam mais lutar à escolha final do suicídio, que não é "cultural" como algns detratores tentam afirmar para tornar "oomum" a situação.
São senadoras, deputados, presidentas, governadores, vereadores... Enfim, políticos que financiam e são financiados pela soja, pelo trigo, pela agroindústria que não respeita nem natureza nem gente.

São donos do poder que passam por cima não apenas de indígenas, mas promovem o genocídio da população negra, promovem a queima das favelas, promovem o verdadeiro apartheid social em que vivemos. São elites amigas, ligadas, que não podem ser dissociadas.

Trata-se de promotores dos desertos verdes, de empreiteiras, de agroindústria, de financiadores de campanha, de compradores de políticos e políticos vendidos pelo melhor preço e, no fim, trata-se do reflexo de uma sociedade doente, desunida, despolitizada e consumista onde impera o individualismo torpe frente à mínima visão de sociedade e coletivo.

O genocídio dos Guarani Kaiowá não é fato isolado, mas apenas reflexo da sociedade e das ellites brasileiras. É histórico, cotidiano e não atinge apenas indígenas, mas toda e qualquer população vulnerável, minorias e aqueles abandonados pelo Estado.

Artigo originalmente publicado na versão imprensa do Jornalismo B, edição 48, 1ª quinzena de novembro de 2012.
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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Tuitaço em apoio aos Guarani-Kaiowá e seu direito de resposta contra a Veja

BLOGAGEM COLETIVA - APOIO NAS DIVERSAS REDES - TUITAÇO #RespostaGuaraniKaiowa

Nesta quinta-feira, 22, a partir 15h, apoiadores, movimentos e indígenas se mobilizam para denunciar racismo na mídia e exigir direito de resposta aos indígenas.

"A conjuntura em que estão inseridos os Kaiowá e Guarani lhes é extremamente desfavorável. Num momento em que se procura gerar uma negociação que busque supe

rar os conflitos entre indígenas e fazendeiros no Mato Grosso do Sul, a revista [a Veja, e a Folha faz o mesmo] teima em incendiar os ânimos de seus leitores ruralistas. A matéria carrega em si uma série de falhas na apuração das informações, apresentando fatos falsos ou distorcidos
 
Leia a carta pública dos indígenas:
A escrita, quando você escreve errado, também mata um povo”. Assim afirmaram os professores Guarani-Kaiowá a respeito do que foi publicado na revista Veja, em 4 de novembro, sobre a luta de seu povo pelos seus territórios tradicionais.
Sob os títulos de “A ilusão de um paraíso” e “Visão medieval de antropólogos deixa índios na penúria” (nas versões impressa e virtual, respectivamente), a reportagem parte de uma visão: i) claramente parcial no que diz respeito à situação sociopolítica e territorial em Mato Grosso do Sul, pois afirma que os indígenas querem construir “uma grande nação guarani” na “zona mais produtiva do agronegócio em Mato Grosso do Sul”; ii) deliberadamente distorcida quanto à atuação política dos grupos indígenas supracitados e dos órgãos atuantes na região, desmoralizando os primeiros ao compará-los, ainda que indiretamente, a “massas de manobra” das organizações supostamente manipuladoras e com uma “percepção medieval do mundo”; iii) irresponsável e criminosa, por estimular medo, ódio e racismo, como se vê no seguinte trecho: “o resto do Brasil que reze para que os antropólogos não tenham planos de levar os caiovás (sic) para outros estados, pois em pouco tempo todo o território brasileiro poderia ser reclamado pelos tutores dos índios”.
A reportagem, assinada pelos jornalistas Leonardo Coutinho e Kalleo Coura, não perdeu “a oportunidade de apresentar, mais uma vez, a imagem dos Guarani e Kaiowá como seres incapazes, como [se] nós indígenas não fossemos seres humanos pensantes. Fomos considerados como selvagens e truculentos”, conforme escreveu o Conselho da Aty Guasu, a assembleia Guarani e Kaiowá, em nota pública lançada no último dia 5.
O documento repudia “a divulgação e posição racista e discriminante” do texto e reafirma a autonomia organizativa e política Guarani e Kaiowá na luta pela recuperação dos territórios. “A Luta pelas terras tradicionais é exclusivamente nossa. Nós somos protagonistas e autores da luta pelas terras indígenas. [E] nós envolvemos os agentes dos órgãos do Estado Brasileiro, os agentes das ONGs e todos os cidadãos (ãs) do Brasil e de outros países do Mundo”, afirmou a Aty Guasu. Ali também denuncia o tratamento difamatório na reportagem, reiterada na nota da Comissão de Professores Guarani-Kaiowá ao indicar que, propagando o ódio contra os indígenas, “a matéria quer colocar um povo contra outro povo. Quer colocar os não-índios contra os indíos. Essa matéria não educa e desmotiva. Ao invés de dar vida, ela traz a morte”.
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A conjuntura em que estão inseridos os Kaiowá e Guarani lhes é extremamente desfavorável. Num momento em que se procura gerar uma negociação que busque superar os conflitos entre indígenas e fazendeiros no Mato Grosso do Sul, a revista teima em incendiar os ânimos de seus leitores ruralistas. A matéria carrega em si uma série de falhas na apuração das informações, apresentando fatos falsos ou distorcidos:
1. A reportagem expõe e reforça uma imagem distorcida e estigmatizada dos indígenas como dependentes de órgãos púbicos e privados, usuários de drogas e reféns dos interesses de indivíduos ou organizações exógenas às comunidades. Essa imagem estimula o racismo, o ódio e preconceito contra indígenas, problema histórico no Brasil, em geral, e no Mato Grosso do Sul, em particular, podendo intensificar a tensão e a violência já sofrida pelo povo Guarani-Kaiowá;
2. Aciona, também, preconceito contra a sociedade não-indígena, quando afirma que a população apoiadora da causa é manipulada, conforme explicitado na nota da Aty Guasu: a “(…) REVISTA VEJA considera que esses cidadãos (ãs) manifestantes seriam ignorantes e não conheceriam as situações dos Guarani e Kaiowá, os tachando de ignorantes aos cidadãos (ãs) em manifestação”. Há também uma passagem de sexismo sugestivo no texto, citando mulheres que “não perderam a chance de protestar de peito aberto diante das câmeras”;
3. Omite a verdade quando ignora de maneira retumbante os posicionamentos públicos dos indígenas Guarani-Kaiowá organizados em sua assembleia maior, a Aty Guasu;
4. Deturpa de maneira generalizada o conteúdo da carta dos Kaiowá de Pyelito Kue, imputando suas denúncias a organizações exógenas e creditando ao Cimi sua autoria e divulgação. A reportagem, no mínimo, não atentou às datas de divulgação do carta, escrita de próprio punho por lideranças de Pyelito Kue e endereçada à Aty Guas no dia 9 de novembro. Deturpações como essa são usadas para corroborar a tese de que os Kaiowá são “manipulados” pelo Cimi, pelos antropólogos e pela Funai;
5. Não foram checadas informações e acusações. As organizações citadas no texto, notadamente o Conselho Indigenista Missionário, nunca foram questionadas pela reportagem sobre as informações e acusações;
6. Uso de fonte questionável. O antropólogo citado na matéria, Edward Luz, não é pesquisador dos Guarani e Kaiowá, sequer do Mato Grosso do Sul. É, sim, missionário evangélico, membro do Conselho Consultivo do Instituto Antropos, diretor da Associação das Missões Transculturais Brasileiras (AMTB), vinculada à Missão Novas Tribos do Brasil, o braço brasileiro da ONG internacional New Tribes Mission, organização que já foi expulsa ou impedida de entrar em diversas aldeias indígenas pelo órgão indigenista oficial brasileiro, a Fundação Nacional do Índio. É a mesma fonte, também, de outras matérias na revista com o mesmo teor antiíndigena;
7. Houve ma-fé no uso de informações desmentidas há tempos. As informações destacadas no mapa sobre a dita “Nação Guarani” – que revisaria limites territoriais nacionais e internacionais – e a demarcação contínua das terras do sul do Estado do Mato Grosso do Sul já foram desmentidas por indígenas e posteriormente por antropólogos e pela própria Funai, e novamente pelos indígenas durante as agendas de audiências públicas no Congresso Nacional na última semana;
8. Uso de apenas uma linha de entrevista, de maneira descontextualizada, com um único indígena – mesma fonte da matéria anterior sobre os Kaiowá e Guarani – no sentido de sugerir concordância com o texto conclusivo da matéria;
9. Exposição indevida da imagem de crianças indígenas em fotografia utilizada para ilustrar reportagem preconceituosa, com contornos sensacionalistas, ofensivos e que faz juízo de valor depreciativo de sua comunidade.
Dessa forma, o Conselho da Aty Guasu, grande assembléia dos povos Guarani Kaiowá, em conjunto com as demais organizações signatárias, vem a público denunciar a postura criminosa da Revista Veja.
A Aty Guasu Guarani e Kaiowá e a Comissão de Professores Guarani e Kaiowá exigem a investigação rigorosa e punição cabível dos responsáveis, bem como o direito de resposta aos Guarani e Kaiowá na revista Veja. Tais demandas também farão parte de Representação ao Ministério Público Federal para que este, dentro de suas competências constitucionais, tome as medidas necessárias. A imprensa é livre para se posicionar da forma que bem entenda – no entanto, os “fatos” que norteiam a reportagem citada são falsos. Não se trata de uma questão de opinião, e, sim, de irresponsabilidade. Os povos Guarani e Kaiowá já foram vitimados suficientemente por irresponsabilidades.
Dourados, 14 de novembro de 2012

Conselho Aty Guasu (Grande Assembleia do povo Guarani e Kaiowá)
Comissão de Professores Kaiowá e Guarani
Campanha Guarani

Coassinam:

Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, MG e ES (APOINME)
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB)
Associação Brasileira de Etnomusicologia (ABET)
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Conselho Federal de Psicologia (CFP)
Conselho Indígenista Missionário (Cimi)
Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC)
Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)
GT Combate ao Racismo Ambiental
Justiça Global
Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
Instituto Socioambiental (ISA)
Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB)
Inst. Nac. de Ciência e Tec. de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa (INCTI)
Mestrado Prof. em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Indígenas (CDS/UnB)
Movimento Brasil pelas Florestas
Movimento de Mulheres Camponesas (MMC)
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
OcupaBelém
OcupaSampa
Plataforma Dhesca Brasil
Rede Jubileu Sul Brasil
Rede Nacional de Advogados Populares (RENAP)
Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH)
Terra de Direitos – Organização de Direitos Humanos
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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Guarani-Kaiowá: Cruzando o deserto... vermelho

O Genocídio Guarani-Kaiowá patrocinado pelos aliados ruralistas do governo federal, assassinato de um índio Mundukuru pelas mãos da Polícia Federal - em meio à violência contra esta etnia por suas terras -, violência contra indígenas em reservas por todo o país e, em muitos casos, pelas mãos da polícia federal ou de ruralistas, tentativa de desalojar Ianomamis de suas terras para agradar mineiradoras que sustentam o governo federal - ouviremos mais desta história nos próximos anos, infelizmente.... Em comum, e com certa obviedade, o governo federal direta ou indiretamente e os interesses por detrás da manutenção do poder.

Não estamos falando aqui de um deserto verde de cana, soja ou de qualquer outra espécie que ruralistas planejam plantar nas terras que ocupam ou querem ocupar dos índios, esta é a segunda fase. Falamos de um deserto vermelho, do sangue dos povos indígenas que não param de ser massacrados. São mais de 500 anos e contando. E não apenas de indígenas, que fique claro. São apenas, talvez, o povo ha mais tempo nesta situação, mas não únicos.

Não são cidadãos, não são brasileiros, são animais que ocupam terras que deveriam ser usadas para o "progresso", para a monocultura, para o enriquecimento dos aliados preferenciais e financiadores do governo federal. É o desenvolvimento necessário, a qualquer custo, o progresso de uns e poucos,
Os Guarani-Kaiowá lançaram seu útlimo e desesperado apelo em uma carta na qual anunciam sua disposição a morrer na defesa de suas terras e que, sem elas, morreriam de qualquer forma, no que foi erroneamente interpretado como um suicídio coletiv. Para os indígenas, a terra significa vida e por ela vale à pena lutar até as últimas consequências e não tê-la é sentença de morte. Mesma defesa ferrenha de suas terras fazem as demais tribos hoje ameaçadas, seja por usinas como Belo Monte ou Telles Pires, seja pelo avanço do deserto verde orquestrado por Kátia Abreu, CNA e congêneres.

Hoje, o governo federal é ocupado pelo PT - e o termo "ocupado" deve ser interpretado em sua plenitude -, o partido que historicamente lutou - ou discursou - CONTRA os grupos que sempre massacraram indigenas, quilombolas e qualquer outro grupo vulnerável que se colocava contra os interesses do capital. Mas esse tempo passou, o PT chegou ao poder e hoje é o grande vulnerador dos direitos humanos no país. Oposição não existe mais, pois não dá para considerar PSDB, DEM e PPS como oposição e o PSOL, infelizmente, além de pequeno, tem problemas internos demais para servir como contraponto de peso ao PT.

Restou aos movimentos se re-organizar do zero. Se re-inventar. Frente à franca cooptação de sindicatos e movimentos sociais - que, por exemplo, ficaram em silêncio ou fizeram porca oposição à privatização da previdência dos funcionários públicos, dos aeroportos e estradas, à Belo Monte, aos retrocessos nas políticas LGBT, etc -, restou aos movimentos, repito, buscar formas de se reerguer e novamente tornarem-se alternativas e polos de luta.

Nisto, encontraram barreiras imensas, tanto na capacidade de penetração junto às massas, quanto problemas com financiamento, organização e estrutura. Mas aos poucos movimentos tem surgido, se reorganizado e participado ativamente das lutas populares nas cidades e no campo.

Remoções forçadas no Rio e em outras cidades não são diferentes das remoções violentas de tribos indigenas de suas terras. Ambos os grupos lutam por direitos históricos, por terras, por moradia, por dignidade. Ressalvadas as diferenças óbvias, a luta é a mesma.

O que estes grupos buscam combater vai além do ostracismo, mas passa pelo mero direito de existir, de serem tratados como seres humanos com direitos e não apenas com deveres: dentre eles, o de serem invisíveis frente ao poderoso capital. Como questionou o valente grupo das Mães de Maio: "Até quando vai durar o silêncio cúmplice sobre a matança de jovens pobres, pretos e periféricos em SP?"? Altere a frase incluindo "povos indígenas" e nada muda.

Tratam-se de investidas do capital, aliado do governo federal do PT, contra populações vulneráveis. Negros, pobres, indígenas, quilombolas, LGBTS cuja ação do governo pode ser resumida pela célebra frase de Dilma Rousseff "Não farei propaganda de opção sexual', ou seja, não moverei uma palha para agir contra a violência e as violações que sofrem as minorias.

Admito que parece confuso, complicado compreender o entrelaçamento de tantos grupos diversos e violências em apenas um texto e sob uma mesma ideia, mas afirmo que faz sim total sentido. A violência contra grupos - com apoio ou ação direta estatal - que se opõem aos interesses de grupos poderosos que financiam e dão sustentação a um partido que abandonou ha muito sua ideologia e trocou apenas pelo poder.

Quantos negros da periferia são mortos por ano em São Paulo e pelo país? Mera estatística que não garante primeira página. Quantos Guarani-Kaiowá são mortos ou se matam em franco desespero pela sua situação todos os anos no Mato Grosso do Sul? Novamente, estatística de nota de rodapé. Quantos gays, travestis são ameaçados e mortos no país? Novamente, estatísticas. Mas nenhuma dessas importa enquanto as exportações de minério, soja, cana e outros produtos sem nenhum valor agregado relevante continuarem a financiar campanhas políticas e partidos.

Enquanto isso o chão fica vermelho do sangue dos que ousaram e ousam resistir.

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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

2012 será longo: Começa o ano, começam os abusos

O ano nem bem começou e já temos motivos demais para lamentar que ele ainda será longo.

2011 foi um ano recheado de desgraças na área social. Dilma, eleita  sob a bandeira dos direitos humanos e que reforçou a vocação em discurso, se mostrou uma das maiores inimigas aos direitos humanos no Brasil.

Impôs Belo Monte pese condenação internacional e repúdio mundial, e nada parece fazê-la parar. a Homofobia chegou a níveis alarmantes, assim como os assassinatos motivados pelo ódio a gays e a presidente se limitou a declarar que não faria "propaganda de opções sexuais" e, hoje, não consigo mais reclamar de quem a chama diretamente de homofóbica.


As ações - ou falta delas - do governo na área dos direitos LGBT's demonstram que se Dilma não é homofóbica, então ela é simplesmente uma estúpida mau intencionada. Ou, outra possibilidade que não necessariamente elimina as anteriores, se vendeu aos Marginais da Fé que, ano começado, já mostraram sua força e o quanto vão colocar em perigo o país, com total conivência do governo federal.

Qual o problema se agora tem pastor tirando o "capeta" do corpo de um gay... E que o "capeta" é a homossexualidade?não podemos nos meter nas opções religiosas - aí sim OPÇÕES - dessa cambada de criminosos, não é, presidentA?


O ano começa ainda em meio à discussão sobre o Cadastro de Úteros proposto pelo Ministro Padilha, que de tanto se explicar tem apenas se complicado. A MP, imposta - como de costume neste governo que se recusa a ouvir os movimentos sociais ou, se uve, ignora, vide PNBL entregue às Teles e etc -, não paenas cria um cadastro absurdo, para a alegria dos Marginais da Fé, como também garante DIREITOS a FETOS. Isso mesmo, garante direitos a fetos em pé de igualdade aos das mães.

O ministro tenta tergiversar, mas tudo que consegue dizer é que "não é bem assim" e não dá nenhum argumento que faça qualquer ativista sério ou advogado mover o pé. Tem até governista fanático estranhando a história!

Mas não só de desgraças passada gira o Brasil, fabricamos novas, ou melhor, governos fabricam ou conseguem se enrolar ao ponto de parecer responsáveis - e normalmente são, de forma direta ou indireta.

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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Audiência Pública sobre a situação na Cracolândia

No dia 11 de janero estive na Câmara Municipal de São Paulo para acompanhar uma audiência pública sobre o que vem ocorrendo na chamada Cracolândia, na região da Luz. Muito blablabla, muitap resença de "autoridades", muito pouco espaço para os movimentos sociais se expressarem, acusações, disputas e quase nada de soluções, mas apenas promessas de boa vontade da parte dos vereadores e deputados estaduais presentes.

No início, o auditório Júlio Prestes estava lotado, inclusive com a presença da mídia - que provavelmente não citou sequer o evento em seus jornais -, mas dada a lenga-lenga típica de políticos (Jamil Murad conseguiu dar uma aula de como ser um anfitrião tedioso, sempre disposto a comentar por mais tempo que os discursos oficiais), aos poucos o local foi esvaziando e, como de costume, os movimentos sociais falaram quase que só para eles.

O assunto é de máxima importância e, no entanto, pouco ou nada ficou resolvido, mas ao menos pudemos ter acesso a algumas informações importantes, como as do presidente do Sindicato dos Guardas Municipais (GCM), Clóvis (vídeo 10), que denunciou o comando da GCM pela incitação clara à violência e anunciou a existência de uma "Ordem de Serviço 01" que obrigava todo GCM a retirar dos espaços públicos todo e qualquer sem-teto, não importando como. Ou seja, basicamente dando carta branca, ou melhor, obrigando ao uso da violência.

O Padre Júlio Lancelotti descreveu um cenário de pânico e terror onde ele mesmo foi abordado por policiais nada amistosos que se fazem isso com uma figura pública e um padre conhecido na região, imaginem com os "nóias", que não são sequer gente para a PM e para boa parte da população paulista (em especial elementos da elite racista e da classe mérdia).

Anderson, do Movimento Nacional de População de Rua traçou um panorama assustador da situação dos moradores de rua e da cracolândia, cobrando uma ação efetiva e não-policial, mas com saúde, educação, lazer e, enfim, respeito e dignidade.

O Desembargador Antônio Carlos Malheiro e o Presidente da AJD, Luis Fernando Vidal, fizeram seus discursos tendo em mente a necessidade de ação da justiça. Cumpriram seus papéis sem grandes necessidades de comentários.

Carlos Weiss, da Defensoria Pública de São Paulo "resumiu longamente" o trabalho feito pela defensoria na região ao passo que o Deputado Estadual Major Olímpio, para surpresa de muitos - e minha em especial - fez um excelente discurso criticando a ação da polícia no local e exigindo respeito e dignidade para a população em situação de rua. Saiu bastante aplaudido.
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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O relatório da Funai e o "progressismo" vergonhoso

Li pela blogosfera petista governista progressista a repercussão do "relatório" pífio da Funai. Um relatório feito em três dias, onde só UMA pessoa é entrevistada e os técnicos sequer entram nas terras dos Awá pra verificar alguma coisa pode ser levado a sério? Aparentemente, pode - aliás, nem a própria FUNAI, a verdadeira, não o arremedo Sarneyzista, levou a sério, pois mandará uma equipe de verdade ao local.

Como disse o Rogério Tomaz Jr:
[...] a Funai afirmou enfaticamente que a denúncia não passou de uma mentira, desqualificou aqueles que a divulgaram (citaram alguns trechos do meu desabafo* que ganhou bastante repercussão) e ofereceu para a sociedade um relatório ilustra muito bem o significado do termo embromação.
Desejo – com todas as minhas forças – que o crime não tenha realmente acontecido e que tudo não passe de uma grande confusão informativa.
Entretanto, com esse relatório da Funai, que é também um atestado de negligência, fica difícil crer que a denúncia feita e confirmada por vários indígenas seja um mero boato.
Ler o perfil do Facebook do Emir Sader - que um dia respeitei como intelectual, mas hoje penso em jogar seus livros no lixo  (Pelo menos o FHC teve a decência [sic] de dizer pra esquecerem o que ele escreveu) - ou o blog da Maria Frô - que por vezes tem lampejos de independência, mas em outras demonstra uma cegueira atroz - com o tom de "tirem suas próprias conclusões" é um exercício de paciência e tolerância.

Esta última me falta absurdamente quando o assunto é o genocídio contra os povos indígenas que vem ocorrendo no país.

Será que surpreende que o relatório tenha resultado em uma afirmação tão semelhante com a de famoso blogueiro progressista, o Azenha, que afirmou se tratar de um boato? Falou com a elegância de um mamute, praticamente chamando o blogueiro Rogério Tomaz Jr de mentiroso safado.

Exagero? Talvez, mas qual a sensação que se tem depois de uma séria denúncia ser tratado como espalhador de boatos?

Mas, ao menos, pós-relatório divulgado, o Azenha fez uma mea culpa em que acha tudo "muito estranho".

Diante de um relatório desses, com palavras duras, com acusações diretas contra a blogosfera e palavras que francamente não cabem em um relatório que se preza minimaente científico ou oficial, nada menos que revolta e ultraje são aceitáveis.

O relatório da Funai, aliás, deve ser analisado não apenas pelo conteúdo - parco e pífio -, mas também pela forma. Português macarrônico, tom e veemência descabidos para um relatório oficial, além da investigação ridículamente curta e superficial cujos técnicos SEQUER entraram nas terras Awá. Sério, como alguém pode dizer que investigou um assassinato praticado contra uma tribo isolada sem sequer entrar no território e verificar, mas simplesmente confiando no desmentido de UM índio e deixando tudo mais pra lá?

Gente, levar esse "relatório" a sério é carimbar na testa um atestado de estupidez patológica e irreversível.

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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Genocídio inígena em curso no país... E a Funai conivente.

Não costumo dar publicidade aos meus posts no Global Voices Online aqui no blog, mas desta vez acho importante para denunciar o genocídio silencioso que vem ocorrendo no Brasil contra as populações indígenas que tem patrocínio e incentivo estatal:
As ameaças ao povo Awá por madeireiros, garimpeiros e agricultores interessados em tomar suas terras não são novidade, assim como contra outras etnias do Maranhão, como os Canela e os Krikati. As comunidades convivem há muito tempo com ameaças de morte e com o medo. Em 2008 uma criança Guajajara de 7 anos de idade foi assassinada com um tiro por um motoqueiro na cidade de Arame, e indígenas de outras etnias foram também vítimas de violência semelhante, além de estupros, na região.
A violência contra a população indígena, no Brasil, tem se espalhado e tomado proporções alarmantes. O genocídio em curso contra os Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, vem recebendo crescente atenção na mídia alternativa, notadamente na blogosfera, mas ainda é um assunto proibido na grande mídia. O governo federal brasileiro tampouco tem tomado medidas para dar publicidade aos crimes e, especialmente, para evitar novas mortes.
Outras populações tradicionais também são vítimas de violência, em grande parte cometida pelo próprio governo federal, que usa as forças armadas para intimidar Quilombolas - populações negras tradicionais - e expulsá-los de suas terras. A construção da Usina de Belo Monte é outra grave ameaça à sobrevivência de comunidades indígenas inteiras na região amazônica.
Outro perigo que se apresenta para as populações indígenas e tradicionais do Brasil é a possível aprovação do novo Código Florestal, apresentado pelo político comunista Aldo Rebelo em conjunto com a ruralista Kátia Abreu, e que é objeto de contestação por parte de ambientalistas e ativistas das mais diferentes áreas.
Há pouco mais de um ano publiquei um artigo sobre o genocídio contra os Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul e há pouco mais outro post foi publicado no GV sobre o mesmo tema. Impressiona como mesmo com um ano de diferença, ambos sejam semelhantes e pudessem ter sido escritos em qualquer época.

Belo Monte, tão amplamente dsicutido, é outro passo rumo ao extermínio de indígenas. Apontar uma arma para a cabeça dos índios não é a única forma de abreviar suas vidas, mas a pressão sobre eles e suas terras os levam ao suicídio - muito comum entre os Guarani-Kaiowá - e nada é feito para conter o avanço deste mal, muito pelo contrário, cada vez mais os índiossão tratados como lixo.

Belo Monte é, hoje, o exemplo máximo, pois trata-se de uma ação direta e deliberada do Governo Federal.

Como disse o @Luckaz, o slogan do governo federal deveria ser "País rico é país sem criança indígena", especialmente quando soubemos do assassinato cruel de uma criança Awá-Gwajá no Maranhão, queimada viva por madeireiros em conluio com a Funai que, de forma tosca, disse que ali nada havia acontecido.

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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Quanto vale um Palestino?

A mídia tradicional tem se concentrado quase que exclusivamente nas consequências diretas para Israel da soltura do soldado Gilad Shalit, mantido em cativeiro pelo Hamas há 6 anos, mas pouco se tem comentado sobre o significado em si do acordo acertado entre Benjamin Neatanyahu (Primeiro-Ministro de Israel) e Ismail Hanya (espécie de Primeiro-Ministro de Gaza, controlado pelo Hamas).

Gilad Shalit, usado ha anos como moeda de troca, conseguiu "voltar para casa" em um acordo que previu a soltura de 1.027 presos políticos palestinos. Uma vida por mais de mil palestinas, o que de um lado demonstra o comprometimento de Israel em garantir a vida de todo e qualquer um de seus cidadãos (uma ótima propaganda para Israel frente à uma opinião pública cada vez mais arredia e descontente) e, de outro, demonstra com crueldade ímpar o quanto Israel respeita e tem como relevante uma vida palestina, ou mil vidas.

O momento para a troca não poderia ser mais propício para os propósitos israelenses. Se isto, porém, terá algum efeito junto à comunidade internacional permanece uma icógnita. A intenção de Neatanyahu, que criou desafetos na mesma proporção em que atraiu apoios à sua decisão, é a de tentar dar um tempo na discussão sobre os assentamentos ilegais patrocinados pelo Estado Israelense tanto em Jerusalém Oriental quanto nos territórios ocupados da Cisjordânia (controlados pela Fatah) e focar em sua suposta benevolência e capacidade de negociação e, assim, tentar frear ou ao menos dificultar uma censura internacional e o reconhecimento do Estado Palestino na ONU.

Quanto ao reconhecimento na ONU, principal "problema" que Neatanyahu quer evitar, sua tentativa, com a negociação, é a de enfraquecer a Fatah - principal impulsionadora da proposta de reconhecimento - através do fortalecimento do Hamas, ainda que apenas um fortalecimento aparente, pois o bloqueio contra Gaza e os ataques contra o território não devem ser suspensos tão cedo, apesar do Hamas afirmar que a suspensão do bloqueio seja parte do acordo.

O Hamas, por seu lado, buscou mais do que demonstrar força e declarar-se vitorioso. Dentro os 1.027 presos libertados, muitos eram da Fatah e de outros grupos que o Hamas não tem como amigos ou aliados, ou seja, o grupo realizou uma verdadeira campanha de auto-promoção ao demonstrar que é capaz de pensar no coletivo palestino, mais do que apenas em seus próprios interesses.

A suposta falta de egoísmo do Hamas coloca um problema nas mãos da Fatah, pois demonstra que seu grupo antagônico tem a capacidade não apenas de dialogar, mas também de realizar concessões políticas significativas.

Israel tenta, desta forma, mostrar que está disposta e aberta ao diálogo, e que uma decisão unilateral palestina (o reconhecimento) e o aceite por parte da comunidade internacional poderiam colocar em perigo iniciativas semelhantes.

O acordo, para uns, foi visto como duro. Israel teria cedido demais, ou melhor, teria cedido presos demais. Mas a verdade é que nada garnate que estes e outros não sejam novamente presos em poucas semanas ou meses. Comum na vida de todo palestino são os meses e até anos que passa em cadeias israelenses, normalmente sem qualquer acusação formal e muito menos julgamento.

É difícil prever quais serão as consequências imediatas para Israel e para a Palestina, hoje dividida. A certeza, porém, é a do fortalecimento do Hamas, mas é incerto o quanto isto poderá servir para influenciar as posições da Fatah, em especial sua proposta de reconhecimento do Estado Palestino. Israel, por sua vez, demonstra que, quando pressionada, pode acabar negociando mesmo com seus piores inimigos. O que isto representa só o tempo dirá.

Publicado originalmente na Brasil de Fato
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domingo, 28 de agosto de 2011

AMANHÃ: Ato pelo Estado da Palestina Já!


Mas nem tudo são flores. Cabe reconehcer também a validade da nota lançada pelo MOPAT - Movimento Palestina para Tod@s:
 Lutar pela libertação do povo palestino, contra o Estado terrorista de Israel e o imperialismo


A luta pela libertação palestina é uma das grandes causas da humanidade. Há mais de 60 anos o povo palestino vem sendo oprimido e  massacrado por Israel, cão de guarda dos interesses imperialistas na região. Hoje a situação no Oriente Médio estabelece uma nova situação para essa luta, especialmente no Egito, onde uma rebelião popular derrubou Mubarak, principal aliado de Israel.

Recentemente, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) decidiu solicitar na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro, o reconhecimento do Estado da Palestina como membro da organização, tendo como referência as fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias de 1967.

No Brasil, foi lançado um manifesto "Estado da Palestina já!", que conta com o apoio de inúmeras entidades e movimentos. Nós nos sentimos na obrigação de explicitar nossa posição e justificar porque não assinamos o referido manifesto. 

Acreditamos que esse debate não foi aprofundado e amadurecido como deveria. E esse fato se reflete no próprio manifesto, que mostra ambiguidade em algumas passagens. 

Mesmo no caso da ONU reconhecer o Estado palestino como membro, isso significará não a criação de fato de um Estado palestino, mas apenas o seu reconhecimento nominal. Daí para a conquista de um Estado palestino livre, democrático e soberano, há uma enorme distância, que dificilmente será vencida por meios diplomáticos. A própria ONU até hoje tem se limitado a condenar formalmente alguns dos crimes cometidos por Israel, sem, contudo, adotar qualquer sanção ou medida visando proteger o povo palestino das sucessivas agressões israelenses. 

Um caso típico e exemplar é a construção do Muro da Vergonha e dos assentamentos israelenses, condenados pela ONU, mas que prosseguem, sem que seja tomada qualquer medida. 

Além disso, é preciso deixar claro que não se trata de um "conflito" a ser mediado e solucionado através de negociações. A nossa luta e a luta do povo palestino são pela liberdade, pelo direito à autodeterminação, pela restauração de seus direitos básicos, como o direito dos palestinos expulsos pelos israelenses em 1948 de retornarem aos seus lares e retomarem as propriedades usurpadas.

Não é possível falar de paz justa enquanto permanecer um Estado fundamentado na doutrina sionista, financiado e armado ostensivamente pelo imperialismo estadunidense. 

O simples reconhecimento formal do Estado palestino como membro da ONU não garantirá nenhuma dessas premissas fundamentais e inegociáveis.

A luta pela libertação do povo palestino passa pela luta contra o imperialismo e o Estado terrorista de Israel, pela solidariedade às lutas dos povos árabes. Não é possível apoiar o povo palestino e reconhecer a legitimidade do Estado sionista.

Campanhas como a de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) a empresas, produtos e serviços que financiam o apartheid israelense têm conseguido vitórias importantes em escala mundial. No Brasil, essa também começou. E uma das principais lutas é exigir que o governo brasileiro revogue os vários acordos militares feitos com Israel. É inadmissível que o nosso país compre armas que têm sido usadas para massacrar o povo palestino e permitir que empresas militares israelenses se estabeleçam livremente no território nacional. Da mesma maneira, não podemos admitir a manutenção do Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e Israel.

A proposta da OLP está gerando, sim, um fato político importante, com grande impacto internacional. Sinal disso é a declaração de Israel de que poderia reabrir as negociações e rediscutir a proposta de um Estado palestino com base nas fronteiras pré-1967. Contudo, se isso é válido como expediente tático, visando isolar politicamente Israel, considerá-lo como o principal foco da luta pela libertação palestina seria um erro grave.

Qualquer ilusão nesse sentido pode levar a resultados desastrosos. Basta lembramos dos Acordos de Oslo, cujas consequências são claras e vivas ainda hoje.

Por essas razões, não assinamos o manifesto. Porém, sabemos que este é um momento crucial em que mais do que nunca é preciso manter a unidade do povo palestino em torno do objetivo maior que é a libertação do povo palestino, ainda que existam diferenças significativas quanto aos rumos a serem tomados. Pois sabemos que a unidade pressupõe a diversidade de opiniões.


Movimento Palestina para Tod@s (MOP@T)
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terça-feira, 23 de agosto de 2011

"Ou para Belo Monte, ou paramos o Brasil" - Os vídeos do protesto

Os vídeos do protesto contra Belo Monte, em 20 de agosto de 2011, na Av. Paulista.

Recomendo fortemente os vídeos 3, em que o Pajé Kunue declara a vontade dos índios de resistirem à Belo Monte usando todos os meios possíveis e os vídeos 6 e 7, em que um boneco simbolizando Dilma é espancado e queimado, demonstrando toda a raiva sentida pelos índios contra a responsável por destruir suas vidas.

Link para o post com fotos e resumo da manifestação.


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"Ou para Belo Monte, ou paramos o Brasil" - As fotos do protesto

"Mas o Brasil vai ficar rico, vamos faturar um milhão quando vendermos todas as almas dos nossos índios num leilão! 
Que país é esse???"
Todo protesto traz consigo alguma emoção. Mexe conosco participar de manifestações ao lado daqueles oprimidos e pensar que podemos fazer alguma diferença. às vezes conseguimos nossos objetivos, às vezes não, mas é sempre válido sair às ruas e mostrar nossa insatisfação.

Mas este protesto em particular, contra Belo Monte, foi especial. Já estive em outras manifestações junto à população vítima de abusos do governo, despejados e à beira de perder suas casas ou mesmo depois de já terem perdido tudo que tinham por ação criminosa dos mais diversos governos, mas neste caso em particular estamos em uma situação que vai além da mera perda de uma casa (por mais grave e absurdo que isto seja), mas da morte de culturas e modos de vida.

Ver índios pintados para a guerra, no frio gélido de são Paulo, uma cidade inóspita, gigantesca e poluída, prontos a morrer na defesa de suas terras e de seus povos é algo que emociona a todos que ainda tem um coração e que não deixaram o fanatismo pró-governo suplantar sua humanidade.

Crianças pequenas, de colo, adolescentes e adultos do Xingu ou mesmo de Parelheiros, zona sul de São Paulo, Kayapós, Kalapalos e Guaranis unidos para lutar contra uma obra que representa a morte da floresta e a destruição de suas culturas.

Parece que muitos petistas, muitos governistas, esqueceram do significado dos direitos humanos.

Os índios de Paralheiros e Guaranis da cidade de São Paulo sabem muito bem o que é viver pressionados pela "civilização", constantement atacados e ameaçados. E os índios do Xingu, que tanto lutaram para garantir uma terra sua, sbem bem o que é lutar contra Belo Monte, este projeto criado pela ditadura Militar que hoje foi apadrinhada por um governo que se diz de esquerda, mas que até o momento não deu um só passo para rever os rimes da Ditadura, condenar culpados e abrir arquivos.

Pelo contrário, preferem realizar projetos abortados pelas lutas populares idealizados por militares.

Eu não consigo realmente entender o que passa na cabeça daqueles que seguem de forma cega um governo que fez ressurgir das cinzas (tomando Dilma como continuidade de Lula, apesar desta aprofundar aquilo que Lula tinha de pior) um projeto que o movimento social indígena ou não conseguiu derrubar durante uma DITADURA! Em plena "democracia" o governo tenta impor uma obra gigantesca, feita sob medida para empreiteiras (as mesmas que financiaram a campanha de Dilma, aliás), sem qualquer tipo de consulta séria e sem ouvir os indígenas.

Aos que tentarem, em vão, dizer que o Ibama e outros órgãos conversaram com indígenas, façam o favor de me poupar. Chegar numa tribo ou em cidades próximas e que serão atingidas pelas obras e se limitar a informar porcamente o que será feito, não é conversar, mas impor sua vontade sobre brasileiros vulneráveis.

Se Belo Monte fosse uma obra que respeitasse minimamente os direitos humanos não teríamos ao menos TREZE processos, recomendação do MPF contra a obra, condenação na Comissão Interamericana de Direitos Humanos e condenação pela Anistia Internacional e outras ONG's de nível mundial

E, finalmente, para o petista fanático que adotar o discurso-padrão Aldo Rebelo (amigo da Katia Abreu, só lembrando), de que tem "dinheiro estrangeiro"financiando algumas ongs contra Belo Monte, recordo que boa parte dos fundadores do PT, ex-guerrilheiros, receberam financiamento de Cuba e da URSS para lutar contra a Ditadura e até hoje o PT mantém acordos e alianças com organizações de vários outros países. PAra bom entendedor, meia.

Enfim, foi um protesto emocionante, com a participação de diversas organizaçõess e entre mil pessoas (segundo a PM) e duas mil (segundo os organizadores) que caminhou do MASP até o Ibama, no meio dos Jardins, cantando palavras contra Belo Monte e, claro, contra DIlma e seu governo-trator.

Ao longo do caminho um boneco de palha, chamado de "Dilma" foi amaldiçoado , espancado e finalmente queimado, assim como um boneco representando o presidente do Ibama, Curt Trennepohl que, sem saber que estava sendo gravado, anunciou seu desejo de tratar os indígenas brasileiros como a Austrália tratou seus aborígenes: Matando todos. Ou o máximo que conseguir.


Lideranças indígenas históricas, como o cacique Megaron Txucarramãe e o Pajé Kunue Kalapalo marcaram presença, cantaram, dançaram e deixaram claro que não irão aceitar Belo Monte sem luta.


Kunue declarou em alto e bom som que os indígenas resistirão, irão colocar fogo nos canteiros de obra e irão fazer o possível para impedir que seu povo e seu modo de vida seja destruído.


Cada gota de sangue indígena ou não-indígena derramada será culpa direta de dilma e sua sanha por promover um "desenvolvimento" assassino, a todo custo, feito sob medida para a gradar às multinacionais, empreiteiras ematar o povo.
Um boneco de palha representando a presidenta Dilma Rousseff foi linchado e queimado pelos indígenas presentes no ato, durante uma cerimônia que parou o trânsito na esquina da Paulista com a rua Haddock Lobo. Palavras de ordem criticavam o governo federal e a Presidência da República por conta dos impactos sociais e ambientais trazidos pela obra e questionavam a eficiência energética da usina. O deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP), relator das mudanças no Código Florestal e que vem recebendo pesadas críticas de ambientalistas e cientistas, também foi lembrado pelos presentes. Outro boneco, de terno e gravata, que simbolizava o presidente do Ibama Kurt Trennepohl, foi incendiado na frente do escritório do órgão, em protesto contra as licenças concedidas para o início das obras sem que as populações envolvidas tivessem sido devidamente ouvidas.
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Os protestos aconteceram em diversas cidades brasileiras, como Belém, São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza, João Pessoa, Recife, Salvador, Santarém, Florianópolis, Cuiabá, Manaus e Belo Horizonte. Além de protestos pelo mundo, em 16 países, e reuníram milhares de pessoas.

Digno de nota o silêncio da dita blogosfera progressista e dos grandes blogs de "esquerda", que antes e depois da marcha mantiveram a posição de fingir que nada acontecia ou aconteceu. De todos os blogs que sigo, posso citar apenas dois que, até o momento, postaram algo sobre a marcha ou convocando para a mesma: O Blog do Sakamoto e da Maria Frô.
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Algumas fotos do protesto. Para mais fotos, visite o Flickr.








Os vídeos do protesto serão postados em separado.
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