terça-feira, 24 de novembro de 2009

Nascemos para resistir, nascemos para ganhar

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O Estado planteou uma estratégia refinada à partir da declaração de Lizarra-Garazi. O Estado tinha consciência de que todos os alarmes vermelhos haviam se acendido e de que havia um processo popular e democrático em Euskal Herria liderado, entre outros, pela Esquerda Abertzale que demandava um marco nacional e democrático para o país.  E foram fixados dois objetivos: neutralizara Esquerda Abertzale mediante a repressão e reconduzir o Partido Nacionalista Basco até posições de pacto com o Estado, a compactuação com o Estado, a posições de se converter em uma força regionalista do Estado espanhol.

E o Estado conseguiu, de certa forma, uma coisa que desde nosso ponto de vista também temos de dizer, sem nenhum tipo de nervosismo, e sem qualquer indício de derrota: Ainda que nós tenhamos sido capazes de desgastar seus marcos, eles foram capazes de bloquear a dinâmica que permite construir um novo marco. Mas hoje, no dia de hoje, temos de dizer - aqui alto e claro - que esta é apenas uma conquista parcial, porque desde nosso ponto de vista, resta claro que continuam a existir condições objetivas e subjetivas no país para a mudança política e para a mudança social. Aqui segue existindo a maioria que quer ver respeitada sua identidade nacional, aqui segue existindo uma maioria popular que quer que se respeite o direito de decidir, aqui segue existindo uma maioria popular que quer a mudança política em termos nacionais e em termos sociais.

Hoje a Esquerda Abertzale, apesar de reconhecer que temos dificuldades objetivas, apesar de reconhecer que conseguiram bloquear em parte o processo de libertação nacional, temos de dizer alto e claro: as condições para a mudança política e social estão dadas em Euskal Herria, e queremos dizer hoje aos inquisidores do século XXI, que a Esquerda Abertzale, apesar de tudo, não nasceu neste país para resistir nem somente para responder: NASCEMOS PARA GANHAR E VAMOS GANHAR...

Devemos somar forças à esquerda do PNV. Devemos configurar um bloco histórico liderado pela Esquerda Abertzale junto com outros para levar o processo de libertação nacional até seu final. E devemos fazê-lo com calma, devemos fazê-lo com tato, porque este não vai ser um processo que vá estar livre de contradições, vocês verão, o proble4ma das contradições é sabê-las gestionar.

Mas o processo, para seu desbloqueio, para que seja posto em marcha e para seu desenvolvimento, necessita de uma soma de forças.

E necessitamos somar forças para mudar a relação de forças com o Estado e necessitamos somar forças à esquerda do Partido Nacionalista Basco neste país. E é essa segunda tarefa a maior que tem a Esquerda Abertzale, e nós iremos começar a cumpri-la, por cima da repressão, por cima de todos os obstáculos que se ponham sobre a mesa, com paciência, sem pressa, mas dando passos efetivos para configurar um bloco histórico de trabalhadores e trabalhadoras, um bloco popular que reivindique com nitidez e claridade a independência nacional de Euskal Herria; este é nosso segundo grande desafio.

O terceiro desafio é que temos de reforçar nossa relação com a comunidade internacional. Temos dito sempre, e hoje volto a reiterar, que a resolução do conflito político se dá no contexto europeu e deve contar com o envolvimento da comunidade internacional. Esse é um trabalho que a Esquerda Abertzale tem desenvolvido durante anos., que não abandonamos e que vamos reforçar nos próximos meses para buscar a cumplicidade, o apoio e o alento da comunidade internacional para a busca de uma resolução democrática para o conflito.

E, por último, e digo por último nesta ordem, devemos jogar também a segunda parte da partida que alguns abandonaram em uma  cidade centro-européia no processo anterior de negociação. E deveremos fazê-lo porque não há mais solução que a negociação, e por isso também, quando o senhor Rubalcaba nos fala de: Ou os deixa ou os deixa. Nós queremos dizer: OU NEGOCIAM OU NEGOCIAM, OU NEGOCIAM OU NEGOCIAM.

Quero que vocês saibam que o povo trabalhador basco, que a classe trabalhadora e as camadas populares deste país, nós estamos organizados para construir um processo de libertação nacional e social neste país, não se esqueçam jamais do exemplo que vocês deram e do compromisso que vocês adquiriram e do compromisso que, ademais, vocês prucraram para buscar uma solução dialogada e política ao conflito que enfrenta Euskal Herria com o Estado espanhol.

Para nós, vocês são o melhor e sempre vão ser o melhor.

Como a 30 anos aquele homem nas Nações Unidas , a Esquerda Abertzale se apresenta frente aos Estados, frente ao seu povo e frente à comunidade internacional com um ramo de oliveira nas mãos. Que nada deixe cair este ramo de oliveira!

GORA EUSKAL HERRIA ASKATUTA!

Arnaldo Otegi.
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